CRÔNICAS DE MINHA ALMA: A SENSIBILIDADE DA FÉ...
A fé sensível é aquela com a qual o fiel tem a
percepção da presença divina e se mantém nela, traduzindo-a com seu viver. E de
onde nasce essa fé? Nos batizados, essa fé é dom carismático, ela nasce da efusão
do Espírito Santo quando do nosso batismo, conforme nos ensinou Jesus: “Em
verdade, em verdade te digo: quem não renascer da água e do Espírito não poderá
entrar no Reino de Deus”. (Jo 3,5). E ainda, "Quando vier o Paráclito, o
Espírito da Verdade, ensinar-vos-á toda a verdade, porque não falará por si
mesmo, mas dirá o que ouvir, e anunciar-vos-á as coisas que virão". (Jo
16,13).
Também podemos entender a sensibilidade da fé como
uma espécie de vigilância constante (cf. Mt 26,41), onde a alma se mantém na
escuta do Senhor a fim de executar os seus apelos de imediato. Podemos também
defini-la como dom de oração, conforme nos indicou São Lucas a respeito do
ensinamento de Jesus sobre a importância da oração: “Propôs-lhes Jesus uma
parábola para mostrar que é necessário orar sempre sem jamais deixar de
fazê-lo”. (Lc 18,1). Ou ainda como dom de intercessão, como nos ensinou São
Paulo: “Intensificai as vossas
invocações e súplicas. Orai em toda circunstância, pelo Espírito, no qual
perseverai em intensa vigília de súplica por todos os cristãos”. (Ef 6,18).
Vejamos alguns exemplos de sensibilidade da fé. De
nossa boca só pode sair a verdade, porque somos filhos da Verdade, por
isso, o que falamos, tem que ter a importância
de nossa salvação, conforme nos ensinou Jesus (cf. Mt 12,33-37). Então, que os
nossos pensamentos concordem com as palavras de nossa oração e com a prática
das virtudes, caso contrário, falamos apenas da “boca pra fora”, mas sem
proveito algum de nossa oração, porque toda oração que fizermos precisa ser conforme
a vontade de Deus para a nossa vida, caso contrário, não seremos escutados. (cf.
Is 29,13-15).
Outro exemplo de sensibilidade da fé: sabemos que
o tempo nos foi dando como um condutor para Deus, por isso, todo tempo que
temos é tempo de vivermos para Deus, porque é Deus quem nos dá todas as graças e
bênçãos para sermos felizes (cf. 2Cor 6,1-2). Mas, o que estamos fazendo com o
tempo que nos é dado? Muitos se esquecem de vivê-lo para Deus. Por exemplo, a
nossa participação na Santa Missa todo domingo e dias de festa, conforme o
mandamento do Senhor. Ora, muitos são os batizados, mas que não participam de
nada referente à vivência da fé; outros até participam da Santa Missa, mas
chegam frequentemente atrasados e mesmo assim vão comungar.
Outros ainda, têm tempo para os “amigos”, o
futebol, a televisão, e outros entretenimentos, mas não têm tempo para a
família, nem para rezar o santo Rosário ou ler a Sagrada Escritura, e muito
menos para participar de sua comunidade. Ou seja, têm tempo para quase tudo,
menos para Deus. O resultado é uma fé insensível, indiferente, frívola, etc., sem
prática alguma das virtudes, mas com uma tremenda inclinação para os vícios; e
os filhos, seguem o mesmo caminho da indiferença dos pais. Desse modo, as famílias
estão se desestruturando; a droga e o desvio comportamental estão imperando
entre os jovens, causando um sem número de viciados, pervertidos e mortos.
Por fim, o que mais posso falar sobre a
sensibilidade da fé? Homens e mulheres sensíveis à fé são aqueles que vivem da
fé, conforme nos falou o profeta Habacuc:
“Eis que
sucumbe o que não tem a alma íntegra, mas o justo vive por sua fidelidade”.
(Hab 2,4). Assim, eis o que diz o Senhor:
“Já te foi
dito, ó homem, o que convém, o que o Senhor reclama de ti: que pratiques a
justiça, que ames a bondade, e que andes com humildade diante do teu Deus”.
(Miq 6,8).
Paz e Bem!
Frei Fernando,OFMConv.
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