MARIA CONSERVAVA TUDO EM SEU CORAÇÃO
Maria refletia consigo mesma em tudo quanto
tinha conhecido, através do que lia, escutava e via; assim, progredia de modo
admirável na fé, na sabedoria e em méritos, e sua alma se inflamava cada vez
mais com o fogo da caridade! O conhecimento sempre mais profundo dos mistérios
celestes a enchia de alegria, fazia-lhe sentir a fecundidade do Espírito, a
atraía para Deus e a confirmava na sua humildade. Tais são os efeitos da graça
divina: eleva do mais humilde ao mais excelso e vai transformando a alma de
claridade em claridade.
Feliz o coração da Virgem que, pela luz do
Espírito que nela habitava, sempre e em tudo obedecia à vontade do Verbo de
Deus. Não se deixava guiar pelo seu próprio sentimento ou inclinação, mas
realizava, na sua atitude exterior, as insinuações internas da sabedoria inspiradas
na fé. De fato, convinha que a Sabedoria de Deus, ao edificar a Igreja para ser
o templo de sua morada, apresentasse Maria Santíssima como modelo de
cumprimento da lei, de purificação da alma, de verdadeira humildade e de
sacrifício espiritual.
Imita-a tu, ó alma fiel! Se queres
purificar-te espiritualmente e conseguir tirar as manchas do pecado, entra no
templo do teu coração. Aí Deus olha mais para a intenção do que para a exterioridade
de tudo quanto fazemos. Por isso, quer elevemos nosso espírito à contemplação,
a fim de repousarmos em Deus, quer nos exercitemos na prática das virtudes para
sermos úteis ao próximo com as nossas boas obras, façamos uma ou outra coisa de
maneira que só a caridade de Cristo nos impulsione. É este o sacrifício
perfeito da purificação espiritual, que não se oferece em templo feito por mão
humana, mas no templo do coração onde Cristo Senhor entra com alegria.
Paz e Bem!
Fonte: Dos Sermões de São Lourenço
Justiniano, bispo (Sermo 8, in festo Purificationis B.M.V.: Opera 2,
Venetis1751,38-39)
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