VEM SENHOR JESUS!

"Em verdade, em verdade vos digo: quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna e não incorre na condenação, mas passou da morte para a vida". (Jo 5,24).

SEJAM BEM VINDOS À ESSA PORTA ESTREITA DA SALVAÇÃO

"Uma só coisa peço ao Senhor e a peço incessantemente: é habitar na casa do Senhor todos os dias de minha vida, para admirar aí a beleza do Senhor e contemplar o seu santuário". (Sl 26,4).

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

SEM A FAMÍLIA, A SOCIEDADE SE ESFACELA, TORNA-SE UMA TRAGÉDIA...


SEM A FAMÍLIA, A SOCIEDADE SE ESFACELA, TORNA-SE UMA TRAGÉDIA...

O Sacramento do Matrimônio é uma instituição divina, pois foi Deus quem fez o primeiro Matrimônio no Jardim do Éden: ”Deus criou o homem à sua imagem; criou-o à imagem de Deus, criou o homem e a mulher. Deus os abençoou: "Frutificai, disse ele, e multiplicai-vos, enchei a terra e submetei-a”. (Gn 1,27-28a). Ele vem acompanhado do amor esponsal e da fidelidade como fontes da união que Deus faz, é daí que advém a grandíssima importância desse sacramento, pois, é dele que depende o futuro da humanidade. Logo, ele precisa de harmonia e solidez para que a prole que dele nascer seja uma prole santa e digna dessa vocação. Na verdade, este sacramento é uma profunda aliança de amor entre um homem e uma mulher e Deus, por isso, o Senhor, diz: “Aquilo Deus uniu o homem não separa”.

Quando há separação, isto se dá porque a aliança de amor feita entre o casal e Deus foi rompida por falta de cultivo do amor a Deus e do amor conjugal, arrefecimento da fé e da piedade, a falta de participação nos sacramentos, infidelidade, traição, etc. Isto porque, o Sacramento do Matrimônio e em sua ajuda, os sacramentos da confissão e da Eucaristia são a trincheira-fortaleza onde essa aliança de amor com Deus se mantém e se sente amparada, protegida e guardada pela fidelidade, virtude excepcional, que faz crescer o amor conjugal, a manutenção e a unidade da família; ninguém pode deixar essa trincheira pela porta da infidelidade e se sentir seguro ou apto para a salvação eterna de sua alma ou de sua família, pois o abandono da comunhão sacramental com Deus deixa a família exposta ao mal e em total abandono ou em frangalhos quase que totalmente. Aliás, nunca vimos um traidor ou traidora ser feliz ou morrer em paz; pelo contrário vivem no inferno de sua traição e só morre na desgraça, isto quando não se arrepende e não repara o seu pecado.

Ora, onde não há fidelidade, há desarmonia; onde não há comunhão com Deus, há desordem de toda espécie. Pois, a destruição da família gera seres egoístas, perversos, assassinos, desonestos, cruéis, e uma sociedade profundamente violenta, sem rumo; sociedade formada por seres irreconhecíveis que só visam os bens materiais e o poder temporal; ou ainda o sucesso malfadado da fama repentina posta pelos meios transitórios, meros cabedais de ilusões; seres que buscam o prazer hediondo em lugar do prazer da alma; e, desse modo, a morte e a perdição imperam em todos os recônditos desse mundo estranho e desumano. Porque, o que mais o mal quer é destruir a família e os sacramentos que a mantêm, pois assim fica mais fácil destruir também, no coração humano, a fé em Deus e no seu poder salvador que é Cristo Jesus, o Senhor de toda a vida. Ora, sem a família sacramental e a fé em Deus que a nutre e sustenta, a sociedade se esfacela, a vida torna-se uma tragédia, um inferno abismal. Porque sem a unidade familiar, a coletividade dá lugar à subjetividade, ao individualismo egoísta e aos mais hediondos crimes, sem contar os vícios e todos os malefícios da desobediência humana. E, o que se pode esperar de uma sociedade assim?

Por outro lado, a grande maioria das famílias desfeitas tenta se refazer em uma segunda união, para ver se quem sabe dará certo, ou ainda, buscando se recompor da tragédia da má escolha ou da queda da boa escolha. E assim vão tentando, buscando, se recompondo, atravessando o caudaloso mar revolto deste estado tenebroso; onde a fidelidade foi atraiçoada, onde Deus foi posto de lado; onde o pecado deu as cartas para jogar o jogo da morte sacramental e espiritual de seres criados para a santidade, mas que agora se encontram mergulhados num abismo colossal de torturas psíquicas, causadas pelas mágoas, decepções e as angustias das separações em que se encontram envolvidas. Às vezes conseguem voltar e obter alguma vitória, mas isto quando há conversão e encontro com Deus; porém, não totalmente como antes devido à falta dos sacramentos. Todavia, os incentivo e exorto, a nunca desistirem da misericórdia divina; Deus é fiel e justo e conhece o coração de cada um de seus filhos, sejam eles ingratos ou não, e está sempre pronto a perdoar a todos, desde que haja um profundo arrependimento de coração, para voltarem ao convívio do Senhor na esperança de uma reconciliação deveras sólida por toda a vida.

Portanto, se faz necessário que os casais de segunda união não percam a santa Missa, mesmo sem acesso direto ao sacramento da Eucaristia, todavia em compasso de espera no Senhor que a todos conhece muito bem e não deixa de os assistir em suas próprias necessidades; também não deixem de se fazer presentes nas pastorais e nos trabalhos voluntários em favor dos mais necessitados, pois assim aumentam, pela caridade e vida fraterna, o favor divino para o bem de suas almas e de todas de suas famílias. O que há mais importante nesta vida é servir e amar a Deus e se deixar amar e conduzir por Ele, pois a quem a Deus se confia, sabe que o Senhor não falha nunca, e que esperando em sua misericórdia, o seu dia da graça chegará.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria,OFMConv.

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quarta-feira, 20 de novembro de 2013

ENTÃO, PARA ONDE CAMINHA A HUMANIDADE?


ENTÃO, PARA ONDE CAMINHA A HUMANIDADE?


Desde que o primeiro homem pecou que a humanidade perdeu a unicidade perfeita, tornando-se natureza complexa, um misto de carne e espírito, pura dicotomia. E assim caminha a humanidade, ainda em vida por causa das leis naturais e eternas provindas de Deus, que a governa e sustenta devido a sua benevolência para com toda a criação; pois o Senhor nunca desistiu de seu plano de amor para com suas criaturas e dentre elas a mais predileta, sua “imagem e semelhança”, o ser humano. Somos natureza palpável, mas também almas viventes, transparentes, imateriais e imortais em sua essência. Pois, a nossa natureza física só o é, porque sustentada pela metafísica alma, dom único que Deus nos deu quando gerados fomos no ventre de nossas mães.

Então, para onde caminha a humanidade? Na verdade esta resposta está implícita no mais íntimo de cada um de nós, e a damos à medida que vivemos, pois o nosso modo de ser, de pensar, de falar e viver aponta para a morte eterna na total ausência de Deus; ou para a vida eterna vivida desde já em Deus, por Deus e para Deus pela fé em Cristo Jesus. Isto porque Cristo é “Deus conosco”, o Emanuel bendito que Deus, nosso Pai, nos enviou como o único Caminho para Ele; a única Verdade em que podemos confiar plenamente sem medo de erro; a única Vida que vence a morte, sem a qual tudo é caos esquisito como um grito sem resposta.

Quais os caminhos que percorre a humanidade? A princípio identificamos o caminho natural onde todos caminham involuntariamente, com seus planos existenciais baseados nas escolhas e decisões, nos interesses pessoais ou coletivos, nas razões de viver que movem os corações, etc. Isto porque, enquanto estamos no tempo, o tempo nos leva à maturidade da vida natural e à morte temporal, quer queiramos quer não; e isto é uma lei divina que se cumpre sempre independentemente de tudo e de todos (cf. Gn 3,19)... O outro que identificamos é o caminho espiritual, ou seja, a via que percorremos para o encontro definitivo com Deus. Na verdade, só existe um caminho para se chegar a Deus, nosso Senhor Jesus Cristo, o Filho único de Deus. Pois no seguimento de Cristo Jesus, cumprimos o plano eterno de salvação, traçado por Deus para nos livrar do mal, do pecado e da morte, e nos dar a vida Eterna, pela nossa obediência incondicional à suas leis e mandamentos. Todos os demais caminhos espirituais são trilhas enganadoras que levam apenas ao julgamento, mas não à salvação eterna de nossas almas (cf. Jo 10,7-15). Porque, “Esse Jesus, pedra que foi desprezada por vós, edificadores, tornou-se a pedra angular. Em nenhum outro há salvação, porque debaixo do céu nenhum outro nome foi dado aos homens, pelo qual devamos ser salvos”. (At 4, 12)

E como se dá esta salvação eterna em Cristo Jesus? Dá-se pela ressurreição que acontece no sacramento do batismo (cf. Jo 3,1-15; Rm 6,3-11), novo nascimento pela água e pelo Espírito Santo, ou seja, na ordem da graça operada por Cristo em sua Santa Igreja Católica Apostólica Romana, Corpo Místico do Senhor, parte visível do Reino de Deus neste mundo, da qual Ele é a Cabeça e nós somos os membros. Além de que seu crescimento se dá pela prática da fé e das virtudes com as quais nos ornou Deus, para que testemunhemos a sua presença em cada um de nós e nas ações dignas da salvação que recebemos. Logo, se faz necessário que tenhamos vida de oração, vida sacramental e pastoral; e com isso, nos ternemos espelhos de virtudes capazes de dar a vida pelos irmãos como o fez Jesus, o Senhor nosso, de quem herdamos a comunhão perfeita com Deus Pai.

Os filhos e filhas de Deus são conduzidos pelo Espírito Santo, e por meio dele, vivem plenamente a vontade de Deus no mundo, servindo ao Senhor para a salvação de todos os homens. Ninguém ama o próximo como a si mesmo, se não ama a Deus a cima de todas as coisas e se não vive um relacionamento íntimo com Ele que nos direciona para o serviço do Reino. É como nos ensinou São Paulo: Porque é gratuitamente que fostes salvos mediante a fé. Isto não provém de vossos méritos, mas é puro dom de Deus. Não provém das obras, para que ninguém se glorie. Somos obra sua, criados em Jesus Cristo para as boas ações, que Deus de antemão preparou para que nós as praticássemos”. (Ef 2,8-10).

Com efeito, vivemos na encruzilhada da dicotomia humana; se por um lado vemos o pecado e seus resultados nefastos; por outro lado, vemos que uma pequena porção que resiste às tentações de toda espécie imposta pelo inimigo de nossas almas. De fato, precisamos resistir tenazmente, pela prática da fé, a fim de extirparmos o mal pela raiz, pois assim nos diz o Senhor: “Tudo é possível ao que crê” (Mc 9,23b). A esse respeito também nos ensinou São Pedro, o seguinte: Caríssimos, não vos perturbeis no fogo da provação, como se vos acontecesse alguma coisa extraordinária. Pelo contrário, alegrai-vos em ser participantes dos sofrimentos de Cristo, para que vos possais alegrar e exultar no dia em que for manifestada sua glória. Se fordes ultrajados pelo nome de Cristo, bem-aventurados sois vós, porque o Espírito de glória, o Espírito de Deus repousa sobre vós. Que ninguém de vós sofra como homicida, ou ladrão, ou difamador, ou cobiçador do alheio. Se, porém, padecer como cristão, não se envergonhe; pelo contrário, glorifique a Deus por ter este nome. Porque vem o momento em que se começará o julgamento pela casa de Deus. Ora, se ele começa por nós, qual será a sorte daqueles que são infiéis ao Evangelho de Deus? E, se o justo se salva com dificuldade, que será do ímpio e do pecador? Assim também aqueles que sofrem segundo a vontade de Deus encomendem as suas almas ao Criador fiel, praticando o bem”. (1Pd 4,12-19).

Assim, pois, como Cristo padeceu na carne, armai-vos também vós deste mesmo pensamento: quem padeceu na carne rompeu com o pecado, a fim de que, no tempo que lhe resta para o corpo, já não viva segundo as paixões humanas, mas segundo a vontade de Deus. Baste-vos que no tempo passado tenhais vivido segundo os caprichos dos pagãos, em luxúrias, concupiscências, embriaguez, orgias, bebedeiras e criminosas idolatrias. Estranham eles agora que já não vos lanceis com eles nos mesmos desregramentos de libertinagem, e por isso vos cobrem de calúnias. Eles darão conta àquele que está pronto para julgar os vivos e os mortos. Pois para isto foi o Evangelho pregado também aos mortos; para que, embora sejam condenados em sua humanidade de carne, vivam segundo Deus quanto ao espírito. O fim de todas as coisas está próximo. Sede, portanto, prudentes e vigiai na oração. Antes de tudo, mantende entre vós uma ardente caridade, porque a caridade cobre a multidão dos pecados (Pr 10,12). Exercei a hospitalidade uns para com os outros, sem murmuração. Como bons dispensadores das diversas graças de Deus, cada um de vós ponha à disposição dos outros o dom que recebeu: a palavra, para anunciar as mensagens de Deus; um ministério, para exercê-lo com uma força divina, a fim de que em todas as coisas Deus seja glorificado por Jesus Cristo. A ele seja dada a glória e o poder por toda a eternidade! Amém”. (1Pd 4,1-11).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria,OFMConv.

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quarta-feira, 13 de novembro de 2013

DE ONDE VEM O PECADO E O QUE CAUSA?


DE ONDE VEM O PECADO E O QUE CAUSA?


A desordem que atualmente constatamos na obra da criação parece uma contradição, se julgarmos que por Deus ser Infinitamente Perfeito nunca erra em tudo o que faz. Mas, isto é fato, Deus é Infinitamente Perfeito e não erra nunca (cf. Tg 1,17). Pois assim lemos na Sagrada Escritura: “Deus criou tudo para a existência, e as criaturas do mundo devem cooperar para a salvação. Nelas nenhum princípio é funesto, e a morte não é a rainha da terra, porque a justiça é imortal”. (Sb 1,14-15). E ainda: “Ora, Deus criou o homem para a imortalidade, e o fez à imagem de sua própria natureza. É por inveja do demônio que a morte entrou no mundo, e os que pertencem ao demônio prová-la-ão”. (Sb 2,23-24). Assim, é preciso entender que Deus nada criou Nele, mas sim para Ele, com o poder de Sua Palavra, e todas as coisas sustenta e governa por suas leis naturais e eternas, como diz São Paulo: “Porque é em Deus que nós vivemos, nos movemos e somos”. (At 17,28a), se referindo à Sua Onipotência divina que tudo sustenta e governa. Logo, Deus é Criador e infinitamente superior a todas as suas criaturas, que Dele dependem sempre, para permanecerem Nele, nosso Sumo Bem!

Mas, o que causa então toda essa dicotomia desordeira, que desde os primórdios da criação se constata na face da terra? As palavras exprimem a experiência humana de tal maneira, que nos levam ao entendimento dos acontecimentos que se dão e que nos são transmitidos por aqueles que a guardaram para a posteridade. Desse modo, essas experiências acumuladas nos ensinam como usar nossa liberdade, para não cairmos nos mesmos erros de nossas antepassados. Dentre essas palavras, existem algumas que são fundamentais para entendermos todo o desequilíbrio das criaturas. Pois tudo o que Deus criou é bom, belo e perfeito, não em si mesmos, mas sim na dependência uma das outras. É como a água que depende da fonte para formar o mar, os lagos e os rios, etc. E depende ainda de como é tratada para permanecer cristalina ou não. Eis algumas destas palavras tomadas de profundos significados: Deus, criação, céu; homem, obediência, fidelidade, felicidade, paz; demônio, pecado, morte, inferno, etc.

Todo começo visa um fim e é pensando nesse fim que se traçam objetivos para poder alcança-lo. Deus deu início à sua obra a fim de que o amassemos acima de todas as coisas e fossemos felizes eternamente Nele com Ele para Ele, eis o verdadeiro sentido da Criação. Para isto nos deu suas leis naturais e eternas; quem as obedece entrega o comando de sua vida e de seu viver a Ele que nos conduz à perfeição de sua glória. Quem as desobedece perdem a liberdade de ser e de viver, para os únicos inimigos de nossas almas, o pecado e o demônio, autor do pecado, e assim passam a experimentar o inferno da perversão, do desvario, da luxúria, da corrupção e do desmando interior e exterior que constatamos obra da criação. Mas, como toda criatura, o mal não pode se sobrepor ao bem criado e muito menos ao Sumo Bem, que é Deus. Assim, como mal que é, nenhum bem experimenta nem aqui nem na eternidade, onde se perpetuará na maldade plantada e cultivada neste mundo por uma vida infame totalmente desligada de Deus.

Tendo o homem pecado contra o seu Criador, e se desligado dele pelo pecado, o Senhor não o abandonou à desordem causada pelo pecado, mas prometeu e nos deu um poderoso Salvador, Jesus Cristo (cf. Gn 3,15; Jo 3,16-21). E disse: “Eis o meu Filho amado, em quem pus toda a minha afeição, ouvi-o” (Mt 17,5c). A lei da liberdade nos ensina a acolher a verdade sempre e a praticá-la fielmente, para obtermos seus resultados imediatos e eternos. Não podemos recusar a verdade, nos opondo a ela, e permanecermos impunes (cf. Rm 1,19-32; Jo 3,18-20). Pois bem, Cristo Jesus é a Verdade, Nele encontramos Deus Pai perfeitamente; segui-lo é o maior dos privilégios, pois Ele é o único caminho para a vida eterna; na verdade, Ele é a própria vida eterna; segui-lo é amá-lo em total obediência ao Pai de nossas almas; e quem o ama assim, sabe a que fim chegará, pois o Senhor mesmo, disse: “Aquele que perseverar até o fim será salvo” (Mt 24,13). “É como está escrito: Coisas que os olhos não viram, nem os ouvidos ouviram, nem o coração humano imaginou (Is 64,4), tais são os bens que Deus tem preparado para aqueles que o amam”. (1Cor 2,9).

Tenho para mim que os sofrimentos da presente vida não têm proporção alguma com a glória futura que nos deve ser manifestada. Por isso, a criação aguarda ansiosamente a manifestação dos filhos de Deus. Pois a criação foi sujeita à vaidade (não voluntariamente, mas por vontade daquele que a sujeitou), todavia com a esperança de ser também ela libertada do cativeiro da corrupção, para participar da gloriosa liberdade dos filhos de Deus. Pois sabemos que toda a criação geme e sofre como que dores de parto até o presente dia. Não só ela, mas também nós, que temos as primícias do Espírito, gememos em nós mesmos, aguardando a adoção, a redenção do nosso corpo. Porque pela esperança é que fomos salvos. Ora, ver o objeto da esperança já não é esperança; porque o que alguém vê, como é que ainda o espera?” (Rm 8,18-24).

Nós, porém, segundo sua promessa, esperamos novos céus e uma nova terra, nos quais habitará a justiça. Portanto, caríssimos, esperando estas coisas, esforçai-vos em ser por ele achados sem mácula e irrepreensíveis na paz”. (2Pd 3,13-14).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria,OFMConv.

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sábado, 9 de novembro de 2013

A VONTADE DE DEUS...


A VONTADE DE DEUS


Fazendo minha meditação diária, me veio à mente a seguinte pergunta: como posso discernir a Vontade de Deus com precisão? Ou seja, como posso identifica-la tal qual ela é sem interpretações subjetivas? Porque já ouvi muitas vezes que a vontade de Deus está expressa nas Sagradas Escrituras... E, de fato, vejo nessa afirmação um profundo ato de fé e comungo totalmente com ela (cf. 2Pd1,19-21). Mas, será que a Vontade de Deus se faz expressa somente nas Palavras Sagradas? Eu pergunto isso, porque a percebo também em todas as suas criaturas, as visíveis e as invisíveis, elas são “Palavra de Deus realizada” (cf. Gn 1; Cl 1,15-18); pois as leis que as rege são verdadeiras e a verdade é a Vontade de Deus sempre presente; e são por estas leis, naturais ou eternas (cf. Rm 2,14-16;Ex 20,1-17;23,1-9), que o Senhor governa todas as suas criaturas. Desse modo, eu a percebo na liberdade que temos de escolher e decidir tudo em nossa vida, a partir das possibilidades e oportunidades que nos são dadas; eu a vejo ainda nos talentos, nas habilidades, nas capacidades e nos dons que cada ser possui. E a vejo, enfim, em tudo e em todos pelo simples fato de existirmos. Só não a vejo no mal e na prática dele (cf. Tg 1,13.17).

Mas, em meio aos acontecimentos da vida e tudo que a envolve, por exemplo, eu posso deixar expressa minha vontade, e me ausentar. E então, como fazer para me encontrares? Espere-me, fazendo minha vontade que deixei expressa, pois estou nela, mesmo que você não me veja, eu estou, isto porque não tem como você me esquecer, uma vez que minha vontade está gravada em sua alma. Assim acontece conosco diante de Deus. Não tem como esquecer o Senhor, pois suas leis (Vontade) estão gravadas em nossas almas e em tudo quanto existe (cf. Rm 1,19-22), e por isso, elas não nos deixa esquecê-lo. Não cumprir suas leis é morrer e não mais vê-lo. Infelizmente é o que está acontecendo nesse nosso mundo perverso, que por causa da desobediência à Sua Santa Vontade, inumeráveis criaturas têm perdido a vida e desaparecido da face da terra pelo o mal aqui se tem praticado.

Não obstante tudo isso, pergunto, é possível mesmo assim encontrar Deus pessoalmente aqui? Sim, pela fé, pois a fé é dom de Deus, também gravada em nossas almas, e é por ela que O encontramos (cf. Hb 11,6). Ora, mas será que Deus está presente pessoalmente no meio de nós, para além de suas Leis? Com absoluta certeza, pois em Jesus Cristo, o Filho de Deus, encontramos Deus pessoalmente, perfeitamente, sem nenhuma sombra de dúvida. Pois, assim está escrito: Muitas vezes e de diversos modos outrora falou Deus aos nossos pais pelos profetas. Ultimamente nos falou por seu Filho, que constituiu herdeiro universal, pelo qual criou todas as coisas. Esplendor da glória (de Deus) e imagem do seu ser, sustenta o universo com o poder da sua palavra. Depois de ter realizado a purificação dos pecados, está sentado à direita da Majestade no mais alto dos céus, tão superior aos anjos quanto excede o deles o nome que herdou. Pois a quem dentre os anjos disse Deus alguma vez: Tu és meu Filho; eu hoje te gerei (Sl 2,7)? Ou então: Eu serei seu Pai e ele será meu Filho (II Sm 7,14)?” (Hb 1,1-5).

Com efeito, eis o que diz o Senhor: “Aquele que vem de cima é superior a todos. Aquele que vem da terra é terreno e fala de coisas terrenas. Aquele que vem do céu é superior a todos. Ele testemunha as coisas que viu e ouviu, mas ninguém recebe o seu testemunho. Aquele que recebe o seu testemunho confirma que Deus é verdadeiro. Com efeito, aquele que Deus enviou fala a linguagem de Deus, porque ele concede o Espírito sem medidas. O Pai ama o Filho e confiou-lhe todas as coisas. Aquele que crê no Filho tem a vida eterna; quem não crê no Filho não verá a vida, mas sobre ele pesa a ira de Deus”. (Jo 3,31-36).

Entretanto, exclamou Jesus em voz alta: Aquele que crê em mim, crê não em mim, mas naquele que me enviou; e aquele que me vê, vê aquele que me enviou. Eu vim como luz ao mundo; assim, todo aquele que crer em mim não ficará nas trevas. Se alguém ouve as minhas palavras e não as guarda, eu não o condenarei, porque não vim para condenar o mundo, mas para salvá-lo. Quem me despreza e não recebe as minhas palavras, tem quem o julgue; a palavra que anunciei julgá-lo-á no último dia. Em verdade, não falei por mim mesmo, mas o Pai, que me enviou, ele mesmo me prescreveu o que devo dizer e o que devo ensinar. E sei que o seu mandamento é vida eterna. Portanto, o que digo, digo-o segundo me falou o Pai”. (Jo 12,44-50).

Então, qual é o grande pecado da humanidade? É não crer em Cristo. O Filho de Deus é a Vida, sem Jesus não há Vida, mas somente a morte; Jesus é a Verdade, isto é, a total Vontade do Pai para nós, sem Jesus, tudo é nada; Jesus é o Caminho, sem Jesus todos os caminhos deste mundo são trilhas enganadoras, que levam a lugar nenhum. E onde encontramos o Senhor Jesus visivelmente? Na Santa Eucaristia, Sacramento da Salvação dos homens. Pois este Santo Sacramento é seu Corpo e Sangue, Alma e Divindade, Sua Presença real no meio de nós (Mt 26,26-28). Pois antes de partir deste mundo, Jesus quis permanecer aqui conosco, e se nos deu visivelmente neste Santíssimo Sacramento, Pão de vida eterna. Bem como nos ensinou São Paulo: Eu recebi do Senhor o que vos transmiti: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão e, depois de ter dado graças, partiu-o e disse: Isto é o meu corpo, que é entregue por vós; fazei isto em memória de mim. Do mesmo modo, depois de haver ceado, tomou também o cálice, dizendo: Este cálice é a Nova Aliança no meu sangue; todas as vezes que o beberdes, fazei-o em memória de mim. Assim, todas as vezes que comeis desse pão e bebeis desse cálice lembrais a morte do Senhor, até que venha”. (1Cor 11,23-26).

Portanto, pela verdade que somos e conhecemos em nós e nas outras criaturas; pela fé que recebemos da Igreja, Corpo Místico do Senhor, parte visível do Reino de Deus neste mundo (cf. Mt 16,16-19), permaneçamos fiéis cumpridores de sua Vontade, pois, quem cumpre o Vontade de Deus presente em seus Mandamentos, permite que o Senhor esteja no comando de sua vida para que lhe santifique e conduza à vida eterna. Por outro lado, quem desobedece ao Senhor, envereda pelo caminho das trevas do pecado conduzido pelo diabo, inimigo de nossas almas, para o inferno que está preparado para ele e aqueles que o seguem (cf. Jo 5,28-29; Dn 12,2; Ap 20,10; 21,8).

Destarte, “Todo o que crê que Jesus é o Cristo, nasceu de Deus; e todo o que ama aquele que o gerou, ama também aquele que dele foi gerado. Nisto conhecemos que amamos os filhos de Deus: se amamos a Deus e guardamos os seus mandamentos. Eis o amor de Deus: que guardemos seus mandamentos. E seus mandamentos não são penosos, porque todo o que nasceu de Deus vence o mundo. E esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé. Quem é o vencedor do mundo senão aquele que crê que Jesus é o Filho de Deus?” (1Jo 5,1-5).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria,OFMConv.

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quarta-feira, 6 de novembro de 2013

DEVOÇÃO DA ORDEM FRANCISCANA À IMACULADA CONCEIÇÃO


DEVOÇÃO DA ORDEM FRANCISCANA A IMACULADA CONCEIÇÃO

Devoto é aquele que acende a chama da devoção em seu coração, por reconhecer as maravilhas de Deus nos filhos e filhas que Ele santificou, ou seja, é aquele que procura honrar com profundo amor as almas escolhidas e santificadas por Deus, pedindo sua intercessão para que se cumpra em sua vida o plano da salvação que o Senhor traçou para toda humanidade.

Nosso Seráfico pai, São Francisco, muito contribuiu para a devoção mariana com o seu exemplo de fé na Mãe de Deus. São Boaventura, na sua Legenda Maior, assim escreveu sobre sua devoção: “Seu amor para com a bem-aventurada Mãe de Cristo, a puríssima Virgem Maria, era de fato indizível, pois nascia em seu coração quando considerava que ela havia transformado em irmão nosso o próprio Rei e Senhor da glória e que por ela havíamos merecido alcançar a divina misericórdia. Em Maria, depois de Cristo, punha toda sua confiança. Por isso, a escolheu para advogada sua e de seus irmãos e jejuava com muita devoção em honra dela desde a festa dos apóstolos Pedro e Paulo até à festa da Assunção.” (LM IX,3,1-2). Também o primeiro Biógrafo de São Francisco, Beato Tomás de Celano, escreveu o seguinte: «Rodeava de um amor indizível a Mãe de Jesus, por ter feito irmão nosso o Senhor de toda a majestade. Em sua honra cantava louvores especiais, arguia-lhe súplicas, consagrava-lhe afetos, tantos e tais que nenhuma língua humana os conseguiria exprimir.» (Vida Segunda: 198,1-2). Uma dessas expressões de louvor de São Francisco se encontra na Antífona “Santa Virgem Maria” no Ofício da Paixão do Senhor, composto por ele: “Santa Virgem Maria, não veio a este mundo mulher semelhante a ti, filha e serva do Rei altíssimo, o Pai celeste, mãe de nosso santíssimo Senhor Jesus Cristo, esposa do Espírito Santo, roga por nós juntamente com São Miguel Arcanjo e todas as Virtudes do céu e todos os Santos, a teu santíssimo e dileto Filho, nosso Senhor e Mestre”.[1] Logo, seu amor e devoção à Santíssima Virgem, tornou-se fonte de inspiração e exemplo para toda a Ordem e os fiéis em geral que o escutava e seguia seus passos devocionais fielmente.

Com efeito, como herança dessa santa devoção, lembramos a nossa querida e amada Coroa Franciscana, que trata da oração em honra das sete alegrias que Maria Santíssima viveu aqui na terra. Segundo o irmão Luke Wedding,[2] historiador franciscano, essa devoção começou em 1422 com um jovem noviço muito piedoso que por uma visão recebeu a incumbência de divulgá-la a pedido da Mãe do Senhor, e logo se difundiu tal devoção por toda a Família Franciscana. Esta devoção é favorecida com muitas indulgências concedidas pelos Papas, são ganhas pelos Franciscanos e os fiéis devotos que rezarem a Coroa Franciscana.

Daí, concluímos que a devoção da Ordem Franciscana à Imaculada Virgem Maria, baseia-se na ardente devoção de São Francisco. Ele é tão eloquente em sua devoção para com a “Mãe do Senhor” que consagrou as três Ordens que fundou aos seus cuidados. A primeira Ordem teve início justamente aos pés de Nossa Senhora dos Anjos, ou seja, numa capelinha dedicada à Mãe do Senhor, chamada Porciúncula, em Assis. É por isso, que nos registros dos Frades Menores Conventuais, em sua Cúria Geral em Roma, todos os frades recebem o nome de Maria como complemento no nome próprio, em sinal dessa consagração da Ordem à Virgem Imaculada, Mãe do Senhor e nossa Mãe.

Por fim, em sua mensagem, por ocasião do Capítulo da OFM em Assis (10/05/2003), o Beato João Paulo II, exortou ao Ministro Geral e todos os frades, dizendo: “Dirigi-vos todos os dias à "Virgem que se fez Igreja" (Francisco Saudação à Bem-Aventurada Virgem Maria: FF 259), à Rainha dos Apóstolos, à "Advogada da Ordem" (Celano, Vita seconda, CL, 198: FF 786), com a oração do Rosário, oração extraordinariamente evangélica e franciscana”.[3]

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria,OFMConv.






















[1] Escritos de São Francisco de Assis, Ofício a Paixão do Senhor, pag 140
[2] http://www.pvsantoantonio.com.br/oracaocatolica/corm10.html (14/02/2011).
[3]http://www.vatican.va/holy_father/john_paul_ii/speeches/2003/june/documents/hf_jpii_spe_20030604_frati-minori_po.html (05/11/ 2013)

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segunda-feira, 4 de novembro de 2013

"QUER VIVAMOS QUER MORRAMOS, PERTENCEMOS AO SENHOR..."


“QUER VIVAMOS QUER MORRAMOS, PERTENCEMOS AO SENHOR...”


O que é a morte? A morte é o fim de nossa existência física no tempo que nos foi dado por Deus, para o perdão e reparação de nossos pecados. Todavia, não é tão fácil assim o entendimento desse fenômeno natural que acontece com todo ser vivente sobre a face da terra; pode até ser para aqueles que dizem: “morreu acabou”, pois é isto que creem, mas estes são os que vivem sem esperança alguma de vida eterna. De fato, como seres viventes, somos um misto de alma e corpo, sendo o corpo sujeito à destruição pela morte e decomposição dos elementos naturais presentes na sua composição física; já a alma, por ser imaterial é imortal, única e intransferível, pois traz em si a unicidade divina (Deus jamais repete algo na obra da criação, tudo é único) (cf. Gn 1,26-28;2,19-24; Sl 8). Como dizia São Francisco de Assis: “Somos o que somos aos olhos de Deus e nada mais”.

Ora, que a alma não é física, mas metafísica, isso é inegável; pois nenhum raciocínio, técnica ou experimento científico pode provar o contrário disso (cf. Mt 10,28). Todavia, ela não é absoluta (aliás, nenhuma criatura é) por causa de sua condição de dependência, pois não existe em si e por si mesma, uma vez que foi criada diretamente por Deus quando de nossa concepção no ventre materno. Assim, o nascer e o morrer, já sintetiza toda nossa dependência. De fato, temos vontade própria, todavia em consonância com nosso livre arbítrio; se ela é uma dependência divina, somos livres, porque em Deus está a verdadeira liberdade (cf. Jo 8,36; 2Cor 3,17); se ela é dependência só das criaturas, sem a comunhão com Deus; aí nos tornamos escravos de nossas concupiscências, que são as más inclinações, más escolhas e decisões (cf. Jo 8,31-35; Tg 1,12-18).

Por que a morte existe? Porque ela é condição punitiva e reparadora por causa do pecado (cf. Gn 3,1-19). Deus é a Fonte Eterna de todo ser e ninguém subsiste como Bem Eterno sem Ele, o Sumo Bem. Ora, em Deus não há pecado. Logo, todo pecado é separação de Deus, e tudo o que não permanece Nele, sucumbe eternamente, quando não há reconciliação; isto porque, cada ser traz em si a perfeição com a qual foi criado e que o faz perdurar. Desse modo, a perfeição dos anjos difere da perfeição dos homens, devido à natureza que os encerra, o anjo é puro espírito; já o homem é um ser vivente dotado de corpo físico e alma espiritual. Assim, o pecado dos anjos, dado o seu estado de perfeição, é uma decisão definitiva e irreparável, não há salvação para eles (cf. Is 14,12-15; Ez 28,11-19; Ap 12,7-9; Jo 16,6-11); enquanto o pecado dos homens é uma decisão passível de reparação, dado seu estado inferior ao dos anjos (cf. Rm 8,1-4). Contudo, a decisão do homem pelo pecado mortal, isto é, contra as Leis de Deus gravadas em sua alma (cf. Jr 30,33-34; Rm 1,19), torna-se uma decisão eterna quando não há arrependimento e reconciliação com Deus, por meio do Seu Filho, Jesus Cristo, que nos deu a fé, a Igreja e os Sacramentos para a nossa salvação (cf. Mc 16,16; Jo 3,16-21; 8,24).

Lendo as Sagradas Escrituras (cf. Gn 3,19; Ap 21,8), compreendemos que a morte traz em si dois sentidos: um temporal e outro eterno, ou seja, ela é um fenômeno de cunho natural e espiritual. Ela é condição punitiva ou reparadora. Para nós pecadores, a morte é condição punitiva (cf. Gn 3,19; Rm 3,23; 6,23); mas para Cristo, que não tem pecado (cf. 1Jo 3,5), ela é condição reparadora, porque ele morreu em expiação dos nossos pecados, isto é, ele reparou nossos pecados, nos justificando diante de Deus Pai (cf. Rm 5,6-11;). Assim, Jesus nos amou até a última gota do seu sangue derramado (cf. Jo 19,30.34); para que vivamos a nossa filiação divina como Ele viveu (cf. Lc 23,46), em total obediência amorosa ao nosso Pai celeste (cf. Jo 5,30; 1Jo 2,6). Em suma, Jesus perdoa e apaga os nossos pecados, por sua morte e ressurreição, e nos dá os sacramentos do batismo e confissão (caso pequemos após o batismo) (cf. Mt 28,19), para que tenhamos vida nova Nele (cf. 2Cor 5,17-19).

De certo, o acontecimento da morte do homem se dá durante o tempo que lhe foi dado para o arrependimento e reparação dos pecados, e retorno para Deus. Assim ele já a traz em sua composição física ou também espiritual, dependendo de seu estado de alma. É uma questão de causa e efeito; todo causa gera um efeito, se a causa é boa o efeito também é bom; se a causa é má, o efeito é tão mal quanto sua causa. De forma que, ele experimenta isto interiormente e imediatamente assim que se gera a causa e seu respectivo efeito. Porém, só em parte, pois todos nós temos que comparecer perante o Tribunal Divino, quer no juízo pessoal (cf. Hb 9,27); quer no juízo final (cf. Mt 25,31-46). Desse modo, após a morte natural, não tem como se arrepender mais ou mudar o veredicto, visto que, cada um carregará gravado na alma tudo o que pensou, falou e realizou durante o viver temporal (cf. Sb 1,1-16; Lc 16,19-31); e se o que carregou foram pecados mortais já haverá reparação para eles (cf Hb 6,4-6;10,26-31). No entanto, cabe a nós no tempo que nos foi dado, vencermos o pecado e a morte por meio da fé em Jesus Cristo, o Filho de Deus (cf. Jo 3,1-21;11,25-27). Pois Ele foi enviado por Deus Pai (cf. Jo 3,16-18;12,46-50; 1Jo 3,1-9), para apagar nossos pecados por sua morte e ressurreição, e assim Nele termos a vida eterna, mediante o novo nascimento da água e do Espírito Santo (cf. Jo 3,3-7; Rm 5,6-11).

Portanto, “Nenhum de nós vive para si, e ninguém morre para si. Se vivemos, vivemos para o Senhor; se morremos, morremos para o Senhor. Quer vivamos quer morramos, pertencemos ao Senhor. Para isso é que morreu Cristo e retomou a vida, para ser o Senhor tanto dos mortos como dos vivos. Por que julgas, então, o teu irmão? Ou por que desprezas o teu irmão? Todos temos que comparecer perante o tribunal de Deus. Porque está escrito: Por minha vida, diz o Senhor, diante de mim se dobrará todo joelho, e toda língua dará glória a Deus (Is 45,23). Assim, pois, cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus”. (Rm 14,7-12).

“O Senhor não retarda o cumprimento de sua promessa, como alguns pensam, mas usa da paciência para convosco. Não quer que alguém pereça; ao contrário, quer que todos se arrependam. Entretanto, virá o dia do Senhor como ladrão. Naquele dia os céus passarão com ruído, os elementos abrasados se dissolverão, e será consumida a terra com todas as obras que ela contém. Uma vez que todas estas coisas se hão de desagregar, considerai qual deve ser a santidade de vossa vida e de vossa piedade, enquanto esperais e apressais o dia de Deus, esse dia em que se hão de dissolver os céus inflamados e se hão de fundir os elementos abrasados! Nós, porém, segundo sua promessa, esperamos novos céus e uma nova terra, nos quais habitará a justiça. Portanto, caríssimos, esperando estas coisas, esforçai-vos em ser por ele achados sem mácula e irrepreensíveis na paz”. (2Pd 3,9-14).

Paz e Bem!

Frei Fernando,OFMConv.

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sábado, 2 de novembro de 2013

QUAIS SÃO OS TORMENTOS ETERNOS, PARA AQUELES QUE ESCOLHERAM O CAMINHO DO INFERNO PARA SEGUIR?...


QUAIS SÃO OS TORMENTOS ETERNOS, PARA AQUELES QUE ESCOLHERAM O CAMINHO DO INFERNO PARA SEGUIR?...


Primeiro, precisamos compreender qual seja a finalidade desta meditação, evitar o mal e a condenação eterna das almas. E para melhor compreender isso, perguntamos: quais são os caminhos do inferno? São todos os pecados mortais cometidos com o consentimento humano, isto é, são os pecados cometidos contra as Leis de Deus, tanto as naturais quanto as eternas, e isto a partir de nosso livre arbítrio, ou seja, a partir de nosso poder de escolha e decisão; tais pecados também são chamados de obras da carne. Ora, as obras da carne são estas: fornicação, impureza, libertinagem, idolatria, superstição, inimizades, brigas, ciúmes, ódio, ambição, discórdias, partidos, invejas, bebedeiras, orgias e outras coisas semelhantes. Dessas coisas vos previno, como já vos preveni: os que as praticarem não herdarão o Reino de Deus”! (Gl 5,19-21). E São Paulo ainda repete, nos adverte e admoesta: Acaso não sabeis que os injustos não hão de possuir o Reino de Deus? Não vos enganeis: nem os impuros, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os devassos, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os difamadores, nem os assaltantes hão de possuir o Reino de Deus. Ao menos alguns de vós têm sido isso. Mas fostes lavados, mas fostes santificados, mas fostes justificados, em nome do Senhor Jesus Cristo e pelo Espírito de nosso Deus. Tudo me é permitido, mas nem tudo convém. Tudo me é permitido, mas eu não me deixarei dominar por coisa alguma”. (1Cor 6,9-12).

Por isso, o hagiógrafo do Livro de Sabedoria nos exorta: “Não procureis a morte por uma vida desregrada, não sejais o próprio artífice de vossa perda. Deus não é o autor da morte, a perdição dos vivos não lhe dá alegria alguma. Ele criou tudo para a existência, e as criaturas do mundo devem cooperar para a salvação. Nelas nenhum princípio é funesto, e a morte não é a rainha da terra, porque a justiça é imortal”. (Sab 1,13-15). E também São Paulo, na Primeira Carta a Timóteo, nos exorta: “Acima de tudo, recomendo que se façam preces, orações, súplicas, ações de graças por todos os homens, pelos reis e por todos os que estão constituídos em autoridade, para que possamos viver uma vida calma e tranquila, com toda a piedade e honestidade. Isto é bom e agradável diante de Deus, nosso Salvador, o qual deseja que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade”. (1Tm 2,1-4).

Ora, se Deus quer que todos os homens sejam salvos, por que existe o inferno? Porque o inferno é uma decisão pessoal irrevogável tomada por aqueles que decidem por ele, isto é, por aqueles que decidem dizer não a Deus e sim ao mal, pelos pecados mortais que decidiram cometer. Nada em nossa vida acontece sem a nossa decisão. Com efeito, assim nos ensinou o Senhor: Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta e espaçoso o caminho que conduzem à perdição e numerosos são os que por aí entram. Estreita, porém, é a porta e apertado o caminho da vida e raros são os que o encontram”. (Mt 7,13-14). Por outro lado o Senhor também nos ensina: “Eu vim como luz ao mundo; assim, todo aquele que crer em mim não ficará nas trevas. Se alguém ouve as minhas palavras e não as guarda, eu não o condenarei, porque não vim para condenar o mundo, mas para salvá-lo. Quem me despreza e não recebe as minhas palavras, tem quem o julgue; a palavra que anunciei julgá-lo-á no último dia. Em verdade, não falei por mim mesmo, mas o Pai, que me enviou, ele mesmo me prescreveu o que devo dizer e o que devo ensinar. E sei que o seu mandamento é vida eterna. Portanto, o que digo, digo-o segundo me falou o Pai”. (Jo 12,46-50). E ensinou ainda: “Digo-vos que assim haverá maior júbilo no céu por um só pecador que fizer penitência do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento. Digo-vos que haverá júbilo entre os anjos de Deus por um só pecador que se arrependa”. (Lc 15,7.10). Ou seja, a misericórdia do Senhor é infinita como Ele e o seu Reino de Amor, ela é um santo convite a todos nós pecadores para que nos arrependamos e voltemos ao seu convívio amoroso e santo.

Então, há alguma possibilidade de rejeição desse convite de Deus? Depende de cada ser humano, pois, todos são chamados ninguém escapa desse convite (cf. Is 40,26;Sl 138), assim, só o fato de existir aqui neste mundo, já é o convite feito para  experimentarmos a divina misericórdia, ele é inato. E pelo o que vemos na face da terra, tem sido elevadíssimo o número daqueles que têm rejeitado esse convite de Deus. E o que acontece com os que se entregam ao pecado e ao mal, como estamos constatando na face da terra? Infelizmente se desligam de Deus definitivamente. Misericórdia, Senhor, tende piedade de nós, dá-nos o dom do arrependimento sincero para que pela penitência, confissão de nossos pecados e reparação dos mesmos, nos tornemos agradáveis ao teu coração ardente de amor por nós, pois deste tua vida, derramaste o teu Sangue, para nos livrar do inferno e dos tormentos eternos.

O que é uma alma condenada e qual será o seu fim? Pelo relato da Sagrada Escritura (cf. Lc 16,19-31;Mt 25,46a;Ap 21,8), uma alma condenada é aquela que rejeitou o amor de Deus definitivamente, por isso, só traz no seu íntimo o ódio, a blasfêmia, e todos os tormentos advindos de seus inúmeros pecados. Ela nunca mais terá esperança nem alívio algum, mas somente uma agonia sufocante e um desespero interminável, por ter cultivado isso pela aparente “delícia” dos pecados praticados ao longo de sua vida terrena. Santa Faustina, numa visão que teve do inferno e das almas condenadas, cita os seguintes tormentos que elas sofrerão: “Hoje, conduzida por um Anjo, fui levada às profundezas do Inferno um lugar de grande castigo, e como é grande a sua extensão. Tipos de tormentos que vi:

Ø  Primeiro tormento que constitui o Inferno é a perda de Deus;
Ø  O segundo, o contínuo remorso de consciência;
Ø  O terceiro, o de que esse destino já não mudará nunca;
Ø  O quarto tormento, é o fogo que atravessa a alma, mas não a destrói; é um tormento terrível, é um fogo puramente espiritual, aceso pela ira de Deus;
Ø  O quinto é a contínua escuridão terrível cheiro sufocante e, embora haja escuridão, os demônios e as almas condenadas veem-se mutuamente e veem todo o mal dos outros e o seu.
Ø  O sexto é a continua companhia do demônio;
Ø  O sétimo tormento, o terrível desespero, ódio a Deus, maldições, blasfêmias.

São tormentos que todos os condenados sofrem juntos. Mas não é ó fim dos tormentos. Existem tormentos especiais para as almas, os tormentos dos sentidos. Cada alma é atormentada com o que pecou, de maneira horrível e indescritível. Existem terríveis prisões subterrâneas, abismos de castigo, onde um tormento se distingue do outro. Eu teria morrido vendo esses terríveis tormentos, se não me sustentasse a onipotência de Deus.

Que o pecador saiba que será atormentado com o sentido com que pecou, por toda a eternidade. Estou escrevendo por ordem de Deus, para que nenhuma alma se escuse dizendo que não há inferno ou que ninguém esteve 'lá e não sabe como é.

Eu, Irmã Faustina, por ordem de Deus, estive nos abismos para falar às almas e testemunhar que o Inferno existe. Sobre isso não posso falar agora, tenho ordem de Deus para deixar isso por escrito. Os demônios tinham grande ódio contra mim, mas, por ordem de Deus tinham que me obedecer O que eu escrevi dá apenas uma pálida imagem das coisas que vi.; Percebi, no entanto, uma coisa: o maior número das almas que lá estão é justamente daqueles que não acreditavam que o Inferno existisse. Quando voltei a mim, não podia me refazer do terror de ver como as almas, sofrem terrivelmente ali e, por isso, rezo com mais fervor ainda pela conversão dos pecadores; incessantemente, peço a misericórdia de Deus para eles. Ó meu Jesus, prefiro agonizar até o fim do mundo nos maiores suplícios a ter que vos ofender com o menor pecado que seja”.[1]

Portanto, “Felizes os mortos que doravante morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, descansem dos seus trabalhos, pois as suas obras os seguem”. (Ap 14,13). “Vi, então, um novo céu e uma nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra desapareceram e o mar já não existia. Eu vi descer do céu, de junto de Deus, a Cidade Santa, a nova Jerusalém, como uma esposa ornada para o esposo. Ao mesmo tempo, ouvi do trono uma grande voz que dizia: Eis aqui o tabernáculo de Deus com os homens. Habitará com eles e serão o seu povo, e Deus mesmo estará com eles. Enxugará toda lágrima de seus olhos e já não haverá morte, nem luto, nem grito, nem dor, porque passou a primeira condição. Então o que está assentado no trono disse: Eis que eu renovo todas as coisas. Disse ainda: Escreve, porque estas palavras são fiéis e verdadeiras. Novamente me disse: Está pronto! Eu sou o Alfa e o Ômega, o Começo e o Fim. A quem tem sede eu darei gratuitamente de beber da fonte da água viva. O vencedor herdará tudo isso; e eu serei seu Deus, e ele será meu filho. Os tíbios, os infiéis, os depravados, os homicidas, os impuros, os maléficos, os idólatras e todos os mentirosos terão como quinhão o tanque ardente de fogo e enxofre, a segunda morte”. (Ap 21,1-8).

Aquele que atesta estas coisas diz: Sim! Eu venho depressa! Amém. Vem, Senhor Jesus! A graça do Senhor Jesus esteja com todos. (Ap 22,20-21).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria,OFMConv.


[1] Compilação do Diário de Santa Faustina, em PDF, disponível para dowload no site: http://sagrada.org.br/site/?p=13812 (01/11/2013).
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