São João Crisóstomo (c.
345-407), presbítero em Antioquia, depois bispo de Constantinopla, doutor da
Igreja - Homílias sobre a conversão, n°3, sobre a esmola
Acolher Cristo
Os pobres no adro da
igreja pedem esmola. Quanto dar? Cabe-vos a vós decidir; não fixarei montante,
a fim de vos evitar qualquer embaraço. Comprai na medida das vossas posses.
Tendes uma moeda? Comprai o céu! Não que o céu seja barato, mas é a bondade do
Senhor que o permite. Não tendes moedas? Dai-lhes um copo de água fresca. (Mt
10,42). [...]
Podemos adquirir o céu e
deixamos de o fazer! Por um pão que deis, recebereis o paraíso. Oferecei objetos
de pouco valor, e recebereis tesouros; oferecei as adversidades, e obtereis a
imortalidade; dai bens perecíveis, e recebereis em troca bens imperecíveis.
[...] Quando se trata dos bens perecíveis, revelais muita perspicácia; por que
manifestais tal indiferença quando se trata da vida eterna? [...] De resto,
podemos estabelecer um paralelo entre os vasos cheios de água que se encontram
à porta das igrejas para purificar as mãos e os pobres que estão sentados fora
do edifício para purificardes a vossa alma através deles. Lavastes as mãos na
água: da mesma maneira, lavai a alma através da esmola. [...]
Uma viúva, reduzida a uma
pobreza extrema, deu hospitalidade a Elias (1R 17,9ss): a sua indigência não a
impediu de o acolher com grande alegria. Então, em sinal de reconhecimento,
recebeu numerosos presentes, que simbolizavam o fruto do seu gesto. Este
exemplo talvez vos faça desejar acolher um Elias. Mas por que pedis Elias?
Proponho-vos o Senhor de Elias, e não lhe ofereceis hospitalidade. [...] Eis o
que Cristo, o Senhor do universo, nos diz: «Sempre que fizestes isto a um
destes Meus irmãos mais pequeninos, a Mim mesmo o fizestes» (Mt 25,40).
Paz e Bem!
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