VEM SENHOR JESUS!

"Em verdade, em verdade vos digo: quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna e não incorre na condenação, mas passou da morte para a vida". (Jo 5,24).

SEJAM BEM VINDOS À ESSA PORTA ESTREITA DA SALVAÇÃO

"Uma só coisa peço ao Senhor e a peço incessantemente: é habitar na casa do Senhor todos os dias de minha vida, para admirar aí a beleza do Senhor e contemplar o seu santuário". (Sl 26,4).

segunda-feira, 28 de abril de 2025

É PRECISO NASCER DA ÁGUA E DO ESPÍRITO SANTO...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 3,1-8)(28/04/25)


1. Caríssimos quem realmente procura o Senhor Jesus para o escutar, se põe na vida como nova criatura, pois Sua Palavra renova todas as coisas nos fazendo dar frutos de justiça e santidade, visto que o nosso viver passa a ser com Ele, por Ele e para Ele. 

2. É isso o que vemos na liturgia de hoje que trata do poder da oração, do encontro com o Senhor e de como o escutar atentamente como o fez Nicodemos.

3. Na primeira leitura desta liturgia a comunidade depois de ouvir o testemunho de Pedro e João rejubila de alegria e se põe em oração de tal modo que estremesse o lugar onde estavam, sinal da presença do Espírito Santo: "Quando terminaram a oração, tremeu o lugar onde estavam reunidos. Todos, então, ficaram cheios do Espírito Santo e anunciavam corajosamente a palavra de Deus."

4. No Evangelho de hoje o Senhor Jesus mostra a Nicodemos, que o reconhece como vindo de Deus, a necessidade do novo nascimento na ordem da graça, isto é, da água e do Espírito Santo. Decerto, o Senhor lhe falava do Sacramento do batismo pelo qual nos tornamos filhos e filhas de Deus, participantes do Seu Reino.

5. Ora, mais do que nunca esse anúncio se faz urgente neste mundo, onde ao que parece está reinando o pecado; e isso o constatamos pelo resultado maléfico que ele gera, que são as tragédias que vemos se abater sobre todos. 

6. Rezemos então com o Missal Romano suplicando ao Senhor a conversão e um novo Pentecostes para toda a humanidade: "Ó Deus, Nosso Senhor, poder imutável e luz sem ocaso, olhai com bondade para a vossa Igreja, sacramento da Nova Aliança, e confirmai na paz, segundo os vossos desígnios eternos, a obra da salvação humana. 

7. Para que todo o mundo veja e reconheça como o abatido se levanta, o envelhecido se renova e tudo volta à sua integridade original, por meio daquele que é o princípio de todas as coisas, Jesus Cristo vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo." Amém! Aleluia!

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

domingo, 27 de abril de 2025

Senhor Jesus eu confio em vós...


 Domingo da Divina Misericórdia (Jo 20,19-31)(27/04/25)


1. Caríssimos, irmãos e irmãs, Hoje a Igreja celebra a Festa da Divina Misericórdia; dia de alegria e de júbilo por tudo o que o Senhor fez e continua fazendo em nossa vida, para a realizalização do seu plano de amor em prol da nossa salvação. 

2. De fato, vivemos em meio à um mundo repleto de tentações e pecados, onde, ao que parece reina a morte e as potências do inferno. Por isso, perguntamos, o que seria da humanidade se Deus, por seu amado Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, não nos tivesse visitado e permanecido conosco? Decerto, nenhuma criatura existiria mais na face da terra. 

3. Com isso, entendemos perfeitamente que dependemos cem por cento da Sua Infinita Misericórdia, que nos mantém na vida e nos alivia os sofrimentos para que seguindo os seus passos tenhamos pleno acesso ao Reino dos Céus.
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4. São João Paulo II, na sua homilia sobre a Festa da Divina Misericórdia, assim se expressou: Caríssimos, "Através do mistério deste Coração ferido, não cessa de se difundir, também sobre os homens e as mulheres da nossa época, o fluxo reparador do amor misericordioso de Deus.
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5. Quem aspira à felicidade autêntica e duradoura, unicamente nele pode encontrar o seu segredo. «Jesus, eu confio em Ti». Esta oração, querida a tantos devotos, exprime muito bem a atitude com que também nós desejamos abandonar-nos confiantes nas tuas mãos, ó Senhor, nosso único Salvador.
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6. Arde em Ti o desejo de seres amado, e quem sintoniza-se com os sentimentos do teu Coração aprende a ser construtor da nova civilização do amor. Um simples ato de abandono basta para superar as barreiras da escuridão e da tristeza, da dúvida e do desespero. 

7. Os raios da tua divina misericórdia dão nova esperança, de maneira especial, a quem se sente esmagado pelo peso do pecado." Senhor Jesus, tende misericórdia de nós em meio às dores que padecemos por conta dos nossos pecados, perdoa-nos Senhor e livra-nos de todo mal. 
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

quarta-feira, 23 de abril de 2025

O ENCONTRO COM JESUS RESSUSCITADO...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Lc 24,13-35)(23/04/2025)


1. Caríssimos irmãos e irmãs, quando tudo parecer obscuro, sem sentido, e quando sofrermos tentações e outras investidas do maligno; não podemos nos deixar abater, pois, Deus nunca nos deixa sozinhos mesmo que a realidade em nossa volta queira nos desenganar, queira tirar de nós à única virtude que nos faz resistir a tudo o que é contrário a vontade de Deus, ou seja, o amor a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos.

2. De fato, quem encontra o Senhor Jesus ressuscitado e segue com Ele até o fim, não tem tempo para as coisas fúteis deste mundo, nem para tentações ou pecados; é isto o que nos ensina esta liturgia de hoje, em que os discípulos de Emaús mesmo vivendo em meio à tristeza por causa da morte trágica do Senhor, que acreditavam ser o Messias enviado, continuaram cultivando a memória de suas palavras e de suas obras e por isso mesmo foram por Ele recompensados com a Sua aparição e seu colóquio.

3. Na primeira leitura vemos Pedro e João darem ao paralítico de nascença a única riqueza que possuíam, ou seja, a graça da cura e libertação da paralisia que lhe fazia escravo de tal condição. Ora, e tudo isso fizeram pelo o poder do nome de Jesus ressuscitado a quem portava em suas almas para sanar as aflições dos que tanto precisavam, neste caso, o paralítico e todos os que testemunharam esse grande milagre.

4. Com efeito, todos os acontecimentos bíblicos são evidências da presença real do Senhor Jesus, que da Sua dimensão eterna, nos leva a conviver com Ele pessoalmente pela fé e a oração que são os meios indispensáveis para vivermos essa interação. 

5 O que o Senhor nos pede é que abramos as portas do nosso coração para o acolhermos e com Ele convivermos, pois, comungar Seu Corpo e Sangue, Sua Alma e Divindade, é fazer a mesma experiência da Sua ressurreição que os discípulos de Emaús fizeram. 

6. Portanto, caríssimos, façamos também ao Senhor Jesus, o mesmo convite que os discípulos de Emaús fizeram: “Fica conosco, Senhor, pois já é tarde e a noite vem chegando!” Pois, ninguém faz um convite como esse ao Senhor sem que Dele receba de imediato a resposta como vimos nesse episódio. 

7. Destarte, pelo Sacramento do Batismo recebemos o Espírito Santo e com Ele todas as virtudes e todos os dons para interagirmos com o Senhor ressuscitado e também com aqueles a quem formos inviados para anuncia-lhes a alegria da Sua Ressurreição.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

terça-feira, 22 de abril de 2025

Descase em paz Papa Francisco


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 20,11-18)(22/04/25)


1. Caríssimos irmãos e irmãs, o ser humano necessita das evidências cotidianas para prosseguir lutando contra tudo aquilo que tenta tirar-lhe a felicidade de ser e viver neste mundo; ora, esta liturgia de hoje nos mostra a perseverança de Maria Madalena que buscava o corpo morto do seu Senhor, mas o encontrou ressuscitado.

2. No Evangelho de hoje vimos como foi essa experiência de Maria Madalena ao encontrar Jesus ressuscitado; a princípio não foi possível esse encontro devido à tristeza que lhe invadia o coração por ver o túmulo vazio, sem o corpo do seu Senhor; mas depois de encontra-lo, a alegria do Senhor ressuscitado preencheu a sua alma e desse modo foi cumprir sua missão de anuncia-lo aos seus irmãos para que o encontrassem na Galileia como Ele disse.

3. Com efeito, não obstante as perdas e tristezas advindas de nossas fraquezas humanas, nem tudo está perdido, pois, como Maria Madalena, também temos a convicção de encontrarmos Jesus ressuscitado no mais íntimo de nossas almas e com Ele singrar este mar tenebroso que estamos atravessando até chegarmos ao porto seguro da nossa salvação eterna no Reino dos Céus.

4. Na primeira leitura são Pedro, logo após o Pentecostes, repleto do Espírito Santo, dirigiu aos seus ouvintes palavras de exortação que lhes tocou o coração, pois, revelava ao mesmo tempo o pecado deles, mas também a vitória de Cristo ressuscitado, levando-os à conversão e ao batismo; desse modo, de perversos perseguidores se tornaram fiéis seguidores do Senhor Jesus. Ora, esse episódio nos mostra o quanto precisamos de conversão.

5. Portanto, caríssimos, o fato é que todos nós passamos por diversas provações nas horas difíceis do nosso viver, e até somos tentados a pensar que Deus está ausente dos nossos sofrimentos, quando na verdade Ele está ressuscitado conosco, nos chamando pelo nome e nos enviando para proclamar aos nossos irmãos e irmãs a alegria da Sua Ressurreição como Ele o fez com Maria Madalena.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

domingo, 20 de abril de 2025

Feliz Páscoa da Ressurreição do Senhor Jesus... Aleluia... Paz e Bem!

 

Homilia do Dom. de Páscoa, o Senhor ressuscitou (Jo 20,1-9)(20/04/25)

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1. Amados irmãos e amadas irmãs, a Ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo é o acontecimento mais importante desde que Deus criou o homem e o pôs na face da terra; pois, a partir dela, Ele nos fez participantes da sua Natureza Divina. 

2. Isto significa que por Seu Filho amado, Ele nos deu a graça da imortalidade, ou seja, de vivermos eternamente na Sua presença gozando da sua amizade. Bem como nos ensinou são Pedro: "O poder divino deu-nos tudo o que contribui para a vida e a piedade, fazendo-nos conhecer aquele que nos chamou por sua glória e sua virtude.

3. Por elas, temos entrado na posse das maiores e mais preciosas promessas, a fim de tornar-vos por este meio participantes da natureza divina, subtraindo-vos à corrupção que a concupiscência gerou no mundo." (2Pd 1,3-4).
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3. Sobre este acontecimento são Gregório de Nissa, escreveu: "Hoje foi esquecida a sentença lançada sobre nós; melhor, não foi esquecida, foi anulada! Este dia apagou qualquer lembrança da nossa condenação. Vinde, cantemos de alegria no Senhor! (cf Sl 94,1). Ele quebrou o poder do inimigo e ergueu o grande troféu da cruz." A vitória sobre o pecado, a morte e o inferno. 
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4. De nossa parte, caríssimos, acolhamos com imensa alegria este grandissimo mistério da nossa salvação, que nos enche de amor e da esperança de vida eterna. Pois, fomos criados por Deus, não para o pecado nem para a morte; porém, esses obstáculos entraram em nossa vida pela desobediência de nossos primeiros pais; todavia, pela obediência e morte expiatória de Cristo, foi anulada a sentença condenatória que pesava contra nós.
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5. O Papa Francisco na sua homilia sobre a ressurreição do Senhor Jesus, disse: "Deus nos surpreende sempre, pois a surpresa é aquilo que não esperávamos por não termos o poder nem o conhecimento de tudo, por isso, o Senhor nos dá o dom da fé, que é a garantia das coisas eternas, que não a temos por nós mesmos."
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6. Portanto, caríssimos, desejo para todos a graça de se deixar envolver pela ressurreição de Jesus, bem como nos ensinou são Paulo: "Se, portanto, ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas lá do alto, onde Cristo está sentado à direita de Deus. Afeiçoai-vos às coisas lá de cima, e não às da terra. 

7. Porque estais mortos e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus. Quando Cristo, vossa vida, aparecer, então também vós aparecereis com ele na glória." De fato, a esperança da vida eterna é uma graça especial que nos leva a vencer a incredulidade deste mundo e todo tipo de mal que nele existe.
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Feliz Páscoa para todos! Cantemos ao Senhor, pois fez brilhar a Sua Glória! 
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

sábado, 19 de abril de 2025

Homilia da Vigília Pascal

 Homilia da Vigília Pascal (Lc 24,1-12)(19/04/25)

1. Caríssimos meditemos com amor e atenção esta homilia sobre o Sábado Santo de Asterio de Amaseia, bispo (sec. IV). "Hoje, a Igreja – a herdeira – exulta de alegria. Cristo, seu Esposo, que sofreu, acaba de ressuscitar. Alegra-te, ó Igreja, Esposa de Cristo! A ressurreição do teu Esposo ergueu-te da terra em que os viandantes te calcavam aos pés.

2. Ó maravilha! Foi semeado um único grão, e o mundo inteiro alimenta-se dele. Imolado como homem, foi restituído à vida como Deus e dá vida ao mundo. Degolado como cordeiro; como pastor, dispersou o rebanho dos demônios com o cajado da sua cruz.

3. Como lâmpada sobre o candelabro, extinguiu-se na cruz, e como o Sol levantou-se do sepulcro. Realizaram-se dois prodígios: o dia escureceu quando Cristo foi crucificado, e, na sua ressurreição, a noite brilhou como o dia.

4. Porque escureceu o dia? Porque, conforme está escrito, «das trevas fez seu véu» (Sl 17,12). Porque brilhou a noite como o dia? Porque, como dissera o profeta, «nem as trevas para Vós têm obscuridade: a noite brilha como a luz» (Sl 138,12).

5. Ó noite mais clara do que o dia! Noite mais luminosa do que o Sol! Noite mais branca do que a neve, mais brilhante do que os nossos fachos, mais doce que o paraíso! Ó noite que não conheces as trevas, que afastas o sono e nos fazes velar com os anjos! 

6. Noite pascal, espanto dos demônios; esperada ao longo de todo o ano! Noite nupcial da Igreja, que fazes nascer os recém-batizados e despojas o demônio adormecido! Noite em que o herdeiro leva os seus co-herdeiros a tomar parte na herança!" (Homilia 19).

7. Portanto, caríssimos, essas Palavras são conforto para as nossas almas, pois aumenta a nossa esperança na certeza do céu. Decerto, com esse alívio já não sentimos em demasiado o peso das dores e sofrimentos advindos dos nossos pecados, pois, fomos perdoados e libertos por Jesus ressuscitado que caminha e permanece conosco até o fim dos nossos dias neste mundo.

Uma santa e feliz Páscoa para todos...

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

SEXTA-FEIRA DA PAIXÃO DO SENHOR


 SEXTA-FEIRA DA PAIXÃO DO SENHOR (Jo 18,1-19,42)(18/04/25)


1. Caríssimos irmãos e irmãs, hoje o mundo amanhece em silêncio por conta da maior injustiça já cometida na face da terra, a perseguição, prisão, tortura, crucifixão e morte do Filho amado de Deus, nosso Senhor Jesus Cristo; sem que houvesse alguém que o defendesse em seu martírio, exceto sua Mãe Maria Santíssima e o seu discípulo amado, João.

2. De fato, a fúria maligna não poupou nem mesmo o inocente Filho de Deus; no entanto, aqueles que se aliaram para cometer tamanho pecado nem perceberam que o preço da nossa salvação foi exatamente o preciosíssimo Sangue de Senhor nosso Jesus Cristo, que por sua morte de cruz libertou do pecado, da morte e do inferno todos os pecadores que acolheram Sua Divina Misericórdia, deixando-se conduzir por Ele à glória da ressurreição.

3. Eis o que escreveu Santo Antônio de Pádua a respeito da Paixão do Senhor: "Pai, a cabeça de teu Filho, Jesus, diante de quem estremecem os arcanjos, foi ferida pelos espinhos; o seu rosto, no qual os anjos desejam mergulhar o seu olhar (cf 1Pd 1,12), foi conspurcado de escarros, ferido pelas bofetadas; arrancaram-Lhe a barba, deram-Lhe pancadas, puxaram-Lhe os cabelos.

4. E Tu, Deus clementíssimo, Tu escondes-Te, Tu ocultas-Te, e preferes que um só, o teu Único, seja coberto de escarros e esbofeteado para evitar que todo o povo pereça (cf Jo 11,50). A Ti o louvor e a glória, porque extraíste dos escarros e das pancadas o antídoto que arranca da nossa alma o veneno da antiga serpente.

5. Rezemos, irmãos bem-amados, e peçamos com insistência e piedade ao Senhor Jesus Cristo, que devolveu a vista ao cego de nascença e a Tobias, que ilumine os olhos da nossa alma pela fé na sua encarnação e pela amargura da sua Paixão, a fim de que mereçamos contemplar a Ele, o Filho de Deus, Luz nascida da Luz, no esplendor dos santos, na claridade dos anjos. Que venha em nosso auxílio Aquele que vive e reina com o Pai e o Espírito Santo pelos séculos dos séculos."

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

quinta-feira, 17 de abril de 2025

Santa Missa da Ceia do Senhor...


 QUINTA-FEIRA SANTA (Jo 13,1-15)(17/04/25)


1. Caríssimos, o mistério da morte é um fenômeno sempre presente com o qual nos confrontamos a todo momento, e o experimentamos em nós mesmos, seja com o tempo que se esvai, seja quando somos atingidos por alguma enfermidade ou perigo que nos ameaça. De fato, fora de Deus ninguém tem o domínio total sobre este mistério.

2. Na liturgia desta Quinta-feira Santa vemos o Senhor Jesus instituir a Eucaristia, isto é, Seu Corpo e Sangue; Sua Alma e Divindade; o Sacerdócio e a Santa Missa. Ora, mas tudo Ele realiza sem dispensar a Cruz que vai enfrentar mediante a Sua Paixão, morte e ressurreição. 

3. E ela começa com a traição de Judas Iscariotes que deixando de lado o amor do Seu Mestre e Senhor, o vende como se fosse um escravo, desprezando todo o bem que Dele recebeu. Ou seja, um ato vil e extremamente grave que revela quanto os nossos pecados ofendem a Deus.

4. Com efeito, é também nesta celebração que o Senhor Jesus lava os pés dos Apóstolos, mostrando-lhes que o verdadeiro sentido do viver se encontra no serviço uns aos outros sem reivindicar reconhecimento ou glória, pois, como Ele mesmo disse:

5. "Compreendeis o que acabo de fazer? Vós me chamais Mestre e Senhor, e dizeis bem, pois eu o sou. Portanto, se eu, o Senhor e Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros. Dei-vos o exemplo, para que façais a mesma coisa que eu fiz”. (Jo 13,13-15)

6. Comentando os acontecimentos deste dia santo, disse Santa Catarina de Sena: "Sede obedientes até à morte, a exemplo do Cordeiro sem mancha que obedeceu a seu Pai até à morte vergonhosa na cruz. Pensai que ele é o caminho e a regra que deveis seguir. Tende-O sempre presente diante dos olhos do espírito.

7. Vede como este Verbo, a Palavra de Deus, obedece! Ele não Se recusa a carregar o fardo das dores de que o Pai O encarregou; pelo contrário, abraça-Se a ele, animado de grande desejo, dizendo, na Ceia da Quinta-feira Santa: «Tenho desejado ardentemente comer esta Páscoa convosco, antes de padecer!» (Lc 22,15).

8. Comer a Páscoa é cumprir a vontade do Pai. Vendo chegar a sua hora (via-Se já no fim, no sacrifício do seu corpo por nós), Ele exulta, rejubila e diz com alegria: «Tenho desejado ardentemente»: eis a Páscoa de que Ele falava, e que consistia em Se dar a Si próprio em alimento, em imolar o seu próprio corpo para obedecer ao Pai."

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

quarta-feira, 16 de abril de 2025

O BEM VENCE SEMPRE...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 26,14-25)(16/04/25)

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1. Caríssimos irmãos e irmãs, o que é ser traído? É ser tolhido de toda confiança depositada e da dignidade concedida, porém, desprezada como se fosse um nada; e mais ainda, é a perca dos valores da amizade, do amor, da justiça, da bondade e da paz por parte do traidor. 

2. Ora, como uma criatura ousa vender o seu Criador como se fosse um escravo? É isso o que meditamos no Evangelho de hoje, ou seja, não bastou a Judas Iscariotes ser chamado por Jesus e receber a honra de ser um dos Seus Apóstolos; escutar a Sua Santa Palavra; andar com Ele nas estradas da Terra Santa; contemplar os milagres e todas as graças derramadas por onde o Senhor passou.
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3. Santo Antônio de Pádua, meditando esse episódio, escreveu: "Ó Judas, queres vender o Filho de Deus como se fosse um vil escravo, como se fosse um cão morto? Diz-me: Em que é que Ele te ofendeu? Que mal te fez para que digas: «Entregar-vo-lo-ei»? 

4. Terás esquecido a incomparável humildade do Filho de Deus e a sua pobreza voluntária, a sua doçura e afabilidade, a sua aprazível pregação e os seus milagres, o privilégio pelo qual te escolheu como apóstolo e fez de ti seu amigo?"

5. E conclui sua reflexão com esta evidência mais que comprovada em nossos dias: "Quantos Judas Iscariotes há ainda hoje, que, em troca de algumas vantagens materiais, vendem a verdade, entregam o próximo, e se enforcam na corda da condenação eterna!" 
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6. Portanto, caríssimos, peçamos ao Senhor Jesus a graça da fidelidade à toda prova, pois como Ele mesmo disse: "Aquele que é fiel nas coisas pequenas será também fiel nas coisas grandes. E quem é injusto nas coisas pequenas, sê-lo-á também nas grandes." (Lc 16,10).
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7. Destarte, possa ser que não entendemos a pedagogia divina ao percebermos que a maldade se alastra na face da terra como uma horrível pandemia, porém, como disse Santo Agostinho: "O mal não pode contrariar a bondade de Deus. 

8. Ainda que Satanás seja um artesão do mal, o Supremo Artesão não permitiria a existência do mal se não pudesse servir-Se dele para que tudo concorra para o bem." E a morte cruenta do Filho de Deus, nosso Senhor Jesus Cristo, comprova essa verdade.(Sermões sobre o evangelho de João, n.° 27, § 10) 

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

terça-feira, 15 de abril de 2025

Sigamos os exemplos de Cristo...

 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 12,1-11)(14/04/25)


1. Caríssimos, para nós que seguimos o Senhor Jesus nesta trajetória rumo à eternidade, que aqui chega ao fim com a morte temporal, temos muito a aprender com os exemplos dos relatos bíblicos que o Senhor nos deixou como tesouros para o nosso discipulado. 


2. E nesta segunda-feira da semana santa, temos um grande exemplo à seguir a partir das cenas do episódio do jantar na casa de Lázaro à quem o Senhor Jesus havia ressuscitado.


3. Na primeira cena, todos se alegram com a presença de Jesus, e logo vem Maria, irmã do anfitrião, portando um frasco contendo um bálsamo de suave odor, digno do Seu Mestre e Senhor a quem amava de coração pela libertação que lhe fora concedida. 


4. Desse modo, tomada por tamanho amor, unge-lhe os pés e os enchugou com os seus cabelos como expressão da mais profunda gratidão por todo o bem que Dele recebera. Ora, quem de nós não faria o mesmo? 


5. Na segunda cena, vemos que toda expressão de amor e de gratidão para com Deus ou para com os seus mensageiros, por vezes torna-se motivo de repúdio por parte daqueles que não tem um coração agradecido, e por isso, não suportam o amor dos que reconhecem o bem recebido e humildemente agradecem.


6. É neste sentido que vemos a contestação de Judas Escariotes, reivindicando a caridade para com os pobres, quando na verdade estava usando os pobres com o fim de satisfazer os próprios interesses mesquinhos. 


7. De fato, como um pecado é porta de entrada para outros, logo se apossou dele a ganância à ponto de vender Jesus aos doutores da Lei por trinta moedas de prata para que fosse condenado a morte. Por isso, muito cuidado: "Porque a raiz de todos os males é o amor ao dinheiro. Acossados pela cobiça, alguns se desviaram da fé e se enredaram em muitas aflições." (1Tm 6,10).


8. Portanto, caríssimos, como vimos nesse episódio, mesmo cheios de alegria pela presença do Senhor Jesus, houve também quem desse espaço para a ação do maligno; todavia, o Senhor nos ensina a não perder tempo nem darmos atenção às reações do mal que tenta atrapalhar a nossa comunhão com Ele. 


9. Par isso, a Sua Palavra é fundamental para nos manter em plena harmonia e serenidade. Destarte, muita atenção com os estragadores de virtudes, pois, viver na presença de Deus e em permanente comunhão com Ele é tudo o que precisamos em nossa vida. 


10. De fato, enquanto não chegarmos ao céu, teremos pela frente a mesma luta travada pelo Filho de Deus, nosso Senhor Jesus Cristo, que nos ensinou a vence-la com a ajuda da sua graça agindo em nossas almas. 


Paz e Bem!


Frei Fernando Maria OFMConv.

domingo, 13 de abril de 2025

Homilia do Domingo de Ramos...


 Homilia do Dom de Ramos (Lc 19,28-40)(13/04/25)

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1. Caríssimos irmãos e irmãs, a Santa Igreja hoje dá início a semana santa com o Domingo de Ramos, nesse dia Jesus entra como rei triunfante em Jerusalém, montado num jumentinho e aclamado com rei de Israel pela multidão com ramos nas mãos contando hosana ao Filho de Davi. 

2. Com efeito, todos os acontecimentos do mistério da nossa salvação, ou seja, a Paixão, morte e ressurreição do Senhor, já haviam sido profetizados no Antigo Testamento, e agora inicia o seu cumprimento. De fato, o Senhor já sabia os sofrimentos e a morte que haveria de padecer. 
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3. Então, quais lições aprendemos desses acontecimentos? Deus enviou o Seu Filho a nós como um de nós para que o conhecêssemos quem Ele é, e como tudo faz em nosso favor porque nos ama e quer que participemos com Ele da sua glória eterna. 

4. Como bem descreveu São João: "Com efeito, de tal modo Deus amou o mundo, que lhe deu seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna. Pois Deus não enviou o Filho ao mundo para condená-lo, mas para que o mundo seja salvo por ele. (Jo 3,16-17). 
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5. De uma coisa fiquemos certos, o mal não faz parte do Seu Reino e por isso, tiremos de nosso meio tudo o que há de mal; as armas para isto são as mesmas usadas por seu Filho, obediência total à Sua Vontade, confiança inabalável no Seu Poder, amor incondicional ao Seu querer. 

6. Em outras palavras, no que diz respeito à nós, isso significa, crer em nosso Senhor Jesus Cristo, ama-lo como o Messias enviado por Deus nosso Pai celestial, sendo fiéis até o fim como Ele mesmo nos ensinou: "Quem permanecer fiel até o fim será salvo." (Mt 24,13)

7. Portanto, caríssimos, sem dúvida alguma, fazemos parte do Grande Mistério de Deus, da Sua Criação, da Redenção operada por Seu Filho, e da luta contra o mistério da iniquidade. Por isso, mesmo precisamos viver como seus filhos e filhas no cumprimento do seu plano de amor para a nossa salvação. 

8. É claro que racionalmente pouco entendemos de tudo isso; mas, para que vivamos segundo a sua Santa Vontade, depois da Sua Ressurreição, o Senhor nos enviou o Espírito Santo para permanecer conosco preparando-nos para a Sua segunda vinda que acontecerá no fim dos tempos.
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

sábado, 12 de abril de 2025

Como o diabo age nas tentações...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 11,45-56)(12/04/25)


1. Caríssimos, nenhum pecado é cometido sem que haja alguma tentação que começa sorrateiramente com os maus pensamentos que chegam à nossa mente; e tal tentação vai crescendo e aos poucos minando as nossas resistências, aumentando o desejo de cometer o pecado até que seja consumado.

2. Comentando o Evangelho de hoje, disse o Papa Francisco: "Esta forma de proceder dos doutores da lei é precisamente uma figura de como a tentação age em nós, porque por trás dela estava obviamente o diabo que queria destruir Jesus, e a tentação em nós geralmente age assim: começa com pouco, com um desejo, uma ideia, cresce, contagia outros e no fim é justificada.

3. Deveríamos ter o hábito de ver em nós este processo de tentação. Este processo que nos faz mudar os nossos corações do bem para o mal, que nos conduz ao caminho da descida. Algo que cresce, cresce lentamente, depois contagia outros e acaba por se justificar. 

4. Dificilmente as tentações chegam até nós de repente, o diabo é astuto. Ele sabe como percorrer este caminho, o mesmo que percorreu para chegar à condenação de Jesus. [Primeiro convence de que não haverá graves consequências, depois acusa a culpa dizendo que não há perdão.]

5. Quando nos encontramos num pecado, numa queda, sim, devemos ir e pedir perdão ao Senhor, é o primeiro passo que devemos dar, mas depois devemos dizer: «Como caí nisto? Como começou este processo na minha alma? Como cresceu? Quem contagiei? E, no final, como me justifiquei a mim mesmo por ter caído?».

6. A vida de Jesus é sempre um exemplo para nós e as coisas que lhe aconteceram são aquelas que acontecerão a nós, as tentações, as justificações, as pessoas boas que estão à nossa volta e talvez não as ouvimos, e as pessoas más, no momento da tentação, que procuramos aproximar-nos delas para fazer crescer a tentação. 

7. Mas nunca esqueçamos: sempre, atrás de um pecado, atrás de uma queda, há uma tentação que começou pequena, que cresceu, que contagiou e, no final, encontrou uma justificação para se cair. Que o Espírito Santo nos ilumine neste conhecimento interior." (Papa Francisco, homilia, 04/04/20)

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

sexta-feira, 11 de abril de 2025

Quem escuta o Senhor Jesus e o segue tem a vida eterna...

 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 10,31-42)(11/04/25)

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1. Caríssimos, no Evangelho de hoje vimos que tudo na pessoa do Senhor Jesus incomodava aqueles que estavam revestidos de autoridade, mas sem a devida coerência na prática da mesma; por isso, as palavras do Senhor, seus gestos e os sinais que revelavam sua divindade, eram para eles motivos para perseguição com a intenção de assassina-lo. 


2. De fato, todos aqueles que recebem de Deus uma missão, mas não a cumpre fielmente, passam a servir o maligno por seus maus procedimentos. Ora, uma das virtudes que mais aproxima os homens de Deus é crê no seu Filho amado, escuta-lo humildemente e segui-lo fielmente. 

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3. Com efeito, todo sistema religioso construído sobre o medo, sobre a norma pela norma, sobre a lei que não porta a Misericórdia e o Amor de Deus, tende a ser um instrumento de opressão, como vimos no Evangelho de hoje, por isso, tramaram matar o Senhor Jesus, usando falsos argumentos para justificar o cinismo de suas tramas diabólicas. 


4. Então, disserem eles: “Que faremos? Este homem realiza muitos sinais. Se deixamos que ele continue assim, todos vão acreditar nele, e virão os romanos e destruirão o nosso Lugar Santo e a nossa nação”. Ou seja, quem serve ao inimigo da verdade, segue seus passos na estrada que leva à perdição eterna. 

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5. Ora, por que é tão difícil aos homens sair dos limites ideológicos que eles se impõem e que não os deixa viver livremente como filhos de Deus? Porque a incredulidade é um labirinto intrínseco que fecha os incrédulos em si mesmos impedindo-os de amar a Deus sobre todas as coisas. 


6. De fato, a fé não é uma filosofia de vida, não é uma teoria ou fantasia. Mas, um dom do Espírito Santo para nos relacionarmos com Deus face a face como seus filhos amados, tal como o Senhor Jesus nos ensinou no Evangelho de Mateus ao nos ensinar o Pai nosso (cf. Mt 6,9-13); por ela adentramos no Seu Mistério de Amor, tornando realidade a nossa convivência com Deus, nosso Pai celestial.

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7. Portanto, caríssimos, não nos deixemos enganar; por traz de cada ação maléfica se esconde o inimigo de nossas almas; por isso, precisamos permanecer firmes no seguimento de Senhor nosso Jesus Cristo, que por seu sacrifício de cruz nos deu a salvação, abrindo-nos, com isso, as portas do Paraíso para gozarmos com Ele a felicidade eterna na sua glória.

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Paz e Bem!

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Frei Fernando Maria OFMConv.

terça-feira, 8 de abril de 2025

Evitando constrangimentos...

 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 8,21-30)(08/04/25)

1. Caríssimos irmãos e irmãs, a liturgia de hoje versa sobre a insatisfação pessoal e coletiva quando não se vive segundo a Vontade de Deus. Ela nos mostra que aqueles que insistem em viver sob o regime do pecado tudo se torna um fardo pesado até mesmo a liberdade que Deus lhes concede em meio ao deserto deste mundo. 

2. De fato, a fé é um dom que Deus nos deu para nos relacionarmos com Ele e termos convicção de que não existe o impossível quando Nele confiamos. No entanto, poucos são os que vivem realmente esse dom, como disse o Profeta Habacuc: "Eis que sucumbe o que não tem a alma íntegra, mas o justo vive por sua fidelidade." (Hab 2,4).

3. Ora, o que mais constrange um ser humano neste mundo é ser julgado como um nada ou ninguém, mesmo sabendo que é infinitamente mais do que o falso juízo de valor que dele fazem. Sem dúvida, jamais haverá um constrangimento maior do que o sofrido pelo Senhor Jesus, que mesmo sendo Deus, humilhou-se e aceitou a morte de cruz para nos salvar.

4. No Evangelho de hoje o Senhor nos revela o terrível constrangimento pelo qual passará, mas que isso também será o motivo de sua vitória sobre o regime do pecado e o poder do inferno que tinha a morte como sua maior arma. 

5. Com efeito, por meio de sua morte de Cruz o Senhor derrotou para sempre o inimigo de nossas almas e o seu poder infernal, nos dando a vida eterna por Sua Ressurreição. Então, como viver essa graça? São Paulo nos ensina nos dando o seu próprio exemplo. 

6. "Quanto a mim, não pretendo, jamais, gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo. De ora em diante ninguém me moleste, porque trago em meu corpo as marcas de Jesus." (Gl 6,14.17). 

7. Portanto, caríssimos, como batizados, é terrível constranger o Senhor por uma vida mergulhada no pecado mesmo sabendo que Ele morreu para nos livrar de todo o mal que o pecado nos causa. Cabe a nós correspondermos ao seu amor salvífico. 

8. Então, confiantes na Sua Divina Misericórdia, supliquemos por nós e por todos que estão afastados do caminho da salvação, para que retornem à uma profunda intimidade com Deus pela prática da fé, da oração e da penitência em vista da vida eterna que Ele nos concedeu.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

domingo, 6 de abril de 2025

Homilia do 5°Dom da Quaresma...

 Homilia do 5°Dom da Quaresma (Jo 8,1-11)(06/04/25)

1. Caríssimos, vivemos em meio à finitude humana, todos nós em algum momento de nossa vida por alguma razão ou tentação cometemos faltas, ou seja, desvio de reta conduta, e desse modo, prejudicamos à nós mesmos e aos outros. 

2. Por isso, precisamos de verdadeiro arrependimento com as devidas desculpas e as reparações dos danos causados, para voltarmos ao bom convívio e à paz que perdemos por conta de tais atos.

3. Com efeito, esta liturgia de hoje é como um bálsamo para as almas que realmente cultivam o bem para o qual fomos criados; por outro lado, ela também nos mostra o mal que somos capazes de fazer quando não buscamos uma vida de justiça e santidade, isto é, quando não nos deixamos conduzir pela graça advinda da obediência aos santos mandamentos da Lei de Deus.

4. No Evangelho de hoje vemos que todo pecador carrega a culpa dos seus pecados gravada em sua alma e por isso frequentemente tenta projeta-la condenando os outros, como é o caso dos mestres da lei e fariseus. 

5. Porém, quando confrontados com a justiça divina, recuam de seus atos perversos, para dar lugar à misericórdia e à bondade do Senhor que sempre perdoa e nos ensina à não mais pecar, como vimos neste episódio da mulher adúltera.

6. "Então Jesus se levantou e disse: “Mulher, onde estão eles? Ninguém te condenou?” Ela respondeu: “Ninguém, Senhor”. Então Jesus lhe disse: “Eu, também, não te condeno. Podes ir, e de agora em diante não peques mais”. 

7. Portanto, caríssimos, um dos piores pecados que se comete na face da terra é o falso juízo, e por incrível que pareça é o que mais constatamos neste mundo. Quem dera vermos a prática constante dos atos de misericórdia, de amor e de bondade, certamente se evitaria a condenação de inocentes; e por outro lado, ajudaria os perversos a reverem os seus atos maléficos e não tornar a pratica-los. 

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMCinv.

quarta-feira, 2 de abril de 2025

Deus escolheu a via dolorosa para nos salvar...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 5,17-30)(02/04/25)

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1. Caríssimos irmãos e irmãs, existe no ser humano uma tendência de querer atingir a Onipotência Divina por si mesmo, na verdade, isso é resquício da primeira tentação: "Vós sereis como Deus conhecedores do bem e do mal." 

2. Ora, essa tentação é uma grande mentira, como também todas as outras o são, tendo em vista que não passamos de um simples sopro de vida. De fato, todos aqueles que cometem esse terrível pecado são tomados pela arrogância e a prepotência que os corroe e os leva à autodestruição.
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3. Com efeito, em todas as situações de sua vida o Senhor Jesus nos ensina por palavras e atos que a Onipotência é atributo divino e que viver pela virtude da obediência na dependência do Pai é a maior de todas as graças. 

4. E isso é comprovado pelo seu rebaixamento à miserável condição que o pecado nos impôs, para que por meio de sua imolação voltássemos à plena comunhão com a vontade do Pai para assim participarmos de sua natureza divina.
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5. Existem várias passagens bíblicas onde o Senhor Jesus nos ensina que a graça da perfeição tem seu fundamento na humilhação de si mesmo para desse modo vencermos todo o mal que está no mundo e que se levanta contra a vontade de Deus. 

6. Vejamos alguns exemplos: "Eu não vim para fazer a minha vontade, mas a vontade do Pai que me enviou." (Jo 5,30). "O Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir, e dar a sua vida por muitos." (Mt 20,28). "Se alguém quer ser o primeiro, seja o último de todos e aquele que serve a todos!" (Mc 9,35).
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7. Portanto, caríssimos, como foi difícil para o Senhor ser incompreendido, humilhado, rejeitado, perseguido e morto pelo fato de comunicar a verdade que liberta todos os seres humanos do pecado e do mal que os escraviza e os leva à perdição. Contudo, o Senhor nos mostrou, por seu sacrifício cruento, que esse é o único caminho pelo qual nos conduz à Glória do Pai.
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8. Então, quem está disposto a segui-lo? Para isto escutemos esta sua exortação: “Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome cada dia a sua cruz, e me siga. Pois, quem quiser salvar a sua vida vai perde-la; mas, quem perder a sua vida por causa de mim, esse a salvará” (Lc 9, 24).

9. De fato, não existe seguimento fiel sem a renúncia de si mesmo, nem existe amor verdadeiro sem sofrimento e dor, isto porque a verdade por mais dolorosa que seja ela nunca volta atrás porque é a única via de salvação.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

terça-feira, 1 de abril de 2025

Não somos juízes uns dos outros, mas irmãos e irmãs que se amam em Cristo Jesus...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 5,1-16)(01/04/25)


1. Caríssimos irmãos e irmãs, a vida vivida em Deus é plena das virtudes do amor, da misericórdia, bondade, humildade, mansidão, autodomínio e todas as outras virtudes que nos identificam com Cristo; fora disso, não há nada que nos faça viver plenamente felizes e unidos uns aos outros. 

2. Por isso, peçamos ao Senhor Jesus que nos ajude à superar nossas misérias, principalmente a tentação de julgar-nos uns aos outros, como se fôssemos juízes e não réus; de fato, essa é uma das tentações mais frequentes que sofremos neste mundo.

3. A liturgia de hoje nos mostra que precisamos viver interiormente em comunhão com Deus para externa-la por atos de compaixão, misericórdia e bons conselhos, como fez o Senhor Jesus no Evangelho de hoje ao curar o paralítico à beira da piscina de Betesda.

4. Por outro lado, nos mostra também a atitude intolerante daqueles que vivem uma fé meramente legalista e inquisitória em que não há espaço para as virtudes nem para o respeito à liberdade dos outros. De fato, uma alma legalista repleta de falsos juízos, tende sempre a condenar os outros, por isso, nem percebe que se condena à si mesma.

5. Com efeito, quando pela oração e as outras práticas piedosas procuramos viver não presença do Senhor, eliminamos de nossas mentes as distrações, os juízos temerários, o egoísmo e as outras práticas nefastas que nos tira da Sua presença, por ocupar os espaços que somente à Ele pertence em nossas almas.

6. Portanto, caríssimos, quem perde tempo bisbilhotando a vida dos outros dificilmente se santifica, porque tempo é vida, e quem dá tempo a Deus recebe todas as graças e bênçãos, e com elas a vida eterna; mas, quem tira o tempo de Deus para dar à outras coisas que não são Dele, nada
tem além do tempo perdido e do vazio existencial advindo de tal desvario.

7. Por isso, disse São Paulo: "Não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo colheremos, se não relaxarmos. Por isso, enquanto temos tempo, façamos o bem a todos os homens, mas particularmente aos irmãos na fé." (Gl 6,9-10).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

segunda-feira, 31 de março de 2025

Fé, oração e perseverança, virtudes que alcança todas as graças...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 4,43-54)(31/03/25)


1. Caríssimos, o dom de acreditar no Senhor Jesus é transformador e não precisa de sinais milagrosos para isto, porque é um dom inato; todavia, quando potencializado pelo poder da Sua Palavra, é capaz de transportar montanhas, realizar prodígios e milagres, ressuscitar mortos; e principalmente anunciar o Reino de Deus e a sua justiça.

2. Ora, é nisto que consiste o poder da fé, dar lugar ao Senhor Jesus para que mude a nossa vida transformando a nossa mentalidade e o nosso modo de ser; de homens e mulheres sem o senso da eternidade, em filhos e filhas de Deus a caminho do Reino dos Céus seguindo os seus passos, pela prática da Sua Palavra.

3. No Evangelho de hoje um funcionário real vem até Jesus pedindo-lhe para que cure seu filho gravemente enfermo, ao que o Senhor respondeu: “Se não virdes sinais e prodígios, não acreditais”. Mas, ele insistiu: “Senhor, desce, antes que meu filho morra!” Jesus lhe disse: “Podes ir, teu filho está vivo”.

4. "Enquanto descia para Cafarnaum, seus empregados foram ao seu encontro, dizendo que o seu filho estava vivo. O funcionário perguntou a que horas o menino tinha melhorado. Eles responderam: “A febre desapareceu, ontem, pela uma da tarde”. O pai verificou que tinha sido exatamente na mesma hora em que Jesus lhe havia dito: “Teu filho está vivo”. Então, ele abraçou a fé, juntamente com toda a sua família."

5. Com efeito, este sinal que o Senhor Jesus realizou, curou não somente o filho do funcionário real, mas, também sua alma atingida pela dor e toda a sua família, nos dando a compreenção de que a sua Palavra tem o poder de nos curar de todos os males físicos, psíquicos, morais e espirituais, e de nos libertar do poder da morte. 

6. Então, o que aprendemos deste episódio? A fé é dom de Deus, e Ele já nos criou com ela, porém, precisamos pô-la em prática para que se cumpra a sua Vontade. De fato, conhecemos nossa fragilidade e impotência diante dos males que nos atinge, por isso mesmo, buscamos o seu socorro divino para recebermos a graça que tanto precisamos. 

7. Destarte, meditemos esta exortação do Diário de Santa Faustina: “É pela oração que a alma se arma para toda espécie de combate. Em qualquer estado em que se encontre, a alma deve rezar. Tem que rezar a alma pura e bela, porque de outra forma perderia a sua beleza; deve rezar a alma que está buscando essa pureza, porque de outra forma não a atingiria. 

8. Deve rezar a alma recém-convertida, porque de outra forma cairia novamente; deve rezar a alma pecadora, atolada em pecados, para que possa levantar-se. E não existe uma só alma que não tenha a necessidade de rezar, porque toda a graça provém da oração” (Diário de Santa Faustina, 146).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

domingo, 30 de março de 2025

A conversão é um processo constante de arrependimento e purificação...


 Homilia do 4°Dom da Quaresma (Lc 15,1-3.11-32)(30/03/25)

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1. Caríssimos, o 4° Domingo da Quaresma é também chamado "Laetare" que significa alegria, pois nele se faz memória da libertação do povo eleito que deixa seu êxodo e toma posse da terra prometida. Para nós que fazemos parte do povo eleito em Cristo, nos alegramos com a proximidade da Páscoa que é a nossa libertação do pecado e da morte, em que tomamos posse da vida eterna advinda da Ressurreição do Senhor.
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2. A primeira leitura traz a memória da primeira Páscoa que o povo Hebreu celebrou na terra prometida; e ela começa com a proclamação desse fato histórico como meditamos nas palavras do Senhor ditas à Josué: “Hoje tirei de cima de vós o opróbrio do Egito”.

3. Na segunda leitura São Paulo faz memória da nossa libertação em Cristo e convoca a todos os que ainda não a experimentaram à retornarem do cativeiro do pecado à misericórdia e ao perdão que o Senhor oferece a todos aqueles que se convertem.
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4. O Evangelho de hoje dá um banho de misericórdia em nossas almas, pois nele o Senhor Jesus conta a parábola do Pai misericordioso que ama seus filhos mesmo quando estes se afastam do seu convívio e do seu amor. Façamos, então, uma analogia entre os personagens desta parábola e nós que vivemos nosso êxodo em meio ao deserto deste mundo.
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5. O Pai misericordioso é Deus que cheio de compaixão espera com paciência a volta dos filhos pródigos que se apossaram da herança da vida e a estragam por meio dos pecados que os levam à mais triste condição, ou seja, à ausência do aconchego de seu Pai. 

6. Todavia, felizes são aqueles que como o filho da parábola se arrependem e voltam para o nosso Pai celestial contritos de coração. O segundo filho, representa aqueles que vivem de algum modo a fé, mas se tornam intransigentes e não aceitam a volta dos filhos pródigos por julga-los e condena-los sem nenhuma compaixão.

7. Também com estes Deus mantém a sua atitude misericordiosa, dizendo-lhes: "Filho, tu estás sempre comigo, e tudo o que é meu é teu. Mas era preciso festejar e alegrar-nos, porque este teu irmão estava morto e tornou a viver; estava perdido, e foi encontrado". 

8. E com isso, Ele nos ensina "que há mais alegria no céu por um só pecador que se converte do que por noventa e nove justos que não precisam de conversão, bem como nos ensina são Tiago: "Falai, pois, de tal modo e de tal modo procedei, como se estivésseis para ser julgados pela lei da liberdade. Haverá juízo sem misericórdia para aquele que não usou de misericórdia. A misericórdia triunfa sobre o julgamento." (Tg 2,12-13). 
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

sábado, 29 de março de 2025

Como fazemos as nossas orações?


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Lc 18,9-14)(29/03/25)

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1. Caríssimos, a quaresima é o tempo favorável para o nosso retiro pessoal onde nos encontramos com Deus, nosso Pai e nos entregamos à Ele para o bem de todos, porque quem convive bem com Deus, convive bem consigo mesmo e com todos. 

2. Com efeito, cada retiro que fazemos é um exercício espiritual de conversão que nos proporciona o crescimento na graça e no conhecimento da vontade do Senhor que por sua vez nos conduz à partilhar esses dons com os demais irmãos e irmãs por meio da vivência da fé.
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3. Mas, atenção, para não perdermos o sentido essencial do retiro que é a nossa permanência no Senhor para assim o transparecer por meio de nossos atos; pois, se sedermos à tentação de axaltarmos à nós mesmos e não ao Senhor, como vimos no Evangelho de hoje, cairemos no pecado da presunção e não colheremos nenhum fruto de conversão.
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4. De fato, a oração não é meio para exaltação de si mesmo ou de pretensas virtudes, mas de comunhão com o amor de Deus reconhecendo que tudo pertence a Ele e que não somos dignos nem de erguer a cabeça para o Seu Altar uma vez que somos pecadores em busca de Sua Divina Misericórdia.

5. Portanto, caríssimos, "Mais vale um pecador humilde que um justo orgulhoso, porque, quando se humilha, o pecador deixa de o ser; e, quando o justo se torna orgulhoso, deixa de ser justo. Por isso, não devemos nos gloriar das nossas obras, mas confiar humildemente na graça de Deus." (Ludolfo de Saxe (sec.XIV), dominicano, depois cartuxo de Estrasburgo) 
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6. Oremos: Senhor aqui estamos para nos depositar em tuas mãos, sabemos que a vida natural é curta, mas nessa nossa naturalidade podemos fazer a tua vontade e vivê-la para além do tempo por toda a eternidade junto de Ti a quem amamos incondicionalmente. 

7. Por isso, Senhor, faz de nós instrumentos do teu amor e da tua bondade para que te glorifiquemos neste mundo e no mundo vindouro, isto é, o teu Reino. Pedimos-te humildemente, recebe a nossa disponibilidade para que a verdade e a humildade prevaleça em todos os sentidos de nossa vida. Amém!
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

sexta-feira, 28 de março de 2025

Como corresponder ao amor de Deus por nós?


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mc 12,28b-34)(28/03/25)


1. Caríssimos, a liturgia de hoje discorre sobre o mandamento do amor que é o fundamento da Lei, dos Profetas e do Evangelho. Eis como são João define o amor de Deus por nós: "Nisto consiste o amor: não em termos nós amado a Deus, mas em ter-nos ele amado, e enviado o seu Filho para expiar os nossos pecados. 

2. Nós conhecemos e cremos no amor que Deus tem para conosco. Deus é amor, e quem permanece no amor permanece em Deus e Deus nele. (1Jo 4,10.16). A prática da nossa fé é uma conexão direta com o amor de Deus que não é apenas afeto, mas a essência da nossa vida. 

3. Na primeira leitura, por meio do Profeta Oséias, Deus faz um apelo para que seu povo deixe o pecado e volte para Ele que é misericordioso; do mesmo modo o Senhor diz à todos os que estão afastados da fé, vivendo em regiões desertas, ou seja, angustiados por causa dos muitos pecados que têm cometido. 

4. Eis como devemos nos dirigir a Ele por meio do arrependimento sincero e das súplicas acompanhadas do profundo desejo de sermos perdoados: "Livra-nos de todo o mal e aceita este bem que oferecemos; o fruto de nossos lábios."

5. Decerto, por meio das leituras deste dia o Senhor se dirige à nós seus filhos e filhas com a ternura de um Deus apaixonado nos dando a graça de ama-lo prontamente de todo coração, como Jesus nos ensinou com a sua obediência incondicional e com a certeza de que o amor do Pai por nós é total e definitivo. 

6. Sem dúvida, precisamos experimentar o amor de Deus e corresponder à Ele de todo o coração numa entrega total, pois, à medida que assim correspondemos, sentimos a ação da sua graça em nossas almas nos transformando suavemente para partilharmos o seu amor com aqueles que encontramos no nosso dia a dia.

7. No seu colóquio com o mestre da Lei no Evangelho de hoje o Senhor Jesus viu que ele tinha respondido com inteligência, e disse: “Tu não estás longe do Reino de Deus”. De fato, ao escutarmos essa resposta, entendemos como devemos corresponder ao seu amor demonstrado por nós no seu sacrifício de cruz. 

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

quinta-feira, 27 de março de 2025

"Quem não está comigo está contra mim. E quem não recolhe comigo, dispersa”.

 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Lc 11,14-23)(27/03/25)

2. Caríssimos, a liturgia de hoje nos mostra a guerra, o conflito espiritual que estamos vivendo no tempo e para além do tempo, pois no fim desse conflito, haverá o viver eterno como prêmio para os justos; e como pena para os perversos que fizeram de sua vida e da vida dos outros um inferno, não obstante, os santos ensinamentos recebidos de nosso Senhor Jesus Cristo.

3. De fato, fomos criados "à imagem e semelhança de Deus" para vivermos na Sua presença neste paraíso que nos foi dado; mas, por causa do pecado que permitimos entrar em nossa vida, tudo o que era suave, ameno, sereno e agradável, tornou-se veneno mortífero, dor, sofrimento, agonia e morte. Por isso, enquanto não houver arrependimento sincero e conversão não haverá salvação para os que insistem na prática do mal.

4. No Evangelho de hoje o Senhor Jesus expulsa o demônio de um mudo, mas foi criticado e acusado de fazer isso por meio da ação do maligno; ao que Ele respondeu: “Todo reino dividido contra si mesmo será destruído; e cairá uma casa por cima da outra." 

5. Ora, se o mal luta contra si mesmo, por si mesmo se distroe, desse modo, muito se engana quem atribue ao Senhor o que não é dele. Ou seja, a calúnia é um atentado contra a verdade; e quem atenta contra a verdade perde sempre. Pois, como disse o Senhor: "Quem não está comigo está contra mim. E quem não recolhe comigo, dispersa”.

6. São Paulo na sua Carta aos Romanos, nos ensina como ter um verdadeiro discernimento: "Eu vos exorto, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, a oferecerdes vossos corpos em sacrifício vivo, santo, agradável a Deus: é este o vosso culto espiritual. 

7. Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso espírito, para que possais discernir qual é a vontade de Deus, o que é bom, o que lhe agrada e o que é perfeito." (Rm 12,1-2). Ou seja, quem não se deixa conduzir pelo Espírito de Deus não entrará no Reino dos Céus. 

8. Portanto, caríssimos, uma vez que estamos nos preparando para o juízo final, depois de nossa estadia neste mundo, se faz jus que sigamos os passos de nosso Senhor Jesus Cristo, quais ovelhas do seu rebanho, como ele mesmo disse: "As minhas ovelhas ouvem a minha voz, eu as conheço e elas me seguem." (Jo 10,27).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

terça-feira, 25 de março de 2025

Solenidade da Anunciação do Senhor...


 Solenidade da Encarnação do Senhor (Lc 1,26-38)(25/03/25).


1. Caríssimos, a nossa participação no mistério da salvação é única e direta, porque é realização da vontade de Deus que nos chama, como chamou Maria Santíssima e lhe deu as evidências que pedira confirmando o seu sim, para que se cumprisse nela todas as suas promessas. 

2. De fato, é maravilhoso contemplar o mistério da presença de Deus entre nós, pela ação direta do Espírito Santo no seio da Virgem Mãe.
No credo que recitamos na missa domenical, seguindo a liturgia, nos ajoelhamos ou inclinamos a cabeça ao rezarmos: "E o verbo se fez carne e habitou entre nós por obra e graça do Espírito Santo no seio da Virgem Maria." 

3. Decerto, fazemos esse gesto porque Deus escondido e inacessível se faz realmente presente no meio de nós, por isso, o chamamos Emanuel, Deus conosco. Desse modo, encarnação do Senhor Jesus é a concretização do plano de Deus para a nossa salvação. 

4. De fato, a partir do sim de Maria, se tornou possível a realização do Mistério da Encarnação do Verbo de Deus; pois, como o mistério da iniquidade entrou na criação por conta da participação dos nossos primeiros pais; com muito mais razão o mistério da nossa salvação teve na cooperação de Maria a participação necessária para vinda do Filho de Deus, o qual obedeceu em tudo ao Pai, para nos fazer participantes da sua natureza divina (cf. 2Pd 1,3-4).

5. Desse modo, Maria Santíssima se tornou morada permanente do Deus conosco, o Emanuel; e pela ação do Espírito Santo, Ele é carne de sua carne e sangue do seu sangue, por isso, ninguém neste mundo se iguala à perfeição que Dele recebeu por sua participação direta nesse Mistério, que nos trouxe a vida eterna. De fato, pelo seu sim Deus fez nova todas as coisas (cf. Ap 21,14). 

6. Portanto, caríssimos, não tem como contemplar Jesus sem ver Nele Maria, nem tem como olhar para Maria sem ver Jesus presente nela. Por isso, todos os acontecimentos que se deram a partir da sua Encarnação, tem no sim incondicional de Maria o fundamento e a realização, ou seja, a vontade de Maria nada mais é do que a vontade de Deus nela.

7. Oremos: "Ó Deus, quisestes que vosso Verbo se fizesse homem no seio da virgem Maria; dai-nos participar da divindade do nosso redentor, que proclamamos verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo." Amém! 

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

domingo, 23 de março de 2025

Homilia do 3°Dom da Quaresma...


 Homilia do 3°Dom da Quaresma  (Lc 13,1-9)(23/03/25)

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1. Carissimos, essa liturgia de hoje está repleta de lições de vida que o Senhor nos ensina para atingirmos a perfeição das virtudes eternas do Seu Reino. Na primeira leitura Moisés ao contemplar a presença do Senhor que lhe apareceu na sarça ardente, entendeu que tudo muda em nossa história de vida quando damos ao Senhor o lugar que lhe é devido nela. 

2. Nesse encontro o Senhor revelou que tudo o que comporta a Sua Presença é santo, em especial a nossa vida. Pois, carregamos o seu DNA em nosso corpo e em nossa alma, porque nos criou "à sua imagem e semelhança". Por isso, em seus desígnios de amor, mediante o batismo, nos tornou seus filhos e filhas. 
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3. Na segunda leitura São Paulo faz uma analogia entre os acontecimentos do Êxodo do povo eleito e Cristo, dizendo que aqueles acontecimentos eram prefiguração da vinda do Senhor e que era Deus mesmo que os conduzia por meio de Moisés. 

4. Também nós hoje estamos em pleno êxodo, isto é, atravessando o deserto deste mundo à caminho do Reino dos Céus, e é o Senhor quem nos conduz no seio da Sua Santa Igreja, por meio do santo Padre, o Papa Francisco.
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5. Todavia, muita atenção, ao que nos exorta São Paulo ainda na segunda leitura: "Esses fatos aconteceram para servirem de exemplos para nós, a fim de que não desejemos coisas más, como fizeram aqueles no deserto. 

6. Não murmureis, como alguns deles murmuraram, e, por isso, foram mortos pelo anjo exterminador. Portanto, quem julga estar de pé tome cuidado para não cair." Ou seja, "Deixai-vos conduzir pelo Espírito, e não satisfareis os apetites da carne." A carne significa a própria vontade.
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7. No Evangelho de hoje, algumas pessoas trouxeram ao Senhor Jesus a notícia do assassinato de alguns galileus por parte do governante Pôncio Pilatos, ao que o Senhor respondeu: “Vós pensais que esses galileus eram mais pecadores do que todos os outros galileus, por terem sofrido tal coisa? Eu vos digo que não. Mas, se vós não vos converterdes, ireis morrer todos do mesmo modo."
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8. Sem dúvidas, as tragédias e as injustiças que aqui presenciamos são para nós motivo de arrependimento e de conversão, para voltarmos ao estado de graça, isto é, a comunhão com o Senhor. Por isso, precisamos nos converter urgentemente, caso contrário, iremos morrer. De fato, o pecado é a maior causa de morte que existe. Deus, porém, tem tudo sob controle, e nada foge ao seu juízo. Por isso, quem morre e ressuscita com Cristo tem Nele a vida eterna. 

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria, OFMConv.

sábado, 22 de março de 2025

Somos filhos pródigos que estamos voltando para Deus, nosso Pai celestial...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Lc 15,1-3.11-32)(22/03/25)


1. Caríssimos, Deus é Deus, e Nele não há mudança alguma (cf. Tg 1,18). E mesmo que os homens pequem, Ele continua a nos amar, porque é misericordioso e tem compaixão de nossas misérias. Todavia, como o filho mais novo da parábola contada por Jesus, precisamos nos arrepender de coração e voltar para Ele que está sempre disposto a nos perdoar e nos receber no aconchego da sua misericórdia e do seu amor.

2. Com isso, entendemos que arrepender-se e converter-se é voltar ao seu convívio e Nele permanecer sob Sua proteção. Por isso, esforcemo-nos para não perdermos o estado de graça por nada deste mundo, isto é, nunca nos deixemos escravizar pelo pecado, pois, como disse o Senhor: "Todo homem que se entrega ao pecado é seu escravo." (Jo 8,34b). 

3. Então, quais lições que tiramos desta parábola para pormos em prática e vivermos em comunhão com o Senhor? O pecado é uma brutalidade contra Deus e contra próximo; porém, atinge primeiramente a quem o comete; e depois aos que sofrem por causa dele.

4. No entanto, para o pecador que se arrepende de coração, e se converte, existe o Sacramento da penitência ou reconciliação, para que perdoado volte a usufruir dos bens eternos que havia perdido ao se afastar de Deus pelo mal praticado. De fato, o pecado é tão maléfico que foi preciso o Sangue de Cristo para apaga-lo (cf. Hb 9,13-14).

5. Portanto, caríssimos, a Parábola do filho pródigo revela quem somos quando vivemos na presença de Deus, nosso Pai, usufruindo de todos os seus bens; mas também mostra o que nos tornamos quando o abandonamos para viver a falsa liberdade que os prazeres deste mundo oferece, e que não passam de ilusões momentâneas. 

6. Destarte, o arrependimento é uma porta aberta que nos leva a experimentar a Infinita misericórdia de Deus que nos ama, nos perdoa e nos liberta de todos os nossos pecados. Rezemos então com verdadeiro arrependimento, esta oração do filho pródigo: 'Meu pai, pequei contra Deus e contra ti. Já não mereço ser chamado teu filho'. Trata-me como a um dos teus empregados'." Amém!

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

quinta-feira, 20 de março de 2025

O TEMPO E A ETERNIDADE DA VIDA...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Lc 16,19-32)(20/03/25)


1. Amados irmãos e irmãs, a vida humana neste mundo se comparada à vida eterna, é mesmo que nada. Entretanto no viver nosso de cada dia estamos sempre interagindo com nós mesmos, com os outros, as coisas deste mundo, com Deus, e com as tentações que chegam a nossa mente. Todavia, como nós lidamos com isso?

2. O fato é que não vivemos somente para nós mesmos, mas para Deus que nos criou por amor; e também para aqueles que encontramos no nosso dia a dia; ou então para o maligno quando deixamos que ele entre em nossa vida pelos pecados que praticamos contra Deus, contra os outros, e contra nós.

3. Por isso, não podemos esquecer que o primeiro lugar em nosso viver pertence somente a Deus e a mais ninguém, e se damos a Ele o primeiro lugar é porque o amamos sobre todas as coisas, como Ele nos ensinou no primeiro mandamento.

4. Com efeito, não estamos neste mundo como juízes uns dos outros, mas como irmãos que nos amamos como o Senhor nos ensinou; pois somente Deus é o único juiz de todos; Justo, Santo, Eterno, e os critérios pelos quais nos julgará são Dele e não nossos; desse modo, diante de Deus ninguém poderá se justificar, porque Ele nos conhece totalmente. 

5. É bem como nos ensina a Carta aos Hebreus: "Porque a palavra de Deus é viva, eficaz, mais penetrante do que uma espada de dois gumes e atinge até a divisão da alma e do corpo, das juntas e medulas, e discerne os pensamentos e intenções do coração. Nenhuma criatura lhe é invisível. Tudo é nu e descoberto aos olhos daquele a quem havemos de prestar contas." (Hb 4,12-13).

6. Todavia nos perguntemos diante de Deus. Senhor quem levamos aos nossos irmãos e irmãs? Levamos a ti e as tuas Palavras eternas ou levamos a nós mesmos e os nossos pecados? As Palavras que dizemos levam as pessoas a Ti ou as afastam de Ti?

7. Será que somos capazes de afirmar como São Paulo: "Tornai-vos os meus imitadores, como eu o sou de Cristo." E ainda: "O que aprendestes, recebestes, ouvistes e observastes em mim, isto praticai, e o Deus da paz estará convosco." (Fl 4,9)?

8. Portanto, caríssimos, não pensemos que a eternidade que esperamos acontecerá somente depois da morte natural; na verdade, a nossa eternidade já vivemos no tempo que Deus nos deu para fazermos em tudo a sua Santa Vontade, porque para Ele tudo é eterno, por isso, ninguém pode parar ou apagar tempo.

9. Destarte, não percamos o tempo que Deus nos deu, ao contrário, consagremos todo o nosso tempo a Ele; porque tempo é vida e quem perde tempo com as distrações deste mundo, perde também a vida e todas as graças recebidas para vivermos na sua presença.

10. Em suma, pensando bem, nós somos as pessoas mais felizes deste mundo, porque vivemos por Cristo, com Cristo e em Cristo, conduzidos pelo Espírito Santo para fazermos a vontade de Deus, nosso Pai; e a vontade de Deus é amor, bondade, justica, santidade, misericórdia, perdão e todas as outras virtudes presentes em nossas almas. 

11. De fato, Deus não nos pede o impossível para segui-lo, mas apenas o que está ao nosso alcance para obedece-lo. Peçamos a Santíssima Virgem Maria e a seu esposo são José que nos ajude a seguir o seu Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, no caminho que nos leva ao céu.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv. 

quarta-feira, 19 de março de 2025

Glorioso São José, rogai por nós...

Solenidade de São José esposo da Virgem Maria. (Mt 1,16.18-21.24a)(19/03/25).

1. Caríssimos irmãos e irmãs, celebrar a Solidariedade de São José se reveste de uma imensa alegria porque de todos os santos bíblicos, creio que São José seja o mais silencioso; dele só vemos o serviço prestado numa simplicidade única, feita de profunda escuta e obediência perfeita à vontade de Deus. 

2. Por isso, São José, foi sempre agradável a Deus por sua fé oblativa e humilde disposição, como seu próprio nome diz: "Deus cumula de bens". De fato, o Senhor o cumulou de todos os seus bens para que realizasse seu plano de amor e salvação para toda humanidade.

3. Ora, ao contemplarmos a vida de São José, vemos nele o homem oblativo e silencioso que escuta o anjo do Senhor e obedece sua orientação na certeza de que estava ali para cumprir a vontade de Deus a respeito do Messias esperado e de sua missão salvífica.

4. Desse modo, depois de Maria Santíssima, São José foi o primeiro a conhecer o Messias, e prontamente assumir a sua paternidade terrena, guardando esse Segredo com sua esposa até o dia em que toda Jerusalém ficou sabendo por meio da visita dos reis magos. 

5. Imaginemos as dificuldades de deslocamento da Sagrada Família indo de Nazaré à cidade de Belém a fim de cumprir o decreto de recenseamento das autoridades políticas daquele tempo, com Maria prestes a dar a luz o seu Filho unigênito, Jesus Cristo, rei e Senhor do universo. 

Não foi fácil cobrir essa enorme distância em cima de uma mula, pois era o meio de transporte daquele tempo. 

6. De fato, a atuação de São José nesse e em todos os outros episódios da vida de Jesus e de Maria foi primordial. Realmente a Sagrada Família teve um fiel e justo condutor neste mundo. 

7. Vejamos, então, as vitudes divinas postas à disposição de São José para que cumprisse sua missão de pai adotivo do Filho de Deus: a oração perseverante, o silêncio sagrado, a perfeita obediência, a prudência e todas as outras virtudes necessárias ao serviço do Reino de Deus. Pois, são essas graças que o Senhor concede aos seus filhos e filhas à caminho de sua Glória Eterna. 

8. Oremos: "Deus todo-poderoso, pelas preces de São José, a quem confiastes as primícias da Igreja, concedei que ela possa levar à plenitude os mistérios da salvação. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo." Amém! 

Paz e Bem! 

Frei Fernando Maria OFMConv. 
 

segunda-feira, 17 de março de 2025

CUIDADO COM O FERMENTO FARISAICO...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 23,1-12)(18/03/25)


1. Caríssimos, desde a criação do mundo que Deus nos deu a obediência como meio de vivermos unidos a Ele e desse modo participarmos da Sua Natureza Divina, como seus filhos e filhas. Ocorre que ao quebrar essa aliança de amor com o Senhor pela desobediência, nossos primeiros pais, perderam o estado de graça e a plena amizade com Ele, e isso causou os desequilíbrios que vemos assolar toda a criação.
2. No entanto, porque Deus nos ama desde toda eternidade, não levando em conta a desobediência dos nossos primeiros pais, enviou o Seu Filho amado, nosso Senhor Jesus Cristo, para nos libertar da maldição do pecado. Bem como disse o Profeta Isaías: "Ele tomou sobre si nossas enfermidades, e carregou os nossos sofrimentos". (Is 53,4a)
3. Em outras palavras, carregou as consequências da nossa desobediência, para unir a nossa natureza humana decaída à Sua natureza divina redentora, e assim voltarmos à perfeita obediência que os nossos primeiros pais haviam perdido.
4. Então, como entender tão Sublime amor de Deus por nós? Basta olharmos Cristo crucificado para compreender que foi por seu sofrimento e morte cruenta que Ele nos libertou das cadeias do pecado, do poder do maligno e do inferno, ao custo do derramamento do Seu preciosíssimo Sangue.
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5. Desse modo, ao permanecermos unidos a Ele pela obediência à Sua Palavra, pela vivência dos Sacramentos, o amor a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos, nos tornamos seus discípulos e percorremos com Ele a via da perfeição eterna que nos leva ao céu.
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6. No Evangelho de hoje o Senhor Jesus nos faz uma alerta: “Os mestres da Lei e os fariseus têm autoridade para interpretar a Lei de Moisés. Por isso, deveis fazer e observar tudo o que eles dizem. Mas não imiteis suas ações! Pois eles falam e não praticam. 

7. Amarram pesados fardos e os colocam nos ombros dos outros, mas eles mesmos não estão dispostos a move-los, nem sequer com um dedo.” (Mt 23,2-4). Ou seja, a prática da fé se traduz pelo exemplo de vida, e não pela aparência ou superficialidade estéril. 

8. Vejamos, pois, o que escreveu são Paulo a esse respeito: "Tornai-vos os meus imitadores, como eu o sou de Cristo. O que aprendestes, recebestes, ouvistes e observastes em mim, isto praticai, e o Deus da paz estará convosco." (1Cor 11,1; Fl 2,9).
9. Portanto, caríssimos, muito cuidado com o fermento farisáico, pois ele não passa de uma armadilha traiçoeira. Destarte, busquemos viver interiormente as graças e bênçãos que de Deus recebemos, pois é isso que nos faz unidos a Ele, para sermos santos como Ele é Santo.
Paz e Bem!
Frei Fernando Maria OFMConv

SEDE MISERICORDIOSOS...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Lc 6,36-38)(17/03/25)

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1. Caríssimos, a obediência é o fundamento de nossa permanente comunhão com o Senhor; é isso o que nos ensina a primeira leitura de hoje onde o Profeta Daniel reconhece que foi por causa da desobediência do povo eleito que o exílio se abateu sobre eles. 
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2. Eis a sua oração: "Senhor, temos pecado, temos praticado a injustiça e a impiedade, temos sido rebeldes, afastando-nos de teus mandamentos e de tua lei; não temos prestado ouvidos a teus servos, os profetas, que, em teu nome, falaram a nossos reis e príncipes, a nossos antepassados e a todo o povo do país."
3. De fato, a obediência ou a desobediência se faz presente em todos os sentidos de nossa vida, de modo que quando não obedecemos ao Senhor, seguimos o maligno em sua desobediência e nos tornamos seus escravos, porque ele se esconde nos pecados praticados e o resultado disso é sempre doloroso uma vez que no pecado nada de bom existe.
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4. Ora, as tentações nada mais são do que a voz do maligno falando espiritualmente por meio dos maus pensamentos que chegam à nossa mente; de uma coisa, porém, fiquemos certos, todas as tentações dependem sempre das escolhas e decisões do nosso livre arbítrio. 
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5. De forma que, se dissermos não a elas, estaremos dizendo sim a Deus que nos fala por meio da verdade que se encontra gravada em nossas almas desde a nossa concepção, pois fomos criados à imagem e semelhança de Deus para vivermos em permanente comunhão com Ele. 
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6. Portanto, caríssimos, uma das tentações mais frequentes que chega à nossa mente é o julgamento do próximo, ou seja, o juízo que se faz dos outros seja por preconceitos morais ou ideológicos. Ora, essa é a via que o maligno usa para destruir a paz interior de nossas almas, porque as põe contra a misericórdia divina, como vimos no Evangelho de hoje. 
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7. Destarte, quando uma alma não é misericordiosa ela perde de imediato a comunhão com o Senhor que é misericordioso e sempre nos perdoa. O fato de julgarmos uns aos outros, revela a ausência da graça de Deus em nós, e com isso deixamos da amar para cultivar rancores e máguas que é um castigo que damos a nós mesmos quando julgamos.
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

domingo, 16 de março de 2025

Precisamos deixar este mundo e o seu barulho...


 Homilia do 2°Dom da Quaresma (Lc 9,28b-36)(16/03/25)

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1. Caríssimos irmãos e irmãs, a aliança de Deus com Abraão é a aliança de Deus com a humanidade, selada com o selo da fé, dom do Espírito Santo, dado a Abraão no seu encontro com o Senhor como vimos na primeira leitura. 
2. Decerto, hoje nós temos a fé que temos porque Abraão a transmitiu à todas as gerações por meio de sua decedência que tornou-se portadora do Espírito Santo e de todas as graças necessárias para a nossa salvação. 
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3. Com efeito, todas as graças recebidas até hoje pela humanidade tem na experiência da fé abraamica seu fundamento isso porque por meio da fé tudo é possível alcançar, como o Senhor mesmo nos ensinou (cf. Mc 9,23). 
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4. Sem dúvida, o verdadeiro entendimento das coisas de Deus só é possível aos que creem e seguem fielmente os seus mandamentos, porque é pela obediência da fé amamos o Senhor e Dele recebemos a purificação dos nossos pecados e a santificação das nossas almas.
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5. A vivência da fé passa pela experiência mística que é um abandonar-se em Deus numa entrega total; é vê naturalmente o invisível Divino; mas isso é dom, é graça concedida aos que o Senhor escolhe com essa finalidade, como vimos no Evangelho de hoje; eram doze os Apóstolos, porém, somente Pedro, João e Tiago alcançaram essa graça, no entanto, permaneceram em silêncio para depois da ressurreição do Senhor transmiti-la aos demais.
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6. Desse modo, compreendemos que a dinâmica do encontro com Deus tem no seguimento de Cristo a sua plenitude, pois é Ele que nos conduz ao Pai, como vimos nesse episódio da Transfiguração. Primeiro precisamos subir com o Senhor o Monte Tabor, isto é, deixar o mundo e seu barulho, para encontrar Deus no silêncio sagrado da oração. 
7. Segundo, tomar consciência da grandeza desse encontro como Pedro quando viu Jesus transfigurado, pleno de alegria, disse: "Senhor, é bom estarmos aqui"; terceiro, escutar à Voz do Pai: “Este é o meu Filho, o Escolhido. Escutai o que ele diz!” "Escutai aquele que vos abre o caminho do Céu e, através do suplício da cruz, vos prepara os degraus para ascenderdes ao Reino.
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8. Nestes três apóstolos, a Igreja inteira aprendeu tudo o que eles viram com os seus olhos e ouviram com os seus ouvidos (cf 1Jo 1,1). Que a fé de todos seja, pois, fortalecida pela pregação do Santo Evangelho e que ninguém se envergonhe da cruz de Cristo, pela qual o mundo foi redimido." 
(São Leão Magno (?-c. 461), papa, doutor da Igreja). 
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

sábado, 15 de março de 2025

Convicção, perseverança, desejo do céu...

 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 5,43-48)(15/03/25)

1. Caríssimos, a virtude da oração está sempre presente em todas as atividades do Senhor Jesus, e Ele a recomenda com o seu exemplo para todas as situações da nossa vida. De fato, a oração é como o ar que respiramos, ou seja, é a graça permanente que nos sustenta na prática da fé. 

2. É bem como meditamos no Evangelho segundo Lucas: "Propôs-lhes Jesus uma parábola para mostrar que é necessário orar sempre sem jamais deixar de fazê-lo. (Lc 18,1). E ainda: "Naqueles dias, Jesus retirou-se a uma montanha para rezar, e passou aí toda a noite orando a Deus." (Lc 6,12). 

3. Decerto, a oração é o lugar sagrado onde encontramos o Senhor e com Ele interagimos; felizes são aqueles que o encotram, o escutam e agem conforme lhes ensina, é bem como vimos nestas instruções que Moisés deu ao povo eleito na primeira leitura: 

4. “Hoje, o Senhor teu Deus te manda cumprir esses preceitos e decretos. Guarda-os e observa-os com todo o teu coração e com toda a tua alma... a fim de que sejas o povo santo do Senhor teu Deus, como ele prometeu”.

5. Então, quais virtudes nos ajudam a crescer nesse dom do Espírito Santo e que precisamos pedi-las insistentemente? A convicção de que estamos na presença de Deus, de que Ele nos ouve e nos respode; a perseverança na busca da sua vontade que nos leva a um viver santo; e o profundo desejo de que venha o seu reino de amor, justiça e paz.

6. Decerto, o sentido de toda oração é a perfeita comunhão com Deus aqui e por toda a eternidade. Como seria bom se puséssemos Deus no centro da nossa vida e das nossas decisões, como fez o seu Filho, nosso Senhor Jesus Cristo: "De mim mesmo não posso fazer coisa alguma. Julgo como ouço; e o meu julgamento é justo, porque não busco a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou." (Jo 5,30). 

7. Acontece que muitos se ocupam de tantas coisas, muitas das quais inúteis, e se esquecem da oração que nos leva à perfeita convivência com Deus; e com isso, passam a cultuar os ídolos que lhes convém. E o resultado nefasto desse desvario são as tragédias que vemos à todo instante, todos os dias. Sem dúvida, na mente em que não existe espaço para Deus, sobra espaço para o pecado, e os males que ele causa às almas.

8. Portanto, caríssimos, é por meio do dom da oração, que falamos com Deus e o escutamos; expomos nossas intenções e desejos e somos atendidos por Ele; desse modo, a nossa oração se torna portadora de todas as graças e bênçãos do Senhor, e chega a todos os lugares e pessoas por quem oramos, até mesmo àquelas que nos odeiam e nos perseguem.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

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