PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA
(Jo 11,45-56)(27/03/21)
Caríssimos, nenhum pecado é cometido sem que primeiro haja alguma tentação que começa sorrateiramente por conta do maligno; e tal tentação vai crescendo, crescendo e aos poucos vai minando as nossas resistências; depois vem as justificativas e com elas aumenta o desejo de cometer o pecado até que seja cometido, nos tirando totalmente do estado de graça, isto é, da comunhão com Deus.
Com efeito, é isso o que vimos acontecer com os doutores da Lei e o Sumo Sacerdote ao planejarem e consumarem o assassinato do Filho de Deus, nosso Senhor Jesus Cristo. Ora, por trás de toda tentação está o demônio, autor do pecado, que fala sutilmente por meio de falsas sugestões cheias de justificativas, tentando abafar a voz do Senhor que nos diz para não ouvirmos nem dialogarmos com o maligno.
Ao comentar esse Evangelho de hoje, disse o Papa Francisco: "Esta forma de proceder dos doutores da lei é precisamente uma figura de como a tentação age em nós, porque por trás dela estava obviamente o diabo que queria destruir Jesus, e a tentação em nós geralmente age assim: começa com pouco, com um desejo, uma ideia, cresce, contagia outros e no fim é justificada.
Deveríamos ter o hábito de ver em nós este processo de tentação. Este processo que nos faz mudar os nossos corações do bem para o mal, que nos conduz ao caminho da descida. Algo que cresce, cresce lentamente, depois contagia outros e acaba por se justificar. Dificilmente as tentações chegam até nós de repente, o diabo é astuto. Ele sabe como percorrer este caminho, o mesmo que percorreu para chegar à condenação de Jesus.
Quando nos encontramos num pecado, numa queda, sim, devemos ir e pedir perdão ao Senhor, é o primeiro passo que devemos dar, mas depois devemos dizer: «Como caí nisto? Como começou este processo na minha alma? Como cresceu? Quem contagiei? E, no final, como me justifiquei a mim mesmo por ter caído?».
A vida de Jesus é sempre um exemplo para nós e as coisas que lhe aconteceram são aquelas que acontecerão a nós, as tentações, as justificações, as pessoas boas que estão à nossa volta e talvez não as ouvimos, e as pessoas más, no momento da tentação, que procuramos aproximar-nos delas para fazer crescer a tentação.
Mas nunca esqueçamos: sempre, atrás de um pecado, atrás de uma queda, há uma tentação que começou pequena, que cresceu, que contagiou e, no final, encontrou uma justificação para cair. Que o Espírito Santo nos ilumine neste conhecimento interior." (Papa Francisco, homilia, 04/04/20)
Paz e Bem!
Frei Fernando Maria OFMConv.
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