Homilia do 22°Dom do Tempo Comum (Lc 14,1.7-14)(28/8/22)
Caríssimos, vivemos numa sociedade em que dificilmente alguém escolhe o último lugar, em outras palavras, vivemos numa guerra competitiva, cada um por si e que ganhe o mais forte, o mais competitivo, o mais preparado que se acha o melhor de todos. E o resultado nefasto dessa competitividade é a falta de amor, de humildade e compreensão, que culmina com o desprezo do próximo.
Com efeito, nesta liturgia de hoje o Senhor Jesus inverte todos esses falsos atitudes, mostrando "que a vitória coincide com a aparente derrota; e a sua força está naquilo que os outros consideram uma fraqueza. Revela-nos que a verdadeira riqueza está na pobreza, que a verdadeira liberdade no fazer-se escravo, e que a vida se realiza quando a perdemos." (MR).
Comentando esse Evangelho disse o Papa Emérito Bento XVI: "O Senhor não pretende dar uma lição sobre etiqueta, nem sobre a hierarquia entre as diferentes autoridades. Ele insiste antes num ponto decisivo, que é o da humildade: "quem se exalta será humilhado, e quem se humilha será exaltado" (Lc 14,11).
Esta parábola, num sentido mais profundo, também indica a posição do homem em relação a Deus. O "último lugar" pode de fato representar a condição da humanidade degradada pelo pecado, uma condição da qual só a encarnação do Filho Unigênito a pode elevar. É por isso que o próprio Cristo "tomou o último lugar no mundo - a cruz - e precisamente por esta humildade radical ele nos redimiu e nos ajuda constantemente" (Enc. Deus caritas est, 35).
No final da parábola, Jesus sugere ao líder dos fariseus que convide à sua mesa não os seus amigos, parentes ou vizinhos ricos, mas as pessoas mais pobres e marginalizadas, que não têm como retribuir (cf. Lc 14,13-14), para que o presente seja gratuito. A verdadeira recompensa, de fato, no final, será dada por Deus, "que governa o mundo. Só o servimos na medida do possível e enquanto ele nos der força". (Encíclica Deus caritas est, 35).
Mais uma vez, então, olhemos para Cristo como um modelo de humildade e gratuidade: d'Ele aprendemos a paciência na tentação, a mansidão na ofensa, a obediência a Deus na dor, esperando por Aquele que nos convidou a dizer: "Amigo, aproxima-te mais" (cf. Lc 14,10); pois o verdadeiro bem é estar perto d'Ele." (Angelus 29/8/2010).
Paz e Bem!
Frei Fernando Maria OFMConv.
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