VEM SENHOR JESUS!

"Em verdade, em verdade vos digo: quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna e não incorre na condenação, mas passou da morte para a vida". (Jo 5,24).

SEJAM BEM VINDOS À ESSA PORTA ESTREITA DA SALVAÇÃO

"Uma só coisa peço ao Senhor e a peço incessantemente: é habitar na casa do Senhor todos os dias de minha vida, para admirar aí a beleza do Senhor e contemplar o seu santuário". (Sl 26,4).

terça-feira, 25 de março de 2025

Solenidade da Anunciação do Senhor...


 Solenidade da Encarnação do Senhor (Lc 1,26-38)(25/03/25).


1. Caríssimos, a nossa participação no mistério da salvação é única e direta, porque é realização da vontade de Deus que nos chama, como chamou Maria Santíssima e lhe deu as evidências que pedira confirmando o seu sim, para que se cumprisse nela todas as suas promessas. 

2. De fato, é maravilhoso contemplar o mistério da presença de Deus entre nós, pela ação direta do Espírito Santo no seio da Virgem Mãe.
No credo que recitamos na missa domenical, seguindo a liturgia, nos ajoelhamos ou inclinamos a cabeça ao rezarmos: "E o verbo se fez carne e habitou entre nós por obra e graça do Espírito Santo no seio da Virgem Maria." 

3. Decerto, fazemos esse gesto porque Deus escondido e inacessível se faz realmente presente no meio de nós, por isso, o chamamos Emanuel, Deus conosco. Desse modo, encarnação do Senhor Jesus é a concretização do plano de Deus para a nossa salvação. 

4. De fato, a partir do sim de Maria, se tornou possível a realização do Mistério da Encarnação do Verbo de Deus; pois, como o mistério da iniquidade entrou na criação por conta da participação dos nossos primeiros pais; com muito mais razão o mistério da nossa salvação teve na cooperação de Maria a participação necessária para vinda do Filho de Deus, o qual obedeceu em tudo ao Pai, para nos fazer participantes da sua natureza divina (cf. 2Pd 1,3-4).

5. Desse modo, Maria Santíssima se tornou morada permanente do Deus conosco, o Emanuel; e pela ação do Espírito Santo, Ele é carne de sua carne e sangue do seu sangue, por isso, ninguém neste mundo se iguala à perfeição que Dele recebeu por sua participação direta nesse Mistério, que nos trouxe a vida eterna. De fato, pelo seu sim Deus fez nova todas as coisas (cf. Ap 21,14). 

6. Portanto, caríssimos, não tem como contemplar Jesus sem ver Nele Maria, nem tem como olhar para Maria sem ver Jesus presente nela. Por isso, todos os acontecimentos que se deram a partir da sua Encarnação, tem no sim incondicional de Maria o fundamento e a realização, ou seja, a vontade de Maria nada mais é do que a vontade de Deus nela.

7. Oremos: "Ó Deus, quisestes que vosso Verbo se fizesse homem no seio da virgem Maria; dai-nos participar da divindade do nosso redentor, que proclamamos verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo." Amém! 

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

domingo, 23 de março de 2025

Homilia do 3°Dom da Quaresma...


 Homilia do 3°Dom da Quaresma  (Lc 13,1-9)(23/03/25)

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1. Carissimos, essa liturgia de hoje está repleta de lições de vida que o Senhor nos ensina para atingirmos a perfeição das virtudes eternas do Seu Reino. Na primeira leitura Moisés ao contemplar a presença do Senhor que lhe apareceu na sarça ardente, entendeu que tudo muda em nossa história de vida quando damos ao Senhor o lugar que lhe é devido nela. 

2. Nesse encontro o Senhor revelou que tudo o que comporta a Sua Presença é santo, em especial a nossa vida. Pois, carregamos o seu DNA em nosso corpo e em nossa alma, porque nos criou "à sua imagem e semelhança". Por isso, em seus desígnios de amor, mediante o batismo, nos tornou seus filhos e filhas. 
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3. Na segunda leitura São Paulo faz uma analogia entre os acontecimentos do Êxodo do povo eleito e Cristo, dizendo que aqueles acontecimentos eram prefiguração da vinda do Senhor e que era Deus mesmo que os conduzia por meio de Moisés. 

4. Também nós hoje estamos em pleno êxodo, isto é, atravessando o deserto deste mundo à caminho do Reino dos Céus, e é o Senhor quem nos conduz no seio da Sua Santa Igreja, por meio do santo Padre, o Papa Francisco.
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5. Todavia, muita atenção, ao que nos exorta São Paulo ainda na segunda leitura: "Esses fatos aconteceram para servirem de exemplos para nós, a fim de que não desejemos coisas más, como fizeram aqueles no deserto. 

6. Não murmureis, como alguns deles murmuraram, e, por isso, foram mortos pelo anjo exterminador. Portanto, quem julga estar de pé tome cuidado para não cair." Ou seja, "Deixai-vos conduzir pelo Espírito, e não satisfareis os apetites da carne." A carne significa a própria vontade.
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7. No Evangelho de hoje, algumas pessoas trouxeram ao Senhor Jesus a notícia do assassinato de alguns galileus por parte do governante Pôncio Pilatos, ao que o Senhor respondeu: “Vós pensais que esses galileus eram mais pecadores do que todos os outros galileus, por terem sofrido tal coisa? Eu vos digo que não. Mas, se vós não vos converterdes, ireis morrer todos do mesmo modo."
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8. Sem dúvidas, as tragédias e as injustiças que aqui presenciamos são para nós motivo de arrependimento e de conversão, para voltarmos ao estado de graça, isto é, a comunhão com o Senhor. Por isso, precisamos nos converter urgentemente, caso contrário, iremos morrer. De fato, o pecado é a maior causa de morte que existe. Deus, porém, tem tudo sob controle, e nada foge ao seu juízo. Por isso, quem morre e ressuscita com Cristo tem Nele a vida eterna. 

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria, OFMConv.

sábado, 22 de março de 2025

Somos filhos pródigos que estamos voltando para Deus, nosso Pai celestial...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Lc 15,1-3.11-32)(22/03/25)


1. Caríssimos, Deus é Deus, e Nele não há mudança alguma (cf. Tg 1,18). E mesmo que os homens pequem, Ele continua a nos amar, porque é misericordioso e tem compaixão de nossas misérias. Todavia, como o filho mais novo da parábola contada por Jesus, precisamos nos arrepender de coração e voltar para Ele que está sempre disposto a nos perdoar e nos receber no aconchego da sua misericórdia e do seu amor.

2. Com isso, entendemos que arrepender-se e converter-se é voltar ao seu convívio e Nele permanecer sob Sua proteção. Por isso, esforcemo-nos para não perdermos o estado de graça por nada deste mundo, isto é, nunca nos deixemos escravizar pelo pecado, pois, como disse o Senhor: "Todo homem que se entrega ao pecado é seu escravo." (Jo 8,34b). 

3. Então, quais lições que tiramos desta parábola para pormos em prática e vivermos em comunhão com o Senhor? O pecado é uma brutalidade contra Deus e contra próximo; porém, atinge primeiramente a quem o comete; e depois aos que sofrem por causa dele.

4. No entanto, para o pecador que se arrepende de coração, e se converte, existe o Sacramento da penitência ou reconciliação, para que perdoado volte a usufruir dos bens eternos que havia perdido ao se afastar de Deus pelo mal praticado. De fato, o pecado é tão maléfico que foi preciso o Sangue de Cristo para apaga-lo (cf. Hb 9,13-14).

5. Portanto, caríssimos, a Parábola do filho pródigo revela quem somos quando vivemos na presença de Deus, nosso Pai, usufruindo de todos os seus bens; mas também mostra o que nos tornamos quando o abandonamos para viver a falsa liberdade que os prazeres deste mundo oferece, e que não passam de ilusões momentâneas. 

6. Destarte, o arrependimento é uma porta aberta que nos leva a experimentar a Infinita misericórdia de Deus que nos ama, nos perdoa e nos liberta de todos os nossos pecados. Rezemos então com verdadeiro arrependimento, esta oração do filho pródigo: 'Meu pai, pequei contra Deus e contra ti. Já não mereço ser chamado teu filho'. Trata-me como a um dos teus empregados'." Amém!

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

quinta-feira, 20 de março de 2025

O TEMPO E A ETERNIDADE DA VIDA...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Lc 16,19-32)(20/03/25)


1. Amados irmãos e irmãs, a vida humana neste mundo se comparada à vida eterna, é mesmo que nada. Entretanto no viver nosso de cada dia estamos sempre interagindo com nós mesmos, com os outros, as coisas deste mundo, com Deus, e com as tentações que chegam a nossa mente. Todavia, como nós lidamos com isso?

2. O fato é que não vivemos somente para nós mesmos, mas para Deus que nos criou por amor; e também para aqueles que encontramos no nosso dia a dia; ou então para o maligno quando deixamos que ele entre em nossa vida pelos pecados que praticamos contra Deus, contra os outros, e contra nós.

3. Por isso, não podemos esquecer que o primeiro lugar em nosso viver pertence somente a Deus e a mais ninguém, e se damos a Ele o primeiro lugar é porque o amamos sobre todas as coisas, como Ele nos ensinou no primeiro mandamento.

4. Com efeito, não estamos neste mundo como juízes uns dos outros, mas como irmãos que nos amamos como o Senhor nos ensinou; pois somente Deus é o único juiz de todos; Justo, Santo, Eterno, e os critérios pelos quais nos julgará são Dele e não nossos; desse modo, diante de Deus ninguém poderá se justificar, porque Ele nos conhece totalmente. 

5. É bem como nos ensina a Carta aos Hebreus: "Porque a palavra de Deus é viva, eficaz, mais penetrante do que uma espada de dois gumes e atinge até a divisão da alma e do corpo, das juntas e medulas, e discerne os pensamentos e intenções do coração. Nenhuma criatura lhe é invisível. Tudo é nu e descoberto aos olhos daquele a quem havemos de prestar contas." (Hb 4,12-13).

6. Todavia nos perguntemos diante de Deus. Senhor quem levamos aos nossos irmãos e irmãs? Levamos a ti e as tuas Palavras eternas ou levamos a nós mesmos e os nossos pecados? As Palavras que dizemos levam as pessoas a Ti ou as afastam de Ti?

7. Será que somos capazes de afirmar como São Paulo: "Tornai-vos os meus imitadores, como eu o sou de Cristo." E ainda: "O que aprendestes, recebestes, ouvistes e observastes em mim, isto praticai, e o Deus da paz estará convosco." (Fl 4,9)?

8. Portanto, caríssimos, não pensemos que a eternidade que esperamos acontecerá somente depois da morte natural; na verdade, a nossa eternidade já vivemos no tempo que Deus nos deu para fazermos em tudo a sua Santa Vontade, porque para Ele tudo é eterno, por isso, ninguém pode parar ou apagar tempo.

9. Destarte, não percamos o tempo que Deus nos deu, ao contrário, consagremos todo o nosso tempo a Ele; porque tempo é vida e quem perde tempo com as distrações deste mundo, perde também a vida e todas as graças recebidas para vivermos na sua presença.

10. Em suma, pensando bem, nós somos as pessoas mais felizes deste mundo, porque vivemos por Cristo, com Cristo e em Cristo, conduzidos pelo Espírito Santo para fazermos a vontade de Deus, nosso Pai; e a vontade de Deus é amor, bondade, justica, santidade, misericórdia, perdão e todas as outras virtudes presentes em nossas almas. 

11. De fato, Deus não nos pede o impossível para segui-lo, mas apenas o que está ao nosso alcance para obedece-lo. Peçamos a Santíssima Virgem Maria e a seu esposo são José que nos ajude a seguir o seu Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, no caminho que nos leva ao céu.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv. 

quarta-feira, 19 de março de 2025

Glorioso São José, rogai por nós...

Solenidade de São José esposo da Virgem Maria. (Mt 1,16.18-21.24a)(19/03/25).

1. Caríssimos irmãos e irmãs, celebrar a Solidariedade de São José se reveste de uma imensa alegria porque de todos os santos bíblicos, creio que São José seja o mais silencioso; dele só vemos o serviço prestado numa simplicidade única, feita de profunda escuta e obediência perfeita à vontade de Deus. 

2. Por isso, São José, foi sempre agradável a Deus por sua fé oblativa e humilde disposição, como seu próprio nome diz: "Deus cumula de bens". De fato, o Senhor o cumulou de todos os seus bens para que realizasse seu plano de amor e salvação para toda humanidade.

3. Ora, ao contemplarmos a vida de São José, vemos nele o homem oblativo e silencioso que escuta o anjo do Senhor e obedece sua orientação na certeza de que estava ali para cumprir a vontade de Deus a respeito do Messias esperado e de sua missão salvífica.

4. Desse modo, depois de Maria Santíssima, São José foi o primeiro a conhecer o Messias, e prontamente assumir a sua paternidade terrena, guardando esse Segredo com sua esposa até o dia em que toda Jerusalém ficou sabendo por meio da visita dos reis magos. 

5. Imaginemos as dificuldades de deslocamento da Sagrada Família indo de Nazaré à cidade de Belém a fim de cumprir o decreto de recenseamento das autoridades políticas daquele tempo, com Maria prestes a dar a luz o seu Filho unigênito, Jesus Cristo, rei e Senhor do universo. 

Não foi fácil cobrir essa enorme distância em cima de uma mula, pois era o meio de transporte daquele tempo. 

6. De fato, a atuação de São José nesse e em todos os outros episódios da vida de Jesus e de Maria foi primordial. Realmente a Sagrada Família teve um fiel e justo condutor neste mundo. 

7. Vejamos, então, as vitudes divinas postas à disposição de São José para que cumprisse sua missão de pai adotivo do Filho de Deus: a oração perseverante, o silêncio sagrado, a perfeita obediência, a prudência e todas as outras virtudes necessárias ao serviço do Reino de Deus. Pois, são essas graças que o Senhor concede aos seus filhos e filhas à caminho de sua Glória Eterna. 

8. Oremos: "Deus todo-poderoso, pelas preces de São José, a quem confiastes as primícias da Igreja, concedei que ela possa levar à plenitude os mistérios da salvação. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo." Amém! 

Paz e Bem! 

Frei Fernando Maria OFMConv. 
 

segunda-feira, 17 de março de 2025

CUIDADO COM O FERMENTO FARISAICO...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 23,1-12)(18/03/25)


1. Caríssimos, desde a criação do mundo que Deus nos deu a obediência como meio de vivermos unidos a Ele e desse modo participarmos da Sua Natureza Divina, como seus filhos e filhas. Ocorre que ao quebrar essa aliança de amor com o Senhor pela desobediência, nossos primeiros pais, perderam o estado de graça e a plena amizade com Ele, e isso causou os desequilíbrios que vemos assolar toda a criação.
2. No entanto, porque Deus nos ama desde toda eternidade, não levando em conta a desobediência dos nossos primeiros pais, enviou o Seu Filho amado, nosso Senhor Jesus Cristo, para nos libertar da maldição do pecado. Bem como disse o Profeta Isaías: "Ele tomou sobre si nossas enfermidades, e carregou os nossos sofrimentos". (Is 53,4a)
3. Em outras palavras, carregou as consequências da nossa desobediência, para unir a nossa natureza humana decaída à Sua natureza divina redentora, e assim voltarmos à perfeita obediência que os nossos primeiros pais haviam perdido.
4. Então, como entender tão Sublime amor de Deus por nós? Basta olharmos Cristo crucificado para compreender que foi por seu sofrimento e morte cruenta que Ele nos libertou das cadeias do pecado, do poder do maligno e do inferno, ao custo do derramamento do Seu preciosíssimo Sangue.
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5. Desse modo, ao permanecermos unidos a Ele pela obediência à Sua Palavra, pela vivência dos Sacramentos, o amor a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos, nos tornamos seus discípulos e percorremos com Ele a via da perfeição eterna que nos leva ao céu.
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6. No Evangelho de hoje o Senhor Jesus nos faz uma alerta: “Os mestres da Lei e os fariseus têm autoridade para interpretar a Lei de Moisés. Por isso, deveis fazer e observar tudo o que eles dizem. Mas não imiteis suas ações! Pois eles falam e não praticam. 

7. Amarram pesados fardos e os colocam nos ombros dos outros, mas eles mesmos não estão dispostos a move-los, nem sequer com um dedo.” (Mt 23,2-4). Ou seja, a prática da fé se traduz pelo exemplo de vida, e não pela aparência ou superficialidade estéril. 

8. Vejamos, pois, o que escreveu são Paulo a esse respeito: "Tornai-vos os meus imitadores, como eu o sou de Cristo. O que aprendestes, recebestes, ouvistes e observastes em mim, isto praticai, e o Deus da paz estará convosco." (1Cor 11,1; Fl 2,9).
9. Portanto, caríssimos, muito cuidado com o fermento farisáico, pois ele não passa de uma armadilha traiçoeira. Destarte, busquemos viver interiormente as graças e bênçãos que de Deus recebemos, pois é isso que nos faz unidos a Ele, para sermos santos como Ele é Santo.
Paz e Bem!
Frei Fernando Maria OFMConv

SEDE MISERICORDIOSOS...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Lc 6,36-38)(17/03/25)

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1. Caríssimos, a obediência é o fundamento de nossa permanente comunhão com o Senhor; é isso o que nos ensina a primeira leitura de hoje onde o Profeta Daniel reconhece que foi por causa da desobediência do povo eleito que o exílio se abateu sobre eles. 
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2. Eis a sua oração: "Senhor, temos pecado, temos praticado a injustiça e a impiedade, temos sido rebeldes, afastando-nos de teus mandamentos e de tua lei; não temos prestado ouvidos a teus servos, os profetas, que, em teu nome, falaram a nossos reis e príncipes, a nossos antepassados e a todo o povo do país."
3. De fato, a obediência ou a desobediência se faz presente em todos os sentidos de nossa vida, de modo que quando não obedecemos ao Senhor, seguimos o maligno em sua desobediência e nos tornamos seus escravos, porque ele se esconde nos pecados praticados e o resultado disso é sempre doloroso uma vez que no pecado nada de bom existe.
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4. Ora, as tentações nada mais são do que a voz do maligno falando espiritualmente por meio dos maus pensamentos que chegam à nossa mente; de uma coisa, porém, fiquemos certos, todas as tentações dependem sempre das escolhas e decisões do nosso livre arbítrio. 
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5. De forma que, se dissermos não a elas, estaremos dizendo sim a Deus que nos fala por meio da verdade que se encontra gravada em nossas almas desde a nossa concepção, pois fomos criados à imagem e semelhança de Deus para vivermos em permanente comunhão com Ele. 
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6. Portanto, caríssimos, uma das tentações mais frequentes que chega à nossa mente é o julgamento do próximo, ou seja, o juízo que se faz dos outros seja por preconceitos morais ou ideológicos. Ora, essa é a via que o maligno usa para destruir a paz interior de nossas almas, porque as põe contra a misericórdia divina, como vimos no Evangelho de hoje. 
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7. Destarte, quando uma alma não é misericordiosa ela perde de imediato a comunhão com o Senhor que é misericordioso e sempre nos perdoa. O fato de julgarmos uns aos outros, revela a ausência da graça de Deus em nós, e com isso deixamos da amar para cultivar rancores e máguas que é um castigo que damos a nós mesmos quando julgamos.
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

domingo, 16 de março de 2025

Precisamos deixar este mundo e o seu barulho...


 Homilia do 2°Dom da Quaresma (Lc 9,28b-36)(16/03/25)

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1. Caríssimos irmãos e irmãs, a aliança de Deus com Abraão é a aliança de Deus com a humanidade, selada com o selo da fé, dom do Espírito Santo, dado a Abraão no seu encontro com o Senhor como vimos na primeira leitura. 
2. Decerto, hoje nós temos a fé que temos porque Abraão a transmitiu à todas as gerações por meio de sua decedência que tornou-se portadora do Espírito Santo e de todas as graças necessárias para a nossa salvação. 
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3. Com efeito, todas as graças recebidas até hoje pela humanidade tem na experiência da fé abraamica seu fundamento isso porque por meio da fé tudo é possível alcançar, como o Senhor mesmo nos ensinou (cf. Mc 9,23). 
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4. Sem dúvida, o verdadeiro entendimento das coisas de Deus só é possível aos que creem e seguem fielmente os seus mandamentos, porque é pela obediência da fé amamos o Senhor e Dele recebemos a purificação dos nossos pecados e a santificação das nossas almas.
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5. A vivência da fé passa pela experiência mística que é um abandonar-se em Deus numa entrega total; é vê naturalmente o invisível Divino; mas isso é dom, é graça concedida aos que o Senhor escolhe com essa finalidade, como vimos no Evangelho de hoje; eram doze os Apóstolos, porém, somente Pedro, João e Tiago alcançaram essa graça, no entanto, permaneceram em silêncio para depois da ressurreição do Senhor transmiti-la aos demais.
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6. Desse modo, compreendemos que a dinâmica do encontro com Deus tem no seguimento de Cristo a sua plenitude, pois é Ele que nos conduz ao Pai, como vimos nesse episódio da Transfiguração. Primeiro precisamos subir com o Senhor o Monte Tabor, isto é, deixar o mundo e seu barulho, para encontrar Deus no silêncio sagrado da oração. 
7. Segundo, tomar consciência da grandeza desse encontro como Pedro quando viu Jesus transfigurado, pleno de alegria, disse: "Senhor, é bom estarmos aqui"; terceiro, escutar à Voz do Pai: “Este é o meu Filho, o Escolhido. Escutai o que ele diz!” "Escutai aquele que vos abre o caminho do Céu e, através do suplício da cruz, vos prepara os degraus para ascenderdes ao Reino.
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8. Nestes três apóstolos, a Igreja inteira aprendeu tudo o que eles viram com os seus olhos e ouviram com os seus ouvidos (cf 1Jo 1,1). Que a fé de todos seja, pois, fortalecida pela pregação do Santo Evangelho e que ninguém se envergonhe da cruz de Cristo, pela qual o mundo foi redimido." 
(São Leão Magno (?-c. 461), papa, doutor da Igreja). 
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

sábado, 15 de março de 2025

Convicção, perseverança, desejo do céu...

 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 5,43-48)(15/03/25)

1. Caríssimos, a virtude da oração está sempre presente em todas as atividades do Senhor Jesus, e Ele a recomenda com o seu exemplo para todas as situações da nossa vida. De fato, a oração é como o ar que respiramos, ou seja, é a graça permanente que nos sustenta na prática da fé. 

2. É bem como meditamos no Evangelho segundo Lucas: "Propôs-lhes Jesus uma parábola para mostrar que é necessário orar sempre sem jamais deixar de fazê-lo. (Lc 18,1). E ainda: "Naqueles dias, Jesus retirou-se a uma montanha para rezar, e passou aí toda a noite orando a Deus." (Lc 6,12). 

3. Decerto, a oração é o lugar sagrado onde encontramos o Senhor e com Ele interagimos; felizes são aqueles que o encotram, o escutam e agem conforme lhes ensina, é bem como vimos nestas instruções que Moisés deu ao povo eleito na primeira leitura: 

4. “Hoje, o Senhor teu Deus te manda cumprir esses preceitos e decretos. Guarda-os e observa-os com todo o teu coração e com toda a tua alma... a fim de que sejas o povo santo do Senhor teu Deus, como ele prometeu”.

5. Então, quais virtudes nos ajudam a crescer nesse dom do Espírito Santo e que precisamos pedi-las insistentemente? A convicção de que estamos na presença de Deus, de que Ele nos ouve e nos respode; a perseverança na busca da sua vontade que nos leva a um viver santo; e o profundo desejo de que venha o seu reino de amor, justiça e paz.

6. Decerto, o sentido de toda oração é a perfeita comunhão com Deus aqui e por toda a eternidade. Como seria bom se puséssemos Deus no centro da nossa vida e das nossas decisões, como fez o seu Filho, nosso Senhor Jesus Cristo: "De mim mesmo não posso fazer coisa alguma. Julgo como ouço; e o meu julgamento é justo, porque não busco a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou." (Jo 5,30). 

7. Acontece que muitos se ocupam de tantas coisas, muitas das quais inúteis, e se esquecem da oração que nos leva à perfeita convivência com Deus; e com isso, passam a cultuar os ídolos que lhes convém. E o resultado nefasto desse desvario são as tragédias que vemos à todo instante, todos os dias. Sem dúvida, na mente em que não existe espaço para Deus, sobra espaço para o pecado, e os males que ele causa às almas.

8. Portanto, caríssimos, é por meio do dom da oração, que falamos com Deus e o escutamos; expomos nossas intenções e desejos e somos atendidos por Ele; desse modo, a nossa oração se torna portadora de todas as graças e bênçãos do Senhor, e chega a todos os lugares e pessoas por quem oramos, até mesmo àquelas que nos odeiam e nos perseguem.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

sexta-feira, 14 de março de 2025

A caridade fraterna revestida de reconciliação...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 5,20-26)(14/03/25)

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1. Caríssimos, o exercício que nos é proposto nesta liturgia quaresmal de hoje é a caridade fraterna revestida de reconciliação no trato com o próximo. De fato, precisamos aprender que, se falhamos e cometemos pecados, não podemos em hipótese alguma julgar, criticar ou condenar os outros. 
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2. Porque, como disse São Paulo, quem somos nós para julgarmos uns aos outros? "Assim, és inescusável, ó homem, quem quer que sejas, que te arvoras em juiz. Naquilo que julgas a outrem, a ti mesmo te condenas; pois tu, que julgas, fazes as mesmas coisas que eles." (Rm 2,1).
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3. De fato, um dos pecados mais cometidos é o julgamento do próximo, porque é uma das tentações mais frequentes. O fato é que esse pecado traz em si um veneno mortífero que atinge diretamente quem o comete tirando-lhe a paz e a alegria de viver. 
4. Todo vez que caímos nessa tentação, trazemos para as nossas almas os pecados que julgamos, a imagem negativa daqueles que julgamos, e isso ocupa o espaço da misericórdia divina em nossa vida, de modo que castigamos a nós mesmos com falta de paciência, raiva, críticas e tantas outras coisas nevativas. 
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5. Comentando este Evangelho, disse o Papa Francisco: "Jesus era prático, falava sempre com exemplos para se fazer compreender, pondo em confronto a Lei antiga e o que Ele nos diz. Começa pelo quinto mandamento do decálogo: «Ouvistes o que foi dito aos antigos: “Não matarás”. Eu, porém, vos digo que qualquer um que, sem motivo, se encolerizar contra o seu irmão, será réu de juízo» (vv. 21-22). 
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6. Com isso, Jesus recorda-nos que também as palavras podem matar! Quando se diz que uma pessoa tem língua de serpente, o que significa? Que as suas palavras matam! Portanto, não só não se deve atentar contra a vida do próximo, mas nem sequer fazer cair sobre ele o veneno da ira e da calúnia. Nem sequer falar mal dele.
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7. A quem o segue, Jesus propõe a perfeição do amor: um amor cuja única medida é não ter medida, é ir além de qualquer cálculo. O amor ao próximo é uma atitude tão fundamental que Jesus chega a afirmar que a nossa relação com Deus não pode ser sincera se não quisermos fazer as pazes com o próximo. 
8. E diz assim: «Portanto, se trouxeres a tua oferta ao altar, e aí te lembrares de que o teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai reconciliar-te primeiro com o teu irmão e, depois, vem e apresenta a tua oferta» (vv. 23-24).
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9. Portanto, caríssimos, quem ama a Deus sobre todas as coisas, transborda esse amor pela prática do perdão e da misericórdia para com o proximo. "Por isso, disse São Paulo, não julgueis antes do tempo; esperai que venha o Senhor. Ele porá às claras o que se acha escondido nas trevas. Ele manifestará as intenções dos corações. Então cada um receberá de Deus o louvor que merece." (1Cor 4,5).
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.
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