VEM SENHOR JESUS!

"Em verdade, em verdade vos digo: quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna e não incorre na condenação, mas passou da morte para a vida". (Jo 5,24).

SEJAM BEM VINDOS À ESSA PORTA ESTREITA DA SALVAÇÃO

"Uma só coisa peço ao Senhor e a peço incessantemente: é habitar na casa do Senhor todos os dias de minha vida, para admirar aí a beleza do Senhor e contemplar o seu santuário". (Sl 26,4).

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

CONHEÇA A FUNDAÇÃO TERRA, LUGAR ONDE DEUS REALIZA

CONHEÇA A FUNDAÇÃO TERRA, LUGAR ONDE DEUS MULTIPLICA SUAS GRAÇAS A TODO INSTANTE...




SE NÃO ACREDITAS EM MILAGRES, VEJA COMO A FÉ OS REALIZA E COM TÃO POUCO...

terça-feira, 17 de setembro de 2013

BUSCAR-ME-EIS, E ME ACHAREIS, QUANDO ME BUSCARDES DE TODO CORAÇÃO... (Jr 29,13)


BUSCAR-ME-EIS, E ME ACHAREIS, 
QUANDO ME BUSCARDES DE TODO CORAÇÃO... (Jr 29,13)


Pensando bem, estamos sempre em busca de algo que nos faça viver o que nos convém ou o que nos propomos na existência. Todavia, nem sempre encontramos esse algo, objeto do nosso desejo, porque no mais das vezes, nem sequer perguntamos a Deus se esse algo procurado faz parte dos seus planos para a nossa salvação. E quando descobrimos isso, a tendência é de nos frustrarmos ou até nos revoltarmos, porque as coisas não aconteceram como desejávamos ou ainda como tínhamos planejado. Não podemos esquecer que estamos a caminho da eternidade e que essa eternidade já se faz presente aqui; e é aqui que a começamos viver, pois é em Deus que nós “vivemos, nos movemos e somos” (cf. At 17,28); ou sem Ele. (cf. Mt 7,21-23).

Quem poderá dizer: por que eu nasci? “Por que não morri no seio materno, por que não pereci saindo das entranhas de minha mãe?” (Jó 3,11). Talvez todos nós tenhamos essas indagações, mas não temos resposta convincente e definitiva para elas fora da vontade de Deus. Aqui não se trata de pessimismo ou egoísmo, trata-se apenas de que, por não sermos autossuficientes, mas sim, dependentes, nos tornamos frágeis e insuficientes por nós mesmos. E por causa dessa nossa contingência, nos tornamos seres inseguros, imaturos, inclinados às concupiscências e ao mal que está no mundo. Com efeito, diz o Senhor no Livro de Sabedoria: “Não procureis a morte por uma vida desregrada, não sejais o próprio artífice de vossa perda. Deus não é o autor da morte, a perdição dos vivos não lhe dá alegria alguma. Ele criou tudo para a existência, e as criaturas do mundo devem cooperar para a salvação. Nelas nenhum princípio é funesto, e a morte não é a rainha da terra, porque a justiça é imortal”. (Sab 1,12-15).

Então, o que fazer diante tal constatação? Creio que só há uma resposta que nos ajuda a compreender melhor a vida, fazer aquilo o que Deus nos ensina: ”Já te foi dito, ó homem, o que convém, o que o Senhor reclama de ti: que pratiques a justiça, que ames a bondade, e que andes com humildade diante do teu Deus”. (Miq 6,8). Pois não somos frutos do acaso, visto que o acaso não responde ao nosso desejo de vida permanente. Assim, entendemos que, o fato de existirmos aponta para um devir que não tem fim, isto é, a vida não se resume ao limite no qual estamos, mas, ao contrário, para além do que somos, existe toda uma eternidade que nos envolve. Ela é esse mistério divino, que nos responde a tudo pelo sofrimento, morte e ressurreição de Jesus Cristo, e nos faz compreender que por sermos “imagem e semelhança” de Deus, também somos eternos como Deus é. Desse modo, todos os mistérios que se nos apresenta à nossa experiência, nos são revelados pela fé no Filho de Deus, que nos amou e se entregou por nós, para que tivéssemos a salvação, a vida eterna Nele com Ele e para Ele.

Qualquer experiência de fé fora da cruz de Jesus, não conduz a ressurreição, porque para os filhos de Deus, a cruz de Cristo é o caminho perfeito da liberdade e da felicidade dos justos, ou seja, daqueles que foram justificados pelo sangue do “Cordeiro de Deus imolado que tira o pecado do mundo” (Jo 1,29). O próprio Senhor nos deu esse ensinamento: Jesus tornou a dizer-lhes: Em verdade, em verdade vos digo: eu sou a porta das ovelhas. Todos quantos vieram antes de mim foram ladrões e salteadores, mas as ovelhas não os ouviram. Eu sou a porta. Se alguém entrar por mim será salvo; tanto entrará como sairá e encontrará pastagem. O ladrão não vem senão para furtar, matar e destruir. Eu vim para que as ovelhas tenham vida e para que a tenham em abundância”. (Jo 10,7-10).

Com efeito, São Paulo nos ensina que a fé que nasce da cruz do Senhor nos foi dada pelo Sacramento do Batismo, eis o que ele diz: “Ou ignorais que todos os que fomos batizados em Jesus Cristo, fomos batizados na sua morte? Fomos, pois, sepultados com ele na sua morte pelo batismo para que, como Cristo ressurgiu dos mortos pela glória do Pai, assim nós também vivamos uma vida nova. Se fomos feitos o mesmo ser com ele por uma morte semelhante à sua, sê-lo-emos igualmente por uma comum ressurreição”. (Rom 6,3-5).

Desse modo, entendemos que se unir a Cristo Jesus pelo batismo nesta vida é encontrar-se com o próprio Deus e permanecer Nele, pois assim nos ensinou o Senhor: “Se me conhecêsseis, também certamente conheceríeis meu Pai; desde agora já o conheceis, pois o tendes visto. Disse-lhe Filipe: Senhor, mostra-nos o Pai e isso nos basta. Respondeu Jesus: Há tanto tempo que estou convosco e não me conheceste, Filipe! Aquele que me viu, viu também o Pai. Como, pois, dizes: Mostra-nos o Pai... Não credes que estou no Pai, e que o Pai está em mim? As palavras que vos digo não as digo de mim mesmo; mas o Pai, que permanece em mim, é que realiza as suas próprias obras. Crede-me: estou no Pai, e o Pai em mim. Crede-o ao menos por causa destas obras”. (Jo 14,7-11). “Eu e o Pai somos um”. (Jo 10,30).

Portanto, escutemos o profeta Isaías: ”Buscai o Senhor, já que ele se deixa encontrar; invocai-o, já que está perto. Renuncie o malvado a seu comportamento, e o pecador a seus projetos; volte ao Senhor, que dele terá piedade, e a nosso Deus que perdoa generosamente. Pois meus pensamentos não são os vossos, e vosso modo de agir não é o meu, diz o Senhor; mas tanto quanto o céu domina a terra, tanto é superior à vossa a minha conduta e meus pensamentos ultrapassam os vossos. Tal como a chuva e a neve caem do céu e para lá não volvem sem ter regado a terra, sem a ter fecundado, e feito germinar as plantas, sem dar o grão a semear e o pão a comer, assim acontece à palavra que minha boca profere: não volta sem ter produzido seu efeito, sem ter executado minha vontade e cumprido sua missão”. (Is 55,6-11).

Por fim, meditemos o que diz o primeiro mandamento da Lei de Deus: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todas as tuas forças”. (Dt 6,5). E como é amar a Deus assim? São João nos responde a essa pergunta com perfeita maestria: Nisto conhecemos que amamos os filhos de Deus: se amamos a Deus e guardamos os seus mandamentos. Eis o amor de Deus: que guardemos seus mandamentos. E seus mandamentos não são penosos, porque todo o que nasceu de Deus vence o mundo. E esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé”. (1Jo 5,2-4). Logo, “buscar a Deus de todo coração” é unir-se a Cristo Eucarístico e permanecer fiel a Ele até o fim, pois o Senhor assim nos exortou: ”Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia. Pois a minha carne é verdadeiramente uma comida e o meu sangue, verdadeiramente uma bebida. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele. Assim como o Pai que me enviou vive, e eu vivo pelo Pai, assim também aquele que comer a minha carne viverá por mim”. (Jo 6,54-57). Ficai, atentos, pois: “Aquele perseverar até o fim, será salvo”. (Mt 10,22b).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria,OFMConv.

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quinta-feira, 12 de setembro de 2013

A ESCADA DOS MONGES...


A "ESCADA DOS MONGES"...

A Lectio Divina é uma “caminhada” de quatro passos básicos:

      1) LECTIO – leitura
      2) MEDITATIO – meditação
      3) ORATIO – oração
      4) CONTEMPLATIO – contemplação

Esses quatros passos da Lectio Divina que hoje conhecemos foram assim definidos por volta do ano 1150 pelo monge cartuxo Guido em um pequeno livro chamado A escada dos monges. Neste livro o monge Guido expunha a sua teoria dessa forma: “Certo dia durante o trabalho manual, ao refletir sobre a atividade do espírito humano, de repente vi em minha mente a escada dos quatro degraus espirituais: a leitura, a meditação, a oração e a contemplação. Essa é a escada pelo qual os monges sobem da terra ao céu. Está certo, a escada ter poucos degraus, mas é de uma altura tão imensa e tão incrível que enquanto seu extremo inferior se apoia na terra, a parte superior penetra nas nuvens e investiga os segredos do céu. (...).

A leitura é o estudo assíduo das Escrituras, feito com espírito atento. A meditação é uma atividade diligente da mente que, com ajuda da razão busca o conhecimento da verdade oculta. A oração é o impulso fervoroso do coração à Deus, pedindo que afaste os males e conceda coisas boas. A contemplação é uma elevação da mente sobre si mesma que, apoiada em Deus, saboreia as alegrias da doçura eterna.”.

     1)      LEITURA “O que eu leio...”

Deve ser uma leitura pausada, atenta, como que “degustando” a Palavra. “Como é doce ao paladar vossa palavra, mais doce do que o mel na minha boca!”. “Saboreai e vede como o Senhor é bom” (SL 118, 103).

É importante abrir o coração e suplicar o auxílio do Espírito Santo para não cairmos numa racionalização. Cuidado para não manipular a Palavra de Deus, ou pensar numa 3ª pessoa! Não, isto é o que Deus fala pra MIM neste MOMENTO da MINHA HISTÓRIA PESSOAL! Toda a Escritura nos revela Deus, mas sobretudo olhamos para os Evangelhos, pois através dele podemos conhecer os SENTIMENTOS DO FILHO, Nosso Senhor Jesus Cristo.

Nesta hora da leitura eu não vou conduzir nada, vou deixar-me guiar pelo Espírito Santo, ficar atendo para onde (qual trecho) Ele vai fixar o meu coração. Pode ser num determinado versículo, numa determinada frase ou até mesmo numa simples palavra. Numa atitude de FILIAL ABANDONO deixar o coração totalmente vulnerável (vulnera em latim= chaga), deixar-se chagar por Deus como Nosso Senhor na Cruz. Ali, onde meu coração se sentiu fixado devo parar, aprofundar, insistir... “Tua palavra é lâmpada para os meus passos.” Pronto! Abriu-se a porta e eu devo entrar, é isto que Deus quer me falar hoje. De repente, sem dar conta, já estou no 2º passo que é a...

     2)     MEDITAÇÃO “O que me diz...”

Na meditação eu devo percorrer este caminho que o Senhor me mostrou na leitura, como um peregrino que busca a Deus e não a sua própria vontade. “Sai da tua terra e vai aonde eu te mostrar”!
Podemos usar a imaginação, entrar naquela cena do Evangelho, colocar-nos no lugar do pecador, da prostituta, dos fariseus e hipócritas, do filho pródigo, e porque não, do filho mais velho, que não compreendeu a misericórdia do Pai. Tudo vai depender do caminho que o Senhor tem para nós naquele dia, naquele momento e que estamos vivendo; da fraqueza que precisamos aceitar, do pecado que precisamos nos arrepender, do apego que precisamos renunciar, do irmão que precisamos aceitar ou perdoar; da cura e do amor que nossa alma está sedenta, etc... Podemos imaginar as aves do Céu (Mt 6, 26), os lírios (v.28) do campo, o trigo, o Templo; podemos visualizar a expressão de Nosso Senhor, suas lágrimas (Jo 11, 35, Lc 19, 41b), sua compaixão (Lc 7, 13 e 15, 20), sua fome (Lc 4, 2), seu olhar (Mc 10, 21, Lc 22, 61), sua voz, seu silêncio (Mt 26, 63). Podemos transportar-nos para a barca na tempestade, para o Monte Tabor ou para o Calvário, podemos ser o Cireneu, Maria Madalena, João ou um dos soldados, enfim, podemos com o uso da razão e imaginação deixar a Palavra de Deus visível diante do olhar do nosso coração.

Na meditação, vamos colocar nossa mente, nossa imaginação, nossa razão a serviço do Senhor, sob o império da sua graça, do seu senhorio.

Importante lembrar de novo que Ele é quem toma as rédeas do nosso coração, na Lectio Divina, nós vamos apenas obedecendo, atraídos, arrastados (cf. Ct 1, 4), aí eu vou compreendendo o que Ele, o Amado, tem para mim, e o meu coração deseja então expandir-se num diálogo amoroso, falar com o Senhor e também ouvi-lo. Então, sem perceber eu já estou no 3º passo...

3 e 4) A ORAÇÃO E A CONTEMPLAÇÃO “O que eu digo e... o que mais...!

Na liberdade de filhos e herdeiros do Reino abrimo-nos para este diálogo com Deus Trino. Expomos para Ele nossos medos, nossas angústias, nossas revoltas, nossas dores, nossas carências, nossas limitações e dificuldades. Expomos também a sede de nossa alma (minh’alma suspira Sl 41, 23; Sl 62, 2) nosso desejo de conhecê-lo, de obedecê-lo, de imitá-lo, de servi-lo, de segui-lo.

Na oração esperamos do Senhor as respostas das quais necessitamos, esperamos que Ele direcione o nosso coração para o bem, para a justiça, para a santidade. Com o tempo, a nossa oração não permanece somente um DIÁLOGO, mas sobretudo um ENCONTRO de duas pessoas que se amam: DEUS e a ALMA, e isto é a contemplação, quando o mais íntimo de nós se encontra no mais íntimo de Deus, “minha vida está escondida em Cristo”. A oração e a contemplação vão nos transformando em outros CRISTOS, imprimindo em nós a sua mansidão, a sua imolação, a sua sede de salvar a humanidade, a sua verdade, a sua paz... “já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim”.

Aprendemos a “ouvir” não só a voz do Senhor, mas também o Seu Silêncio, “sofre as demoras de Deus”. Nada mais difícil do que suportar a “nudez” da Palavra, quando parece que Ela nada nos diz e o nosso coração continua árido com uma terra seca. Consola-nos refletir que ninguém colhe no dia seguinte após ter semeado. A Lectio vai produzindo seus frutos em nós com o correr do tempo, e isso exige uma atitude assídua e comprometida de perseverança na leitura. A experiência nos fará transpor os sentimentos (gozo, consolação, secura) e encontrar o próprio Deus.

A contemplação seria esse “O QUE MAIS” do encontro entre a alma e Deus. Neste encontro o nosso coração é abrasado (nem sempre sensivelmente), frutificando na necessidade de uma autêntica conversão. É como um despertar para a graça. Os frutos da oração e da contemplação devem ser ENCARNADOS, ou seja, visíveis em nossa vida cotidiana, no nosso trato com os irmãos, os pobres, na nossa postura (interior e exterior) reverente ao próprio Deus, aos seus ministros e aos seus mistérios.

Paz e Bem!

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

O QUE É A FÉ?


O QUE É A FÉ?


De imediato, a fé é um dom de Deus inato, pois já nascemos com ela, isto porque, naturalmente acreditamos na vida que temos, e naquilo que perfaz o nosso ser e estar no mundo. Todavia, a fé é também um dom sobrenatural, carismático, recebido do Espírito Santo quando fomos batizados; nesse sentido, pela vivência da fé, podemos alcançar o impossível, pois assim nos ensinou o Senhor: “Tudo é possível ao que crê” (Mc 9,2). Ora, acreditar em Jesus é assemelhar-se a ele na convivência com o Pai, é fazer em tudo sua vontade (cf. 1Jo 2,6); pois a fé incondicional significa obediência total, mesmo que essa obediência resulte em morte de cruz. Logo, acreditar no Senhor é unir-se perfeitamente a ele pela ação do Espírito Santo na Eucaristia, ou seja, é comungar seu Corpo e Sangue, sua Alma e Divindade, e obter como resultado a santidade que o Senhor mesmo nos comunica. Por isso, só crê verdadeiramente quem ama incondicionalmente, porque a fé verdadeira é fruto do amor a Deus acima de todas as coisas e do amor ao próximo como a si mesmo.

São Tiago nos ensina que, “a fé sem obras é morta”, neste caso, ele se refere às obras do amor, e elas começam com o perdão dado e recebido por um coração misericordioso que tem no perdão o maior dom de cura, visto que, um coração reconciliado vive em permanente comunhão com o Senhor e é conduzido por ele. Quaisquer outras obras são frutos da missão que recebemos de Deus para que se cumpra sua Palavra: “Porque é gratuitamente que fostes salvos mediante a fé. Isto não provém de vossos méritos, mas é puro dom de Deus. Não provém das obras, para que ninguém se glorie. Somos obra sua, criados em Jesus Cristo para as boas ações, que Deus de antemão preparou para que nós as praticássemos”. (Ef 6,8-10).

Existe na Igreja um cântico do creio onde cantamos: “Creio Senhor, mas aumentai minha a fé”... Certa feita, “Os apóstolos disseram ao Senhor: Aumenta-nos a fé! Disse o Senhor: Se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a esta amoreira: Arranca-te e transplanta-te no mar, e ela vos obedecerá”. (Lc 17,5-6). Ou seja, o Senhor está nos indicando que a fé é dom gratuito, com o poder divino de suspender até as próprias leis da natureza para que se cumpra a vontade de Deus em vista da salvação das almas. Por isso, quando digo: creio, estou frente a frente com Deus em minha vida e tudo o que a compõe; desse modo, a fé é fruto do relacionamento filial e uma firme disposição a serviço do Reino de Deus e de sua justiça. Ela é submissão amorosa, dependência total que libera o poder de Deus em favor de seus filhos e filhas.

Portanto, a fé como dom de Deus não é apenas uma profissão, mais do que isto, ela é um modo de ser que faz acontecer a vontade de Deus em todos os sentidos da vida; é isso o que vemos na vida de Jesus, “autor e consumador de nossa fé” (Heb 12,2). Crer é viver segundo a vontade de Deus e assim ser vontade de Deus para toda criação a começar pela realidade na qual nos encontramos. “Na realidade, pela fé eu morri para a lei, a fim de viver para Deus. Estou pregado à cruz de Cristo. Eu vivo, mas já não sou eu; é Cristo que vive em mim. A minha vida presente, na carne, eu a vivo na fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim”. (Gal 2,19-20). Essa é a fé que nos foi comunicada pelo Espírito Santo para a nossa salvação e de toda a humanidade; sem a cruz de Cristo não há fé verdadeira.

Destarte, uma fé baseada na prosperidade material é falsa, porque não é dom de Deus, mas uma artimanha do inimigo de nossas almas que quer que acreditemos no ter mais e não no ser um só com Cristo, que nos diz: “Se alguém quer seguir-Me, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-Me. Pois, quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la; mas, quem perde a sua vida por causa de Mim, vai encontrá-la. Com efeito, que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro se perder a sua vida? O que pode um homem dar em troca da sua vida? Porque o Filho do Homem virá na glória de seu Pai, com os seus anjos, e então retribuirá a cada um de acordo com a própria conduta”. (Mt 16,24-27). “[Porque] sem fé é impossível agradar a Deus, pois para se achegar a ele é necessário que se creia primeiro que ele existe e que recompensa os que o procuram”. (Heb 11,6).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria,OFMConv.

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segunda-feira, 2 de setembro de 2013

UMA CRÔNICA FRANCISCANA: AH! FRANCISCO DE ASSIS, COMO TENHO SAUDADE DE TI...



UMA CRÔNICA FRANCISCANA: AH! FRANCISCO DE ASSIS, COMO TENHO SAUDADE DE TI...


Ah! Francisco de Assis, como tenho saudade de ti. Sem teorias, te servias dos Evangelhos e das Sagradas Escrituras como Palavras de Deus a serem obedecidas e praticadas fielmente, com todas as virtudes do Espírito Santo presentes em nossa vida desde que fomos batizados. Quanta singeleza em teus ensinamentos e exemplos a serem seguidos:

        “A Regra e a vida dos frades menores é esta: observar o santo Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, vivendo em obediência, sem propriedade e em castidade”. (RB).

        “E abstenham-se os irmãos e seus ministros de se incomodar com as suas coisas temporais, para que eles, como o Senhor lhes inspirar, disponham delas com liberdade”. (RB).

        “Os irmãos, aos quais o Senhor deu a graça de trabalhar, trabalhem com fidelidade de maneira que afugentem o ócio, inimigo da alma, e não percam o espírito de oração e piedade, ao qual devem servir todas as coisas temporais”. (RB).

        “Os irmãos não tenham propriedade sobre coisa alguma, nem sobre casa, nem lugar, nem outra coisa qualquer; mas, como peregrinos e viandantes (cf. lPd 2,11) que neste mundo servem ao Senhor em pobreza e humildade, peçam esmolas com confiança; disso não se devem envergonhar, porque o Senhor se fez pobre por nós, neste mundo (cf. 2Cor 8,9)”. (RB).

        “E onde quer que estiverem e se encontrarem os irmãos, mostrem-se afáveis entre si. E, com confiança, manifeste um ao outro as suas necessidades, porque, se uma Mãe ama e nutre seu filho carnal (cf. lTs 2,7), com quanto maior diligência não deve cada um amar e nutrir a seu irmão espiritual? (RB).

        “E tomem cuidado em não se encolerizar ou perturbar com o pecado de alguém, porque ira e perturbação entravam a caridade em si e em outros”. (RB).

        “Também admoesto e exorto os mesmos irmãos a que, nos sermões que fazem, seja a sua linguagem ponderada e piedosa (cf. Sl 11,7 e 17,31), para utilidade e edificação do povo, ao qual anunciem os vícios e as virtudes, o castigo e a glória, com brevidade, porque o Senhor, na terra, usou de palavra breve (cf. Rm 9,28)”. (RB).

        “Mas cuidem que, antes de tudo, devem desejar o espírito do Senhor e seu santo modo de operar: rezar sempre a Deus com coração puro; ser humilde e paciente nas perseguições e enfermidades; amar aqueles que nos perseguem, censuram e atacam; porque diz o Senhor: “Amai vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem e caluniam. Bem-aventurados os que padecem perseguição por amor da justiça, porque deles é o reino dos céus”. (RB).

Eis alguns dos ensinamentos do nosso seráfico pai, São Francisco, aos quais devemos dar toda atenção e acolhimento na certeza que eles são a via de perfeição que levou ele e milhares de irmãos atingirem a santidade de vida, à qual todos somos chamados, pois sem essa santidade, verdadeiro passaporte divino, ninguém entra no Reino dos céus.

Em nossos dias, falamos tanto, discutimos tanto, e, no entanto, quase nenhuma mudança interior e exterior apresentamos; é como se o muito falar nos cause exaustão demasiada ou uma espécie de cansaço espiritual estéril. Ou nos unimos ao Espírito do Senhor e o seu santo modo de operar, como o fez e ensinou nosso seráfico pai, São Francisco, ou só vamos carregar dele o nome, “franciscanos”, mas não o seu exemplo de santidade e amor incondicional ao crucificado e à causa do seu reino de amor.

Hoje em dia ainda se fala muito de “opção preferencial pelos pobres”. Creio que há um certo equívoco nessa fala, pois quando pensamos e falamos sobre os pobres e a pobreza, pensamos quase sempre em termos de posses materiais; quando na verdade pobre é todo homem que se deixa dominar pelo pecado. Ora, Jesus veio para nos libertar do pecado e de tudo aquilo que nos causa o pecado, por isso, Ele disse: “Se permanecerdes na minha palavra, sereis meus verdadeiros discípulos; conhecereis a verdade e a verdade vos livrará”. Pois, “Em verdade, em verdade vos digo: todo homem que se entrega ao pecado é seu escravo”. (Jo 8,32.34). Logo, pobres e pobreza não devem ser entendidos só nestas duas dimensões, mas também na dimensão que o Senhor nos mostra em sua bem aventurança: “Bem-aventurados os que têm um coração de pobre, porque deles é o Reino dos céus!” (Mt 5,3). Ou seja, a pobreza como virtude evangélica.

Nesse sentido, a pobreza franciscana é uma das virtudes do Espírito Santo e um dos carismas de nossa Ordem por excelência; é ela que nos leva a depender da providência divina que nunca falha; e que, por isso mesmo, nos faz ricos de todas as outras virtudes do Espírito. Assim, ela é a mais sublime herança que podemos adquirir neste mundo. Com efeito, como carisma essencial, a pobreza não precisa ser discutida, mas simplesmente ser vivida como São Francisco a viveu e ensinou, a partir das Palavras de nosso Senhor Jesus Cristo: “Se alguém quiser vir comigo, renuncie-se a si mesmo, tome sua cruz e siga-me. Porque aquele que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas aquele que tiver sacrificado a sua vida por minha causa, recobrá-la-á. Que servirá a um homem ganhar o mundo inteiro, se vem a prejudicar a sua vida? Ou que dará um homem em troca de sua vida?... Porque o Filho do Homem há de vir na glória de seu Pai com seus anjos, e então recompensará a cada um segundo suas obras”. (Mt 16,24-27).

A respeito da fraternidade franciscana, creio que também não é preciso teorias para explica-la, basta-nos os exemplos de fraternidade de São Francisco e dos outros confrades que com ele conviveram, tendo como base as Palavras do Senhor: “amai-vos uns aos outros como eu vos amo” (Jo 15,12). Ou seja, o ser fraterno é uma graça especial na vida de todos os consagrados por sua condição religiosa, pois ser fraterno é ser amor, é amar, é conviver bem com os outros; e isso é um privilégio que Deus dá sempre aos seus filhos e filhas, principalmente aos que lhes são consagrados por toda vida.

A minoridade é também um carisma nosso que não precisa de outro entendimento fora deste que o Senhor já nos deu: “Todo o que quiser tornar-se grande entre vós, seja o vosso servo; e todo o que entre vós quiser ser o primeiro, seja escravo de todos. Porque o Filho do homem não veio para ser servido, as para servir e dar a sua vida em redenção por muitos”. (Mc 10,43-45).

E, conventualidade, o que é? É São Francisco suspendendo o próprio jejum para se alimentar com o irmão que chora por não suportar o rigor do jejum. Ou seja, é está presente na vida e necessidade dos irmãos e lhes ser solidário. Conventualidade é são Francisco indicando o caminho vocacional do frade que achava improvável guardar a castidade; ou seja, é criar condições para se ter um discernimento preciso a respeito da vocação franciscana, ou uma outra vocação. Conventualidade é São Francisco nunca mandar algo contra os mandamentos do Senhor e a regra da ordem, isto é, nunca mandar algo contrário à salvação da alma ou da observância da regra. Enfim, conventualidade, é ser convento, isto é, lugar da morada do Senhor.

Portanto, cuidemos, pois quanto mais palavras, menos prática; porém, quanto mais oração e convivência com Deus e os irmãos, mais virtudes vividas e exemplos de vida. É esta a herança que recebemos de São Francisco e que não podemos desperdiçar com nossa vontade própria. Por exemplo: o que Deus falou em tua oração? E, o que vás fazer? Caso contrário tua oração é estéril, sem fruto. Frade sem vida de oração é frade a caminho da perda da fé e da própria vocação, por lhe faltar a intimidade do Senhor; pois tanto a fé quanto a intimidade tem na oração seu crescimento e a disposição para servir o Senhor na pessoa dos irmãos e do povo de Deus presente em nossa realidade. Nosso próximo é todo aquele que Deus nos dá para cuidar.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria,OFMConv.


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