PEQUENO SERMÃO DE CADA (Jo 6,60-69)(20/4/24)
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1. Caríssimos, a liturgia de hoje nos mostra que, por sermos portadores de Jesus, Palavra eterna do Pai, aonde Ele nos envia para anuncia-lo, sempre acontece algo novo, como vimos na primeira leitura em que mediante as palavras e os prodígios realizados por São Pedro os habitantes de Lida e Jope creram no Senhor Jesus e aderiram à fé que lhes anunciava.
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2. De fato, tudo isso faz parte do Plano de Deus para a salvação da humanidade; as Palavras do Senhor podem até parecer obsuradas, mas isto para aqueles que as escutam racionalmente sem o auxílio da graça do Espírito Santo; bem como nos ensinou São Paulo: "Mas o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, pois para ele são loucuras. Nem as pode compreender, porque é pelo Espírito que se devem ponderar." (1Cor 2,14).
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3. Decerto, "Já que o mundo, com a sua sabedoria, não reconheceu a Deus na sabedoria divina, aprouve a Deus salvar os que crêem pela loucura de sua mensagem. Pois a loucura de Deus é mais sábia do que os homens, e a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens." (1Cor 1,21)
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4. Desse modo, compreendemos perfeitamente a resposta de Pedro a Jesus ao ser perguntado: "Vós também vos quereis ir embora?" Disse ele: “A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna. Nós cremos firmemente e reconhecemos que tu és o Santo de Deus”. (Jo 6,67-69).
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5. Portanto, caríssimos, comungar Jesus é se unir a Ele naturalmente e espiritualmente, para manter com Ele um diálogo constante, porque, Ele vive e reina em meio à nós, nos comunicando a sua santidade por meio da Santa Eucaristia, dos demais Sacramentos e de sua Palavra que confirma as nossas ações em favor das almas a serem salvas.
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6 Comentando o Evangelho de hoje, disse o saudoso Papa Bento XVI: "O mundo considera afortunados os que vivem muito tempo, mas Deus olha mais para a retidão do coração do que para a idade. O mundo dá crédito aos "sábios" e aos "instruídos", enquanto Deus prefere os "pequeninos".
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7. A lição geral que se tira daqui é que há duas dimensões da realidade: uma é mais profunda, verdadeira e eterna; a outra é marcada pela finitude, impermanência e aparência. Ora, é importante sublinhar que estas duas dimensões não são colocadas numa simples sucessão temporal, como se a verdadeira vida só começasse depois da morte.
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8. Na realidade, a verdadeira vida, a vida eterna, começa já neste mundo, ainda que na precariedade dos acontecimentos da história; a vida eterna começa na medida em que nos abrimos ao mistério de Deus e o acolhemos no meio de nós.
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9. Deus é o Senhor da vida e n'Ele "vivemos, nos movemos e existimos" (At 17,28), como disse São Paulo no Areópago de Atenas. Deus é a verdadeira sabedoria que não envelhece, é a autêntica riqueza que não apodrece, é a felicidade que o coração de cada homem deseja profundamente.
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10. Esta verdade, que atravessa os livros sapienciais e reaparece no Novo Testamento, encontra a sua plena realização na existência e no ensinamento de nosso Senhor Jesus Cristo." (Benedetto XVI - Santa Messa in suffragio di cardinali e vescovi defunti, 3 novembre 2008).
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.
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