PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Lc 6,39-42)(09/9/22)
Caríssimos, a nossa convivência com o próximo depende diretamente da nossa convivência com Deus, e esta é fruto da nossa oração, porque "como é a nossa oração, assim também é a nossa vida", de modo que, se a nossa oração é superficial, a nossa vida também o é, porém, se ela é encontro, diálogo, escuta, produz muito fruto especialmente no campo da caridade fraterna, porque rezar é amar, a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos.
No Evangelho de hoje o Senhor Jesus nos mostra que o pre-julgamento do próximo é pecado grave, isso porque fomos criados para amar-nos uns aos outros, como nos ensina ao falar sobre o maior mandamento. De fato, o juízo de valor impede a comunhão recíproca, porque se coloca como obstáculo no caminho da relação fraterna. De certo, removamos essa trave do nosso olho para vermos o outro como ele realmente é.
De fato, quem carrega a trave do falso juízo só enxerga os pecados alheios, esquecendo-se que os comete também; julgar é trazer para dentro de si o mal feito e carrega-lo na alma, deixando que ocupe o espaço que era de Deus nela; pelo contrário, discernir é ver claramente o mal feito e rejeita-lo de imediato, porém, sem se arvorar em juiz de ninguém, porque essa é a grande tentação que sofremos.
Com efeito, "Os novos meios que temos à nossa disposição, as redes sociais, muitas vezes protegidas pelo anonimato, tornam-nos impiedosos na emissão de juízos, desse modo, por exemplo, o vício horrível da fofoca se torna uma quase-virtude." Ou a divulgação de falsas notícias como se fossem verdadeiras sem nem sequer verificar se a fonte é realmente confiável.
No entanto, "Como discípulos de Jesus, somos seriamente convidados a pensar de outra forma, a colocar-nos do ponto de vista de Deus que vê cada um de nós com misericórdia; que não se detém na miséria dos outros, mas na possibilidade de conversão que cada ser humano traz dentro de si." (Mons Angelo Spina).
Portanto, caríssimos, o nosso parâmetro de referência para qualquer julgamento, é Cristo, que da sua intimidade com o Pai nos ensina como emitir um justo juízo:
"De mim mesmo não posso fazer coisa alguma. Julgo como ouço; e o meu julgamento é justo, porque não busco a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou." (Jo 5,30).
Destarte, escutemos atentamente o Senhor Jesus: "Por que vês tu o cisco no olho do teu irmão, e não percebes a trave que há no teu próprio olho? Como podes dizer a teu irmão: Irmão, deixa-me tirar o cisco do teu olho, quando tu não vês a trave no teu próprio olho? Hipócrita! Tira primeiro a trave do teu olho, e então poderás enxergar bem para tirar o cisco do olho do teu irmão”. (Lc 6,41-42).
Paz e Bem!
Frei Fernando Maria OFMConv.
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