PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 6,44-51)(18/4/24)
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1. Caríssimos, vivemos dentro do Mistério de Deus e dele participamos diretamente; e por mais que experimentemos o Seu amor e a sua misericórdia é muito pouco ou quase nada em relação ao infinito que Deus é e nos dá ser por ama-lo sobre todas as coisas e amar-nos uns aos outros como a nós mesmos.
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2. Aliás, este deve ser o empenho de toda a nossa vida, como nos ensinou são João: "Nós conhecemos e cremos no amor que Deus tem para conosco. Deus é amor, e quem permanece no amor permanece em Deus e Deus nele." (1Jo 4,16). De fato, muito se falado de amor, seja nos livros, nos filmes, novelas, nas conferências, nas canções, etc. Todavia, só quem faz a experiência do amor de Deus pode expressa-lo verdadeiramente como ele é.
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3. Com efeito, viver o Grande Mistério da Eucaristia como o Senhor nos ensina no Evangelho de hoje, é viver a unidade perfeita do Seu Corpo que é a Igreja (cf. Col 2,18) e assim gozar desde já a vida eterna que Ele nos concede; escutemos, então, o Senhor: "Eu sou o pão vivo descido do céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão que eu darei é a minha carne dada para a vida do mundo”. (Jo 6,51).
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4. De fato, o mundo só terá paz mediante a conversão e a participação no Grande Mistério da presença Real de Cristo na Eucaristia e pela vivência da Sua Palavra, porque sem a prática da Sua Palavra não existe esperança alguma neste mundo.
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5. Sem dúvida alguma, toda esta dicotomia que se vive hoje na face da terra tem como fundamento a rejeição a Jesus, o Filho de Deus; porque, rejeitar o Senhor significa aceitar esta divisão e todos os males que o demônio causa por meio dos pecados consentidos e praticados pelos homens.
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6. Decerto, não existe experiência mais triste e devastadora para a alma do que viver mergulhada no pecado sem nenhuma esperança de vida eterna. Aliás, o pecado é em si mesmo como um veneno infernal que destrói todas as capacidades recebidas de Deus para se manter no estado de graça.
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7. Pelo contrário, quando vivemos intensamente o Mistério de Cristo Eucarístico, o fazemos porque Deus nos amou primeiro e nos conduziu à comunhão perfeita com o Seu Filho amado. E o Senhor, por sua divina misericórdia, nos perdoa; nos alimenta com o Seu Corpo e Sangue e nos conduz por Seu Santo Espírito para um viver sem pecados (cf. Jo 8,11).
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8. Comentando este Evangelho disse o Papa Leão Magno: "A natureza humana foi assumida pelo Filho de Deus tão intimamente que não só nele, "o primogênito de toda a criatura" (Cl 1,15), mas em todos os santos, há apenas um e mesmo Cristo.
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9. E, tal como a cabeça não se pode separar dos membros, também os membros não podem ser separados da cabeça.
Sofre com Ele, não apenas a coragem gloriosa dos mártires, mas também a fé de todos os que renascem do banho da regeneração.
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10. Com efeito, quando renunciamos ao diabo para crer em Deus, quando passamos da vetustez à renovação, quando depomos a imagem do homem terreno para nos revestirmos da forma celeste, produz-se uma espécie de morte e ressurreição; igualmente, aquele que é acolhido por Cristo e O recebe, após o banho do batismo deixa de ser o que era: o seu corpo regenerado torna-se a carne do Crucificado.
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11. Por isso, a Páscoa do Senhor é celebrada como convém, «com o pão ázimo da pureza e da verdade» (1Cor 5,8), quando, rejeitado o fermento da antiga malícia, a nova criatura se inebria e se alimenta do próprio Senhor. Pois a participação no corpo e no sangue de Cristo não tem outro propósito senão permitir-nos levar a toda parte, no espírito e na carne, Aquele em quem e com quem morremos, fomos sepultados e ressuscitamos."
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(São Leão Magno (?-c. 461), papa, doutor da Igreja - Sermão XII sobre a Paixão; PL 54, 355-357).
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.
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