PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mc 10,46-52)(01/06/23)
Caríssimos, o Evangelho de hoje conta a história da cura do cego de Jericó que muito tem a nos ensinar. O evangelista Marcos narra que a única riqueza que o cego possuía era a fé em Jesus, a oração de arrependimento, súplica e a perseverança, não obstante aqueles que queriam impedi-lo de aproximar-se de Jesus, no entanto, ele só parou sua oração quando foi atendido.
Fazendo uma comparação entre a cegueira de Bartimeu e a nossa, escreveu são Gregório Magno, Papa e doutor da Igreja: "Que todo o homem que conhece as trevas que fazem dele um cego, grite a plenos pulmões: «Jesus filho de David, tem piedade de mim!» Mas ouçamos também o que se segue aos gritos do cego: «Muitos repreendiam-no para que se calasse».
Quem são estes? Eles representam os desejos da nossa condição neste mundo, são os vícios do homem e os seus tumultos, fatores de confusão que, querendo impedir a vinda de Jesus a nós, perturbam o nosso pensamento semeando a tentação, e querem abafar a voz do nosso coração que reza.
O que fez este cego para receber a luz, mau grado estes obstáculos? «Ele gritava cada vez mais: "Filho de David, tem piedade de mim"». Sim, quanto mais o tumulto dos nossos desejos nos acabrunhar, mais insistente deve ser a nossa prece. Quanto mais abafada for a voz do nosso coração, mais vigorosamente ela deve insistir, até se sobrepor ao tumulto dos pensamentos invasores e tocar o ouvido fiel do Senhor.
Creio que todos nos reconheceremos nesta imagem: quando nos esforçamos por desviar o nosso coração deste mundo e o reencaminhar para Deus, há muitas coisas importunas que pesam sobre nós e que temos de combater; é um enxame que o desejo de Deus tem dificuldade em afastar dos olhos do nosso coração.
Mas, persistindo vigorosamente na oração, deteremos no nosso espírito Jesus que passa. Daí que o evangelho diga: «Jesus parou e disse: "Chamai-o"». De fato, o sentido da oração é encontrar o Senhor no coração de nossas almas, isto é, em nossa consciência e deixar que Ele nos fale curando a nossa cegueira e as nossas feridas.
Portanto, caríssimos, a oração e a persistência do cego Bartimeu, "é útil e necessário em todas as circunstâncias. Porque desejar ser ajudado sempre e em todas as coisas é afirmar claramente que se tem necessidade do auxílio divino, tanto quando as coisas são favoráveis e sorriem, como nas provas e nas tristezas: só Deus nos afasta da adversidade, só Ele faz durar a nossa alegria; num e noutro caso, a fragilidade humana não se sustém sem o auxílio divino." (São João Cassiano - Sobre a oração, cap. X; SC 54).
Paz e Bem!
Frei Fernando Maria OFMConv.
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