PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA
(Lc 9,18-22)(24/9/21)
Caríssimos, o caminho de fé de todo discípulo de Cristo, é reconhece-lo, não somente na sua humanidade, mas principalmente em sua Divindade, e permanecer unidos a Ele mesmo que a realidade queira dizer o contrário, ou seja, ainda que se apresente tentações, cruzes, sofrimentos e morte, porém, nada disso pode nos desanimar visto que o Senhor é a nossa segurança e salvação, contanto que permaneçamos fiéis a Ele até o fim.
De fato, este mundo por mais belo e perfeito que seja, vive em permanente desolação por conta dos pecados nele praticados, por isso, tem se tornado um vale de lágrimas repleto de dores, sofrimentos e morte, um antro de perdição, a cada passo dado para a sua consumação.
Juliana de Norwich, mística inglesa (Sec. XIV), assim escreveu no seu livro Revelações do divino amor: "Na minha ignorância, surpreendia-me que a profunda sabedoria de Deus não tivesse impedido o início do pecado; porque, se o tivesse feito, pensava eu, tudo estaria bem. Jesus respondeu-me: «O pecado é inelutável, mas tudo acabará em bem, tudo acabará em bem, todas as coisas, quaisquer que sejam, acabarão em bem».
Com esta pequena palavra «pecado», Nosso Senhor apresentou-me ao espírito tudo o que não é bom: o desprezo ignóbil e as provações extremas que sofreu por nós ao longo da sua vida e na sua morte; todos os sofrimentos e as dores, corporais e espirituais, de todas as suas criaturas.
Contemplando todos os sofrimentos que existiram ou existirão, compreendi que a Paixão de Cristo era o maior, o mais doloroso de todos, e que a todos ultrapassa. Mas não vi o pecado. Sei, pela fé, que ele não tem substância nem qualquer espécie de ser; só o podemos reconhecer pelo sofrimento que causa. Percebi que este sofrimento é temporário: ele purifica-nos, leva-nos a conhecer-nos a nós mesmos e a gritar por misericórdia.
A Paixão de Nosso Senhor fortifica-nos contra o pecado e o sofrimento: esta é a sua santa vontade. No seu terno amor por todos aqueles que serão salvos, Nosso Senhor reconforta-os pronta e suavemente, como se lhes dissesse: «É verdade que o pecado é a causa de todas estas dores, mas tudo acabará em bem: todas as coisas, quaisquer que sejam, acabarão em bem».
Ele disse-me estas palavras com grande ternura, sem a mínima censura. Nestas palavras, vi um mistério profundo e maravilhoso, oculto em Deus. Ele desvendará e nos fará conhecer esse mistério plenamente no Céu. Quando o conhecermos, entenderemos por que razão permitiu a vinda do pecado a este mundo. E, ao ver isto, regozijar-nos-emos por toda a eternidade."
Paz e Bem!
Frei Fernando Maria OFMConv.
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