PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mc 12,13-17) (06/06/23)
Caríssimos, olhando o mundo e a desolação que o apavora atualmente, nos sentimos como que impotentes, isto é, sem poder fazer coisa alguma; entretanto, todo bem que praticamos ainda que seja como uma gota dágua no oceano deste mundo amargurado e perdido em seus devaneios; essa mesma gota dágua significa a presença magnífica de Deus, que nos criou somente para o bem que devemos viver e fazer.
E mesmo que estejamos em meio ao caos advindo dos pecados cometidos neste mundo, que agonizante ainda resiste, mesmo atormentado por tamanhas aberrações; não desistimos de nossa fé, ao contrário, toda adversidade nos motiva ainda mais a nos manternos no caminho certo que é Cristo; pois, assim, está escrito: "Confirmavam as almas dos discípulos e exortavam-nos a perseverar na fé, dizendo que é necessário entrarmos no Reino de Deus por meio de muitas tribulações." (At 14,22).
Com efeito, se temos da parte do Senhor uma excelentíssima motivação como essa, o que nos resta fazer senão viver intensamente tudo o que Ele viveu e nos ensinou? Não nos esqueçamos que tudo neste mundo passa rumo à eternidade que se aproxima, pois não é possível que o mal prevaleça sobre o bem que Deus criou. Desse modo, renunciemos à tudo o que não é em conformidade com a vontade do nosso Pai celestial.
No Evangelho de hoje "as autoridades mandaram alguns fariseus e alguns partidários de Herodes, para apanharem Jesus em alguma palavra. Jesus percebeu a hipocrisia deles, e respondeu: “Por que me tentais? Trazei-me uma moeda para que eu a veja”. Eles levaram a moeda, e Jesus perguntou: “De quem é a figura e a inscrição que estão nessa moeda?” Eles responderam: “De César”. Então Jesus disse: “Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”. (Mc 12,13.15-17a).
Decerto, "essa resposta de Jesus eleva habilmente a questão a um nível superior, advertindo sutilmente contra a politização da religião e o endeusamento do poder temporal, bem como contra a busca incessante da riqueza. Os seus ouvintes precisavam compreender que o Messias não era César e que César não era Deus.
O reino que Jesus veio estabelecer é de uma dimensão absolutamente superior. Como ele respondeu a Pôncio Pilatos: "Meu reino não é deste mundo". Os cristãos dão a César apenas o que é de César, mas não o que é de Deus. Do culto ao imperador da Roma antiga aos regimes totalitários do século passado, César tentou tomar o lugar de Deus.
Quando os cristãos se recusam a se curvar aos falsos deuses propostos em nossos tempos, não é porque eles têm uma visão de mundo antiquada. Ao contrário, isso acontece porque estão livres das amarras da ideologia e animados por uma visão tão nobre do destino humano que não podem aceitar compromissos com nada que possa prejudicá-lo." (Bento XVI - Artigo para “Financial Times”, 20/12/ 2012).
Portanto, caríssimos, essas palavras do Santo Padre, Bento XVI, enche o nosso coração de alegria e de esperança na certeza de que Deus está passando a limpo este mundo e por sua Divina Misericórdia está nos conduzindo à felicidade eterna que Ele preparou como herança para aqueles que o amam. (cf. Rm 8,16-17).
Paz e Bem!
Frei Fernando Maria OFMConv.
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