SÉRIE MEDITAÇÕES
CONHECENDO OS MANDAMENTOS...
Os Santos Mandamentos são Leis Divinas que
nos ensinam a verdade da fé e como devemos vive-la. Ora, todas as criaturas de
Deus já trazem implícitas suas leis naturais em seu código genético; e em sua
alma as leis divinas pelas quais conhecemos a Deus. Nossas almas têm três
propriedades essenciais, volitiva que corresponde à vontade, intelectiva que
corresponde à inteligência; e apetitiva que corresponde aos desejos. Essas três
propriedades são livres e é por elas que tomamos nossas decisões. Nada acontece
em nossa vida sem que antes decidamos, e, mesmo quando nos omitimos, as coisas
adversas que se dão, são fruto de nossa decisão pela omissão.
Portanto, o livre arbítrio é a maior fonte
de liberdade ou da perca dela, dependendo sempre do que decidimos. Por isso, tudo
depende de nós no que diz respeito ao ser e estar na vida e no mundo. Porém,
devido à nossa contingência, a providência divina nos auxilia para não
perdermos nossa autonomia de criaturas; alguns até chamam isso de sorte, na
verdade, trata-se tão somente da divina providência, que criou tudo para a
existência e não quer que ninguém se perca ou se autodestrua.
Então, vamos aos mandamentos, pois estes são
verdades de fé reveladas; porém, não podemos esquecer que eles já se encontram
implícitos no âmago de nosso ser, e Deus apenas no-los deu conhecer
explicitamente para regrarmos nossa existência e assim poder mantê-la na
verdade e justiça, para assim evitarmos os danos que o não cumprimento deles
acarreta em nossa vida.
Primeiro
Mandamento:
“Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu
coração, de toda a tua alma e de todas as tuas forças”. (Deut 6,5). O amor
a Deus está acima de todas as coisas, porque nada se compara ao Criador que é
bendito para sempre. Cabe a nós, suas criaturas amadas, amar a Deus e a tudo o
que Deus ama, porque sem este amor não existe vida nem perspectiva dela, mas
somente o caos.
Segundo
Mandamento:
Não tomar seu Santo Nome em vão. Isto significa, trazer o santo temor do Senhor
em nossas almas, pois onde não existe respeito também não existe reconhecimento
e amor. Deus é Deus e é digno de toda reverência e adoração, por isso, não
podemos usar o nome de Deus e de seus santos para nada que não seja sua
vontade. Pois aqui tudo passa, mas em direção à eternidade, onde prestaremos
contas no dia do juízo final de tudo aquilo que aqui falamos ou fizemos. (cf. Mt
12,33-37; 1Cor 4,1-5; Heb 9,27).
Terceiro
Mandamento:
Guardar domingos e festas. Ou seja, Deus nos dá todo dia vinte e quatro horas e
enquanto aqui estivermos nunca deixará de fazê-lo; e nós quanto desse tempo
damos a Deus? Nos domingos e festas, Deus marca um encontro pessoal conosco por
esse mandamento para nos perdoar, nos ensinar, nos alimentar e proteger; e nós,
vamos ao seu encontro nesses dias ou o deixamos esperando ou mesmo chegamos
atrasados? Quem quer ser abençoado procura sua benção, quem a rejeita vive lhe
dando as costas e nunca cresce na graça, no conhecimento, na sabedoria e na
vivência da fé, porque anda na contra mão do Reino de Deus.
Quarto
Mandamento:
Honra teu pai e tua mãe. O dever de honra é nosso, porque eles já nos deram o
direito à vida cooperando com Deus no nosso nascimento, e pelos benefícios que
nos fazem a vida inteira; em contra partida, o que lhes damos? Falando sobre este
mandamento escreveu São Paulo: “Filhos, obedecei a
vossos pais segundo o Senhor; porque isto é justo. O primeiro mandamento
acompanhado de uma promessa é: Honra teu pai e tua mãe, para que sejas feliz e
tenhas longa vida sobre a terra” (Dt 5,16).(Ef 6,1-3). Portanto, em
relação aos nossos pais só temos deveres, porque deles já recebemos todos os
direitos, inclusive o de herança quando deixam este mundo.
Quinto
Mandamento:
Não matarás. A vida a Deus pertence e somente a Ele pertence, ninguém tem o
direito de tira-la; cabe a Deus e tão somente a Ele dá-lhe o fim determinado.
Não julgue, não condene, não mate ninguém, seja por palavras, atos e intenções,
porque “quem com o ferro fere, com ele será ferido” (Mt 26,52). Antes, pelo
contrário, sejamos misericordiosos e compassivos uns com os outros,
perdoando-nos mutuamente.
Sexto
Mandamento:
Não pecar contra a castidade. Uma alma casta é uma alma inacessível ao mal,
pois, habitada pelo Espírito Santo, vive o prazer dessa santa habitação e nada
se compara a esse divino prazer. De fato, somos um misto de carne e espírito;
temporalidade e eternidade, todavia, deve se sobressair aquilo que em nós não
perece, pois tudo o que é carnal é passageiro e não satisfaz, porque não
preenche nosso desejo de felicidade permanente. Portanto, somente o Espírito
Santo preenche totalmente o nosso viver, porque nós somos seus templos vivos.
Sétimo
Mandamento:
Não furtar. Tudo o que é material tem o fim que lhe é próprio conforme a
natureza das coisas; no entanto, existem valores em nós que são eternos, dentre
estes está a honestidade, fonte de liberdade para quem a cultiva. Ser honesto é
ser livre de todos os apegos materiais, é viver a simplicidade de ser o que
somos aos olhos de Deus, sabendo que Ele cuida muito bem de nós por sua divina
providência. Nada mais fútil do que se prender à coisas materiais, fruto do
roubo ou mesmo do egoísmo que corrói a dignidade e a autoestima de nossa
humanidade.
Oitavo
Mandamento:
Não levantar falso testemunho. A mentira é a pior de todas as armadilhas que o
demônio tem posto diante dos homens, querendo nos enganar e impedir que a
verdade nos conduza. Nenhum mentiroso vive sossegado, pois o demônio, pai da
mentira, lhe atormenta dia e noite, tirando-lhe toda paz. Ora, o Espírito da
verdade é o Espírito de Deus que acompanha seus filhos e filhas conduzindo-os à
felicidade eterna. Quem vive na mentira e da mentira, nunca se encontra e nem
encontra Deus, por isso, vive sem rumo e sem vida; pelo contrário, a verdade
liberta e salva sempre, porque todo aquele que se entrega ela e se deixa
conduzir por ela tem a vida eterna. A verdade é o próprio Deus, pois assim disse
o Senhor Jesus: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão
por mim”. (Jo 14,6).
Nono
Mandamento:
Não desejar a mulher do próximo nem o marido da próxima. A traição é uma das
piores maldades do ser humano na face da terra, ela, na verdade, é uma tragédia
perversa repleta de desunião e dor. Ao contrário, a união sacramental legítima
é uma fonte de felicidade, porque é na fidelidade que se fundamenta e cresce a
família humana. Deus criou o homem e a mulher para formar família, sua família,
por isso, os criou à sua imagem e semelhança. Uma família bem estruturada na fé
dá frutos fecundos de felicidade, porque quem é fiel serve a Deus e vive Dele,
Nele e para Ele. Sem fidelidade não há verdade, não há amor, não há liberdade,
não há vida, não há nada de bom.
Décimo
Mandamento:
Não cobiçar as coisas alheias. Segundo São Paulo, o pecado da cobiça
assemelha-se ao pecado da idolatria, porque gera a morte da alma. Na cobiça se
encontra o cúmulo do egoísmo, pois, nela, os bens materiais se tornam somente
fonte de lucro, consumismo, prazer hediondo e nada mais. De fato, a sentença do
Senhor: “Comerás o teu pão com o suor do teu rosto...” (Gen 3,19a), dignifica o
ser humano e o leva a viver com equilíbrio e bem estar a vida que de Deus
recebeu, sem egoísmo algum.
***
Aqui estão estas simples meditações sobre
os Santos Mandamentos da Lei de Deus, elas nos ajudarão a viver a nossa fé
conforme a vontade do Senhor expressa neles. Pois, como disse São João: ”Nisto conhecemos que amamos os filhos de
Deus: se amamos a Deus e guardamos os seus mandamentos. Eis o amor de Deus: que
guardemos os seus mandamentos. E seus mandamentos não são penosos, porque todo
o que nasceu de Deus vence o mundo. E esta é a vitória que vence o mundo: a
nossa fé”. (1Jo 5,2-4).
Paz e Bem!
Frei Fernando,OFMConv.
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