PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 8,31-42)(20/3/24)
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1. Caríssimos, a vida nos foi dada, e o que estamos fazendo com esse dom tão precioso que recebemos de Deus? Vivendo para Ele ou para nós mesmos? De fato, o grande problema da humanidade, é o "eu"; quando o "eu" é o critério para tudo, pensa que não precisa dos critérios divinos para a salvação, ou seja, da obediência aos seus santos mandamentos.
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2. Ora, se o "eu" determina tudo, não precisa de Deus, nem de nenhum salvador; porém, quem assim vive, cai no egocentrismo e se perde nele, pois, nenhum rio é perene sem a fonte que o gera e o sustenta. Logo, percebemos que não passamos de um sopro de vida, e no dia em que esse sopro se esvai, voltamos naturalmente ao pó que somos se não permanecermos na graça de Deus.
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3. Na primeira leitura o rei Nabucodonosor achava que não existia nenhum Deus que não os seus, ou seja, era ele quem tudo determinava e se alguém não lhe seguisse o faria perecer sob a morte mais cruel. E no entanto a fé de três jovens lhe mostrou que só existe um Deus e nenhum outro fora Dele. Ou seja, sem Ele nenhum ser subexiste por si mesmo.
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4. No Evangelho de hoje os pretensos contraditores de Jesus não se contentaram ao ouvirem do Senhor que, quem Nele crê, encontra a verdadeira liberdade, porque se torna filho de Deus. Aliás, são João tratando desse assunto, escreveu: "Considerai com que amor nos amou o Pai, para que sejamos chamados filhos de Deus. E nós o somos de fato. Por isso, o mundo não nos conhece, porque não o conheceu.
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5. Caríssimos, desde agora somos filhos de Deus, mas não se manifestou ainda o que havemos de ser. Sabemos que, quando isto se manifestar, seremos semelhantes a Deus, porquanto o veremos como ele é. E todo aquele que nele tem esta esperança torna-se puro, como ele é puro." (1Jo 3,1-3).
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6. Portanto, caríssimos, aprendamos com o Senhor Jesus, pois a sua humildade nos ensina que dependemos de Deus cem por cento; bem como escreveu são Paulo:
"Dedicai-vos mutuamente a estima que se deve em Cristo Jesus.
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7. Sendo ele de condição divina, não se prevaleceu de sua igualdade com Deus, mas aniquilou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e assemelhando-se aos homens. E, sendo exteriormente reconhecido como homem, humilhou-se ainda mais, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz. (Fl 2,5-8).
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8. Comentando este Evangelho disse Mons Ângelo Spina: "No diálogo com Jesus, os judeus proclamam-se pessoas livres e filhos de Abraão. Protestam que nunca foram escravos de ninguém. Para Jesus, a liberdade e a escravidão são morais, enquanto os seus interlocutores entendem estes termos numa chave política.
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9. Jesus fala de escravidão e de liberdade moral em relação ao pecado. Ensina que a verdadeira escravidão é a de ordem religiosa: é escravo aquele que peca. Pertencer a Jesus significa deixar que a sua Palavra se torne vida em nós e a alma da nossa liberdade.
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10. Somente Ele, que é a liberdade em pessoa, nos pode tornar livres. Se continuarmos a pensar que podemos libertar a nós mesmos, continuaremos escravos. Muitas vezes damo-nos conta de que há coisas que nos escravizam, pensamos que só as podemos enfrentar com a nossa vontade e a nossa força, e os fracassos são evidentes.
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11. Acolher Jesus na nossa vida significa deixar que Ele nos dê a verdadeira liberdade, não por um ato mágico, mas pela força misteriosa e concreta do seu amor. Porque quando deixamos que o seu amor chegue ao nosso coração, então uma força maior do que a nossa, e uma vontade mais forte do que a nossa, atua em nós e fazemos a experiência de ser "livres de", para sermos "livres para". (D. Angelo Spina, arcebispo de Ancona - Osimo - Itália).
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.
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