A PEDAGOGIA
DIVINA E A LÓGICA HUMANA...
A lógica de Deus não é a nossa, isto porque
a nossa lógica se baseia apenas nas leis naturais, enquanto a lógica divina tem
como fundamento a lei perfeita do amor. Em nossa lógica medimos tudo,
pontuamos, criamos regras, fórmulas, para obtermos os resultados desejados; em
Deus não há medida, não há fórmulas contingentes, mas há dois dons fundamentais
que nos ajuda a entender o agir divino em nosso favor. São eles, fé e obediência;
pela fé acreditamos nos santos mandamentos, que é a lei perfeita do amor, e que
nos leva a percorrer o caminho da perfeição; e a nossa obediência como
correspondência amorosa para que Sua teofania
(ação direta de Deus) plenifique nossa vida.
Eis o que a Sagrada Escritura nos ensina sobre
a pedagogia divina e a lógica humana:
“Buscai
o Senhor, já que ele se deixa encontrar; invocai-o, já que está perto. Renuncie
o malvado a seu comportamento, e o pecador a seus projetos; volte ao Senhor,
que dele terá piedade, e a nosso Deus que perdoa generosamente. Pois meus
pensamentos não são os vossos, e vosso modo de agir não é o meu, diz o Senhor;
mas tanto quanto o céu domina a terra, tanto é superior à vossa a minha conduta
e meus pensamentos ultrapassam os vossos. Tal como a chuva e a neve caem do céu
e para lá não volvem sem ter regado a terra, sem a ter fecundado, e feito
germinar as plantas, sem dar o grão a semear e o pão a comer, assim acontece à
palavra que minha boca profere: não volta sem ter produzido seu efeito, sem ter
executado minha vontade e cumprido sua missão”. (Is 55,6-11).
Desse modo compreendemos que a fé não é uma
teoria, mas uma prática que fundamenta o dom amor de Deus em nossa vida; e a
obediência é o dom que em nós acolhe a vontade do Senhor... Ou seja, a Palavra
de Deus dita se realiza, enquanto a vontade humana a segue por meio da fé e da
obediência; pois de Sua Palavra dependemos cem por cento, não somente nós, mas também
toda a criação... Então, sejamos testemunhas da Palavra Divina, pois só há
autenticidade no agir humano, quando ele tem como fundamento o que Deus fala e
faz...
Vejamos como se dá isso:
Irmãos,
também eu, quando fui ter convosco, não fui com o prestígio da eloquência nem
da sabedoria anunciar-vos o testemunho de Deus. Julguei não dever saber coisa
alguma entre vós, senão Jesus Cristo, e Jesus Cristo crucificado. Eu me
apresentei em vosso meio num estado de fraqueza, de desassossego e de temor. A
minha palavra e a minha pregação longe estavam da eloquência persuasiva da
sabedoria; eram, antes, uma demonstração do Espírito e do poder divino, para
que vossa fé não se baseasse na sabedoria dos homens, mas no poder de Deus.
Entretanto,
o que pregamos entre os perfeitos é uma sabedoria, porém não a sabedoria deste
mundo nem a dos grandes deste mundo, que são, aos olhos daquela,
desqualificados. Pregamos a sabedoria de Deus, misteriosa e secreta, que Deus
predeterminou antes de existir o tempo, para a nossa glória. Sabedoria que
nenhuma autoridade deste mundo conheceu (pois se a houvessem conhecido, não
teriam crucificado o Senhor da glória).
É
como está escrito: Coisas que os olhos não viram, nem os ouvidos ouviram, nem o
coração humano imaginou (Is 64,4), tais são os bens que Deus tem preparado para
aqueles que o amam. Todavia, Deus no-las revelou pelo seu Espírito, porque o
Espírito penetra tudo, mesmo as profundezas de Deus.
Pois
quem conhece as coisas que há no homem, senão o espírito do homem que nele
reside? Assim também as coisas de Deus ninguém as conhece, senão o Espírito de
Deus. Ora, nós não recebemos o espírito do mundo, mas sim o Espírito que vem de
Deus, que nos dá a conhecer as graças que Deus nos prodigalizou e que pregamos
numa linguagem que nos foi ensinada não pela sabedoria humana, mas pelo
Espírito, que exprime as coisas espirituais em termos espirituais.
Mas o
homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, pois para ele são
loucuras. Nem as pode compreender, porque é pelo Espírito que se devem
ponderar. O homem espiritual, ao contrário, julga todas as coisas e não é
julgado por ninguém. Por que quem conheceu o pensamento do Senhor, se
abalançará a instruí-lo (Is 40,13)? Nós, porém, temos o pensamento de Cristo. (1Cor 2).
Destarte, “Ó abismo de riqueza, de sabedoria e de ciência em Deus! Quão
impenetráveis são os seus juízos e inexploráveis os seus caminhos! Quem pode
compreender o pensamento do Senhor? Quem jamais foi o seu conselheiro? Quem lhe
deu primeiro, para que lhe seja retribuído? Dele, por ele e para ele são todas
as coisas. A ele a glória por toda a eternidade! Amém”. (Rom 11,33-36).
Paz e Bem!
Frei Fernando Maria,OFMConv.
PS: “Já
te foi dito, ó homem, o que convém, o que o Senhor reclama de ti: que pratiques
a justiça, que ames a bondade, e que andes com humildade diante do teu Deus.”
(Miq 6,8)

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