POR AMOR DE CRISTO, PAULO TUDO SUPORTOU...
Das Homilias de São João Crisóstomo, bispo - (Hom.
2 de laudibus sancti Pauli: PG 50,447-480) (Séc.IV)
O que é o homem, quão grande é a dignidade da
nossa natureza e de quanta virtude é capaz a criatura humana, Paulo o
demonstrou mais do que qualquer outro. Cada dia ele subia mais alto e se
tornava mais ardente, cada dia lutava com energia sempre nova contra os perigos
que o ameaçavam. É o que depreendemos de suas próprias palavras: Esquecendo o
que fica para trás, eu me lanço para o que está na frente (cf. Fl 3,13).
Percebendo a morte iminente, convidava os outros a
comungarem da sua alegria, dizendo: Alegrai-vos e congratulai-vos comigo (Fl
2,18). Diante dos perigos, injúrias e opróbrios, igualmente se alegra e escreve
aos coríntios: Eu me comprazo nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades,
nas perseguições (2Cor 12,10); porque sendo estas, conforme declarava, as armas
da justiça, mostrava que delas lhe vinha um grande proveito.
Realmente, no meio das insídias dos inimigos,
conquistava contínuas vitórias triunfando de todos os seus assaltos. E em toda
parte, flagelado, coberto de injúrias e maldições, como se desfilasse num
cortejo triunfal, erguendo numerosos troféus, gloriava-se e dava graças a Deus,
dizendo: Graças sejam dadas a Deus que nos fez sempre triunfar (2Cor 2,14).
Por isso, corria ao encontro das humilhações e das
ofensas que suportava por causa da pregação, com mais entusiasmo do que nós
quando nos apressamos para alcançar o prazer das honrarias; aspirava mais pela
morte do que nós pela vida; ansiava mais pela pobreza do que nós pelas
riquezas; e desejava muito mais o trabalho sem descanso do que nós o descanso
depois do trabalho. Uma só coisa o amedrontava e fazia temer: ofender a Deus. E
uma única coisa desejava: agradar a Deus.
Só se alegrava no amor de Cristo, que era para ele
o maior de todos os bens; com isto julgava-se o mais feliz dos homens; sem
isto, de nada lhe valia ser amigo dos senhores e poderosos. Com este amor
preferia ser o último de todos, isto é, ser contado entre os réprobos, do que
encontrar-se no meio de homens famosos pela consideração e pela honra, mas
privados do amor de Cristo.
Para ele, o maior e único tormento consistia em
separar-se de semelhante amor; esta era a sua geena, o seu único castigo, o
infinito e intolerável suplício.
Em compensação, gozar do amor de Cristo era para
ele a vida, o mundo, o anjo, o presente, o futuro, o reino, a promessa, enfim,
todos os bens. Afora isto, nada tinha por triste ou alegre. De tudo o que
existe no mundo, nada lhe era agradável ou desagradável. Não se importava com
as coisas que admiramos, como se costuma desprezar a erva apodrecida. Para ele,
tanto os tiranos como as multidões enfurecidas eram como mosquitos. Considerava
como brinquedo de crianças os mil suplícios, os tormentos e a própria morte,
desde que pudesse sofrer alguma coisa por Cristo.
Responsório 1Tm 1,13b-14; 1Cor 15,9b
R. Consegui misericórdia porque agi por ignorância
e na incredulidade;
* Mas a graça do Senhor foi em mim mais que
abundante
com a fé e o amor que está em Jesus Cristo.
V. Não mereço ser chamado com o nome de apóstolo
pois cheguei a perseguir a Igreja do Senhor. *
Paz e Bem!
Fonte: http://www.liturgiadashoras.org/index.html
(25/01/2012).
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