O PAI DAS LUZES CONVIDA OS FILHOS DA LUZ (Cf. Lc
16,18)
O Pai das luzes convida os filhos da luz (cf Lc
16,18) a celebrar esta festa de luz: «Aqueles que O contemplam ficam radiantes,
não ficarão de semblante abatido», diz o Salmo (34,6). Com efeito, «Aquele que
habita numa luz inacessível» (1Tm 6,16) decidiu tornar-Se acessível; Ele
abaixou-Se na nuvem da carne para que o fraco e o pequeno possam subir até Ele.
Que descida misericordiosa! «Inclinou os céus», isto é, os cumes da divindade,
e «desceu», tornando-Se presente na carne, «com densas nuvens debaixo dos Seus
pés» (Sl 18,10). [...]
Obscuridade necessária para nos dar a luz! A luz
verdadeira escondeu-Se na nuvem da carne, (cf Ex 13,21), nuvem obscura pela sua
semelhança com a nossa «carne, idêntica à do pecado» (Rm 8,3). [...] Uma vez
que a luz verdadeira fez da carne Seu esconderijo, nós, que somos seres de
carne, aproximemo-nos do Verbo feito carne [...] para aprendermos a passar,
pouco a pouco, da carne ao espírito.
Aproximemo-nos agora, pois hoje um novo sol brilha
mais que o habitual. Até então tinha estado fechado em Belém, na estreiteza de
um berço, e muito pouca gente O tinha conhecido; mas hoje, em Jerusalém, Ele
apresenta-Se a um grande número, no Templo do Senhor. [...] Hoje o Sol eleva-Se
para irradiar sobre o mundo inteiro. [...]
Se ao menos a minha alma pudesse arder com o
desejo que inflamava Simeão, para que eu merecesse ser portador de uma tão
grande luz! Mas, se a alma não for primeiro purificada dos seus pecados, não
poderá ir ao encontro de Cristo «sobre as nuvens», da verdadeira liberdade (1Ts
4,17). [...] Só então poderá alegrar-se com Simeão na luz verdadeira e, como
ele, partir em paz.
Paz e Bem!
Fonte: Adam de Perseigne (? -1221), abade
cisterciense - Sermão 4 para a Purificação
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