SE NÃO ACREDITAS EM MILAGRES, VEJA COMO A FÉ OS REALIZA E COM TÃO POUCO...
Aqui encontrarás o que o Senhor te dirá para permaneceres na fidelidade à caminho de sua Glória Eterna.
VEM SENHOR JESUS!
SEJAM BEM VINDOS À ESSA PORTA ESTREITA DA SALVAÇÃO
"Uma só coisa peço ao Senhor e a peço incessantemente: é habitar na casa do Senhor todos os dias de minha vida, para admirar aí a beleza do Senhor e contemplar o seu santuário". (Sl 26,4).
quinta-feira, 19 de setembro de 2013
CONHEÇA A FUNDAÇÃO TERRA, LUGAR ONDE DEUS REALIZA
CONHEÇA A FUNDAÇÃO TERRA, LUGAR ONDE DEUS MULTIPLICA SUAS GRAÇAS A TODO INSTANTE...
SE NÃO ACREDITAS EM MILAGRES, VEJA COMO A FÉ OS REALIZA E COM TÃO POUCO...
SE NÃO ACREDITAS EM MILAGRES, VEJA COMO A FÉ OS REALIZA E COM TÃO POUCO...
terça-feira, 17 de setembro de 2013
BUSCAR-ME-EIS, E ME ACHAREIS, QUANDO ME BUSCARDES DE TODO CORAÇÃO... (Jr 29,13)
BUSCAR-ME-EIS, E ME ACHAREIS,
QUANDO ME BUSCARDES DE TODO CORAÇÃO... (Jr 29,13)
Pensando bem, estamos sempre em busca de algo que nos faça viver o que nos convém ou o
que nos propomos na existência. Todavia, nem sempre encontramos esse algo,
objeto do nosso desejo, porque no mais das vezes, nem sequer perguntamos a Deus
se esse algo procurado faz parte dos seus planos para a nossa salvação. E
quando descobrimos isso, a tendência é de nos frustrarmos ou até nos revoltarmos,
porque as coisas não aconteceram como desejávamos ou ainda como tínhamos
planejado. Não podemos esquecer que estamos a caminho da eternidade e que essa
eternidade já se faz presente aqui; e é aqui que a começamos viver, pois é em
Deus que nós “vivemos, nos movemos e somos” (cf. At 17,28); ou sem Ele. (cf. Mt
7,21-23).
Quem poderá dizer:
por que eu nasci? “Por que não morri no seio materno, por que não pereci saindo
das entranhas de minha mãe?” (Jó 3,11). Talvez todos nós tenhamos essas
indagações, mas não temos resposta convincente e definitiva para elas fora da
vontade de Deus. Aqui não se trata de pessimismo ou egoísmo, trata-se apenas de
que, por não sermos autossuficientes, mas sim, dependentes, nos tornamos
frágeis e insuficientes por nós mesmos. E por causa dessa nossa contingência, nos
tornamos seres inseguros, imaturos, inclinados às concupiscências e ao mal que
está no mundo. Com efeito, diz o Senhor no Livro de Sabedoria: “Não procureis a
morte por uma vida desregrada, não sejais o próprio artífice de vossa perda. Deus
não é o autor da morte, a perdição dos vivos não lhe dá alegria alguma. Ele
criou tudo para a existência, e as criaturas do mundo devem cooperar para a
salvação. Nelas nenhum princípio é funesto, e a morte não é a rainha da terra, porque
a justiça é imortal”. (Sab 1,12-15).
Então, o que fazer
diante tal constatação? Creio que só há uma resposta que nos ajuda a compreender
melhor a vida, fazer aquilo o que Deus nos ensina: ”Já te foi dito, ó homem, o
que convém, o que o Senhor reclama de ti: que pratiques a justiça, que ames a
bondade, e que andes com humildade diante do teu Deus”. (Miq 6,8). Pois não
somos frutos do acaso, visto que o acaso não responde ao nosso desejo de vida
permanente. Assim, entendemos que, o fato de existirmos aponta para um devir
que não tem fim, isto é, a vida não se resume ao limite no qual estamos, mas,
ao contrário, para além do que somos, existe toda uma eternidade que nos
envolve. Ela é esse mistério divino, que nos responde a tudo pelo sofrimento,
morte e ressurreição de Jesus Cristo, e nos faz compreender que por sermos “imagem
e semelhança” de Deus, também somos eternos como Deus é. Desse modo, todos os
mistérios que se nos apresenta à nossa experiência, nos são revelados pela fé
no Filho de Deus, que nos amou e se entregou por nós, para que tivéssemos a salvação,
a vida eterna Nele com Ele e para Ele.
Qualquer
experiência de fé fora da cruz de Jesus, não conduz a ressurreição, porque para
os filhos de Deus, a cruz de Cristo é o caminho perfeito da liberdade e da felicidade
dos justos, ou seja, daqueles que foram justificados pelo sangue do “Cordeiro
de Deus imolado que tira o pecado do mundo” (Jo 1,29). O próprio Senhor nos deu
esse ensinamento: “Jesus tornou a dizer-lhes: Em verdade, em
verdade vos digo: eu sou a porta das ovelhas. Todos quantos vieram antes de mim
foram ladrões e salteadores, mas as ovelhas não os ouviram. Eu sou a porta. Se
alguém entrar por mim será salvo; tanto entrará como sairá e encontrará
pastagem. O ladrão não vem senão para furtar, matar e destruir. Eu vim para que
as ovelhas tenham vida e para que a tenham em abundância”. (Jo 10,7-10).
Com efeito, São
Paulo nos ensina que a fé que nasce da cruz do Senhor nos foi dada pelo
Sacramento do Batismo, eis o que ele diz: “Ou ignorais que todos os que fomos
batizados em Jesus Cristo, fomos batizados na sua morte? Fomos, pois,
sepultados com ele na sua morte pelo batismo para que, como Cristo ressurgiu
dos mortos pela glória do Pai, assim nós também vivamos uma vida nova. Se fomos
feitos o mesmo ser com ele por uma morte semelhante à sua, sê-lo-emos
igualmente por uma comum ressurreição”. (Rom 6,3-5).
Desse modo,
entendemos que se unir a Cristo Jesus pelo batismo nesta vida é encontrar-se
com o próprio Deus e permanecer Nele, pois assim nos ensinou o Senhor: “Se me
conhecêsseis, também certamente conheceríeis meu Pai; desde agora já o conheceis,
pois o tendes visto. Disse-lhe Filipe: Senhor, mostra-nos o Pai e isso nos
basta. Respondeu Jesus: Há tanto tempo que estou convosco e não me conheceste,
Filipe! Aquele que me viu, viu também o Pai. Como, pois, dizes: Mostra-nos o
Pai... Não credes que estou no Pai, e que o Pai está em mim? As palavras que
vos digo não as digo de mim mesmo; mas o Pai, que permanece em mim, é que realiza
as suas próprias obras. Crede-me: estou no Pai, e o Pai em mim. Crede-o ao
menos por causa destas obras”. (Jo 14,7-11). “Eu e o Pai somos um”. (Jo 10,30).
Portanto, escutemos
o profeta Isaías: ”Buscai o Senhor, já que ele se deixa encontrar; invocai-o,
já que está perto. Renuncie o malvado a seu comportamento, e o pecador a seus
projetos; volte ao Senhor, que dele terá piedade, e a nosso Deus que perdoa
generosamente. Pois meus pensamentos não são os vossos, e vosso modo de agir
não é o meu, diz o Senhor; mas tanto quanto o céu domina a terra, tanto é
superior à vossa a minha conduta e meus pensamentos ultrapassam os vossos. Tal
como a chuva e a neve caem do céu e para lá não volvem sem ter regado a terra,
sem a ter fecundado, e feito germinar as plantas, sem dar o grão a semear e o
pão a comer, assim acontece à palavra que minha boca profere: não volta sem ter
produzido seu efeito, sem ter executado minha vontade e cumprido sua missão”.
(Is 55,6-11).
Por fim, meditemos o que diz o primeiro mandamento da Lei de Deus: “Amarás o Senhor, teu Deus, de
todo o teu coração, de toda a tua alma e de todas as tuas forças”. (Dt 6,5). E
como é amar a Deus assim? São João nos responde a essa pergunta com perfeita
maestria: “Nisto
conhecemos que amamos os filhos de Deus: se amamos a Deus e guardamos os seus
mandamentos. Eis o amor de Deus: que guardemos seus mandamentos. E seus
mandamentos não são penosos, porque todo o que nasceu de Deus vence o mundo. E
esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé”. (1Jo 5,2-4). Logo, “buscar a
Deus de todo coração” é unir-se a Cristo Eucarístico e permanecer fiel a Ele
até o fim, pois o Senhor assim nos exortou: ”Quem come a minha carne e bebe o
meu sangue tem a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia. Pois a minha
carne é verdadeiramente uma comida e o meu sangue, verdadeiramente uma bebida. Quem
come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele. Assim como o
Pai que me enviou vive, e eu vivo pelo Pai, assim também aquele que comer a
minha carne viverá por mim”. (Jo 6,54-57). Ficai, atentos, pois: “Aquele perseverar
até o fim, será salvo”. (Mt 10,22b).
Paz e Bem!
Frei Fernando
Maria,OFMConv.
FREI FERNANDO, VIDA, FÉ E POESIA by Frei Fernando,OFMConv. is licensed under a Creative Commons Atribuição-Uso Não-Comercial-Compartilhamento pela mesma Licença 2.5 Brasil License.
Marcadores:
mandamentos,
meditação
quinta-feira, 12 de setembro de 2013
A ESCADA DOS MONGES...
A "ESCADA DOS MONGES"...
A Lectio Divina é uma “caminhada” de quatro
passos básicos:
1) LECTIO – leitura
2) MEDITATIO – meditação
3) ORATIO – oração
4) CONTEMPLATIO – contemplação
Esses quatros passos da Lectio Divina que
hoje conhecemos foram assim definidos por volta do ano 1150 pelo monge cartuxo
Guido em um pequeno livro chamado A escada dos monges. Neste livro o monge
Guido expunha a sua teoria dessa forma: “Certo dia durante o trabalho manual,
ao refletir sobre a atividade do espírito humano, de repente vi em minha mente
a escada dos quatro degraus espirituais: a leitura, a meditação, a oração e a
contemplação. Essa é a escada pelo qual os monges sobem da terra ao céu. Está
certo, a escada ter poucos degraus, mas é de uma altura tão imensa e tão incrível
que enquanto seu extremo inferior se apoia na terra, a parte superior penetra
nas nuvens e investiga os segredos do céu. (...).
A leitura é o estudo assíduo das
Escrituras, feito com espírito atento. A meditação é uma atividade diligente da
mente que, com ajuda da razão busca o conhecimento da verdade oculta. A oração
é o impulso fervoroso do coração à Deus, pedindo que afaste os males e conceda
coisas boas. A contemplação é uma elevação da mente sobre si mesma que, apoiada
em Deus, saboreia as alegrias da doçura eterna.”.
1) LEITURA “O que eu leio...”
Deve ser uma leitura pausada, atenta, como
que “degustando” a Palavra. “Como é doce ao paladar vossa palavra, mais doce do
que o mel na minha boca!”. “Saboreai e vede como o Senhor é bom” (SL 118, 103).
É importante abrir o coração e suplicar o
auxílio do Espírito Santo para não cairmos numa racionalização. Cuidado para
não manipular a Palavra de Deus, ou pensar numa 3ª pessoa! Não, isto é o que
Deus fala pra MIM neste MOMENTO da MINHA HISTÓRIA PESSOAL! Toda a Escritura nos
revela Deus, mas sobretudo olhamos para os Evangelhos, pois através dele
podemos conhecer os SENTIMENTOS DO FILHO, Nosso Senhor Jesus Cristo.
Nesta hora da leitura eu não vou conduzir
nada, vou deixar-me guiar pelo Espírito Santo, ficar atendo para onde (qual
trecho) Ele vai fixar o meu coração. Pode ser num determinado versículo, numa
determinada frase ou até mesmo numa simples palavra. Numa atitude de FILIAL
ABANDONO deixar o coração totalmente vulnerável (vulnera em latim= chaga),
deixar-se chagar por Deus como Nosso Senhor na Cruz. Ali, onde meu coração se
sentiu fixado devo parar, aprofundar, insistir... “Tua palavra é lâmpada para
os meus passos.” Pronto! Abriu-se a porta e eu devo entrar, é isto que Deus
quer me falar hoje. De repente, sem dar conta, já estou no 2º passo que é a...
2) MEDITAÇÃO “O que me diz...”
Na meditação eu devo percorrer este caminho
que o Senhor me mostrou na leitura, como um peregrino que busca a Deus e não a
sua própria vontade. “Sai da tua terra e vai aonde eu te mostrar”!
Podemos usar a imaginação, entrar naquela
cena do Evangelho, colocar-nos no lugar do pecador, da prostituta, dos fariseus
e hipócritas, do filho pródigo, e porque não, do filho mais velho, que não
compreendeu a misericórdia do Pai. Tudo vai depender do caminho que o Senhor
tem para nós naquele dia, naquele momento e que estamos vivendo; da fraqueza
que precisamos aceitar, do pecado que precisamos nos arrepender, do apego que
precisamos renunciar, do irmão que precisamos aceitar ou perdoar; da cura e do
amor que nossa alma está sedenta, etc... Podemos imaginar as aves do Céu (Mt 6,
26), os lírios (v.28) do campo, o trigo, o Templo; podemos visualizar a
expressão de Nosso Senhor, suas lágrimas (Jo 11, 35, Lc 19, 41b), sua compaixão
(Lc 7, 13 e 15, 20), sua fome (Lc 4, 2), seu olhar (Mc 10, 21, Lc 22, 61), sua
voz, seu silêncio (Mt 26, 63). Podemos transportar-nos para a barca na
tempestade, para o Monte Tabor ou para o Calvário, podemos ser o Cireneu, Maria
Madalena, João ou um dos soldados, enfim, podemos com o uso da razão e
imaginação deixar a Palavra de Deus visível diante do olhar do nosso coração.
Na meditação, vamos colocar nossa mente,
nossa imaginação, nossa razão a serviço do Senhor, sob o império da sua graça,
do seu senhorio.
Importante lembrar de novo que Ele é quem
toma as rédeas do nosso coração, na Lectio Divina, nós vamos apenas obedecendo,
atraídos, arrastados (cf. Ct 1, 4), aí eu vou compreendendo o que Ele, o Amado,
tem para mim, e o meu coração deseja então expandir-se num diálogo amoroso,
falar com o Senhor e também ouvi-lo. Então, sem perceber eu já estou no 3º
passo...
3 e 4) A ORAÇÃO E A CONTEMPLAÇÃO “O que eu
digo e... o que mais...!
Na liberdade de filhos e herdeiros do Reino
abrimo-nos para este diálogo com Deus Trino. Expomos para Ele nossos medos,
nossas angústias, nossas revoltas, nossas dores, nossas carências, nossas
limitações e dificuldades. Expomos também a sede de nossa alma (minh’alma
suspira Sl 41, 23; Sl 62, 2) nosso desejo de conhecê-lo, de obedecê-lo, de
imitá-lo, de servi-lo, de segui-lo.
Na oração esperamos do Senhor as respostas
das quais necessitamos, esperamos que Ele direcione o nosso coração para o bem,
para a justiça, para a santidade. Com o tempo, a nossa oração não permanece
somente um DIÁLOGO, mas sobretudo um ENCONTRO de duas pessoas que se amam: DEUS
e a ALMA, e isto é a contemplação, quando o mais íntimo de nós se encontra no
mais íntimo de Deus, “minha vida está escondida em Cristo”. A oração e a
contemplação vão nos transformando em outros CRISTOS, imprimindo em nós a sua
mansidão, a sua imolação, a sua sede de salvar a humanidade, a sua verdade, a
sua paz... “já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim”.
Aprendemos a “ouvir” não só a voz do
Senhor, mas também o Seu Silêncio, “sofre as demoras de Deus”. Nada mais
difícil do que suportar a “nudez” da Palavra, quando parece que Ela nada nos
diz e o nosso coração continua árido com uma terra seca. Consola-nos refletir
que ninguém colhe no dia seguinte após ter semeado. A Lectio vai produzindo
seus frutos em nós com o correr do tempo, e isso exige uma atitude assídua e
comprometida de perseverança na leitura. A experiência nos fará transpor os
sentimentos (gozo, consolação, secura) e encontrar o próprio Deus.
A contemplação seria esse “O QUE MAIS” do
encontro entre a alma e Deus. Neste encontro o nosso coração é abrasado (nem
sempre sensivelmente), frutificando na necessidade de uma autêntica conversão.
É como um despertar para a graça. Os frutos da oração e da contemplação devem ser
ENCARNADOS, ou seja, visíveis em nossa vida cotidiana, no nosso trato com os
irmãos, os pobres, na nossa postura (interior e exterior) reverente ao próprio
Deus, aos seus ministros e aos seus mistérios.
Paz e Bem!
Marcadores:
meditação,
oração,
Palavra de Deus,
sagrada escritura
quinta-feira, 5 de setembro de 2013
O QUE É A FÉ?
O QUE É A FÉ?
De imediato, a fé é
um dom de Deus inato, pois já nascemos com ela, isto porque, naturalmente
acreditamos na vida que temos, e naquilo que perfaz o nosso ser e estar no
mundo. Todavia, a fé é também um dom sobrenatural, carismático, recebido do
Espírito Santo quando fomos batizados; nesse sentido, pela vivência da fé, podemos
alcançar o impossível, pois assim nos ensinou o Senhor: “Tudo é possível ao que
crê” (Mc 9,2). Ora, acreditar em Jesus é assemelhar-se a ele na convivência com
o Pai, é fazer em tudo sua vontade (cf. 1Jo 2,6); pois a fé incondicional
significa obediência total, mesmo que essa obediência resulte em morte de cruz.
Logo, acreditar no Senhor é unir-se perfeitamente a ele pela ação do Espírito
Santo na Eucaristia, ou seja, é comungar seu Corpo e Sangue, sua Alma e
Divindade, e obter como resultado a santidade que o Senhor mesmo nos comunica.
Por isso, só crê verdadeiramente quem ama incondicionalmente, porque a fé
verdadeira é fruto do amor a Deus acima de todas as coisas e do amor ao próximo
como a si mesmo.
São Tiago nos
ensina que, “a fé sem obras é morta”, neste caso, ele se refere às obras do
amor, e elas começam com o perdão dado e recebido por um coração misericordioso
que tem no perdão o maior dom de cura, visto que, um coração reconciliado vive
em permanente comunhão com o Senhor e é conduzido por ele. Quaisquer outras
obras são frutos da missão que recebemos de Deus para que se cumpra sua
Palavra: “Porque é gratuitamente que fostes salvos mediante a fé. Isto não
provém de vossos méritos, mas é puro dom de Deus. Não provém das obras, para
que ninguém se glorie. Somos obra sua, criados em Jesus Cristo para as boas
ações, que Deus de antemão preparou para que nós as praticássemos”. (Ef
6,8-10).
Existe na Igreja um
cântico do creio onde cantamos: “Creio Senhor, mas aumentai minha a fé”...
Certa feita, “Os apóstolos disseram ao Senhor: Aumenta-nos a fé! Disse o
Senhor: Se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a esta amoreira:
Arranca-te e transplanta-te no mar, e ela vos obedecerá”. (Lc 17,5-6). Ou seja,
o Senhor está nos indicando que a fé é dom gratuito, com o poder divino de
suspender até as próprias leis da natureza para que se cumpra a vontade de Deus
em vista da salvação das almas. Por isso, quando digo: creio, estou frente a
frente com Deus em minha vida e tudo o que a compõe; desse modo, a fé é fruto
do relacionamento filial e uma firme disposição a serviço do Reino de Deus e de
sua justiça. Ela é submissão amorosa, dependência total que libera o poder de
Deus em favor de seus filhos e filhas.
Portanto, a fé como
dom de Deus não é apenas uma profissão, mais do que isto, ela é um modo de ser
que faz acontecer a vontade de Deus em todos os sentidos da vida; é isso o que
vemos na vida de Jesus, “autor e consumador de nossa fé” (Heb 12,2). Crer é
viver segundo a vontade de Deus e assim ser vontade de Deus para toda criação a
começar pela realidade na qual nos encontramos. “Na realidade, pela fé eu morri
para a lei, a fim de viver para Deus. Estou pregado à cruz de Cristo. Eu vivo,
mas já não sou eu; é Cristo que vive em mim. A minha vida presente, na carne,
eu a vivo na fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim”. (Gal
2,19-20). Essa é a fé que nos foi comunicada pelo Espírito Santo para a nossa
salvação e de toda a humanidade; sem a cruz de Cristo não há fé verdadeira.
Destarte, uma fé
baseada na prosperidade material é falsa, porque não é dom de Deus, mas uma
artimanha do inimigo de nossas almas que quer que acreditemos no ter mais e não
no ser um só com Cristo, que nos diz: “Se alguém quer seguir-Me, renuncie a si
mesmo, tome a sua cruz e siga-Me. Pois, quem quiser salvar a sua vida, vai
perdê-la; mas, quem perde a sua vida por causa de Mim, vai encontrá-la. Com
efeito, que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro se perder a sua vida? O que
pode um homem dar em troca da sua vida? Porque o Filho do Homem virá na glória
de seu Pai, com os seus anjos, e então retribuirá a cada um de acordo com a
própria conduta”. (Mt 16,24-27). “[Porque] sem fé é impossível agradar a Deus,
pois para se achegar a ele é necessário que se creia primeiro que ele existe e
que recompensa os que o procuram”. (Heb 11,6).
Paz e Bem!
Frei Fernando
Maria,OFMConv.
FREI FERNANDO, VIDA, FÉ E POESIA by Frei Fernando,OFMConv. is licensed under a Creative Commons Atribuição-Uso Não-Comercial-Compartilhamento pela mesma Licença 2.5 Brasil License.
segunda-feira, 2 de setembro de 2013
UMA CRÔNICA FRANCISCANA: AH! FRANCISCO DE ASSIS, COMO TENHO SAUDADE DE TI...
UMA CRÔNICA
FRANCISCANA: AH! FRANCISCO DE ASSIS, COMO TENHO SAUDADE DE TI...
Ah! Francisco de
Assis, como tenho saudade de ti. Sem teorias, te servias dos Evangelhos e das Sagradas
Escrituras como Palavras de Deus a serem obedecidas e praticadas fielmente, com
todas as virtudes do Espírito Santo presentes em nossa vida desde que fomos
batizados. Quanta singeleza em teus ensinamentos e exemplos a serem seguidos:
“A Regra e a vida dos frades menores é
esta: observar o santo Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, vivendo em
obediência, sem propriedade e em castidade”. (RB).
“E abstenham-se os irmãos e seus
ministros de se incomodar com as suas coisas temporais, para que eles, como o
Senhor lhes inspirar, disponham delas com liberdade”. (RB).
“Os irmãos, aos quais o Senhor deu a
graça de trabalhar, trabalhem com fidelidade de maneira que afugentem o ócio,
inimigo da alma, e não percam o espírito de oração e piedade, ao qual devem
servir todas as coisas temporais”. (RB).
“Os irmãos não tenham propriedade sobre
coisa alguma, nem sobre casa, nem lugar, nem outra coisa qualquer; mas, como
peregrinos e viandantes (cf. lPd 2,11) que neste mundo servem ao Senhor em
pobreza e humildade, peçam esmolas com confiança; disso não se devem
envergonhar, porque o Senhor se fez pobre por nós, neste mundo (cf. 2Cor 8,9)”.
(RB).
“E onde quer que estiverem e se
encontrarem os irmãos, mostrem-se afáveis entre si. E, com confiança, manifeste
um ao outro as suas necessidades, porque, se uma Mãe ama e nutre seu filho
carnal (cf. lTs 2,7), com quanto maior diligência não deve cada um amar e
nutrir a seu irmão espiritual? (RB).
“E tomem cuidado em não se encolerizar
ou perturbar com o pecado de alguém, porque ira e perturbação entravam a caridade
em si e em outros”. (RB).
“Também admoesto e exorto os mesmos
irmãos a que, nos sermões que fazem, seja a sua linguagem ponderada e piedosa
(cf. Sl 11,7 e 17,31), para utilidade e edificação do povo, ao qual anunciem os
vícios e as virtudes, o castigo e a glória, com brevidade, porque o Senhor, na
terra, usou de palavra breve (cf. Rm 9,28)”. (RB).
“Mas cuidem que, antes de tudo, devem
desejar o espírito do Senhor e seu santo modo de operar: rezar sempre a Deus
com coração puro; ser humilde e paciente nas perseguições e enfermidades; amar
aqueles que nos perseguem, censuram e atacam; porque diz o Senhor: “Amai vossos
inimigos e orai pelos que vos perseguem e caluniam. Bem-aventurados os que
padecem perseguição por amor da justiça, porque deles é o reino dos céus”.
(RB).
Eis alguns dos
ensinamentos do nosso seráfico pai, São Francisco, aos quais devemos dar toda
atenção e acolhimento na certeza que eles são a via de perfeição que levou ele
e milhares de irmãos atingirem a santidade de vida, à qual todos somos
chamados, pois sem essa santidade, verdadeiro passaporte divino, ninguém entra
no Reino dos céus.
Em nossos dias,
falamos tanto, discutimos tanto, e, no entanto, quase nenhuma mudança interior
e exterior apresentamos; é como se o muito falar nos cause exaustão demasiada
ou uma espécie de cansaço espiritual estéril. Ou nos unimos ao Espírito do
Senhor e o seu santo modo de operar, como o fez e ensinou nosso seráfico pai, São
Francisco, ou só vamos carregar dele o nome, “franciscanos”, mas não o seu
exemplo de santidade e amor incondicional ao crucificado e à causa do seu reino
de amor.
Hoje em dia ainda
se fala muito de “opção preferencial pelos pobres”. Creio que há um certo
equívoco nessa fala, pois quando pensamos e falamos sobre os pobres e a
pobreza, pensamos quase sempre em termos de posses materiais; quando na verdade
pobre é todo homem que se deixa dominar pelo pecado. Ora, Jesus veio para nos
libertar do pecado e de tudo aquilo que nos causa o pecado, por isso, Ele
disse: “Se permanecerdes na minha palavra, sereis meus verdadeiros discípulos; conhecereis
a verdade e a verdade vos livrará”. Pois, “Em verdade, em verdade vos digo:
todo homem que se entrega ao pecado é seu escravo”. (Jo 8,32.34). Logo, pobres
e pobreza não devem ser entendidos só nestas duas dimensões, mas também na
dimensão que o Senhor nos mostra em sua bem aventurança: “Bem-aventurados os
que têm um coração de pobre, porque deles é o Reino dos céus!” (Mt 5,3). Ou seja,
a pobreza como virtude evangélica.
Nesse sentido, a
pobreza franciscana é uma das virtudes do Espírito Santo e um dos carismas de
nossa Ordem por excelência; é ela que nos leva a depender da providência divina
que nunca falha; e que, por isso mesmo, nos faz ricos de todas as outras
virtudes do Espírito. Assim, ela é a mais sublime herança que podemos adquirir
neste mundo. Com efeito, como carisma essencial, a pobreza não precisa ser
discutida, mas simplesmente ser vivida como São Francisco a viveu e ensinou, a
partir das Palavras de nosso Senhor Jesus Cristo: “Se alguém quiser vir comigo,
renuncie-se a si mesmo, tome sua cruz e siga-me. Porque aquele que quiser
salvar a sua vida, perdê-la-á; mas aquele que tiver sacrificado a sua vida por
minha causa, recobrá-la-á. Que servirá a um homem ganhar o mundo inteiro, se
vem a prejudicar a sua vida? Ou que dará um homem em troca de sua vida?... Porque
o Filho do Homem há de vir na glória de seu Pai com seus anjos, e então
recompensará a cada um segundo suas obras”. (Mt 16,24-27).
A respeito da
fraternidade franciscana, creio que também não é preciso teorias para explica-la,
basta-nos os exemplos de fraternidade de São Francisco e dos outros confrades
que com ele conviveram, tendo como base as Palavras do Senhor: “amai-vos uns
aos outros como eu vos amo” (Jo 15,12). Ou seja, o ser fraterno é uma graça
especial na vida de todos os consagrados por sua condição religiosa, pois ser
fraterno é ser amor, é amar, é conviver bem com os outros; e isso é um
privilégio que Deus dá sempre aos seus filhos e filhas, principalmente aos que
lhes são consagrados por toda vida.
A minoridade é também
um carisma nosso que não precisa de outro entendimento fora deste que o Senhor já
nos deu: “Todo o que quiser tornar-se grande entre vós, seja o vosso servo; e
todo o que entre vós quiser ser o primeiro, seja escravo de todos. Porque o
Filho do homem não veio para ser servido, as para servir e dar a sua vida em
redenção por muitos”. (Mc 10,43-45).
E, conventualidade,
o que é? É São Francisco suspendendo o próprio jejum para se alimentar com o
irmão que chora por não suportar o rigor do jejum. Ou seja, é está presente na
vida e necessidade dos irmãos e lhes ser solidário. Conventualidade é são
Francisco indicando o caminho vocacional do frade que achava improvável guardar
a castidade; ou seja, é criar condições para se ter um discernimento preciso a
respeito da vocação franciscana, ou uma outra vocação. Conventualidade é São
Francisco nunca mandar algo contra os mandamentos do Senhor e a regra da ordem,
isto é, nunca mandar algo contrário à salvação da alma ou da observância da
regra. Enfim, conventualidade, é ser convento, isto é, lugar da morada do
Senhor.
Portanto, cuidemos,
pois quanto mais palavras, menos prática; porém, quanto mais oração e
convivência com Deus e os irmãos, mais virtudes vividas e exemplos de vida. É
esta a herança que recebemos de São Francisco e que não podemos desperdiçar com
nossa vontade própria. Por exemplo: o que Deus falou em tua oração? E, o que
vás fazer? Caso contrário tua oração é estéril, sem fruto. Frade sem vida de
oração é frade a caminho da perda da fé e da própria vocação, por lhe faltar a
intimidade do Senhor; pois tanto a fé quanto a intimidade tem na oração seu
crescimento e a disposição para servir o Senhor na pessoa dos irmãos e do povo
de Deus presente em nossa realidade. Nosso próximo é todo aquele que Deus nos
dá para cuidar.
Paz e Bem!
Frei Fernando
Maria,OFMConv.
Assinar:
Postagens (Atom)