PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Lc 16,19-31)(17/03/22)
Caríssimos, as interrogações fazem parte da nossa vida desde a mais tenra idade; o fato é, que estamos sempre perguntando, como se o desejo de conhecer não tivesse fim; e por mais conhecimento que tenhamos pouco ou nada conhecemos dada a imensidão dos mistérios de Deus. E por mais que o homem interrogue a Seu respeito, continuará a interrogar sem nunca dizer a si mesmo: o que conheço, já é mais do que suficiente.
Com efeito, esta liturgia de hoje nos leva à uma série de perguntas que somente na eternidade conheceremos as respostas. No entanto, quem ama a Deus e ao próximo como a si mesmo, não se interroga tanto, pois o amor com que ama e é amado, responde todas as interrogações, porque ele é a essência da vida e de todo conhecimento que podemos ter.
No Evangelho de hoje o Senhor Jesus conta a Parábola do pobre Lázaro que faminto vivia na porta de um rico a espera das migalhas que sobravam dos banquetes que diariamente dava; sua situação era tão drástrica que aos olhos dos que por ali passavam mais parecia um ser desprezível, que ninguém valoriza, de modo que somente os cães vinham lamber as suas feridas. Ou seja, essa Parábola é tão atual que ficamos pasmos ao fazermos por ela uma leitura do nosso tempo.
Comentando esse Evangelho, o Cardeal Comastre, escreveu: "Por trás da Parábola contada por Jesus existem algumas perguntas: quem é o verdadeiro sortudo? O pobre ou o rico? Ele responde: o pobre. Quem é o verdadeiro sortudo? Quem está indo bem ou quem faz o bem? Ele responde: aquele que faz o bem! Quem é o verdadeiro sortudo? Quem se diverte ou quem se converte? Ele responde: quem se converte!
Cristo dá um nome ao mendigo: seu nome é Lázaro. Sim, este homem tem nome, porque sofre; sofre injustiças, mas permanece na esperança. Lázaro é o homem visitado pela cruz, o homem que aparentemente não vale nada e é desprezado, a quem todos recusam, a quem ninguém invejaria. Então, uma pergunta surge de imediato: qual dos dois percebe o propósito da vida? Cristo responde: "O rico morreu e o egoísmo foi o seu inferno. Lázaro morreu e sua paciência lhe deu a alegria do paraíso”. Lázaro tem a Deus ao seu lado.
Nessas palavras de Jesus, fica clara a afirmação da eternidade como último critério para avaliar o presente e também para compreender a justiça e a misericórdia de Deus. Às vezes, os fatos da vida parecem contra Deus, contra sua bondade, contra sua justiça. Mas o mundo não acabou, a história não acabou: vamos dar tempo a Deus! A parábola nos lembra que o cristão vive hoje olhando para o último dia, em que a justiça de Deus prevalecerá para todos, que é misericórdia para aqueles que escolheram a misericórdia, e condenação para aqueles que recusaram a misericórdia."
Paz e Bem!
Frei Fernando Maria OFMConv.
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