VEM SENHOR JESUS!

"Em verdade, em verdade vos digo: quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna e não incorre na condenação, mas passou da morte para a vida". (Jo 5,24).

SEJAM BEM VINDOS À ESSA PORTA ESTREITA DA SALVAÇÃO

"Uma só coisa peço ao Senhor e a peço incessantemente: é habitar na casa do Senhor todos os dias de minha vida, para admirar aí a beleza do Senhor e contemplar o seu santuário". (Sl 26,4).

quinta-feira, 25 de abril de 2024

IDE POR TODO O MUNDO E PREGAI O EVANGELHO...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mc 16,15-20)(25/4/24)

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1. Caríssimos, neste tempo de espera, a Palavra de Jesus nos orienta para obediência à vontade do Pai, mas para isto Ele nos dá o Espírito Santo para que sejamos testemunhas de Sua Ressurreição, pois o Espírito do Senhor nos comunica toda verdade a seu respeito e de como devemos proceder nesse tempo de anúncio do Seu Reino de justiça e de paz. 
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2. No Evangelho de hoje o Senhor Jesus dá as instruções finais de como os discípulos devem anuncia-lo ressuscitado em meio a nós: "Ide pelo mundo inteiro e anunciai o Evangelho a toda criatura! Quem crer e for batizado será salvo. Quem não crer será condenado."
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3. Decerto, escutemos Santo Ireneu de Lyon a esse respeito: "Quando Nosso Senhor ressuscitou dos mortos e os apóstolos foram revestido com a força do alto pela vinda do Espírito Santo (cf Lc 24,49), ficaram cheios de certezas sobre tudo e receberam o conhecimento perfeito. Possuidores do Evangelho, foram, pois, até aos confins da Terra (cf Sl 18,5) proclamar a Boa Nova que nos vem de Deus e anunciar aos homens a paz do Céu."
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4." Os sinais que acompanharão aqueles que crerem serão estes: expulsarão demônios em meu nome, falarão novas línguas; se pegarem em serpentes ou beberem algum veneno mortal não lhes fará mal algum; quando impuserem as mãos sobre os doentes, eles ficarão curados". (Mc 16,17-18).
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5. E como vimos neste Evangelho de hoje: "Depois de falar com os discípulos, o Senhor Jesus foi levado ao céu, e sentou-se à direita de Deus. Os discípulos então saíram e pregaram por toda parte. O Senhor os ajudava e confirmava sua palavra por meio dos sinais que a acompanhavam." Ou seja, o testemunho vem sempre acompanhado dos sinais que identifica a presença do Senhor ressuscitado no meio de nós. 
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6. Todavia, perguntemos a qual é o significado da Ascenção do Senhor? É o cumprimento do Salmo 109: "O Senhor disse a meu Senhor: Senta-te à minha direita, até que eu ponha teus inimigos por escabelo dos teus pés." Ora, em seu desígnio de amor Deus Pai determinou tudo conforme o seu plano para a salvação de todos os creem no Seu Filho, Jesus Cristo, Rei do Universo, "autor e consumador de nossa fé."
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Mas, quando será a Parusia (segunda vinda) do Senhor? Ora, os Apóstolos também indagaram o Senhor sobre isso: "Então os que estavam reunidos perguntaram a Jesus: “Senhor, é agora que vais restaurar o Reino em Israel?”Jesus respondeu: “Não vos cabe saber os tempos e os momentos que o Pai determinou com a sua própria autoridade. 

Mas recebereis o poder do Espírito Santo que descerá sobre vós, para serdes minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judeia e na Samaria, e até os confins da terra”. Ou seja, esse nosso tempo é ainda o tempo do anúncio de Sua misericórdia e preparação para a sua vinda definitiva. 
"Depois, virá o fim, quando Ele entregar o Reino a Deus Pai, depois de haver destruído todo principado, toda potestade e toda dominação. Porque é necessário que ele reine, até que ponha todos os inimigos debaixo de seus pés." Portanto, "Alegremo-nos, exultemos e demos glória a Deus, porque o Senhor todo-poderoso tomou posse do seu reino, aleluia! (Ap 19,7.6)."

Conclusão: "Homens da Galiléia, por que ficais aí a olhar para o céu? Esse Jesus que acaba de vos ser arrebatado para o céu voltará do mesmo modo que o vistes subir para o céu." (At 1,11).
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv. 

quarta-feira, 24 de abril de 2024

QUEM ME VÊ, VÊ AQUELE QUE ME ENVIOU...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA (Jo 12,44-50)(24/4/24)

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1. Caríssimos irmãos e irmãs, existe um versículo do Livro de Provérbios que nos chama muito a atenção com relação à evangelização e a salvação da humanidade, diz ele: "O coração do homem dispõe o seu caminho, mas é o Senhor que dirige seus passos." (Pr 16,9). Em outras palavras, a obra da salvação humana pertence a Deus e é ele que a conduz por meio daqueles que Ele escolhe e envia.

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2. Com efeito, é isso o que vimos na primeira leitura, onde o Espírito Santo escolheu Paulo e Barnabé para a missão evangelizadora na Igreja de Antioquia, onde pela primeira vez na história os seguidores de Cristo foram chamados de cristãos. Ou seja, a ação do Espírito Santo nas almas consagradas a Deus à serviço da salvação da humanidade é palpável e direta. 

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3. E é maravilhoso perceber como isso aconteceu: "Enquanto celebravam a liturgia, em honra do Senhor, e jejuavam, o Espírito Santo, disse: Separai para mim Barnabé e Saulo, a fim de fazerem o trabalho para o qual eu os chamei”. Então eles jejuaram e rezaram, impuseram as mãos sobre Barnabé e Saulo, e deixaram-nos partir." (At 13,2-3).

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4. Decerto, é esta a Pedagogia divina para a nossa salvação, como vemos nestas palavras do Senhor: “Quem crê em mim não é em mim que crê, mas naquele que me enviou. Quem me vê, vê aquele que me enviou." Desse modo, Ele nos dá a conhecer que é o enviado do Pai para toda a humanidade e que é pela fé o acolhemos e nos tornamos seus discípulos.

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6. Amados irmãos e irmãs, o dom da fé é tão preciso que põe por terra toda dúvida e insegurança que se apresentam tentando nos confundir; pois, gera a esperança e a convicção de que o Senhor está no comando de tudo; basta que a vivenciamos como vimos na primeira leitura. 

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7. Portanto, crer em Jesus é conviver com Ele ressuscitado em nosso meio pela ação do Espírito Santo, e fazer tudo o que Ele nos ensina por meio dos seus escolhidos. É isso o que constitui a unidade da Santa Igreja, com bem enfatiza são Paulo: "Sede um só corpo e um só espírito, assim como fostes chamados pela vossa vocação a uma só esperança. Há um só Deus e Pai de todos, que atua acima de todos, por todos e em todos." (Ef 4,4-6). 

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8. Meditemos então com estas palavras do saudoso Papa Bento XVI: "O mundo precisa da cruz. Ela não é simplesmente um símbolo privado de devoção, não é um distintivo de pertença a um grupo social, e o seu significado mais profundo não tem nada a ver com a imposição forçada de um credo ou de uma filosofia.

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9. Ela fala de esperança, fala de amor, fala da vitória da não-violência sobre a opressão, fala de Deus levantando os humildes, fortalecendo os fracos, superando as divisões e vencendo o ódio com o amor.  

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10. Um mundo sem cruz seria um mundo sem esperança, um mundo onde a tortura e a brutalidade continuariam a correr desenfreadas, os fracos seriam explorados e a ganância teria a última palavra. A desumanidade do homem para com o homem manifestar-se-ia de formas ainda mais horríveis e não haveria fim para o ciclo maléfico da violência. 

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11. Só a cruz poria fim a isso. Agora, nenhum poder terreno pode salvar-nos das consequências do nosso pecado e nenhum poder terreno pode derrotar a injustiça na sua origem, mas a intervenção salvadora do nosso Deus misericordioso transformou a realidade do pecado e da morte no seu oposto. É isto que celebramos quando damos glória à cruz do Redentor".

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Paz e Bem!

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Frei Fernando Maria OFMConv.

terça-feira, 23 de abril de 2024

O AMOR DE JESUS É INVENCÍVEL...

 

PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 10,22-30)(23/4/24)

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1. Caríssimos, estamos vivendo o tempo da tomada de decisão por nosso Senhor Jesus Cristo, o Filho de Deus vivo, para assim segui-lo até o fim dos nossos dias neste mundo; digo isso porque todos os sinais dos acontecimentos profetizados por Ele já estão em pleno curso e não tem como duvidar, basta fazer uma análise da atual situação do mundo.
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2. No Evangelho de hoje enquanto Jesus passeava no Templo, por ocasião da festa de sua dedicação, pois, era o símbolo da fé judaica, muitos se aproximaram dele, esboçando dúvidas a respeito de sua identidade Messiânica: “Até quando nos deixarás em dúvida? Se tu és o Messias, dize-nos abertamente”.
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3. Ao que, o Senhor lhes respondeu: “Já vo-lo disse, mas vós não acreditais. As obras que eu faço em nome do meu Pai dão testemunho de mim; vós, porém, não acreditais, porque não sois das minhas ovelhas. 
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4. As minhas ovelhas escutam a minha voz, eu as conheço e elas me seguem. Eu dou-lhes a vida eterna e elas jamais se perderão. E ninguém vai arrancá-las de minha mão. Meu Pai, que me deu estas ovelhas, é maior que todos, e ninguém pode arrebata-las da mão do Pai. Eu e o Pai somos um". (Jo 10,24-30).
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5. Com efeito, essas Palavras de Jesus são profundamente significativas, pois, elas comprovam que muitos não o seguem porque se deixam enganar pelas artimanhas do Maligno. Aliás, são João na sua primeira carta, escreveu: "Filhinhos, esta é a última hora. Vós ouvistes dizer que o Anticristo vem. Eis que já há muitos anticristos, por isto conhecemos que é a última hora.
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6. Eles saíram dentre nós, mas não eram dos nossos. Se tivessem sido dos nossos, ficariam certamente conosco. Mas isto se dá para que se conheça que nem todos são dos nossos. Vós, porém, tendes a unção do Espírito Santo e sabeis todas as coisas." (1Jo 2,18-20).
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7. Comentando este Evangelho disse o Santo Padre, o Papa Francisco: "Ninguém pode dizer-se seguidor de Jesus se não escutar a sua voz. E esta "escuta" não deve ser entendida de forma superficial, mas de forma envolvente, a ponto de tornar possível um verdadeiro conhecimento recíproco, do qual pode nascer um seguimento generoso, expresso nas palavras "e elas me seguem" (v. 27). 
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8. Trata-se de uma escuta não só do ouvido, mas do coração! Assim, a imagem do pastor e das ovelhas indica a relação de proximidade que Jesus quer estabelecer com cada um de nós. Ele é o nosso guia, o nosso mestre, o nosso amigo, o nosso modelo, mas acima de tudo é o nosso Salvador.
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9. A nossa vida está plenamente segura nas mãos de Jesus e do Pai, que são um só: um só amor, uma só misericórdia, revelados de uma vez por todas no sacrifício da cruz. Para salvar a ovelha perdida que todos nós somos, o Pastor fez-se cordeiro e deixou-se sacrificar para tomar sobre si e tirar o pecado do mundo. 
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10. Deste modo, deu-nos a vida, mas vida em abundância (cf. Jo 10, 10)! Este mistério renova-se, numa humildade sempre surpreendente, na mesa eucarística. É ali que as ovelhas se reúnem para se alimentarem; é ali que se tornam uma só coisa, umas com as outras e com o Bom Pastor. 
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11. É por isso que já não temos medo: a nossa vida está agora salva da perdição. Nada nem ninguém nos pode arrancar das mãos de Jesus, porque nada nem ninguém pode vencer o seu amor. O amor de Jesus é invencível!" (Papa Francesco - Regina Caeli, 17 aprile 2016).
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

domingo, 21 de abril de 2024

O BOM PASTOR DÁ A VIDA POR SUAS OVELHAS...


 Homilia do 4°Dom da Páscoa (Jo 10,11-18)(21/4/24)

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1. Caríssimos, eis o que nos ensina esta liturgia, a obra da salvação pertence somente a Deus, e ela não é exclusiva; mas, inclusiva; pois, não somos nós que nos salvamos, mas, somos salvos por Jesus, que nos amou à ponto de se rebaixar à nossa miserável condição; bem como Ele mesmo disse: "Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores." (Mc 2,17).
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2. No Evangelho de hoje o Senhor nos revela quem é e qual a sua missão: «Eu sou o bom Pastor. O bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas» (Jo 10, 11). Por outro lado, Ele também nos mostra que os mercenários são falsos pastores que não cuidam das ovelhas, mas apenas as exploram, por isso, fogem quando o lobo chega, e deixam que o rebanho se perca.
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3. Diz ele: "O mercenário, que não é pastor e não é dono das ovelhas, vê o lobo chegar, abandona as ovelhas e foge, e o lobo as ataca e dispersa. Pois ele é apenas um mercenário e não se importa com as ovelhas." Ou seja, precisamos ficar atentos e identifica-los para não sermos destruídos pelos lobos.
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4. E como ter tal discernimento? O Senhor mesmo responde: "Eu sou o bom pastor. Conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem, assim como o Pai me conhece e eu conheço o Pai. É por isso que o Pai me ama, porque dou a minha vida, para depois recebê-la novamente." (Jo 10,14-15.17).
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5. Comentando este Evangelho disse o Santo Padre, o Papa Francisco: "Esta auto-apresentação de Jesus não pode ser reduzida a uma sugestão emotiva, sem qualquer efeito concreto! Jesus cura através do seu ser Pastor que dá a vida.
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6. Oferecendo a sua vida por nós, Jesus diz a cada um: "A tua vida vale tanto para mim, que para a salvar dou-me completamente a mim mesmo". É exatamente este oferecer a sua vida que o torna bom Pastor por excelência, Aquele que cura, Aquele que nos permite levar uma vida boa e fecunda.
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7. Ele está atento a cada um de nós, conhece profundamente o nosso coração; conhece as nossas qualidades e os nossos defeitos, os projetos que realizamos e as esperanças que foram desiludidas. 
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8. Mas aceita-nos tal como somos, até com os nossos pecados, para nos curar, para nos perdoar; Ele guia-nos com amor, para podermos percorrer até caminhos difíceis, sem perder o rumo. Ele acompanha-nos. 
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9. Abramos o coração a Jesus, para que Ele entre em nós. E assim tenhamos uma relação mais vigorosa: Ele ressuscitou! Assim podemos segui-lo durante a vida inteira." (Papa Francisco, trechos do Regina Coeli, 22 de abril de 2018).
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv. 

sábado, 20 de abril de 2024

"SENHOR, TU TENS PALAVRAS DE VIDA ETERNA"


 PEQUENO SERMÃO DE CADA (Jo 6,60-69)(20/4/24)

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1. Caríssimos, a liturgia de hoje nos mostra que, por sermos portadores de Jesus, Palavra eterna do Pai, aonde Ele nos envia para anuncia-lo, sempre acontece algo novo, como vimos na primeira leitura em que mediante as palavras e os prodígios realizados por São Pedro os habitantes de Lida e Jope creram no Senhor Jesus e aderiram à fé que lhes anunciava.
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2. De fato, tudo isso faz parte do Plano de Deus para a salvação da humanidade; as Palavras do Senhor podem até parecer obsuradas, mas isto para aqueles que as escutam racionalmente sem o auxílio da graça do Espírito Santo; bem como nos ensinou São Paulo: "Mas o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, pois para ele são loucuras. Nem as pode compreender, porque é pelo Espírito que se devem ponderar." (1Cor 2,14). 
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3. Decerto, "Já que o mundo, com a sua sabedoria, não reconheceu a Deus na sabedoria divina, aprouve a Deus salvar os que crêem pela loucura de sua mensagem. Pois a loucura de Deus é mais sábia do que os homens, e a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens." (1Cor 1,21)
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4. Desse modo, compreendemos perfeitamente a resposta de Pedro a Jesus ao ser perguntado: "Vós também vos quereis ir embora?" Disse ele: “A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna. Nós cremos firmemente e reconhecemos que tu és o Santo de Deus”. (Jo 6,67-69).
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5. Portanto, caríssimos, comungar Jesus é se unir a Ele naturalmente e espiritualmente, para manter com Ele um diálogo constante, porque, Ele vive e reina em meio à nós, nos comunicando a sua santidade por meio da Santa Eucaristia, dos demais Sacramentos e de sua Palavra que confirma as nossas ações em favor das almas a serem salvas.
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6 Comentando o Evangelho de hoje, disse o saudoso Papa Bento XVI: "O mundo considera afortunados os que vivem muito tempo, mas Deus olha mais para a retidão do coração do que para a idade. O mundo dá crédito aos "sábios" e aos "instruídos", enquanto Deus prefere os "pequeninos". 
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7. A lição geral que se tira daqui é que há duas dimensões da realidade: uma é mais profunda, verdadeira e eterna; a outra é marcada pela finitude, impermanência e aparência. Ora, é importante sublinhar que estas duas dimensões não são colocadas numa simples sucessão temporal, como se a verdadeira vida só começasse depois da morte. 
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8. Na realidade, a verdadeira vida, a vida eterna, começa já neste mundo, ainda que na precariedade dos acontecimentos da história; a vida eterna começa na medida em que nos abrimos ao mistério de Deus e o acolhemos no meio de nós. 
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9. Deus é o Senhor da vida e n'Ele "vivemos, nos movemos e existimos" (At 17,28), como disse São Paulo no Areópago de Atenas. Deus é a verdadeira sabedoria que não envelhece, é a autêntica riqueza que não apodrece, é a felicidade que o coração de cada homem deseja profundamente. 
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10. Esta verdade, que atravessa os livros sapienciais e reaparece no Novo Testamento, encontra a sua plena realização na existência e no ensinamento de nosso Senhor Jesus Cristo." (Benedetto XVI - Santa Messa in suffragio di cardinali e vescovi defunti, 3 novembre 2008).
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

sexta-feira, 19 de abril de 2024

NÃO JULGUES PELA APARÊNCIA, MAS PELA FÉ...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 6,52-59)(19/4/24).

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1. Caríssimos, a conversão de Paulo é um sinal permanente que o Senhor nos dá mostrando que por mais que um ser humano peque, sua divina misericórdia é infinitamente superior à toda fraqueza a que esse ser humano se expõe ao cair em pecado. 
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2. A aparição e o diálogo que o Senhor Jesus mantém com Paulo e Ananias os conduzindo aos seus desígnios salvíficos são ações que nos remetem ao viver novo de todos renascidos da água e do Espírito Santo no batismo.
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3. Ora, tendo em vista essa vida nova, São Paulo nos exorta: "Se, portanto, ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas lá do alto, onde Cristo está sentado à direita de Deus. Afeiçoai-vos às coisas lá de cima, e não às da terra. Porque estais mortos e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus. Quando Cristo, vossa vida, aparecer, então também vós aparecereis com ele na glória." (Cl 3,1-4).
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4. De fato, "as coisas do alto" são as virtudes eternas com as quais glorificamos a Deus e que São Paulo chama fruto do Espírito: "O fruto do Espírito é caridade, alegria, paz, paciência, afabilidade, bondade, fidelidade, brandura, temperança." (Gl 5,22-23a).

5. Ora, e mesmo vivendo em meio às provações deste mundo por causa dos males que nos cercam; essas virtudes nos acompanharão até a nossa partida para o céu, desde que nos deixemos conduzir pelo Espírito Santo, com também nos ensina são Paulo: "Pois todos os que são conduzidos pelo Espírito de Deus são filhos de Deus." (Rm 8,14).
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6. Amados irmãos e amadas irmãs, baseados no Evangelho de hoje nunca queiramos entender as coisas de Deus segundo a carne, ou seja, racionalmente, porque os critérios para crer são divinos e não humanos. É bem como nos ensina o Senhor: "O espírito é que vivifica, a carne de nada serve. As palavras que vos tenho dito são espírito e vida." (Jo 6,63).
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7. A respeito da Santa Eucaristia meditemos com esta Catequese de São Cirilo de Jerusalém: "Naquele tempo, Cristo disse: «Se não comerdes a carne do Filho do homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós». Mas eles não ouviram estas palavras espiritualmente e foram-se embora escandalizados, julgando que o Senhor os tinha convidado para uma refeição comum.
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8. Já no Antigo Testamento havia os pães da proposição. Mas deixou de ser necessário oferecer o pão da Antiga Aliança. Na Nova Aliança, temos o pão do Céu e o cálice da salvação (cf Sl 115,13), que santificam a alma e o corpo. De fato, tal como o pão se acorda com o corpo, assim o Verbo se harmoniza com a alma.
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9. Portanto, não te detenhas no pão e no vinho como se fossem apenas isso, porque, segundo a afirmação do Mestre, eles são corpo e sangue. Seja qual for a perceção dos sentidos, que a fé seja o teu conforto. Não julgues a realidade pelo seu sabor, mas pela fé.
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10. O que aprendeste te dá esta certeza: o que parece pão não é pão – embora tenha sabor de pão –, mas é o corpo de Cristo; e o que parece vinho não é vinho – embora o gosto o queira afirmar –, mas é o sangue de Cristo." (São Cirilo de Jerusalém (313-350), bispo de Jerusalém, doutor da Igreja - 4.ª catequese mistagógica, 1,4-6.9).
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

quinta-feira, 18 de abril de 2024

VIVEMOS DENTRO DO MISTÉRIO DE DEUS...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 6,44-51)(18/4/24)

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1. Caríssimos, vivemos dentro do Mistério de Deus e dele participamos diretamente; e por mais que experimentemos o Seu amor e a sua misericórdia é muito pouco ou quase nada em relação ao infinito que Deus é e nos dá ser por ama-lo sobre todas as coisas e amar-nos uns aos outros como a nós mesmos. 
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2. Aliás, este deve ser o empenho de toda a nossa vida, como nos ensinou são João: "Nós conhecemos e cremos no amor que Deus tem para conosco. Deus é amor, e quem permanece no amor permanece em Deus e Deus nele." (1Jo 4,16). De fato, muito se falado de amor, seja nos livros, nos filmes, novelas, nas conferências, nas canções, etc. Todavia, só quem faz a experiência do amor de Deus pode expressa-lo verdadeiramente como ele é. 
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3. Com efeito, viver o Grande Mistério da Eucaristia como o Senhor nos ensina no Evangelho de hoje, é viver a unidade perfeita do Seu Corpo que é a Igreja (cf. Col 2,18) e assim gozar desde já a vida eterna que Ele nos concede; escutemos, então, o Senhor: "Eu sou o pão vivo descido do céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão que eu darei é a minha carne dada para a vida do mundo”. (Jo 6,51).
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4. De fato, o mundo só terá paz mediante a conversão e a participação no Grande Mistério da presença Real de Cristo na Eucaristia e pela vivência da Sua Palavra, porque sem a prática da Sua Palavra não existe esperança alguma neste mundo. 
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5. Sem dúvida alguma, toda esta dicotomia que se vive hoje na face da terra tem como fundamento a rejeição a Jesus, o Filho de Deus; porque, rejeitar o Senhor significa aceitar esta divisão e todos os males que o demônio causa por meio dos pecados consentidos e praticados pelos homens.
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6. Decerto, não existe experiência mais triste e devastadora para a alma do que viver mergulhada no pecado sem nenhuma esperança de vida eterna. Aliás, o pecado é em si mesmo como um veneno infernal que destrói todas as capacidades recebidas de Deus para se manter no estado de graça.
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7. Pelo contrário, quando vivemos intensamente o Mistério de Cristo Eucarístico, o fazemos porque Deus nos amou primeiro e nos conduziu à comunhão perfeita com o Seu Filho amado. E o Senhor, por sua divina misericórdia, nos perdoa; nos alimenta com o Seu Corpo e Sangue e nos conduz por Seu Santo Espírito para um viver sem pecados (cf. Jo 8,11). 
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8. Comentando este Evangelho disse o Papa Leão Magno: "A natureza humana foi assumida pelo Filho de Deus tão intimamente que não só nele, "o primogênito de toda a criatura" (Cl 1,15), mas em todos os santos, há apenas um e mesmo Cristo. 
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9. E, tal como a cabeça não se pode separar dos membros, também os membros não podem ser separados da cabeça. Sofre com Ele, não apenas a coragem gloriosa dos mártires, mas também a fé de todos os que renascem do banho da regeneração. 
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10. Com efeito, quando renunciamos ao diabo para crer em Deus, quando passamos da vetustez à renovação, quando depomos a imagem do homem terreno para nos revestirmos da forma celeste, produz-se uma espécie de morte e ressurreição; igualmente, aquele que é acolhido por Cristo e O recebe, após o banho do batismo deixa de ser o que era: o seu corpo regenerado torna-se a carne do Crucificado.
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11. Por isso, a Páscoa do Senhor é celebrada como convém, «com o pão ázimo da pureza e da verdade» (1Cor 5,8), quando, rejeitado o fermento da antiga malícia, a nova criatura se inebria e se alimenta do próprio Senhor. Pois a participação no corpo e no sangue de Cristo não tem outro propósito senão permitir-nos levar a toda parte, no espírito e na carne, Aquele em quem e com quem morremos, fomos sepultados e ressuscitamos."
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(São Leão Magno (?-c. 461), papa, doutor da Igreja - Sermão XII sobre a Paixão; PL 54, 355-357).
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

quarta-feira, 17 de abril de 2024

EU SOU O PÃO DA VIDA


 PEQUENO SERMÃO DE CADA (Jo 6,35-40)(17/4/24)

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1. Amados irmãos e amadas irmãs, esta liturgia de hoje nos convida à ver Jesus, tocar em Jesus e comungar Jesus realmente presente na Santa Eucaristia; Seu Corpo e Sangue, Alma e Divindade, depois de consagrado sob as espécies do Pão e Vinho sobre os nossos altares por aqueles que Deus escolheu para cumprirem esta missão. 

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2. De fato, a fé, dom Espírito Santo que recebemos no batismo, nos leva a identificar o Senhor e a conviver com Ele em espírito e verdade como também adorá-lo do mesmo modo. A presença real de Cristo Eucarístico é o maior de todos os milagres, que nós precisamos não somente reconhecer, mas ama-lo, adora-lo e glorifica-lo de todo o coração. 

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3. A primeira leitura dessa liturgia nos mostra a comunidade de Jerusalém sofrendo perseguição por causa da presença de Jesus em seu meio, e como os cristãos dessa comunidade reagiram à perseguição por meio da pregação e dos prodígios realizados por Felipe, demonstrando que realmente o Senhor conduz aqueles que o seguem fielmente. 

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4. De fato, a prática da nossa fé significa convivência com Cristo e com todos os que o seguem à caminho do Reino dos Céus. Para isto Ele nos dá a evidência da sua presença para resistirmos às tentações e perseguições que sofremos.

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5. O Evangelho de hoje nos apresenta o Senhor Jesus no Mistério de sua Onipresença, pois, após Sua Ressurreição o Senhor se faz presente em todo e qualquer lugar junto à cada um de nós, seja por meio da celebração da Santa Eucaristia e dos outros Sacramentos; seja por Sua Palavra proclamada e vivida; seja ainda pelo dom da oração, e em nossas reuniões, como Ele mesmo disse: "Porque, onde dois ou três estão reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles." (Mt 18,20).

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6. Portanto, caríssimos, escutemos o Senhor Jesus e o sigamos em seus conselhos e em suas promessas: "Pois eu desci do céu não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou. 

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7. E esta é a vontade daquele que me enviou: que eu não perca nenhum daqueles que ele me deu, mas os ressuscite no último dia. Pois esta é a vontade do meu Pai: que toda pessoa que vê o Filho e nele crê tenha a vida eterna. E eu o ressuscitarei no último dia.” (Jo 6,38-40).

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8. Comentando este Evangelho disse o Papa Francisco: "Jesus se revela como o pão, ou seja, o essencial, o necessário para a vida cotidiana; sem Ele as coisas não funcionam. Não um pão entre muitos outros, mas o pão da vida. Em outras palavras, sem Ele, em vez de viver, apenas sobrevivemos: porque somente Ele alimenta nossas almas, somente Ele nos perdoa daquele mal que não podemos vencer por nós mesmos. 

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9. Somente Ele nos faz sentir amados mesmo que todos nos decepcionem; somente Ele nos dá a força para amar, somente Ele nos dá a força para perdoar nas dificuldades, somente Ele dá ao nosso coração a paz que procuramos; somente Ele nos dá a vida para sempre quando a vida aqui embaixo chega ao fim. Ele é o pão essencial da vida.

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10. "Eu sou o pão da vida" resume verdadeiramente todo o seu ser e toda a sua missão. Isso será visto plenamente no final, na Última Ceia. Jesus sabe que o Pai lhe pede não apenas que alimente as pessoas, mas que dê a si mesmo, sua própria vida, sua própria carne, seu próprio coração, para que tenhamos a vida eterna. (Papa Francisco - Angelus, 8 de agosto de 2021).

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Paz e Bem!

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Frei Fernando Maria OFMConv.

terça-feira, 16 de abril de 2024

A VIDA VIVIDA EM CRISTO É ANÚNCIO PROFÉTICO


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 6,30-35)(16/4/24) 


1. Caríssimos, quem se deixa conduzir pelo Espírito Santo, realiza a vontade de Deus, e por seu exemplo de vida e por suas palavras, denuncia os pecados daqueles que estão distantes de Deus sem que isto seja uma acusação, mas sim, uma revelação da necessidade de arrependimento, por isso, ela vem sempre acompanhada de um ato de misericórdia e do perdão que o Senhor nos concede. 
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2. De fato, Santo Estevão, mesmo sendo condenado à morte, intercedeu por seus algozes dizendo: “Senhor, não os condenes por este pecado”. Ora, talvez não copreendamos o porquê dos acontecimentos adversos que nos atingem; no entanto, como vimos neste episódio, Santo Estevão resignadamente disse: “Senhor Jesus, acolhe o meu espírito”. 
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3. Com isto, compreendemos que toda oração acompanhada de um ato de misericórdia e de perdão jamais deixa de ser ouvida e atendida pelo Senhor, e a prova é esta, a oração de Santo Estevão foi a graça que deu início à conversão de São Paulo, o grande apóstolo dos gentios que até hoje continua pregando a Palavra do Senhor por seus escritos e exemplos. 
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4. Decerto, bem-aventurados são aqueles que como Santo Estevão e São Paulo, permanecem em comunhão com o Senhor em qualquer situação da vida, pois, por esta união com Cristo são capazes de ver o céu aberto e Ele sentado à direita de Deus Pai.
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5. No Evangelho de hoje a multidão exigia sinais para crê; ora, a fé é um dom do Espírito Santo e não um ente de razão. Quem exige sinais para crê é incapaz de entender e corresponder ao que Deus nos ensina, porque querem reduzir a Sabedoria do Espírito do Senhor aos critérios racionais, e isso é impossível. 
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6. Crer no Senhor Jesus é adentrar no mistério da sua cruz, pela graça do Espírito Santo, e viver a grande aventura de ser seu discípulo, e manter-se na sua presença e convivência por meio da fé que Dele recebemos para obtermos todas as graças necessárias para a nossa salvação. 
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7. A vocação cristã é um chamado de Deus e uma resposta que significa pertença, adesão total a Cristo por meio do santo batismo, onde recebemos o dom do Espírito Santo e por Ele somos ensinados e conduzidos a uma vida de santidade. 
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8. Bem como nos ensinou o Senhor: "Quando vier o Paráclito, o Espírito da Verdade, ensinar-vos-á toda a verdade, porque não falará por si mesmo, mas dirá o que ouvir, e anunciar-vos-á as coisas que virão”. (Jo 16,13).
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9. De fato, pensar a vida sem o Espírito de Deus é pensa-la conforme o mundo e não conforme Deus. Ora, o Senhor Jesus prometeu (cf. Jo 15,26) que enviaria o Espírito Santo para nos ensinar, nos defender e nos dar todo apoio e assistência necessária para permanecermos fiéis até que se complete o tempo de sua segunda vinda e a nossa ida definitiva para a glória do seu Reino, onde não há morte nem choro nem luto nem dor (cf. Jo 14,1-4).
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10. O Espírito Santo de Deus é o perfeito coordenador de nossas ações enquanto de nossa estadia neste mundo, basta que escutemos as suas moções e nos deixemos conduzir por Ele, como o fizeram os patriarcas, os profetas, Maria Santíssima, são José, os apóstolos e todos os santos e santas. 
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11. Sem dúvida alguma, creio que todos nós desejamos ver o desfecho final da obra da criação, isto é, a vinda da plenitude do Reino de Deus e da sua justiça, pois do jeito que a humanidade está vivendo atualmente, a paz entre os povos é impossível, no entanto, como nos ensina São Pedro: "Nós, porém, segundo sua promessa, esperamos novos céus e uma nova terra, nos quais habitará a justiça." (2Pd 3,13).
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv. 

segunda-feira, 15 de abril de 2024

O ALIMENTO QUE DURA PARA A VIDA ETERNA...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 6,22-29)(15/4/24)

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1. Caríssimos, cada um só dá o que tem e quem vive na mentira nada mais pode dar além da mentira que deixa entrar em sua vida; é isto o que vimos na primeira leitura de hoje, onde os inimigos do Senhor usaram de todo tipo de mentira e subornos para acusar e condenar o primeiro mártir da nossa fé, Santo Estevão; no entanto, o Senhor destruiu os perversos intentos dos seus adversários revelando a inocência de seu servo, dando-lhe uma face angelical.
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2. Ora, quantos não são os inocentes que atualmente sofrem com a perseguição de seus algozes que usam de mentiras e falsas acusações para condená-los mesmo sabendo que são inocentes? O que é isso senão a instigação do inimigo para levar os homens à autodestruição?
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3. O fato é que eles agem exatamente como àqueles que apedrejaram Santo Estevão, e fazem isso manipulando os meios de comunicação de massa, incitando os incautos ao ódio e ao falso julgamento contra aqueles que condenam, seja por motivos ideológicos, racial, politicos, religiosos, etc. 
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4. No Evangelho de hoje vemos o quanto os interesses materiais impedem os homens de encontrar o Senhor Jesus por meio da fé, por isso, pedem sinais e prodígios quando na verdade precisam de conversão para viverem coerentemente a verdade e o amor para os quais foram criados. 
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5. Por isso o Senhor lhes disse: "Esforçai-vos não pelo alimento que se perde, mas pelo alimento que permanece até a vida eterna, e que o Filho do homem vos dará. Pois este é quem o Pai marcou com seu selo”. Então perguntaram: “Que devemos fazer para realizar as obras de Deus?” Jesus respondeu: “A obra de Deus é que acrediteis naquele que ele enviou”. (Jo 6,27-29). 
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6. Comentando este Evangelho disse São João Crisóstomo: "Os judeus comiam a refeição da Páscoa em pé, de sandálias nos pés e cajado na mão; comiam-na às pressas (cf Ex 12,11). Tu ainda tens mais razão para te manteres vigilante! Eles preparavam-se para partir para a Terra Prometida e comportavam-se como viajantes; tu encaminhas-te para o Céu. É por isso que temos de estar sempre em atentos.
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8. Os inimigos de Cristo bateram no seu corpo santíssimo sem saberem o que faziam (cf Lc 23,34); e tu recebe-lo-ias com a alma impura depois de tantos benefícios que Ele te fez? Pois Ele não Se contentou em Se fazer homem, em ser flagelado e morto; no seu amor, quis ainda unir-Se a nós, identificar-Se conosco não apenas pela fé, mas realmente, pela participação no seu próprio corpo.
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9. Considera a honra que recebes e a que mesa és conviva. Aquele que os anjos não veem sem tremer, Aquele para quem não ousam olhar sem temor por causa do esplendor da glória que Lhe irradia da face, é desse que fazemos nosso alimento, tornando-nos um só corpo e uma só carne com Ele. 
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10. "Quem poderá contar as obras do Senhor e anunciar todos os seus louvores?" (Sl 106,2) Que pastor alimentou jamais as suas ovelhas com a sua própria carne? Acontece muitas vezes as mães confiarem os filhos a amas de leite. Não assim Cristo; Ele alimenta-nos com o seu próprio sangue, e torna-nos um só corpo com Ele."
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(São João Crisóstomo (c. 345-407), presbítero de Antioquia, bispo de Constantinopla, doutor da Igreja - Homilias sobre o Evangelho de Mateus, n.º 82, 5).
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Oremos: Ó Deus, como os homens continuam a triste saga de não te amar, de não crer em teu Filho, Jesus. Perdoa-os, Senhor, eles não sabem o que fazem, por isso, não reconhecem o quanto estão errados e não se arrependem de seus erros para os consertar e assim dar novo sentido à vida te conhecendo e te amando incondicionalmente para fazer tudo o que é do teu agrado. Amém! Assim seja!
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

sábado, 13 de abril de 2024

SOU EU. NÃO TENHAIS MEDO...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA (Jo 6,16-21)(13/4/24)

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1. Caríssimos, muitas vezes em nosso dia a dia passamos por situações que nos desafiam a ponto de parecer impossível alguma solução; mas, isso acontece quando confiamos em nós mesmos e não no Senhor Jesus como devemos. Aliás, esta liturgia de hoje nos remete à palavra triqulizadora de Jesus: "Sou eu. Não tenhais medo”. (Jo 16,33b).
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2. Ora, as possibilidades que a fé em Cristo nos abre são infinitas como infinito é o seu poder, principalmente quando a Ele recorremos humildemente em nossas dificuldades ou para a solução dos problemas que se levantam contra nosso bem viver. 
3. Bem como vimos na primeira leitura de hoje, em que os Apóstolos, por meio da fé e da oração, apaziguaram a comunidade que estava sendo dizimada pela distinção de pessoas e pela falta de caridade. Eis o relato: "Naqueles dias, o número dos discípulos tinha aumentado, e os fiéis de origem grega começaram a queixar-se dos fiéis de origem hebraica." (At 6,1).
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4. De fato, ainda não temos maturidade suficiente na fé que professamos para vivermos plenamente em conformidade com os ensinamentos de nosso Senhor Jesus Cristo, principalmente neste nosso tempo em que as pessoas encontram solução para quase tudo na Internet, menos para erradicar o mal que divide e atormenta a nossa sociedade.
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5. Mas, por que isso acontece? Por falta de adesão total a Cristo, porque Ele é a única solução contra o mal e suas artimanhas; no entanto, para isso, precisamos segui-lo fielmente, vivendo como Ele viveu em tudo a vontade do Pai; sem essa adesão total e definitiva a Ele não temos como vencer as adversidades que se nos apresentam tentando nos desestabilizar.
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6. No Evangelho de hoje, contemplamos o Senhor Jesus caminhando sobre as águas como sinal do seu poder e divindade, e depois disse aos Apóstolos que pensavam que Ele era um fantasma: "Sou eu. Não tenhas medo". Ora, isso nos faz sentir-nos protegidos, e termos a convicção de que com Ele chegaremos ao Porto Seguro do Seu Reino, não obstante as tempestades do mar revolto deste mundo.
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7. Comentando este Evangelho disse o Mons. Angelo Spina: "Depois da multiplicação dos pães, à noite, os discípulos vão para a outra margem do lago. Está escuro e Jesus não está com eles. O mar está agitado por causa do vento forte, e o medo é evidente. Jesus alcança-os caminhando sobre as águas e diz-lhes: "Sou eu, não tenhais medo". 
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8. Na nossa vida, há muitos momentos em que sentimos a escuridão da noite, as adversidades avançam e sentimo-nos como que perdidos. É precisamente nestes momentos que o Senhor vem ao nosso encontro e diz: "Sou eu", ou seja, estou presente. 
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9. Jesus não empurra o barco para terra, são os discípulos que remam, mas o que é bonito é que eles levam Jesus para dentro do barco e o barco chega imediatamente ao porto para aonde ia. Ou seja, a presença do Senhor tranquiliza-nos, e nós encontramos Nele a força física e espiritual para completar a viagem."
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10. "Invoquemos a Virgem Maria, modelo de confiança total em Deus, para que, no meio de tantas preocupações, problemas, dificuldades que agitam o mar da nossa vida, ressoe nos nossos corações a palavra tranquilizadora de Jesus, que também nos diz: 'Coragem, sou eu, não tenhais medo!' e assim cresça a nossa fé n'Ele." (Bento XVI).
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv. 

sexta-feira, 12 de abril de 2024

A VIDA É O MILAGRE DE CADA MOMENTO VIVIDO PARA DEUS


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 6,1-15)(12/4/24). 


1. Caríssimos, o poder de Deus se revela em sua obra, pois Ele criou o mundo por amor e a todos sustenta por sua Divina Providência, sem nunca deixar de fazê-lo. De fato, o Senhor é a Fonte inesgotável que supre todas as necessidades, pois à tudo governa com justiça e perfeição. 
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2. E se falta alguma coisa para qualquer de suas criaturas, deva-se isto às injustiças cometidas por aqueles que não o temem; todavia, que fique bem claro, quem comete qualquer maldade e não se arrepende e nem a repara, morrerá com a maldade praticada e nela permanecerá por toda eternidade.
3. Ora, Deus é Deus e não vai deixar de ser bom e nem vai deixar de nos amar e nos amparar só porque muitas de suas criaturas o abandonam para enveredar pelo caminho da perversão e da perdição que não tem fim. 
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4. Cabe a nós amar o Senhor e proclamar todas as suas maravilhas como cantou o salmista: "Que vossas obras, ó Senhor, vos glorifiquem, e os vossos santos com louvores vos bendigam! Narrem a glória e o esplendor do vosso reino e saibam proclamar vosso poder!" (Sl 144,10-11).

5. Com efeito, a multiplicação dos pães que o Senhor Jesus realizou, nos ensina três grandes lições de vida: Primeira lição, o pouco com Deus é muito, por isso supera as nossas espectativas, pois, com cinco pães e dois peixes ele alimentou cerca de cinco mil pessoas e ainda sobrou doze cestos. 
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6. Segunda lição, diante do Senhor todas as soluções são vãs se não pomos Nele a nossa confiança; por exemplo, para Filipe nem 400 moedas de prata eram suficiente para alimentar tanta gente, e no entanto, o Senhor o fez graças à fé dos que o procuraram, desse modo, entendemos que o Senhor também prova a nossa fé. 
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7. Terceira lição, atenção, muito cuidado com os interesses escusos, pois eles nos afastam do Senhor: "Vendo o sinal que Jesus tinha realizado, aqueles homens exclamavam: “Este é verdadeiramente o Profeta, aquele que deve vir ao mundo”. Mas, quando notou que estavam querendo levá-lo para proclamá-lo rei, Jesus retirou-se de novo, sozinho, para o monte." (Jo 6,14-15).
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8. Portanto, caríssimos, a obra da salvação humana é puramente divina, e embora sejamos cooperadores do Senhor nessa obra, nossa postura deve ser isenta de qualquer interesse fora da salvação das almas. Ou seja, devemos ter a mesma postura da Virgem Maria, a Mãe de Jesus: "Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a vossa vontade." (Lc 1,38).
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9. Comentando este Evangelho disse Santo Agostinho: "Governar o Universo é certamente um milagre maior do que saciar cinco mil homens com cinco pães. E, contudo, aquilo não espanta ninguém, mas as pessoas espantam-se diante de um milagre de menor importância, porque sai do habitual. 
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10. Esta obra foi-nos apresentada aos sentidos para nos elevar o espírito. Tornou-se-nos assim possível admirar "o Deus invisível, através das suas obras visíveis" (Rom 1,20). Depois de termos sido ensinados na fé e purificados por ela, podemos desejar ver, sem os olhos do corpo, o Ser invisível que conhecemos a partir do visível.
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11. Com efeito, Jesus fez este milagre para que ele fosse visto pelos que ali se encontravam, e eles puseram-no por escrito para que nós tomássemos conhecimento dele. O que os olhos fizeram para eles, fá-lo para nós a fé. De igual modo, reconhecemos na nossa alma o que os nossos olhos não puderam ver e recebemos um belo elogio, pois foi acerca de nós que Ele disse: «Felizes os que acreditam sem terem visto» (Jo 20,29). 
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(Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (norte de África), doutor da Igreja - Sermões sobre o evangelho de João, n.º 24, 1.6.7; CCL 36, 244).
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Paz e Bem! 
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Frei Fernando Maria OFMConv.

quinta-feira, 11 de abril de 2024

SENHOR JESUS, A TUA PALAVRA É VIDA ETERNA....


 PEQUENO SERMÃO DE CADA (Jo 3,31-36)(11/4/24)

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1. Amados irmãos e amadas irmãs, aprendemos do Senhor Jesus que, uma vez renascidos da água e do Espírito Santo, pertencemos a Ele e para Ele devemos viver, e tudo fazer para a salvação das almas e o louvor de Sua glória. 
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2. Por isso, fundamentados nesses dois objetivos, nada temos a temer, visto que o Espírito Santo nos ajuda a cumprir essa nossa missão, como vimos na primeira leitura: "E disso somos testemunhas, nós e o Espírito Santo, que Deus concedeu àqueles que a Ele obedecem”. (At 5,32).
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3. A respeito das perseguições eis o que disse o Senhor: "Mas, antes de tudo, vos lançarão as mãos e vos perseguirão, entregando-vos às sinagogas e aos cárceres, levando-vos à presença dos reis e dos governadores, por causa de mim. 
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4. Isto vos acontecerá para que vos sirva de testemunho. Gravai bem no vosso espírito de não preparar vossa defesa, porque eu vos darei uma palavra cheia de sabedoria, à qual não poderão resistir nem contradizer os vossos adversários." (Lc 21,12-15).
5. No Evangelho de hoje São João nos revela que o Senhor Jesus veio da glória do Pai para nos resgatar e nos ensinar como devemos viver a nossa filiação adotiva na sua presença mantendo nossa comunhão com Ele e entre nós. Pois, Ele fala a linguagem do Pai e nos dá o Espírito sem medida. 
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6. Bem como Ele mesmo disse: "O Pai ama o Filho e entregou tudo em sua mão. Aquele que acredita no Filho possui a vida eterna. Aquele, porém, que rejeita o Filho não verá a vida, pois a ira de Deus permanece sobre ele”. (Jo 3,35-36).
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7. Portanto, caríssimos, somos obras das mãos de Deus e todos fomos dotados da fé para acolher o Senhor Jesus, Palavra Eterna do Pai, pois Deus é Eterno e tudo criou para a eternidade. Destarte, não acolher o Filho de Deus e a sua mensagem salvífica, se constitui o grande pecado da humanidade; e é por isso que muitos se perderão por rejeitarem a salvação que Ele veio trazer.
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8. Rezemos com Santo Agostinho esta belíssima oração: "Senhor meu Deus, luz dos cegos e força dos fracos, mas também luz dos que veem e força dos fortes, escuta a minha alma, ouve-a gritar do fundo do abismo (cf Sl 192,1). Pois se Tu não nos escutares do fundo do abismo, aonde iremos? A quem dirigiremos os nossos apelos?
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9. "Teu é o dia, tua é também a noite" (Sl 73,16). A um sinal teu, todos os instantes desaparecem. Dá aos nossos pensamentos o tempo necessário para investigarem os recessos profundos da tua lei e não feches a porta àqueles que batem (cf Mt 7,7). 
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10. A tua palavra é toda a minha alegria, a tua palavra é mais doce que uma torrente de volúpias. Concede-me que Te ame, porque o amor é um dom teu. Não abandones os teus dons, não desdenhes deste talo de erva sedento. 
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11. Que eu proclame tudo quanto descobrir nos teus livros; faz-me «ouvir a voz dos teus louvores» (Sl 25,7). Possa eu beber da tua palavra e considerar as maravilhas da tua lei (cf Sl 118,18), desde o instante em que criaste o céu e a terra até ao momento em que partilhar contigo o reino eterno na cidade santa." (Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (norte de África), doutor da Igreja - Confissões XI, 2, 3).
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

terça-feira, 9 de abril de 2024

"ENTRE ELES TUDO ERA EM COMUM"


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 3,7b-15)(09/4/24)

1. Caríssimos, Deus criou os homens dotados de inteligência e de todos os dons para fazerem somente o bem e encontra-lo em todas as virtudes que praticassem, pois tudo lhe pertence. 

2. Ocorre que depois da queda no pecado entrou no coração dos homens a divisão que quebrou a unicidade divina plasmada em suas almas e com isso perderam a comunhão entre si e com o seu criador e Pai.

3. Todavia, para voltarmos à unidade entre nós e a comunhão filial com Ele, Deus enviou o Seu Filho Jesus Cristo para vencer as forças do maligno que tinha no pecado e na morte o seu poder. Desse modo, o Senhor nos reconciliou com o nosso Pai celestial. 

4. É bem como nos ensina São Paulo: "Mas Deus, que é rico em misericórdia, impulsionado pelo grande amor com que nos amou, quando estávamos mortos em conseqüência de nossos pecados, deu-nos a vida juntamente com Cristo - é por graça que fostes salvos! -, juntamente com ele nos ressuscitou e nos fez assentar nos céus, com Cristo Jesus." (Ef 2,4-6).

5. A primeira leitura de hoje nos mostra a comunidade formada pelos Apóstolos vivendo esta unidade do Espírito Santo: "A multidão dos fiéis era um só coração e uma só alma. Ninguém considerava como próprias as coisas que possuía, mas tudo entre eles era posto em comum." (At 4,32).

6. De fato, esse relato demonstra que quando o coração humano está repleto do amor de Deus não tem lugar para os apegos materiais, para as divisões ou algo semelhante. Isto porque, como disse são Paulo: "Pois todos os que são conduzidos pelo Espírito de Deus são filhos de Deus. E, se filhos, também herdeiros, herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo, contanto que soframos com ele, para que também com ele sejamos glorificados." (Rm 8,14.17).

7. Decerto, o Senhor Jesus é o Criador que vem até nós pessoalmente, nos redime por sua morte e ressurreição e permanece conosco em sua Santa Igreja; e por meio dos seus escolhidos nos conduz à glória do seu reino. Mas, para isto, disse Ele a Nicodemos: "é preciso nascer do alto," isto é, da água e do Espírito Santo no batismo." 

8. Referindo-se a isso escreveu Santa Teresa Benedito da Cruz: "Quem és Tu, suave luz que me sacias e que iluminas as trevas do meu coração? Guias-me como a mão de uma mãe, e se me soltasses, eu não poderia dar nem mais um passo.

9. És o espaço que envolve o meu ser e me protege. Longe de Ti, naufragaria no abismo do nada de onde me tiraste para me criar para a luz. Tu, mais próximo de mim que eu própria, mais íntimo que as profundezas da minha alma, e contudo incompreensível e inefável, para além de todo o nome, Espírito Santo, Amor Eterno!

10. Não és Tu o doce maná que do coração do Filho transborda para o meu, o alimento dos anjos e dos bem-aventurados? Aquele que Se elevou da morte à vida também me despertou do sono da morte para uma vida nova. 

11. E, dia após dia, continua a dar-me uma nova vida, cuja plenitude me inundará um dia por completo, vida procedente da tua vida, sim, Tu mesmo, Espírito Santo, Vida Eterna!" (Santa Teresa Benedita da Cruz (Edith Stein) (1891-1942), carmelita, mártir, co-padroeira da Europa - "Pentecostes" 1942).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

domingo, 7 de abril de 2024

BEM-AVENTURADOS OS QUE NÃO VIRAM E CRERAM


 Homilia do 2°Dom da Páscoa (Jo 20,19-31)(07/4/24)

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1. Caríssimos, neste segundo domingo da Páscoa do Senhor, a Igreja celebra a Grande Festa da Divina Misericórdia; ora, esta Festa nos mostra que o Coração Misericordioso de Jesus está sempre aberto para acolher todos os que a Ele recorrem em busca do perdão e da misericórdia que lhes oferece para voltarem à perfeita comunhão com a vontade do Pai no seio da Sua Santa Igreja.
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2. Na primeira leitura de hoje, a comunidade reunida em torno de Pedro e dos demais Apóstolos, experimenta os prodígios que o Senhor Jesus realiza como fruto de sua ressurreição e de sua presença real no meio dela. 
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3. De fato, esses prodígios são a constatação de que a nossa fé é convivência real com o Senhor Ressuscitado; é também a demonstração do que significa viver a unidade do Espírito no vínculo da paz que Ele gera em nossas almas. 
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4. Decerto, para coroar a profundidade desta liturgia meditemos o Evangelho de hoje, onde vemos o quanto é necessário a nossa presença permanente na comunidade que Deus nos deu para vivermos o seu amor entre nós. 
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5. Ora, foi por sua ausência na comunidade apostólica, que Tomé, como que perdeu a fé, pois, mesmo ouvindo o testemunho dos outros Apóstolos não acreditou; somente quando encontrou Jesus no seio da comunidade é que retornou à fé e a professou, dizendo humildemente: "Meu Senhor e meu Deus!" 
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6. Comentando este Evangelho disse o Padre Ubaldo Terrinoni: "Tomé está como que eletrocutado! Renuncia a qualquer pretensão de verificação. Não tem a coragem de estender a mão e limita-se a exprimir apenas duas palavras em língua aramaica, numa exclamação libertadora: "Meu Senhor e meu Deus" (Jo 20,28). 
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7. É um grito de libertação do medo e, ao mesmo tempo, é um grito de alegria; é uma profissão de fé e uma declaração de plena entrega confiante a Deus. E Jesus aproveita a ocasião para confirmar o binômio "crer para ver": "Porque viste, acreditaste; bem-aventurados os que não viram e acreditaram" (Jo 28,29). 
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8. Assim, Jesus privilegia claramente o binômio "crer para ver". Tomé confiava mais na sua mão, no seu dedo e nos seus olhos do que na declaração entusiástica dos Dez e nas repetidas promessas que Jesus tinha feito sobre a sua ressurreição (Mc 8,31; 9,31; 10,34). Por isso, o apóstolo é repreendido amavelmente pela pretensão de querer experimentar primeiro para depois acreditar. 
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9. A fé não exige experimentar, sentir, verificar, confirmar; exige, sim, confiar no amigo, confiar em Deus; confiar em Deus mais do que em si mesmo; confiar nele tanto quando o caminho da vida é iluminado por uma luz deslumbrante como quando mergulha em densas trevas. 
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10. O amigo está sempre lá, comigo, contigo, presente! E a pessoa de fé lê os acontecimentos alegres e dolorosos do seu caminho com os olhos de Deus. Não se trata de elogiar uma fé cega, sem razão, mas sim uma fé que leva aquele que crê a entregar-se a Deus por amor e com amor, sem hesitação e sem medo, como a criança que confia no amor da mãe e se abandona confiante nos seus braços e dorme profundamente."
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11. Oremos: Fazei, Senhor Jesus, pela vossa divina misericórdia, que a luz do vosso amor continui a iluminar as nossas almas para que repletos do Espírito Santo mantenhamo-nos unidos para assim darmos os frutos da vossa redenção, como Maria Santíssima, São José, os Apóstolos e todos os santos o fizeram em sua trajetória para o céu; vós que sois Deus com o Pai na unidade do Espírito Santo. Amém!
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

sábado, 6 de abril de 2024

SENHOR JESUS, TU ÉS A VIDA DA MINHA VIDA, TU ÉS TUDO PARA MIM...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mc 16,9-15)(06/4/24)

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1. Caríssimos, todos somos obras das mãos de Deus e dotados da fé, dom do Espírito Santo que recebemos no batismo, pela qual fazemos a experiência da Ressurreição de Jesus, bem como descreve São Paulo na Carta aos Romanos: "Ou ignorais que todos os que fomos batizados em Jesus Cristo, fomos batizados na sua morte?
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2. Fomos, pois, sepultados com ele na sua morte pelo batismo para que, como Cristo ressurgiu dos mortos pela glória do Pai, assim nós também vivamos uma vida nova." (Rm 6,3-4). De fato, a experiência da fé que nos leva a crer em Cristo mesmo sem o tê-lo visto é puro dom do Espírito Santo.
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3. E com isso compreendemos que mesmo vivendo naturalmente em meio as coisas criadas, somos sustentados pela invisibilidade divina, para transparecemos o Senhor ressuscitado que habita nossas almas, que faz de nós templos do Santo Espírito, e seus sacrários vivos. 
4. E foi exatamente isso o que testemunharam os Apóstolos Pedro e João no confronto com as autoridades judaicas depois de terem realizado o milagre da cura do coxo de nascença, pelo poder do Nome de Jesus. De fato, repletos de coragem e determinação cumpriram fielmente a sua missão.
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5. Decerto, quem vive em comunhão com Jesus ressuscitado, o transparece em todos os sentidos da vida, e cumpre integralmente, como os Apóstolos e demais servos e servas do Senhor cumpriram, o que o Senhor Jesus ordenou no final do Evangelho de hoje: "Ide pelo mundo inteiro e anunciai a boa nova da salvação à toda criatura!" (Mc 16,15).
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6. Com efeito, este envio do Senhor Jesus independe do grau de instrução como vimos na primeira leitura: "Os chefes dos sacerdotes, os anciãos e os escribas ficaram admirados ao ver a segurança com que Pedro e João falavam, pois eram pessoas simples e sem instrução. Reconheciam que eles tinham estado com Jesus." (At 4,13).
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7. Portanto, caríssimos, todos nós batizados somos enviados e o Senhor mesmo confirma por meio do Espírito Santo a graça da salvação que Dele recebemos e anunciamos certos de que muitos se converterão devido a autenticidade do nosso testemunho.
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8. Destarte, façamos esta oração do Livro das Horas do Sinai: "Tu ressuscitaste dos mortos, Tu, que és a vida de todos, e um anjo de luz gritou às mulheres: "Não choreis, ide contar a boa nova aos apóstolos, cantai a plenos pulmões que Ele ressuscitou, Ele, Cristo Senhor, que, sendo Deus, quis salvar o gênero humano!".
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9. Senhor, eu ouvi o mistério da tua encarnação, considerei as tuas obras e glorifiquei a tua divindade. Cristo, nosso Deus, foste pregado na cruz por um bando de rebeldes, e por essa cruz salvaste, na tua misericórdia, aqueles que glorificam a tua ressurreição.
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10. Ao dar-me a comer o fruto da árvore, o inimigo expulsou-me do Éden; porém, graças à árvore da cruz, fui chamado a regressar a esse paraíso. Pela tua morte, ó Mestre, a morte foi capturada e morta; pois, sendo a vida subsistente, Tu deste vida aos habitantes dos túmulos.
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11. Ressuscitado do túmulo, ressuscitaste contigo todos os mortos que jaziam no Hades e, na tua misericórdia, iluminaste aqueles que glorificam a tua ressurreição. Ó Maria Imaculada, implora a Deus, ao qual geraste, que conceda aos teus servos o perdão dos seus pecados." (Livro das Horas do Sinai (século IX) Cânone em honra da cruz e da ressurreição, SC 486).
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

quarta-feira, 3 de abril de 2024

TUDO NOS FALA DO RESSUSCITADO...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Lc 24,13-35)(03/4/24)

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1. Caríssimos irmãos e irmãs, é certo dizer que em nossa finitude necessitamos da sensibilidade para nos relacionar melhor com as coisas que dizem respeito a Deus e a nós mesmos; e isto porque o sensível penetra facilmente nas entranhas de nossa alma nos convencendo da possibilidade de um bom relacionamento sem receio de percas ou enganos.
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2. Ora, a liturgia de hoje começa com Deus nos sensibizando com a cura de um paralítico de nascença, dando-nos a graça de crer que Jesus está realmente vivo e atuando entre nós por meio dos seus escolhidos que em seu nome realizam os mesmos prodígios de antes de sua ressurreição.
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3. No Evangelho de hoje os discípulos de Emaús acreditaram em tudo o que Jesus falou antes de sua morte e até no que as mulheres falaram a respeito de sua ressurreição, mas não foram capazes de identifica-lo à caminho de sua Aldeia quando os seguiu; foi preciso que lhes abrisse o entendimento para que ardendo por dentro compreendessem que era o próprio Senhor quem lhes falava pessoalmente.
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4. Mas, e hoje como identificamos a presença de Jesus ressuscitado em nosso meio? Os discípulos de Emaús fizeram isso quando pararam para o ouvir, quando o convidaram para permanecer com eles, e na fração do pão, em que Jesus celebrou a Santa Eucaristia, tornando-se visível aos seus olhos, para em seguida desaparecer, permanecendo presente realmente neste Grande Mistério de amor.
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5. Com efeito, nem tudo o que diz respeito a Deus percebemos sensivelmente, mas, ao nos comunicar as suas graças Ele o faz desse modo. Pois, assim como vimos com Pedro e João no templo, e com os discípulos de Emaús, o Senhor Jesus se faz sempre presente junto à nós quando realmente buscamos realizar em tudo a Sua Santa Vontade.
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6. Comentando este Evangelho disse o Papa Bento XVI: "O ensinamento de Cristo - a explicação das profecias - foi para os discípulos de Emaús como uma revelação inesperada, luminosa e consoladora. Jesus deu uma nova chave para a interpretação da Bíblia, e agora tudo parecia claro, orientado para este momento. 
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7. Ao longo do ano litúrgico, particularmente na Semana Santa, o Senhor põe-se a caminho conosco e explica-nos as Escrituras, faz-nos compreender este mistério: tudo fala dele. E isto deve também inflamar o nosso coração, para que os nossos olhos se abram. 
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8. O Senhor está conosco, e mostra-nos o verdadeiro caminho. Tal como os dois discípulos reconheceram Jesus ao partir o pão, também nós, hoje, ao partir o pão, reconhecemos a sua presença. Os discípulos de Emaús reconheceram-no e recordaram os momentos em que Jesus tinha partido o pão. 
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9. E este partir do pão recorda-nos a primeira Eucaristia celebrada no contexto da Última Ceia, onde Jesus partiu o pão e antecipou assim a sua morte e ressurreição, entregando-se aos discípulos. Também Jesus parte o pão conosco e por nós, faz-se presente conosco na Sagrada Eucaristia, dá-se e abre os nossos corações. 
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10. Na Sagrada Eucaristia, no encontro com a sua Palavra, também nós podemos encontrar e reconhecer Jesus, nesta dupla mesa da Palavra e do Pão e do Vinho consagrados. Em cada domingo, a comunidade revive assim a Páscoa do Senhor e recolhe do Salvador o seu testamento de amor e de serviço fraterno. 
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11. Que a alegria destes dias torne ainda mais forte a nossa adesão fiel a Cristo crucificado e ressuscitado. Acima de tudo, deixemo-nos conquistar pelo fascínio da sua ressurreição." (Bento XVI - Audiência Geral, 26 de março de 2008). 
Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

domingo, 31 de março de 2024

CRISTO RESSUSCITOU ALELUIA!


 Homilia do Domingo de Páscoa (Jo 20,1-9)(31/3/24)

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1. Caríssimos irmãos e irmãs, a Igreja hoje celebra solenemente a Ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus vivo. Ora, para nós essa se constitui a maior de todas as graças tendo em vista que a morte se apresentava como que invencível, uma vez que já nascemos morrendo e quando morremos só ficam as lembranças que, na verdade, se apagam com o tempo. 
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2. Todavia, nesse dia em que solenemente celebramos a Ressurreição do Senhor Jesus, a sua morte de cruz é o sinal de que Deus é invencível ainda que aos olhos daqueles que o crucificaram pareça morto. No entanto, como Ele havia anunciado: "O Pai me ama, porque dou a minha vida para a retomar. Ninguém a tira de mim, mas eu a dou de mim mesmo e tenho o poder de a dar, como tenho o poder de a reassumir. Tal é a ordem que recebi de meu Pai." (Jo 10,17-18).
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3. No Evangelho de hoje Maria Madalena vai ao túmulo do Senhor ainda de madrugada, mas não o encontra, por isso, vai correndo ao encontro dos Apóstolos e lhes diz: “Tiraram o Senhor do túmulo, e não sabemos onde o colocaram”. (Jo 20,2b). "De fato, eles ainda não tinham compreendido a Escritura, segundo a qual Cristo devia ressuscitar dos mortos." (Jo 20,9).
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4. Com efeito, a ressurreição do Senhor Jesus, é para nós o primeiro dia da nossa eternidade, uma vez que o Senhor nos faz ressuscitar com Ele para a vida eterna mesmo que estejamos ainda no tempo. E isso se dá mediante o nosso batismo que significa morrer e ressuscitar com Cristo.
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5. Bem como nos ensina São Paulo: "Ou ignorais que todos os que fomos batizados em Jesus Cristo, fomos batizados na sua morte? Fomos, pois, sepultados com ele na sua morte pelo batismo para que, como Cristo ressurgiu dos mortos pela glória do Pai, assim nós também vivamos uma vida nova." (Rm 6,3-4).
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6. E disse ele ainda: "Eu vivo, mas já não sou eu; é Cristo que vive em mim. A minha vida presente, na carne, eu a vivo na fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim." (Gl 2,20). Perguntemo-nos, então: como conviver com o Senhor ressuscitado e testemunha-lo?
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7. De fato, comungar Jesus ressuscitado presente realmente na Santa Eucaristia é ser um só como Ele em todos os sentidos da nossa vida, por isso, tudo o que é do Senhor é também nosso; pois, não viver essa dimensão da nossa fé, é permanecer ainda na morte, é não ressuscitar com Ele. 
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8. Portanto, caríssimos, viver a fé na ressurreição e conviver com Cristo ressuscitado para testemunha-lo, é sem dúvida alguma a nossa missão neste mundo; sem isso não compreendemos que Ele está vivo no meio de nós e caminha conosco para fazermos em tudo a vontade do Pai.
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Uma Santa e Feliz Páscoa do Senhor Jesus para todos.
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

terça-feira, 26 de março de 2024

A TRAIÇÃO É UM DOS PECADOS MAIS GRAVES...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 13,21-33.36-38)(26/3/24)

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1. Caríssimos, a tendência de olharmos e nos atermos aos problemas que se apresentam querendo nos desestruturar, é perder o ânimo, dada a nossa Impotência e fragilidade. Na primeira leitura de hoje o Profeta Isaías passa por essa prova: “Trabalhei em vão, gastei minhas forças sem fruto, inutilmente; entretanto o Senhor me fará justiça e o meu Deus dará recompensa”. (Is 49,4).
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2. E com isso nos ensina que diante de nossa fragilidade e desânimo, o Senhor nos revela que está sempre presente e nos envia para missões ainda maiores, pois a obra em que trabalhamos é Sua e é Ele mesmo que nos prepara para cumpri-la.
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3. Com efeito, quando o Senhor nos chama para uma missão Ele nos abre as comportas de suas graças para que fielmente a realizemos. De fato, Deus tudo criou sem nós, nos plasmou no ventre de nossas mães sem que tivéssemos consciência; mas, por sua divina misericórdia, nos chama à colaborarmos com Ele na obra da redenção realizada por seu Filho, nosso Senhor Jesus Cristo.
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4. No Evangelho de hoje Judas é protagonista e símbolo daqueles que são chamados pelo Senhor para o acompanhar em sua missão salvadora, como os demais discípulos; mas, porque agem a partir dos interesses mestinhos e busca de vantagens pessoas ou projeção da própria imagem, deixam, com isso, o mal entrar em suas almas passando de discípulos à traidores de Deus. 
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5. Com efeito, somente quem tem uma visão geral da vida é que sabe lidar com as adversidades que tentam nos desestabilizar e tirar o essencial que somos. Ora, somente Deus conhece cada uma de suas criaturas, por isso, nos capacita com seus dons e virtudes para superarmos todas as adversidades deste mundo. 
6. O bom é ter a certeza de que o mal, apesar de todo barulho que faz e de toda maldade que semeia, nunca prevalecerá sobre o bem, e é isto que o Senhor Jesus nos garante com sua morte e ressurreição. Ora, Deus é Deus, e o seu poder é invencível, mesmo sendo traído, aparentemente subjugado e morto; tudo isso serve tão somente como prova da vitória da sua Onipotência eterna, ninguém o pode vencer; é Dele que depende todas as coisas.
7. Amados irmãos e amadas irmãs, a distância entre o tempo e a eternidade é um sopro de vida, isso nos diz que quem serve fielmente ao Senhor no tempo que lhe é dado, tem como herança a felicidade eterna. 
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8. Portanto, caríssimos, bem aventurados são aqueles que vivem fielmente seu chamado, pois sabem que o Senhor nunca os abandona, ao contrário, os fazem participantes de sua morte de cruz para que participem também da sua Ressurreição.
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9. Recitemos com amor e devoção este lindo hino da liturgia latina: "Desce o Verbo de Deus à nossa terra, sem deixar a direita de Deus Pai.
E, lançada a semente do Evangelho, o Senhor chega ao ocaso da vida.
Um discípulo O entrega aos inimigos; mas, antes de morrer, o Salvador entrega-Se aos discípulos, dizendo: "Sou o Pão vivo que desceu do Céu" (Jo 6,51).
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10. O corpo de Jesus é alimento, o seu sangue, bebida verdadeira. Viverá para sempre o homem novo que tomar deste pão e deste vinho.
Nascendo, quis ser nosso companheiro, na Ceia Se tornou nosso alimento,
na morte Se ofereceu como resgate, na glória será nossa recompensa.
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11. Hóstia Santa, penhor de salvação, perene manancial de eterna vida, o inimigo teima em combater-nos; salvai-nos com a vossa fortaleza.
Ao Senhor Uno e Trino demos glória, cantemos seu louvor por todo o sempre; a todos nos conceda a vida eterna, abrindo-nos as portas do seu Reino."
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(Liturgia latina - "Desce o Verbo de Deus", Hino de Laudes da Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo)
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

segunda-feira, 25 de março de 2024

É NA FRAQUEZA QUE ÉS FORTE EM MIM


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 12,1-11)(25/3/24)

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1. Caríssimos, a liturgia de hoje é uma ação preparatória para o grande dia em que Jesus, o Filho de Deus, se entregará livremente nas mãos dos malfeitores para desse modo nos libertar definitivamente do poder do inferno e da morte que subjugou a humanidade por meio do pecado de desobediência dos nossos primeiros pais e também dos demais pecados cometidos em todos os tempos. 
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2. De fato, esta semana nos remete aos contrastes presentes deste episódio de que a Igreja faz memória e vive neste tempo litúrgico; por um lado relembra a traição, o sofrimento, a dor e a tristeza que resultou na paixão e morte do Senhor crucificado; por outro, transpõe tudo isso com a explosão de alegria pela sua vitoriosa ressurreição.
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3. Com efeito, o modo operante do Senhor nos revela que para além de todos os limites que o maligno tenta nos impor por suas ações maléficas, nada disso prevalece, uma vez que o Poder de Cristo é infinito e Ele age sempre por meio de Seus atributos divinos, bem como nos ensinou ao exortar São Paulo: "Basta-te minha graça, porque é na fraqueza que se revela totalmente a minha força." (2Cor 12,9a).
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4. Destarte, São Paulo nos exorta que como Ele suportou em seu corpo os sofrimentos de Cristo, nós também podemos suportar os mesmos; mas, sempre com a devida consolação do Senhor. Digamos, então, com Ele: 

5. "Quanto a mim, não pretendo, jamais, gloriar-me a não ser na cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo. Portanto, prefiro gloriar-me das minhas fraquezas, para que habite em mim a força de Cristo." (Gl 6,14; 2Cor 12,9b).
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6. Meditemos então com estas palavras de Santa Gertrudes a respeito do Evangelho de hoje: "O Senhor [disse a Gertrudes]: Se também queres oferecer-Me o perfume que, segundo a Escritura, esta mulher derramou devotamente sobre a minha cabeça, depois de ter partido o vaso onde o levava (cf Mt 26,7), de modo que "a casa encheu-se com o perfume", fica sabendo que o farás de modo excelente amando a verdade. 
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7. Sim, aquele que ama a verdade e, para a defender, perde os amigos ou se expõe a outras provações, ou empreende fadigas, esse quebra verdadeiramente o vaso e derrama abundantemente sobre a minha cabeça o perfume precioso, de modo que a casa se enche do seu bom odor. E torna-se ocasião de bom exemplo».
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8. Ela respondeu: «Senhor, Maria comprou este perfume precioso; como posso eu honrar-Te como se tivesse feito uma compra de valor semelhante?». O Senhor respondeu: «Quem Me oferece a sua boa vontade num assunto que decide realizar por meu amor, por maiores que sejam as dificuldades que tenha de enfrentar, desde que vise a minha glória, está a comprar-Me um perfume preciosíssimo, que Me é muito agradável.
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9. Pois, ao preferir a minha honra à sua vantagem, expõe-se voluntariamente a mil inconvenientes. Sim ele compra-Me esse perfume, ainda que seja impedido de realizar o seu objetivo» (Santa Gertrudes de Helfta (1256-1301), monja beneditina
«O arauto», Livro IV, SC 255). 
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.
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