Homilia do 9°Dom do tempo comum(Mc 2,23-3,6)(02/6/24)
1. Caríssimos, no mundo dos cegos espirituais não existe espaço para a misericórdia e o amor, mas somente para a intransigência e o pecado da condenação do próximo seja ele quem for, por isso, nem Jesus, o Filho de Deus, escapou da intransigência e da dureza de coração dos seus algozes.
2. Quando Jesus lhes diz que "o Sábado foi feito para o homem e não o homem para o sábado," e que "o Filho do Homem é Senhor também do sábado”, isto quer dizer que o dia do Senhor existe para se fazer a vontade do Senhor, isto é, fazer o bem e somente o bem. Então, não é uma questão de dia, mas do verdadeiro sentido que se dá ao dia.
3. A lei existe para nos mostrar como devemos viver a fé, desse modo, ela tem a função de pedagogo espiritual, isto é, aquele que nos conduz ao verdadeiro conhecimento da vontade de Deus, expressa em seu Filho, Jesus Cristo. Como o Senhor nos ensinou: "O espírito é que vivifica, a carne de nada serve.
4. As palavras que vos tenho dito são espírito e vida." (Jo 6,63). Em outras palavras, a lei sem o verdadeiro espírito da lei, é letra que mata, como vimos no Evangelho de hoje: "Ao saírem, os fariseus, com os partidários de Herodes, imediatamente tramaram, contra Jesus, a maneira como haveriam de matá-lo." (Mc 3,6).
5. Com efeito, ouvir o Senhor e abrir o coração para vivermos a sua vontade é a expressão máxima da verdadeira obediência, do verdadeiro amor, como nos ensinou São João na sua primeira carta: "Todo o que crê que Jesus é o Cristo, nasceu de Deus; e todo o que ama aquele que o gerou, ama também aquele que dele foi gerado.
6. Nisto conhecemos que amamos os filhos de Deus: se amamos a Deus e guardamos os seus mandamentos. Eis o amor de Deus: que guardemos seus mandamentos. E seus mandamentos não são penosos, porque todo o que nasceu de Deus vence o mundo. E esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé." (1Jo 5,1-4).
7. Portanto, caríssimos, não existe confusão no coração de quem obedece a Palavra da verdade, por conta da coerência na vivência de fé. São Paulo, nos chama a viver em comunhão com o Senhor a partir do seu exemplo de vida: "Sede meus imitadores como eu o sou de Cristo. O que aprendestes, recebestes, ouvistes e observastes em mim, isto praticai, e o Deus da paz estará convosco." (1Cor 11,1; Fl 4,9).
8. Destarte, a prática da fé não comporta regras severas, intransigentes; pelo contrário, ela é dotada das virtudes eternas que geram o bem, a harmonia e a paz em todos os sentidos do viver, como nos ensina a Carta aos Hebreus: "Procurai a paz com todos e ao mesmo tempo a santidade, sem a qual ninguém pode ver o Senhor." (Hb 12,14).
9. Sem dúvida, este nosso tempo não é diferente do tempo de Jesus; os fariseus de lá, são hoje os que dividem a Igreja em conservadores e progressistas; defendem a liturgia do Concílio Vaticano I contra a do Concílio Vaticano II; não aceitam o Papa Francisco, acusando-o de sacrílego e falso; dividem a Santa Missa em Tridentina e Missa Nova.
10. O que dizer então de tudo isso? Quem dá atenção aos fariseus do nosso tempo se perde com eles. Ao contrário, quem crê na presença real do Senhor Jesus na Eucaristia se alimenta do Pão da vida eterna, e evita todo tipo de discórdias e desintendimentos, pois, como disse são Paulo: "todos os que são conduzidos pelo Espírito de Deus são filhos de Deus." (Rm 8,14).
Por isso, "Sede solícitos em conservar a unidade do Espírito no vínculo da paz. Sede um só corpo e um só espírito, assim como fostes chamados pela vossa vocação a uma só esperança. Há um só Senhor, uma só fé, um só batismo. Há um só Deus e Pai de todos, que atua acima de todos, por todos e em todos. E isto significa viver a unidade do Espírito pelo vínculo da paz." (Ef 4,3-6).
Paz e Bem!
Frei Fernando Maria OFMConv.
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