PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mc 12,18-27)(05/6/24).
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1. Caríssimos, a vida natural é tão preciosa que em sã consciência ninguém quer morrer mesmo sabendo que a morte é certa. Conhecemos os nossos defeitos, limites, nossas falhas e quanto nos empenhamos para corrigir-las, para termos assim uma vida equilibrada, saudável, tranquila.
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2. Todavia, não podemos pensar a vida somente em sua dimensão natural, pois a transcendência faz parte dela, uma vez que que somos um misto de corpo, e alma imortal. Com efeito, as leituras de hoje tratam dessa transcendência, nos mostrando que a vida não termina com a morte natural; é o contrário, Jesus nos tira da morte para a vida eterna.
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3. Comentando o Evangelho de hoje disse o Papa Francisco: "Em Jesus, Deus dá-nos a vida eterna, dá a todos, e todos, graças a Ele, têm a esperança de uma vida ainda mais verdadeira do que esta. A vida que Deus nos prepara não é um mero enfeite da vida atual: ultrapassa a nossa imaginação, porque Deus nos surpreende continuamente com o seu amor e a sua misericórdia.
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4. Por isso, o que vai acontecer é exatamente o contrário do que esperavam os saduceus. Não é esta vida que remete para a eternidade, para a outra vida, a que nos espera, mas é a eternidade que ilumina e dá esperança à vida terrena de cada um de nós!
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5. Se olharmos apenas com um olhar humano, somos levados a dizer que o caminho do homem vai da vida para a morte. Podemos ver isso! Mas só se olharmos com um olhar humano. Jesus inverte esta perspetiva e diz que a nossa peregrinação vai da morte para a vida: vida plena! Estamos fazendo uma viagem, uma peregrinação para a vida plena, e essa vida plena é a que nos ilumina na nossa viagem!
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6. Por isso, a morte fica para trás, atrás de nós, e não à nossa frente. Diante de nós está o Deus dos vivos, o Deus da aliança, o Deus que tem o meu nome, o nosso nome, como Ele disse: "Eu sou o Deus de Abraão, de Isaac, de Jacó", também o Deus com o meu nome, com o nosso nome. Deus dos vivos!
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7. Aí está a derrota final do pecado e da morte, o início de um novo tempo de alegria e de luz sem fim. Mas já nesta terra, na oração, nos sacramentos, na fraternidade, encontramos Jesus e o seu amor, e assim podemos antecipar algo da vida ressuscitada.
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8. Os "filhos do céu e da ressurreição" não são uns poucos privilegiados, mas são todos os homens e todas as mulheres, porque a salvação que Jesus trouxe é para cada um de nós. E a vida dos ressuscitados será semelhante à dos anjos, ou seja, toda imersa na luz de Deus, toda dedicada ao seu louvor, numa eternidade cheia de júbilo e de paz.
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9. Mas atenção! A ressurreição não é só o fato de ressuscitar depois da morte, mas é um novo gênero de vida que já experimentamos no hoje; é a vitória sobre o nada que já podemos antegozar. A ressurreição é o fundamento da fé e da esperança cristã!
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10. Se não houvesse a referência ao Paraíso e à vida eterna, o cristianismo reduzir-se-ia a uma ética, a uma filosofia de vida. Ao contrário, a mensagem da fé cristã vem do céu, é revelada por Deus e vai além deste mundo.
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11. Acreditar na ressurreição é essencial, para que cada um dos nossos atos de amor cristão não seja efêmero nem um fim em si mesmo, mas se torne uma semente destinada a desabrochar no jardim de Deus, e produzir frutos de vida eterna." (Papa Francisco, trechos do Angelus, 6 de novembro de 2016).
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.
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