VEM SENHOR JESUS!

"Em verdade, em verdade vos digo: quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna e não incorre na condenação, mas passou da morte para a vida". (Jo 5,24).

SEJAM BEM VINDOS À ESSA PORTA ESTREITA DA SALVAÇÃO

"Uma só coisa peço ao Senhor e a peço incessantemente: é habitar na casa do Senhor todos os dias de minha vida, para admirar aí a beleza do Senhor e contemplar o seu santuário". (Sl 26,4).

terça-feira, 27 de maio de 2008

AMÉM! ASSIM SEJA!

AMÉM! ASSIM SEJA!

“Assim fala o Amém, a Testemunha fiel e verdadeira, o Princípio da criação de Deus”.
(Ap 3, 14b).

A palavra é para o hebreu mais do que apenas um som, ela representa a própria identidade do que fala, por isso, o hebreu sintetiza toda sua experiência em poucas palavras. Jesus se referindo aos seus dizia: “Para bom entendedor, meia palavra basta”. Ou: “Quem tiver ouvidos para ouvir que ouça”. Por isso, o “amém” vem sempre no final de cada oração, suplica ou invocação do Senhor, pois, ele representa uma síntese do que foi falado a Deus; ou ainda, uma confirmação daquilo que foi dito pelo Senhor ou ao Senhor.

“Em hebraico, a palavra “amém” está ligada à mesma raiz da palavra “crer”. Esta raiz exprime a solidez, a confiabilidade, a fidelidade. Assim, compreendemos porque o “amém” pode ser dito da fidelidade de Deus para conosco e de nossa confiança nele.

No profeta Isaías encontramos a expressão “Deus de Verdade”, literalmente “Deus do amém” , isto é, o Deus fiel às suas promessas: “Todo aquele que quiser ser bendito na terra quererá ser bendito pelo Deus do amém” (Is 65,16). Jesus emprega com freqüência o termo “amém” (Cf Mt. 6,2.5.16), por vezes em forma duplicada (Cf Jo 5,19), para sublinhar a confiabilidade de seu ensinamento, sua autoridade fundada na verdade de Deus”. (CIC).

Vejamos agora o exemplo de confirmação da oração do “Creio em Deus Pai....”. “O “amém” final do Credo retoma e confirma suas duas primeiras palavras: “eu creio”. Crer é dizer “amém” às palavras, às promessas, aos mandamentos de Deus, é confiar totalmente naquele que é “Amém” de infinito amor e de fidelidade perfeita”. (CIC).

Outro exemplo de “amém” acontece na oração do “Pai nosso”; normalmente na missa os fieis costumam rezar o “amém” logo após o término desta oração, mas na liturgia o “amém”, como resposta de confiança na providência divina, se dá logo após as duas orações que seguem à oração do “Pai nosso” e não após o “Pai nosso”, pois, o “amém” é como que uma entrega à providência divina, é um confiar-se às mãos do Pai de misericórdia a quem pertencemos.

Prezados leitores e leitoras, o “amém” também pode ser um reconhecer a validez da palavra pronunciada e um comprometer-se com ela pessoalmente. Quando respondo “amém”, minha resposta torna-se minha adesão à verdade do que sou em comunhão com a vontade eterna de Deus. Com isso, ponho-me à disposição do Senhor para que “faça- se em mim segundo a Sua Palavra”.

Em suma, irmãos e irmãs, podemos dizer que “o próprio Jesus é ‘o amém’ (Ap 3,14). Ele é o ‘Amém’ definitivo do amor do Pai por nós; assume e consuma nosso “Amém” ao Pai: “todas as promessas de Deus, com efeito, têm em Cristo Jesus seu sim; por isso, é por Ele que dizemos “amém” a Deus para a glória de Deus” (2Cor 1,20):

Por Cristo com Cristo, em Cristo,
a vós, Deus Pai todo-poderoso,
na unidade do Espírito Santo,
toda honra e toda glória,
agora e para sempre.
AMÉM”. (CIC).

“Aquele que atesta estas coisas diz: ‘Sim! Eu venho em breve!’ Amém. Vem, Senhor Jesus!”. (Ap 22,20b).

Paz e Bem!

terça-feira, 20 de maio de 2008

OS SETE SACRAMENTOS DA IGREJA

OS SETE SACRAMENTOS DA IGREJA

“Eis que eu vos dou um novo mandamento: amai-vos uns aos outros como eu vos amei.” (Jo 13,34).

Amar é o mesmo que dar: dar a vida, a salvação, a paz, a eternidade, a felicidade...; enfim, dar o que nós temos, somos e vivemos...dar a graça em toda a sua plenitude; dar a satisfação, a realização, a santificação. Para São João amar é dar a devida obediência aos santos mandamentos da Lei de Deus (Cf.1Jo 5,3) e isso é sinônimo de plena comunhão com a vontade divina e constitui a nossa verdadeira liberdade, pois, ser livre é escolher o Bem o Sumo Bem e o Sumo Bem é Deus. E ninguém ama a Deus e ao próximo se não guarda os Seus Mandamentos e não sabe doar-se. Os Sete Sacramentos da Igreja são essa expressão doadora de Deus.

A palavra Sacramento significa: sinal sagrando onde Deus opera diretamente realizando o seu Eterno Plano de Amor, ou seja, é Deus mesmo fazendo a Sua Obra por meio destes Sinais Sagrados. Na verdade os Sacramentos são os fundamentos da vida e da fé cristãs. Eles foram instituídos pelo próprio Cristo, assim designados: Batismo: “Toda a autoridade me foi dada no céu e sobre a terra. Ide, pois; de todas as nações fazei discípulos, batizando-as em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”. (Mt 18b-19).

Confirmação: “Chegando em Éfeso Paulo encontrou alguns discípulos e lhes perguntou: ‘Recebestes o Espírito Santo quando abraçastes a fé?’ – Mas eles lhe responderam: ‘Nós nem mesmo ouvimos falar do Espírito Santo!’ Paulo perguntou: ‘Então que batismo recebestes?’ Eles responderam: ‘O batismo de João’. Paulo continuou: ‘João ministrava um batismo de conversão e pedia ao povo que cresse naquele que viria depois dele, isto é, em Jesus’. Eles o escutaram e receberam o batismo em nome de Jesus. Paulo lhes impôs as mãos, e o Espírito Santo veio sobre eles: falavam em línguas e profetizavam”. (At 19,1b-8).

Eucaristia: “Durante a refeição, Jesus tomou o pão e, depois de ter pronunciado a benção, ele o partiu; depois, dando-o aos discípulos, disse: ‘Tomai, comei, isto é o meu corpo’. A seguir, tomou uma taça e, depois de ter dado graças, deu-a a eles, dizendo: ‘Bebei dela todos, pois isto é o meu sangue, o sangue da Aliança, derramado em prol da multidão, para o perdão dos pecados’”. (Mt 26,26-28).

Penitência: “Então Jesus lhes disse de novo: ‘A paz esteja convosco. Como o Pai me enviou, assim também eu vos envio’. Tendo assim falado, soprou sobre eles e lhes disse: ‘Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados. A quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos’”. (Jo 20,21-23).

Unção dos Enfermos: “Jesus chama os Doze. E começou a enviá-los dois a dois, dando-lhes autoridade sobre os espíritos impuros. Eles partiram e proclamaram que era preciso converter-se. Expulsavam muitos demônios, faziam unções com óleo em muitos doentes e os curavam”. (Mc 6,7.12-13).

Ordem: “Jesus sobe à montanha e chama aqueles que Ele queria. ‘Com efeito, há eunucos que nasceram assim do seio materno; há eunucos que foram feitos pelos homens; e há os que se tornaram eunucos por amor ao Reino dos céus. Quem puder compreender compreenda’”. (Mc 3,13a ;Mt 19,12).

Matrimônio: “Eis que o homem deixará seu pai e sua mãe e se ligará à sua mulher, e os dois se tornarão uma só carne”. (Gn 1,27). “Assim, eles não são mais dois, mas uma só carne. Não separe, pois, o homem o que Deus uniu!” (Mt 19,6).

Caríssimos irmãos e irmãs, “os sete sacramentos atingem todas as etapas e todos os momentos importantes da vida do cristão: dão à vida de fé do cristão origem e crescimento, cura e missão. Nisto existe certa semelhança entre as etapas da vida natural e as da vida espiritual”. (CIC).

Paz e Bem!

segunda-feira, 19 de maio de 2008

COMO SÃO FRANCISCO NOS ENSINOU A AMAR...

COMO SÃO FRANCISCO NOS ENSINOU A AMAR...

Amados irmãos e irmãs, os afetos de um coração, quando verdadeiros, nascem da Fonte Inesgotável do Amor de Deus e neste sentido, a vivência desses afetos torna-se caminho de salvação e de vida eterna, porque vividos na sinceridade daqueles e daquelas que permanecem nesse Amor Eterno de Deus.

Agradeço ao Senhor por todos os dias em que posso dizer a algum dos meus irmãos e irmãs, com toda a pureza de minha alma: Eu te amo! E isso soar como um cântico de glória, um cântico de louvor a Deus que preenche a vida de quem escuta tais palavras. Por isso, quero dizer com todo o meu ser, a cada irmão ou irmã que se aproxima de mim: verdadeiramente EU TE AMO, por mais fraco ou fraca que sejas: EU TE AMO e espero que esse AMOR, verdadeiro fundamento da vida, solidifique a nossa amizade e nos faça pessoas mais felizes, amantes uns dos outros como dádivas do Amor de Deus.

Caríssimos irmãos e irmãs, aprendi tudo isso de São Francisco de Assis que nos indicou o caminho do amor ao irmão, como sendo o caminho do mesmo amor da mãe pelo filho ou filha.
"E onde quer que estiverem e se encontrarem os irmãos, mostrem-se afáveis entre si. E, com confiança, manifestem um ao outro as suas necessidades, porque, se uma mãe ama e nutre seu filho carnal, com quanto maior diligência não deve cada um amar e nutrir seu irmão espiritual?" (Regra de São Francisco de Assis).

Então, nesse sentido, na gratuidade do meu ser, amo a cada um de vocês na certeza de que esse amor verdadeiramente é a Vontade de Deus, vivida não só por estas palavras, mas também pela oração e comunhão Eucarística em favor de todos, todos os dias...

Paz e Bem!

Frei Fernando,OFMConv.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

...MAS LIVRAI-NOS DO MAL

...MAS LIVRAI-NOS DO MAL
“Eu não te peço que os tire do mundo, mas que os guardes do Maligno.”

Desde os primeiros momentos da criação que o mistério da iniqüidade ronda a obra do Criador e os filhos que Ele criou à sua imagem e semelhança. O mistério do mal no mundo não é uma abstração (alucinação), mas uma realidade, personificada por São João como o “príncipe deste mundo”, “Satanás”, “o Maligno” , o anjo que se opõe a Deus, ou ainda aquele que divide, “que se atira no meio” do plano de Deus e de Sua obra de salvação realizada em Cristo.

No evangelho de João, Jesus diz que o Maligno é: “Homicida desde o princípio, mentiroso e pai da mentira” (Jo 8,44), e o Apocalipse menciona-o como “sedutor de toda a terra habitada”. (Ap 12,9). “Foi por ele que o pecado e a morte entraram no mundo e é por sua derrota definitiva que a criação toda será ‘liberta da corrupção do pecado e da morte’” (CIC); derrota esta já anunciada por Jesus: “O Espírito Santo convencerá o mundo a respeito do juízo, que consiste em que o príncipe deste mundo já está julgado e condenado”. (Jo 16,11). Essa “vitória sobre o ‘príncipe deste mundo’ foi alcançada , de uma vez por todas, na Hora em que Jesus se entregou livremente à morte para nos dar a sua vida”.

Caríssimos irmãos e irmãs, antes, porém, da vinda triunfal de Jesus, sabemos que devemos passar por diversas tribulações, como foi revelado pelo Espírito Santo nos Atos dos Apóstolos: “Confirmavam as almas dos discípulos e exortavam-nos a perseverar na fé, dizendo que é necessário entrarmos no Reino de Deus por meio de muitas tribulações”. E pelo próprio Senhor no Evangelho de João: “No mundo haveis de ter aflições. Coragem! Eu venci o mundo”. (At 14,22; Jo 16,33b).

O que dizer, então, dessas provações? “Considerai que é suma alegria, meus irmãos, quando passais por diversas provações, sabendo que a prova da vossa fé produz a paciência. Mas é preciso que a paciência efetue a sua obra, a fim de serdes perfeitos e íntegros, sem fraqueza alguma”. (Tg 1,2-3). Além do mais, “ainda não tendes resistido até o sangue, na luta contra o pecado”, e “não vos sobreveio tentação alguma que ultrapassasse as forças humanas. Deus é fiel: não permitirá que sejais tentados além das vossas forças, mas com a tentação ele vos dará os meios de suportá-la e sairdes dela” (Hb 12,4; 1Cor 10,13).

Quando pedimos na oração ao Senhor Deus “que nos livre do Maligno, pedimos igualmente que sejamos libertados de todos os males, presentes, passados e futuros, dos quais o Maligno é o autor ou instigador. Neste último pedido da oração do Senhor, a Igreja traz toda a miséria do mundo diante do Pai. Com a libertação dos males que oprimem a humanidade, ela implora o dom precioso da paz e a graça de esperar perseverantemente o retorno de Cristo.

Rezando dessa forma, ela antecipa, na humildade da fé, a recapitulação de todos e de tudo naquele que ‘detém as chaves da Morte e do Hades’ (Ap 1,18), ‘o Todo Poderoso, Aquele que é, Aquele que era e Aquele que vem’” (Ap 1,8): “Livrai-nos de todos os males, ó Pai, e dai-nos hoje a vossa paz. Ajudados por vossa misericórdia, sejamos sempre livres do pecado e protegidos de todos os perigos, enquanto, vivendo a esperança, aguardamos a vinda do Cristo Salvador”. (CIC).
“Pois vosso é o Reino, o Poder e a Glória para sempre!” (MR). Amém! Assim seja! Vem, Senhor Jesus!

Paz e Bem!

Frei Fernando, OFMConv.

sábado, 10 de maio de 2008

NÃO NOS DEIXEIS CAIR EM TENTAÇÃO

NÃO NOS DEIXEIS CAIR EM TENTAÇÃO
“No mundo haveis de ter aflições. Coragem! Eu venci o mundo”. (Jo 16,33b).

Ninguém, neste mundo, está livre da tentação uma vez que, mesmo libertos do pecado, não estamos isentos da inclinação para o pecado – devido ao livre arbítrio do ser humano – Pois, “Deus não quer impor o bem, ele quer seres livres... Para alguma coisa a tentação serve. Todos, com exceção de Deus, ignoram o que nossa alma recebeu de Deus, até nós mesmos. Mas a tentação o manifesta, para nos ensinar a conhecer-nos e, com isso, descobrir nossa miséria e nos obrigar a dar graças pelos bens que a tentação nos manifestou”. (Orígenes, Or. 29).

“Não cair em tentação” envolve uma decisão do coração: “Guarda teu coração acima de todas as outras coisas porque dele brotam todas as fontes da vida” – “O coração é, na Bíblia, considerado como sede da inteligência, dos desejos, dos pensamentos, da vontade, da consciência”. (Pr 4,23 e Nota). E ainda: “Onde Está o teu tesouro, aí estará também teu coração... Ninguém pode servir a dois senhores”. (Mt 6,21.24). Ou seja, uma vez que nos foi dada à graça da remissão dos pecados mediante o batismo - e se pecarmos, mediante o perdão no sacramento da confissão – devemos viver doravante em Cristo Jesus conduzidos pelo Espírito Santo: “Se vivemos pelo Espírito, andemos também de acordo com o Espírito”. (Gal 5,25). Pois, é o Espírito Santo que nos dar a força para vencermos todas as tentações: “Não vos sobreveio tentação alguma que ultrapassasse as forças humanas. Deus é fiel: não permitirá que sejais tentados além das vossas forças, mas com a tentação ele vos dará os meios de suportá-la e sairdes dela”. (1Cor 10,13).

Então, qual será o instrumento mais eficaz contra a tentação? Jesus nos ensinou que por meio da oração tudo é possível, pois foi com a oração que ele venceu o tentador, tanto no começo de sua missão como na agonia no monte das oliveiras (Cf. Mt 4,1-11; 26,36-44). Por isso, o Senhor nos alertou para ficarmos vigilantes: “Vigiai e orai, a fim de não cairdes em poder da tentação. O espírito está cheio de ardor, mas a carne é fraca”. (Mt 26,41). Logo, a oração contra a tentação é um combate do coração, é uma constante vigilância como nos ensina São Paulo: “Orai sem cessar”. (1Tes 5,17), neste caso a oração é como o respiro da alma, é o alento necessário para vencermos todo o mal.

Lembro ainda aos irmãos e irmãs aquilo que São Tiago nos ensinou: “Feliz o homem que suporta a tentação. Porque, depois de sofrer a provação, receberá a coroa da vida que Deus prometeu aos que o amam. Ninguém, quando for tentado, diga: ‘É Deus quem me tenta’. Pois Deus não pode ser tentado a fazer o mal e não tenta a ninguém. Cada um é tentado pela sua própria concupiscência, que o arrasta e seduz. A concupiscência, depois de conceber, dá à luz o pecado; e o pecado, uma vez consumado, gera a morte. Não vos enganeis, meus irmãos muito amados”. (Tia. 1,12-16).

Finalmente, caros irmãos e irmãs, nosso Pai celeste pede, por meio de seu Filho Jesus, que sejamos perseverantes, pois: “Aquele(a) que perseverar até o fim será salvo(a)”. (Mt 24,13). E, “ainda não tendes resistido até ao sangue, na luta contra o pecado. Levantai, pois, vossas mãos fatigadas e vossos joelhos trêmulos. Dirigi os vossos passos pelo caminho certo. Os que claudicam tornem ao bom caminho e não se desviem”. (Hb 12,4.12-13).

Senhor, “estarei sempre convosco, porque vós me tomastes pela mão. Vossos desígnios me conduzirão. E, por fim, na glória me acolhereis”. (Sl 72,23-24). Assim seja!

Paz e Bem”

Frei Fernando, OFMConv.

quarta-feira, 7 de maio de 2008

AS ADMOESTAÇÕES DE SÃO FRANCISCO DE ASSIS - VII

AS ADMOESTAÇÕES DE SÃO FRANCISCO DE ASSIS

7. Admoestação: Que a inteligência deve seguir a boa ação.

“Diz o Apóstolo: ‘A letra mata, mas o espírito vivifica’ (2Cor 3,6). São mortos pela letra os que tão-somente querem saber as palavras, a fim de parecer mais sábios que os outros e poder adquirir grandes riquezas e dá-las aos parentes e amigos. São ainda mortos pela letra aqueles religiosos que não querem seguir o espírito das Sagradas Escrituras, mas só se esforçam por saber as palavras e interpretá-las aos outros. São, porém, vivificados pelo espírito das Sagradas Escrituras aqueles que tratam de penetrar mais fundo em cada letra que conhecem, nem atribuem o seu saber ao próprio eu, mas pela palavra e pelo exemplo o restituem a Deus, seu supremo Senhor, ao qual todo bem pertence”. (Escritos de S. Francisco).

Não é sábio aquele que pensa ser sábio, mas aquele que faz da virtude da humildade seu escudo de proteção e se oferece a Deus como oferta viva por seu amor: “Eu vos exorto, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, a oferecerdes vossos corpos em sacrifício vivo, santo, agradável a Deus: é este o vosso culto espiritual. Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso espírito, para que possais discernir qual é a vontade de Deus, o que é bom, o que lhe agrada e o que é perfeito”. (Rm 12,1-2).

Então, qual é a verdadeira sabedoria? “Quem dentre vós é sábio e inteligente? Mostre com um bom proceder as suas obras repassadas de doçura e de sabedoria. Mas, se tendes no coração um ciúme amargo e gosto pelas contendas, não vos glorieis, nem mintais contra a verdade. Esta não é a sabedoria que vem do alto, mas é uma sabedoria terrena, humana, diabólica. Onde houver ciúme e contenda, ali há também perturbação e toda espécie de vícios. A sabedoria, porém, que vem de cima, é primeiramente pura, depois pacífica, condescendente, conciliadora, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade, nem fingimento. O fruto da justiça semeia-se na paz para aqueles que praticam a paz”. (Tg 3,13-18). O verdadeiro sábio é aquele que serve: "Porque o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em redenção por muitos". (Mc 10,45).

Vejamos agora o testemunho de São Paulo a este respeito: "Também eu, quando fui ter convosco, irmãos, não fui com o prestígio da eloqüência nem da sabedoria anunciar-vos o testemunho de Deus. Julguei não dever saber coisa alguma entre vós, senão Jesus Cristo, e Jesus Cristo crucificado. Eu me apresentei em vosso meio num estado de fraqueza, de desassossego e de temor.

A minha palavra e a minha pregação longe estavam da eloqüência persuasiva da sabedoria; eram, antes, uma demonstração do Espírito e do poder divino, para que vossa fé não se baseasse na sabedoria dos homens, mas no poder de Deus. Entretanto, o que pregamos entre os perfeitos é uma sabedoria, porém não a sabedoria deste mundo nem a dos grandes deste mundo, que são, aos olhos daquela, desqualificados.

Pregamos a sabedoria de Deus, misteriosa e secreta, que Deus predeterminou antes de existir o tempo, para a nossa glória. Sabedoria que nenhuma autoridade deste mundo conheceu (pois se a houvessem conhecido, não teriam crucificado o Senhor da glória). É como está escrito: Coisas que os olhos não viram, nem os ouvidos ouviram, nem o coração humano imaginou (Is 64,4), tais são os bens que Deus tem preparado para aqueles que o amam. Todavia, Deus no-las revelou pelo seu Espírito, porque o Espírito penetra tudo, mesmo as profundezas de Deus. Pois quem conhece as coisas que há no homem, senão o espírito do homem que nele reside? Assim também as coisas de Deus ninguém as conhece, senão o Espírito de Deus.

Ora, nós não recebemos o espírito do mundo, mas sim o Espírito que vem de Deus, que nos dá a conhecer as graças que Deus nos prodigalizou e que pregamos numa linguagem que nos foi ensinada não pela sabedoria humana, mas pelo Espírito, que exprime as coisas espirituais em termos espirituais. Mas o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, pois para ele são loucuras. Nem as pode compreender, porque é pelo Espírito que se devem ponderar. O homem espiritual, ao contrário, julga todas as coisas e não é julgado por ninguém. Por que quem conheceu o pensamento do Senhor, se abalançará a instruí-lo (Is 40,13)? Nós, porém, temos o pensamento de Cristo". (1Cor 2).

A todos vós graça e paz da parte de Deus, nosso Pai, e de Jesus Cristo seu Filho Unigênito, no poder do Espírito Santo. Amém!

Paz e Bem!

Frei Fernando,OFMConv.

sábado, 3 de maio de 2008

"PERDOAI-NOS AS NOSSAS OFENSAS, ASSIM COMO NÓS PERDOAMOS..."

“PERDOAI-NOS AS NOSSAS OFENSAS, ASSIM COMO NÓS PERDOAMOS...”
“Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, vosso Pai celeste vos perdoará”.
(Mt 6,14).

Perdoar, eis o maior dom de cura que Deus em sua infinita bondade nos concedeu, pois toda pessoa que perdoa experimenta no mais profundo de sua alma os efeitos que a misericórdia divina proporciona a si mesmo e aos que são perdoados. O pecado é uma doença mortal para a alma, pois neutraliza nela as graças necessárias para o bem viver. Todo pecador vive em constante conflito que se reflete em tudo o que faz, ele está sempre projetando os frutos do pecado nas suas relações humanas e nas suas relações com Deus. Tem sempre uma concepção errônea da vida, do mundo, das pessoas e de Deus. Por isso vive atingindo, com o seu pecado, a vida, o mundo, as pessoas e se revoltando contra Deus.

Quando Jesus nos ensina a perdoar Ele nos ensina a viver em constante comunhão com a vontade de Deus, pois quem perdoa ama e quem ama permanece em Deus e Deus nele (a). Nunca apóie sua vida nem seu modo de ser ou pensar no pecado, nas fraquezas ou atitudes erradas de ninguém. Porque do pecado não vem nada de bom, todo pecado é veneno mortal para a alma. Trazer o pecado dos outros para dentro de sua vida é se condenar a si mesmo com o pecado alheio. Perdoar essencialmente é não permitir que o mal dos outros entre na sua vida, é vencer-se a si mesmo, é agir em Deus e a partir da misericórdia divina, é viver a liberdade à qual fomos chamados.

São Paulo falando da vida nova em Cristo nos ensina que esta só é possível mediante a vivência do dom do perdão: “Agora deixai de lado todas estas coisas: ira, inimizade, maledicência, maldade, palavras imorais da vossa boca, nem vos enganeis uns aos outros. Vós vos despistes do homem velho com os seus vícios, e vos revestistes do novo, que se vai restaurando constantemente à imagem daquele que o criou, até atingir o perfeito conhecimento. Portanto, como eleitos de Deus, santos e queridos, revesti-vos de entranhada misericórdia, de bondade, humildade, doçura, paciência. Suportai-vos uns aos outros e perdoai-vos mutuamente, toda vez que tiverdes queixa contra outrem. Como o Senhor vos perdoou, assim perdoai também vós. Mas, acima de tudo, revesti-vos da caridade, que é o vínculo da perfeição. Triunfe em vossos corações a paz de Cristo, para a qual fostes chamados a fim de formar um único corpo. E sede agradecidos”. (Col. 3,8-15).

Caros irmãos e irmãs, Jesus nos mostrou que assim como o perdão de Deus é sem medida o nosso também não pode ter medida, pois ficar ofendido com alguém é ofender a si mesmo, é mutilar-se e não gozar da verdadeira reconciliação com o nosso Pai do céu: “Mas, se não perdoardes aos homens, tampouco vosso Pai vos perdoará”. (Mt 6,15). Então, Pedro se aproximou de Jesus e disse: “Senhor, quantas vezes devo perdoar a meu irmão, quando ele pecar contra mim? Até sete vezes?” Respondeu Jesus: “Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete”. (Mt 18,21-22). Isto é, sempre.

Que fique conosco também este versículo da Carta de São Tiago: “Haverá juízo sem misericórdia para aquele (a) que não usou de misericórdia. A misericórdia, porém, triunfa sobre o julgamento”. E ainda: “A sabedoria que vem de Deus é primeiramente pura, depois pacífica, compreensiva, conciliadora, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade, nem fingimento. O fruto da justiça semeia-se na paz para aqueles que praticam a paz”. (Tia. 2,13; 3,17-18).

Vem, Senhor Jesus! Assim, seja!

Paz e Bem!

Frei Fernando, OFMConv.
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...