VEM SENHOR JESUS!

"Em verdade, em verdade vos digo: quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna e não incorre na condenação, mas passou da morte para a vida". (Jo 5,24).

SEJAM BEM VINDOS À ESSA PORTA ESTREITA DA SALVAÇÃO

"Uma só coisa peço ao Senhor e a peço incessantemente: é habitar na casa do Senhor todos os dias de minha vida, para admirar aí a beleza do Senhor e contemplar o seu santuário". (Sl 26,4).

sexta-feira, 30 de junho de 2023

O PECADO DA DESOBEDIÊNCIA...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 8,1-4)(30/6/23). 


Caríssimos, toda miséria humana está contida em uma palavra, desobediência, e de fato, quem segue na vida por esse caminho nada encontra além do mal que ela representa para quem a segue. Ora, o resultado do pecado da desobediência é a perca do estado de graça, separando de Deus aquele que o comete. 

Porém, para nos ensinar que a desobediência é o mal que gera todos os males, porque é insubordinação contra a verdade, o amor, a justiça e todas as virtudes eternas, Deus enviou Seu Filho, numa carne semelhante à nossa, o qual sofreu todas as contrariedades por parte dos desobedientes, mesmo sendo inocente. 

Na Carta aos Filipenses são Paulo nos mostra o que significa a perfeita obediência de Cristo: "Dedicai-vos mutuamente a estima que se deve em Cristo Jesus. Sendo ele de condição divina, não se prevaleceu de sua igualdade com Deus, mas aniquilou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo assemelhando-se aos homens. 

E, sendo exteriormente reconhecido como homem, humilhou-se ainda mais, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz." (Fl 2,5-8). Ou seja, a obediência de Cristo é caminho de santidade para nós que o seguimos.

No Evangelho de hoje, vemos o episódio da cura imediata de um leproso, ao prostrar-se aos pés de Jesus pedindo essa graça. Ora, o Senhor nada exigiu dele, no entanto, lhe pediu para praticar a fé, pois sem sua prática não se pode dar um testemunho de verdadeira obediência às leis de Deus. 

De fato, é elogiável a atitude humilde do leproso que sobreviveu à enfermidade que o assolava. Todavia, precisamos compreender que não existe efeito sem causa, e a causa de todos os males se concentra no pecado da desobediência.

Portanto, caríssimos, a recomendação de Jesus ao referido leproso, serve igualmente para nós hoje: "Olha, não digas nada a ninguém, mas vai mostrar-te ao sacerdote, e faze a oferta que Moisés ordenou, para servir de testemunho para eles”. (Mt 8,4).

Destarte, isso significa dizer que a prática da fé é um testemunho sem alarde, sem marketing, mas sim, uma silenciosa demonstração de que Deus sempre age em nossa vida, para manter-nos em perfeita comunhão de amor com Ele por meio da Sua Santa Igreja.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv. 

quarta-feira, 28 de junho de 2023

CUIDADO COM OS FALSOS PROFETAS...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 7,15-20)(28/6/23)


Caríssimos, creio que o ser humano ainda não despertou para a vida divina que de Deus recebeu. Ora, Deus nos criou à sua imagem e semelhança, para vivermos como sua imagem e semelhança, e não com as deformações do pecado que nos descaracteriza e tiram de nós a beleza divina que nos foi dada. 

São Tiago na sua carta nos ensina o seguinte: "Toda dádiva boa e todo dom perfeito vêm de cima: descem do Pai das luzes, no qual não há mudança, nem mesmo aparência de instabilidade. Por sua vontade é que nos gerou pela palavra da verdade, a fim de que sejamos como que as primícias das suas criaturas." (Tg 1,17-18).

De fato, quem foi gerado "pela Palavra da verdade," precisa viver conforme a verdade que é, ou seja, em estado de graça, pois Jesus nos ensina que, quem nasce da água e do Espírito Santo no batismo, nasce na ordem da graça para a vida eterna, isto é, já nasce santo, e somente nós batizados podemos contradizer isso se everedarmos pela prática do pecado. 

A liturgia de hoje nos mostra do que os homens são capazes de fazer para contradizer e macular a verdade eterna que somos. Basta olharmos na face da terra e veremos uma multiplicidade de seitas e religiões incontáveis, cada uma proclamando a sua "verdade", porém, sem Cristo, e isso o fazem por meio de seus líderes, os quais semeiam os mais terríveis enganos, captando uma imensidão de seguidores.

Com efeito, vejamos o que o Senhor Jesus nos ensina no Evangelho de hoje a esse respeito: “Cuidado com os falsos profetas: Eles vêm até vós vestidos com peles de ovelha, mas por dentro são lobos ferozes. Vós os conhecereis pelos seus frutos. Toda árvore que não dá bons frutos é cortada e jogada no fogo. (Mt 7,15-16a.19).

De fato, os homens do nosso tempo perderam totalmente o rumo e já não o encontram, e isso por dois motivos principais: o primeiro deles é que não reconheceram Cristo como único Senhor e Salvador e por isso não o seguem, preferindo buscar na ciência incrédula e na tecnologia moderna uma solução que os satisfaça.

O segundo motivo vem daqueles que dizem crer em Cristo, mas se contradizem, porque os seus frutos são totalmente contrários ao seguimento de Cristo, pois vivem causando divisões e inúmeros escândalos, manchando com isso o nome de Cristo. E o resultado nefasto desse desvario é uma sociedade mergulhada na lama fétida do pecado das ideologias e apegada aos falsos profetas que pregam um falso cristo.

Portanto, caríssimos, escutemos o que diz o Senhor: "Vim em nome de meu Pai, mas não me recebeis. Se vier outro em seu próprio nome, haveis de recebê-lo... Como podeis crer, vós que recebeis a glória uns dos outros, e não buscais a glória que é só de Deus?" (Jo 5,43-44).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv. 

terça-feira, 27 de junho de 2023

A PORTA É ESTREITA E APERTADO O CAMINHO QUE LEVA A VIDA...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 7,6.12-14)(27/06/23)

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Caríssimos, o Evangelho de hoje é a continuidade do Sermão da Montanha, onde o Senhor Jesus ensina seus discípulos e todos os homens de todos os tempos, o caminho da perfeita comunhão com Deus e com o próximo, ao revelar o verdadeiro entendimento do amor a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos.
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Com efeito, de início Ele nos faz três exortações, na primeira, diz: “Não deis aos cães as coisas santas, nem atireis vossas pérolas aos porcos; para que eles não as pisem com o pés e, voltando-se contra vós, vos despedacem." (Mt 7,6). Ou seja, não dar "as coisas santas" e "as pérolas", significa não administrar a Palavra, os Sacramentos e a fé, a quem não as quer acolher (cf. Jo 1,11).
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Segunda exortação: "Tudo quanto quereis que os outros vos façam, fazei também a eles. Nisto consiste a Lei e os Profetas." (Mt 7,12). Ou seja, o fazer cristão é um serviço prestado em cumprimento à Lei e os profetas, com pura intenção; bem como nos ensinou São Paulo: "Tudo o que fizerdes, fazei-o de bom coração, como para o Senhor e não para os homens." (Cl 3,23-24).
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E a terceira exortação, é esta: "Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta e espaçoso é o caminho que leva à perdição, e muitos são os que entram por ele! Como é estreita a porta e apertado o caminho que leva à vida! E são poucos os que o encontram”! (Mt 7,13-14).
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Decerto, perguntemos: por que são poucos os que entram pela porta estreita e seguem pelo caminho apertado da vida? Porque a porta estreita é a cruz de cada dia feita de renúncias e desapegos; de misericórdia e mansidão; de amor aos inimigos e perseguidores; de suportar com paciência as dores e as adiversidades desta vida na certeza de que Deus nunca nos abandona ainda que por vezes nos sintamos abandonados como Seu Filho Jesus: "Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes?" (Mt 27,46).

No entanto, como resposta a esse aparente "abandono" assim nos diz o Senhor: "Pode uma mulher esquecer-se do filho que amamenta? Não ter ternura pelo fruto de suas entranhas? E mesmo que ela o esquecesse, eu não te esqueceria nunca." (Is 49,15). E ainda Isaías acrescenta: "Mas os que esperam no Senhor, renovarão as forças; subirão com asas como águias, correrão e não se casarão, caminharão e não se fatigarão." (Is 49, 15).

Portanto, caríssimos, a nossa esperança não é vã, principalmente ao ouvirmos esta exortação de São Paulo: "O Espírito mesmo dá testemunho ao nosso espírito de que somos filhos de Deus. E, se filhos, também herdeiros, herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo, contanto que soframos com ele, para que também com ele sejamos glorificados." (Rm 8,16-17).
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

segunda-feira, 26 de junho de 2023

A REGRA DE OURO DA COMUNHÃO FRATERNA...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 7,1-5)(26/6/23)


Caríssimos, o viver em comunidade é uma grande oportunidade que Deus nos dá para o exercício das virtudes eternas, todavia, depende sempre de nossa cooperação. Quem vive os valores eternos do amor, perdão, compreensão, etc. que Deus nos concede, colhe sempre frutos de unidade e de paz; quem não os vive tem a alma dilacerada pelos tormentos das tentações, do desassossego, da intolerância e do falso julgamento que frequentemente tende à condenar os outros mesmo que sejam inocentes.

De fato, quem olha o próximo a partir das faltas por ele cometidas, se perde, porque se esquece que também as comete de igual modo ou ainda piores; como nos ensina São Paulo nesta sua exortação: "Assim, és inescusável, ó homem, quem quer que sejas, que te arvoras em juiz. 

Naquilo que julgas a outrem, a ti mesmo te condenas; pois tu, que julgas, fazes as mesmas coisas que eles. Ora, sabemos que o juízo de Deus contra aqueles que fazem tais coisas corresponde à verdade.
Tu, ó homem, que julgas os que praticam tais coisas, mas as cometes também, pensas que escaparás ao juízo de Deus?" (Rm 2,1-3).

Com efeito, eis a regra de ouro que o Senhor Jesus nos dá para vivermos em constante comunhão fraterna: "Sede misericordiosos, como também vosso Pai é misericordioso. Não julgueis, e não sereis julgados; não condeneis, e não sereis condenados; perdoai, e sereis perdoados; dai, e dar-se-vos-á. Colocar-vos-ão no regaço medida boa, cheia, recalcada e transbordante, porque, com a mesma medida com que medirdes, sereis medidos vós também." (Lc 6,36-38). 

Decerto, a tentação mais constante que sofremos é a de julgar o próximo, e toda vez que o fazemos esquecemos essa regra de ouro, abrindo o coração para o inimigo de nossas almas entrar e inocular o veneno da calúnia, da discórdia e divisão com tamanha intensidade que deforma nossas almas tirando-nos a paz e a alegria de viver. De fato, é horrível se deixar conduzir pelo espírito imundo da fofoca.

Portanto, caríssimos, a vida em comunidade só é possível quando conduzidos pelo Santo Espírito, pomos em prática os mandamentos do amor a Deus e ao próximo como o Senhor nos ensinou: "Amarás o Senhor teu Deus de todo teu coração, de toda tua alma e de todo teu espírito (Dt 6,5). Este é o maior e o primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás teu próximo como a ti mesmo" (Lv 19,18). Nesses dois mandamentos se resumem toda a lei e os profetas." (Mt 22,37-40).

Sim, porque o primeiro amor de nossa vida é Deus e quem o ama sobre todas as coisas, é capaz de amar também, por seu amor, até mesmo os inimigos e perseguidores, pois esses ainda não entendem que só o amor os pode salvar. 

Eis o que escreveu são João a esse respeito: "Nós sabemos que fomos trasladados da morte para a vida, porque amamos nossos irmãos. Quem não ama permanece na morte. Quem odeia seu irmão é assassino. E sabeis que a vida eterna não permanece em nenhum assassino. Caríssimos, amemo-nos uns aos outros, porque o amor vem de Deus, e todo o que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. (1Jo 4,7; 1Jo 3,14-15).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv. 

domingo, 25 de junho de 2023

BUSCAI EM PRIMEIRO LUGAR O REINO DE DEUS...


 Homilia do XIIDom do tempo comum (Mt 10,26-33)(25/06/23)

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Caríssimos, a humanidade vive mergulhada num turbilhão de pecados e isso tem sido a causa de todos os males que nos assola. O Livro do Eclesiastes se referindo ao uso dos sentidos para pecar, diz: "A vista não se farta de ver, o ouvido nunca se sacia de ouvir." (Ecle 1,8b). E o Salmo 4, completa: "Filhos dos homens, até quando fechareis o coração? Por que amais a ilusão e procurais a falsidade?"
(Sl 4,3).
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Com efeito, é em meio à essa pesada atmosfera de pecados que são Paulo anuncia na segunda leitura: "A transgressão de um só levou a multidão humana à morte, mas foi de modo bem superior que a graça de Deus, o dom gratuito concedido através de um só homem, Jesus Cristo, se derramou em abundância sobre todos."(Rm 5,15).

Comentando o Evangelho de hoje disse o Papa Bento XVI: Deus é infinito e no seu Reino há lugar para nós. E o homem Jesus, que é ao mesmo tempo Deus, é para nós a garantia de que o ser-homem e o ser-Deus podem existir e viver eternamente um no outro. Isto significa que Deus conhece e ama o homem inteiro, aquilo que somos. 

E acolhe na sua eternidade o que agora, na nossa vida, feita de sofrimento e de amor, de esperança, de alegria e de tristeza, cresce e se forma. O homem todo, toda a sua vida é assumida por Deus, e nele purificada recebe a eternidade. Penso que esta é uma verdade que nos deve encher de profunda alegria. 

O cristianismo não se limita a proclamar uma salvação da alma num além não especificado, no qual tudo o que nos foi precioso e querido neste mundo seria apagado, mas promete a vida eterna, "a vida do mundo que há-de vir": nada do que nos é precioso e querido se arruinará, mas encontrará a plenitude em Deus. "Todos os cabelos da nossa cabeça estão contados." 

O mundo final será também a realização desta terra, como afirma São Paulo: "a própria criação será libertada da escravidão da corrupção para entrar na liberdade da glória dos filhos de Deus" (Rm 8,21). Podemos então compreender como o cristianismo dá uma forte esperança num futuro radioso e abre o caminho para a realização desse futuro. 

Somos chamados, precisamente como cristãos, a construir este mundo novo, a trabalhar para que ele se torne um dia "o mundo de Deus", um mundo que ultrapassará tudo o que nós próprios possamos construir." (Bento XVI - Santa Missa na Solenidade da Assunção de Maria, 15/8/2010).
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Portanto, caríssimos, todos nós buscamos ser bem sucedidos na vida por nós mesmos; mas, nem sempre conseguimos, todavia, basta pôr-nos disponíveis a serviço do Reino de Deus, como nos ensinou o Senhor: "Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça e todas as coisas vos serão dadas em acréscimo." (Mt 6,33). Para vermos realizar-se a sua Santa Vontade em prol da nossa salvação.
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

sábado, 24 de junho de 2023

SOLENIDADE DA NATIVIDADE DE SÃO JOÃO BATISTA...


 Sol. do nascimento de São João Batista (Lc 1,57-66.80)(24/6/23). 


Caríssimos, todas as obras de Deus são perfeitas e quando alguém interfere para que elas não o sejam, essa interferência só atinge aqueles que não vivem a sua vocação com o mesmo propósito para o qual Deus os criou. Não pensem que o mal tem algum poder sobre os filhos e filhas de Deus ou sobre suas obras, porque não tem; visto que a vontade de Deus é livre e soberana e tudo dispõe à nosso favor à medida em que o obedecemos para que se cumpra todos os seus desígnios à nosso respeito.

A Solenidade de São João Batista que a Igreja hoje celebra sela o encontro dos dois Testamentos que são frutos da aliança entre Deus e os homens, pois, por meio de sua missão profética, Deus Pai, finda o Antigo Testamento e dá início ao Novo como última etapa da história da humanidade. 

Ao enviar o seu Filho, Jesus Cristo, do qual João Batista é o precursor, o Senhor decreta o fim dos tempos e dos reinos humanos e dá início ao seu reinado eterno em cuja plenitude se dará o juízo final, quando serão julgados os vivos e os mortos. Bem como Ele profetizou: "Então aparecerá no céu o sinal do Filho do Homem. Todas as tribos da terra baterão no peito e verão o Filho do Homem vir sobre as nuvens do céu cercado de glória e de majestade." (Mt 24,30).

Com efeito, o que mais chama a atenção na missão de João é a maneira com a qual ele a conduz; João significa "Deus nos é favorável", desse modo, ele revela quem é Jesus e qual é a sua missão, dizendo: "Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo" e completa: "Eu não sou digno de desamarrar as correias de suas sandálias, convém que ele cresça e que eu diminua." (Jo 1,29.27).

"O maior dos homens foi enviado para dar testemunho daquele que era mais que um homem. Com efeito, quando aquele que «é o maior de entre os nascidos de mulher» (cf Mt 11,11) diz: «Eu não sou o Messias» (Jo 1,20) e se humilha face a Cristo, temos de entender que Cristo não é apenas um homem. João é homem, Cristo é Deus: é preciso que o homem se humilhe, para que Deus seja exaltado.
Foi para ensinar o homem a humilhar-se que João nasceu no dia a partir do qual os dias começam a diminuir; para nos mostrar que Deus deve ser exaltado, Jesus Cristo nasceu no dia em que os dias começam a crescer. Há aqui um ensinamento profundamente misterioso. 

Nós celebramos a natividade de João como celebramos a de Cristo, porque essa natividade está cheia de mistério. De que mistério? Do mistério da nossa grandeza. Diminuamo-nos em nós próprios para podermos crescer em Deus; humilhemo-nos na nossa baixeza, para sermos exaltados na sua grandeza." (Santo Agostinho - Sermão 289, 3º para a Natividade de João Batista). 

Portanto, caríssimos, nós estamos vivendo os últimos preparativos para a vinda definitiva do Filho do Homem, nosso Senhor Jesus Cristo, precisamos viver o que Zacarias, pai de são João Batista, nos ensinou no dia do seu nascimento: "Sirvamos ao Senhor em santidade e justiça todos os dias de nossa vida."

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv. 

quarta-feira, 21 de junho de 2023

SEDE SANTOS COMO O VOSSO PAI DO CÉU É SANTO...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 6,1-6.16-18)(21/6/23). 


Caríssimos, a nossa vida é um mover-se constante, estamos sempre pensando algo, falando algo e fazendo alguma coisa. Uns com boas intenções e objetivos precisos visando somente o bem de todos; estes verdadeiramente agem inspirados por Deus realizando o seu plano de amor e salvação para toda humanidade. 

Outros, no entanto, agem perversamente com o intuito de prejudicar os demais e tirar proveito disso, ou seja, servem ao maligno em troca de vantagens materiais; porém, o resultado de suas ações é um estado mórbido de alma, isto é, uma vida sem sentido, sem paz. No entanto, quando se arrependem e buscam a misericórdia do Senhor, são recebidos e perdoados quais filhos pródigos que voltam à casa do pai. 

No Evangelho de hoje, o Senhor Jesus nos ensina que, quem quer transparecer a presença de Deus pela prática da fé, precisa se ocultar deste mundo, e assim pensar, falar e fazer tudo por amor a Deus e aos nossos irmãos e irmãs. São Paulo, na Carta aos Colossenses, assim nos exorta à esse respeito: "Tudo o que fizerdes, fazei-o de bom coração, como para o Senhor e não para os homens, certos de que recebereis, como recompensa, a herança das mãos do Senhor. Servi a Cristo, Senhor." (Cl 3,23-24).

São Cipriano, bispo e mártir, assim traduz essa exortação de são Paulo: "A vida humilde, a fidelidade inabalável, a modéstia nas palavras, a justiça nas ações, a misericórdia nas obras, a disciplina nos costumes; o não fazer injúrias; o tolerar as recebidas; o manter a paz com os irmãos; o amar a Deus de todo o coração; o ama-lo por ser Pai; o teme-lo por ser Deus; e nada absolutamente antepor a Cristo, pois também ele não antepôs coisa alguma a nós. 

O aderir inseparavelmente à sua caridade; o estar ao pé de sua cruz com coragem e confiança, quando se tratar de lutar por seu nome e sua honra; o mostrar firmeza ao confessa-lo por palavras, e, no interrogatório, o manter a confiança naquele por quem combatemos, e, na morte, o conservar a paciência que nos coroará, tudo isto é querer ser co-herdeiro de Cristo, é cumprir o preceito de Deus, é realizar a vontade do Pai."

De fato, todos estamos a caminho da eternidade, e dia após dia precisamos crescer na nossa relação filial com Deus, nosso Pai, por seu Filho Jesus Cristo, na graça do Espírito Santo; com Maria Santíssima, são José e todos os santos e santas que já cumpriram sua missão e hoje gozam no céu as graças que aqui viveram por meio da fé.

O que seria de nós se nos faltasse os benefícios que de Deus recebemos à todo instante? Por exemplo, o ar que respiramos, a comida que a terra podruz, a água que bebemos, o sol que nos dá a sua luz, e todas as outras graças que nos são dadas? 

Portanto, caríssimos, de uma coisa sejamos convictos, a vida só é possível porque Deus nos ama, mesmo que não correspondamos ao seu infinito amor, pois é nosso dever ama-lo sobre todas as coisas e aos nossos semelhantes como a nós mesmos, mas, infelizmente não é isso o que está acontecendo atualmente. Todavia, tudo pode mudar à medida que nos convertemos e seguimos decididamente o caminho de Cristo nos preparando para o dia da nossa páscoa definitiva.

Paz e Bem! 

Frei Fernando Maria OFMConv.

A PERFEIÇÃO DA CARIDADE FRATERNA...

PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 5,43-48)(20/06/23)

Caríssimos, o Senhor Jesus conclui o Evangelho de hoje dizendo: "Sede perfeitos como o vosso Pai celeste é Perfeito." (Mt 5,48). A perfeição é uma obra divina em nossa vida; Deus nos criou por amor e somente para amar, por isso, não há espaço em nossa alma para algo fora do seu amor, porque somente quem ama como Ele nos ensina é feliz. 

Com efeito, vivemos num mundo profundamente mórbido, onde o ódio, o rancor e o recentimento são sinônimos de divisões e de mortes, e no mais das vezes, trágicas. Todavia, supliquemos ao Senhor para que os homens se convertam e se voltem para a sua Divina Misericórdia, antes que venha o grande dia do Senhor em que haverá o julgamento deste mundo, e todos serão julgados por suas palavras e ações. 

A esse respeito escreveu são Tiago: "Falai, pois, de tal modo e de tal modo procedei, como se estivésseis para ser julgados pela lei da liberdade. Haverá juízo sem misericórdia para aquele que não usou de misericórdia. A misericórdia triunfa sobre o julgamento." (Tg 2,12-13). Que o Senhor tenha compaixão de nós e nos ajude a vencer a luta contra o pecado.

No Evangelho de hoje, Jesus nos ensina que o amor e a oração vencem todas as imperfeições advindas do pecado, é por isso que o vimos no alto da cruz suplicando por seus terríveis algozes: "E Jesus dizia: Pai, perdoa-lhes; porque não sabem o que fazem." (Lc 23,34). Pois, quem ama assim como o Senhor é invencível ainda que esteja pregado numa cruz. 

Decerto, esse amor do Senhor nos cura, nos faz retornar ao amor criador, às custas do seu sacrifício, de sua imolação, como São Paulo nos ensinou: "Com efeito, quando éramos ainda fracos, Cristo a seu tempo morreu pelos ímpios. Em rigor, a gente aceitaria morrer por um justo, por um homem de bem, quiçá se consentiria em morrer. Mas eis aqui uma prova brilhante de amor de Deus por nós: quando éramos ainda pecadores, Cristo morreu por nós." (Rm 5,6-8). 

Portanto, caríssimos, quando alguém não nos ama é porque precisa do amor com que somos amados por Deus, pois Dele recebemos todo amor e todo bem, por isso, em Seu Filho Jesus Cristo, podemos amar aqueles que não nos amam. Ora, não esperemos dos outros o que só Deus nos pode dar, isto é, a perfeição da caridade na convivência mútua.

De fato, cada um só dá o tem e se tem é porque recebeu; e em se tratando das virtudes celestes, dentre elas o amor, Deus é a sua única Fonte que nos sacia divinamente a ponto de transborda-lo para todos até mesmo os inimigos. Creio que por isso disse são Paulo: "Estou pregado à cruz de Cristo. Eu vivo, mas já não sou eu; é Cristo que vive em mim. A minha vida presente, na carne, eu a vivo na fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim." (Gl 2,19b-20).
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv. 
 

segunda-feira, 19 de junho de 2023

CRISTO E A NÃO VIOLÊNCIA...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA (Mt 5,38-42)(19/06/23)

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Caríssimos, todos nós que recebemos o batismo fomos selados com o selo da redenção, o dom do Espírito Santo, para refletirmos em nós a glória de Cristo por uma prática existencial que fala pelo testemunho que damos do Senhor por meio das obras e palavras, como nos ensinou São Paulo: "Todos nós temos o rosto descoberto, refletimos como num espelho a glória do Senhor e nos vemos transformados nesta mesma imagem, sempre mais resplandecentes, pela ação do Espírito do Senhor." (2Cor 3,18).
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Ora, mas isso não nos isenta das perseguições que sofremos por causa de Cristo, como vimos na primeira leitura, no entanto, mesmo perseguidos não deixamos de ser consolados e inspirados por Seu Santo Espírito, a fim de que continuemos a proclamar as maravilhas da salvação que Ele trouxe para todos que o acolhem com benevolência e retidão.
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No Evangelho de hoje o Senhor Jesus nos ensina que só é possível vencer o mistério da iniquidade permanecendo no amor de Deus que gera em nós a mansidão que nos faz vencer todo tipo de violência e maldade. Com efeito, o Senhor carregou sobre si todas as nossas dores e venceu, basta olharmos sua cruz, pois ela é o maior exemplo que temos da vitória do bem sobre o mal.

Comentando esse Evangelho de hoje disse o Papa Bento XVI: "Por que Jesus nos pede para amar os inimigos, ou seja, um amor que excede as capacidades humanas? Na realidade, a proposta de Cristo é realista, porque leva em conta que no mundo há muita violência, muita injustiça e, portanto, esta situação não pode ser superada senão reagindo com mais amor, com mais bondade.  

Este "mais" vem de Deus: é a sua misericórdia, que se fez carne em Jesus e é a única que pode "libertar" o mundo do mal para o bem, a partir daquele pequeno e decisivo "mundo" que é o coração do homem. A não-violência para os cristãos não é um mero comportamento tático, mas um modo de ser da pessoa, a atitude de quem está tão convencido do amor de Deus e de seu poder, que não tem medo de enfrentar o mal apenas com as armas do amor e da verdade. 

O amor ao inimigo constitui o núcleo da “revolução cristã”, uma revolução que não se baseia em estratégias de poder econômico, político ou midiático. A revolução do amor, um amor que, em última análise, não se baseia nos recursos humanos, mas é um dom de Deus que se obtém confiando única e sem reservas na sua bondade misericordiosa. Eis a novidade do Evangelho, que muda o mundo sem fazer barulho. Aqui está o heroísmo dos "pequeninos", que acreditam no amor de Deus e o propagam mesmo à custa da própria vida." Bento XVI - Angelus, 18/2/2007). 

Portanto, caríssimos, fiquemos certos disto, a última Palavra sobre todas as coisas, é de Deus. De nossa parte recebemos Dele o dom da vida e com ela o poder do livre arbítrio para sempre dizermos sim à sua vontade, e não ao maligno; cabe a nós, com a ajuda do Divino Espírito Santo, seguir o Senhor Jesus de todo o nosso coração com uma fé inabalável certos de que Ele nos conduzirá à felicidade eterna, à plenitude da sua glória.
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

domingo, 18 de junho de 2023

Homilia do XI Dom do Tempo Comum...


 Homilia do XI Dom. Do tempo (Mt 9,36-10,8)(14/06/20)


Caríssimos, é belo notar neste Evangelho de hoje como o Senhor Jesus age para com seus discípulos e conosco quando trata da escolha e do envio para obra da Evangelização e da salvação da humanidade. Com efeito, Ele nos prepara com os dons e o poder necessários para cumprirmos a missão que nos confia, e tudo isso nós fazemos como Igreja, povo de Deus a caminho do Reino dos Céus.

A liturgia de hoje nos mostra que o povo de Deus é um povo sacerdotal, um povo que busca o Senhor para oferecer o sacrifício da própria vida (cf. Ef 5,1). O povo da Antiga Aliança oferecia sacrifícios de animais por meio dos sacerdotes escolhidos por Deus. O povo da Nova Aliança oferece em sacrifício o próprio Cristo por meio daqueles que Ele escolheu para anunciar a salvação a todos os povos, bem como vimos no Evangelho de hoje.

"Este povo tem por chefe Cristo; tem por condição a dignidade e liberdade dos filhos de Deus, nos corações dos quais habita o Espírito Santo; tem por lei o novo preceito de amar como o próprio Cristo nos amou; tem por fim o Reino de Deus a ser dilatado por toda terra; é para toda a humanidade um germe de unidade, de esperança, de salvação; instrumento de redenção para todos e caminha rumo à cidade futura; é sacramento visível dessa unidade de salvação." (cf. LG 9b).

O novo "povo sacerdotal", a Igreja, não é uma entidade separada do mundo, fechado em si mesma. A igreja e o mundo se entrecruzam. A igreja está no mundo e aí desempenha sua missão, e o mundo não pode atingir sua plena realização se a igreja não o fermentar com o Espírito do Evangelho.

"Os cristãos - diz-se na carta a Diagoneto - são a alma do mundo." Ora, o sentido da Igreja está em levar o mundo a Deus, ser o caminho de acesso para o encontro com Deus. Por isso, "quando a Igreja toma consciência de si, torna-se missionária, (São Paulo VI), e dialoga com o mundo.

A igreja assistida pelo Espírito Santo, vigilante pelo exame de consciência do Concílio, escruta os sinais dos tempos e se esforça por interpretá-los à luz do Evangelho, para captar toda oportunidade e não deixar que a graça de Deus que nos é dada passe em vão.

Mas não só a Igreja, em seu conjunto, é missionária; cada cristão justificado por Cristo é chamado a colaborar, na vida presente, na construção do Reino de Deus. É sinal que deve resplandecer aos olhos de todos; enviado a "anunciar" a Palavra, é "responsável" pela Palavra. Deve levar ao ambiente em que vive e trabalha aquele calor e zelo que Cristo levou, reconhecendo Cristo em todos e em quem tem necessidade do nosso interesse, isto é, da salvação." (MR).

Amados irmãos e amadas irmãs, humildemente, "Invoquemos a intercessão de Maria, que é a Mulher do «sim». Maria disse «sim» durante toda a sua vida! Ela aprendeu a reconhecer a voz de Jesus, desde quando o trazia no ventre. Maria, nossa Mãe, nos ajude a reconhecer cada vez melhor a voz de Jesus e a segui-la, para caminhar pela vereda da vida." (Papa Francisco, Angelus, 21/4/2013). 

Oremos: "Ó Deus força daqueles que esperam em Vós sede favorável ao nosso apelo e como nada podemos em nossa fraqueza dai-nos sempre o socorro da vossa graça para que possamos querer e agir conforme vossa vontade seguindo os vossos mandamentos, por Nosso Senhor Jesus Cristo vosso filho na unidade do Espírito Santo." Amém! Assim seja!
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

sábado, 17 de junho de 2023

Ó MARIA CONCEBIDA SEM PECADO ROGAI POR NÓS...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Lc 2,41-51) (17/06/23)


Caríssimos, estamos num mundo onde se fala muito, onde se faz muito barulho; num mundo extremamente confuso, porque os homens não estão dando ouvidos à Palavra de Deus, mas sim ao barulho do mundo e às suas confusões. Por isso, precisamos ouvir e pôr em prática estas palavras de são João:

"Não ameis o mundo nem as coisas do mundo. Se alguém ama o mundo, não está nele o amor do Pai. Porque tudo o que há no mundo - a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida - não procede do Pai, mas do mundo. O mundo passa com as suas concupiscências, mas quem cumpre a vontade de Deus permanece eternamente." (1Jo 2,15-17)

No Evangelho de hoje vimos que: "Maria guardava todas as coisas de Deus em seu coração e nelas meditava." (Lc 2,51). E ela fazia isso porque dedicava todo o seu tempo a Deus, pronta para o ouvir e seguir os passos do seu Filho, como o fez por toda a sua vida terrena e também agora no céu; pois recebeu Dele a missão de ser a nossa mãe para cuidar da nossa salvação.

Com efeito, olhando para o exemplo de Nossa Senhora que guardava com amor no seu coração as coisas de Deus e as meditava, se seguirmos seu exemplo, certamente cresceremos na graça, no conhecimento e na sabedoria de Deus; por isso, precisamos nos manter fora do barulho e da confusão deste mundo, para darmos espaço ao silêncio sagrado, e como Nossa Mãe, meditarmos as coisas de Deus e guarda-las em nossos corações.

Decerto, esse Evangelho nos leva à refletir o quanto as nossas famílias precisam se dedicar a Deus, vivendo em sua presença, meditando as coisas que dizem respeito a Ele e à nossa salvação, seguindo exatamente o exemplo da Sagrada Família. Pois, tempo é vida, e quem dá tempo a Deus recebe Dele a vida eterna; mas quem tira o tempo de Deus para dar àquilo que não é d'Ele, perde tudo até mesmo a vida que pensa ter. 

São Paulo na Carta aos Colossenses assim nos exorta: "A palavra de Cristo permaneça entre vós em toda a sua riqueza, de sorte que com toda a sabedoria vos possais instruir e exortar mutuamente. Sob a inspiração da graça cantai a Deus de todo o coração salmos, hinos e cânticos espirituais. Tudo quanto fizerdes, por palavra ou por obra, fazei-o em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai." (Cl 3,16-17).

Portanto, caríssimos, escutemos são Maximiliano Maria Kolbe a esse respeito: "O coração divino de Jesus, que ardia de amor por nós, pecadores, deu-nos como Mãe e protetora a sua própria Mãe, a mais graciosa e de todas mais amante, o ser que está acima dos santos e dos anjos, aquela a quem Ele nada pode recusar, porque é sua Mãe, incomparavelmente digna e querida. Ele deu-lhe um coração tal que lhe é impossível ver uma lágrima no mundo, e não se preocupar com a salvação e a santificação de cada ser humano. 

Nas dificuldades, nas trevas, nas enfermidades, nas desilusões, recordemos que o Céu está perto, que se aproxima cada vez mais. Por isso, coragem! Ela espera-nos para nos apertar ao seu coração. Ela é a nossa mais terna Mãe, agora e sempre: na vida, na morte e na eternidade. Recordemos esta verdade!" (São Maximiliano Kolbe).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv. 

SOLENIDADE DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS...


 Solenidade do Sagrado Coração de Jesus (Mt 11,28-30)(16/06/23).


"Naquele tempo, tomou Jesus a palavra e disse: “Vinde a mim todos vós que estais cansados e fatigados sob o peso dos vossos fardos, e eu vos darei descanso. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração, e vós encontrareis descanso. Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve”. (Mt 11,28-30)

Caríssimos, nós estamos sempre nos relacionando com as pessoas e as coisas com que interagimos, todavia perguntemos: qual é a melhor companhia para o nosso viver cotidiano neste mundo? O Evangelho de hoje responde à essa pergunta com maestria, a nossa melhor companhia é Jesus que nos faz experimentar a grandeza do seu amor, da sua humildade e da sua proteção quando a Ele recorremos.

De fato, a melhor forma de gozar da amizade "do doce Rabi da Galileia," é tê-lo em nossa vida na dimensão de sua misericórdia e de sua presença permanente, sem nunca excluí-lo de nossos relacionamentos seja qual for a situação, pois, como disse São Paulo: "Na verdade o Senhor está muito próximo de cada um de nós, porque é nele que vivemos, nos movemos e somos." (At 17,28a).

Com efeito, precisamos viver essa dimensão da comunhão com o Senhor para que tudo o que Ele nos ensinou se cumpra em nossa vida. Pois existimos unicamente para vivermos na sua presença gozando da sua amizade e do seu amor para sermos expressão constante do seu amor, como nos ensinou São João: "Nós conhecemos e cremos no amor que Deus tem para conosco. Deus é amor, e quem permanece no amor permanece em Deus e Deus nele." (Jo 4,16).

Portanto, caríssimos, se nos comportassemos como o Senhor nos ensina nada faltaria a nenhuma de suas criaturas e muito menos à nós, seus filhos e filhas. Creio que toda ruína que se faz presente nesse mundo é fruto da falta de amor para com Deus e entre nós. Pois, "Aquele que não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor." (1Jo 4,8).

Destarte, alguém certamente pode até argumentar, mas isso é óbvio. Todavia, não basta expressar tal argumento, isto porque se faz necessário a conversão diária para deixarmos Deus agir livremente em nossas almas, pois hoje ouvimos Ele dizer: Vinde a mim...

Oremos humildemente com Santa Faustina Kowalska, apóstola da Divina Misericórdia: "Salve, coração misericordioso de Jesus, fonte de todas as graças, e seu vivo nexo, nossa proteção e refúgio, única luz, em vós que tenho, da esperança, o reflexo.
Salve, coração compassivo de meu Senhor, inescrutável fonte viva de ternura, de que brota a vida para o pecador, e a fonte e a origem de toda a doçura.
Salve, do Sagrado Coração, aberta chaga, donde saíram os raios da misericórdia, e da qual nos foi dada a vida em paga, vaso único de confiança e concórdia.
Salve, divina inconcebível bondade, nunca medida nem aprofundada,
de amor e misericórdia, plena de santidade, porém, como terna mãe, para nós inclinada.
Salve, trono de misericórdia de Deus Cordeiro, que por mim destes a vida em sacrifício, em que minha alma se humilha, até ao dia derradeiro, pois de viver em fé profunda é meu ofício." (Santa Faustina Kowalska, religiosa - Diário § 1321)

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv. 

quinta-feira, 15 de junho de 2023

A CARIDADE É O VÍNCULO DA PERFEIÇÃO...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 5,20-26)(15/06/23)


Caríssimos, existe uma tendência humana de querer entender tudo conforme os próprios critérios e quando o que julgam não são conformes esses critérios ficam confusos e rejeitam, ou então, não dão a importância devida principalmente ao que diz respeito a fé em Cristo, Filho de Deus vivo. Ora, não podemos esquecer que somos apenas um sopro e que dele dependemos naturalmente cem por cento. Portanto, não são os critérios humanos que prevalecem, mas sim os critérios Daquele que nos dá a vida eterna.

São Paulo, na primeira leitura de hoje, nos ensina que a verdadeira liberdade é aquela que vem do Senhor e que é gerada pela presença do Espírito Santo em nossas almas: "Pois, o Senhor é o Espírito, e onde está o Espírito do Senhor, aí está a liberdade." (2Cor 3,17). Desse modo, compreendemos que é a nossa permanência em Cristo que nos faz livres por meio do Santo Espírito que em nós habita.

Com efeito, tudo o que foi revelado no Antigo Testamento o foi em preparação para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo Jesus, e uma vez que que Ele se faz presente no meio de nós, é Deus mesmo quem nos fala por meio Dele diretamente sem nenhuma dúvida de qual seja a sua vontade. Desse modo, ouvir o Senhor Jesus, é ouvir o próprio Deus, como Ele mesmo disse: "Eu e o Pai somos um." (Jo 10,30).
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São Francisco de Assis na Regra não bulada escreveu: "Todos os irmãos terão o cuidado de não caluniar ninguém e de evitar discussões. Pelo contrário, tentarão, com a graça de Deus, guardar silêncio. Não discutirão entre si nem com outras pessoas, mas esforçar-se-ão por responder humildemente: «Somos servos inúteis» (Lc 17,10). 

Não se irritarão: «Quem se irritar contra o seu irmão será réu perante o tribunal; quem lhe chamar "imbecil" será réu diante do sinédrio; e quem lhe chamar "louco" será réu da Geena do fogo». Amar-se-ão uns aos outros, conforme a palavra do Senhor: «O que vos mando é que vos ameis uns aos outros como Eu vos amei» (Jo 15,12). 

Testemunharão o amor que devem ter uns pelos outros com atos, conforme as palavras do apóstolo João: «Não amemos com palavras e com a língua, mas com obras e de verdade» (1Jo 3,18). Não ultrajarão ninguém; não difamarão, nem denegrirão ninguém; porque está escrito que o Senhor odeia os «bisbilhoteiros e os maldizentes»; serão modestos, «dando sempre provas de amabilidade com todos os homens» (Tt 3,2; Rm 1,29-30). 

Não julgarão nem condenarão, como diz o Senhor (cf Lc 6,37). Não julgarão sequer os menores pecados dos outros, mas refletirão sobre os seus próprios pecados na amargura do seu coração (cf Is 38,15). Esforçar-se-ão por entrar pela «porta estreita», pois o Senhor diz: «Esforçai-vos por entrar pela porta estreita, porque Eu vos digo que muitos tentarão entrar sem o conseguir» (Lc 13,24; Mt 7,13-14).

"Portanto, caríssimos, como eleitos de Deus, santos e queridos, revesti-vos de entranhada misericórdia, de bondade, humildade, doçura, paciência. Triunfe em vossos corações a paz de Cristo, para a qual fostes chamados a fim de formar um único corpo. E sede agradecidos. Mas, acima de tudo, revesti-vos da caridade, que é o vínculo da perfeição. (Cl 3,12-14).
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

quarta-feira, 14 de junho de 2023

A LEI DE DEUS É PEDAGOGO QUE NOS CONDUZ A CRISTO...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 5,17-19)(14/06/23).


Caríssimos, Deus nunca nos deixa, nunca. Sua Palavra nos dá essa garantia, pois nos revela Sua Onipotência, Sua Oniciência e Sua Onipresença. Seja nas situações difíceis ou nas favoráveis; seja ainda quando não entendemos os seus planos, e por isso, cometemos alguns enganos fora de seus propósitos; mesmo assim Ele nos espera como o Pai amoroso da parábola do filho pródigo, até que voltemos ao seu convívio. 

No Evangelho de hoje, Jesus nos lembra que a Lei e os profetas são os meios que nos levam ao seu encontro, pois Ele foi enviado pelo Pai para levar à perfeição todos os preceitos, como Ele mesmo disse: "Não penseis que vim abolir a Lei e os Profetas”. Não vim para abolir, mas para dar-lhes pleno cumprimento. Em verdade, eu vos digo: antes que o céu e a terra deixem de existir, nem uma só letra ou vírgula serão tiradas da Lei, sem que tudo se cumpra." (Mt 5,17-18)

São João, na sua primeira carta, nos ensinou que o verdadeiro amor a Deus e aos irmãos, se encontra na obediência aos santos mandamentos: "Nisto conhecemos que amamos os filhos de Deus: se amamos a Deus e guardamos os seus mandamentos. Eis o amor de Deus: que guardemos seus mandamentos. E seus mandamentos não são penosos, porque todo o que nasceu de Deus vence o mundo. E esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé." (1Jo 5,2-4).

Desse modo, compreendemos que a nossa missão neste mundo é viver em conformidade com a vontade de Deus, expressa nos seus santos mandamentos, vividos e ensinados por Jesus, como escreveu são João: "Pois a lei foi dada por Moisés, a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo." (Jo 1,17). Ou seja, a totalidade do seu cumprimento.

São Jerônimo, doutor da Igreja e tradutor da Bíblia Sagrada assim escreveu sobre a presença de Cristo nos escritos do Antigo Testamento: "Quando leio o Evangelho e nele encontro testemunhos provenientes da Lei ou dos profetas, só considero a Cristo. Não leio Moisés nem os profetas senão com a intenção de saber o que dizem de Cristo. 

Pois, tendo chegado ao esplendor de Cristo e percebendo a luz esplendorosa e brilhante do Sol, já não consigo dar atenção a uma lamparina. Se acendermos uma lamparina em pleno dia, o que alumia ela? Quando o Sol se ergue, a luz duma lamparina torna-se invisível. 

Do mesmo modo, na presença de Cristo, a Lei e os profetas desaparecem por completo. Não critico a sua existência, muito pelo contrário, até a enalteço, uma vez que a Lei e os profetas anunciam a Cristo. Quando os leio, porém, a minha intenção não é ater-me ao que eles dizem, mas, a partir do que dizem, chegar a Cristo."

Portanto, caríssimos, escutemos o que nos ensinou São Paulo sobre o perfeito cumprimento da Lei: "A ninguém fiqueis devendo coisa alguma, a não ser o amor recíproco; porque aquele que ama o seu próximo cumpriu toda a lei. A caridade não pratica o mal contra o próximo. Portanto, a caridade é o pleno cumprimento da lei." (Rm 13,8.10).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv. 

terça-feira, 13 de junho de 2023

VÓS SOIS O SAL DA TERRA, VÓS SOIS A LUZ DO MUNDO III


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA

(Mt 5,13-16)(13/06/23)

Caríssimos, a obra da evangelização é uma ação direita do Espírito Santo que age em nossas almas fazendo de nós seus porta vozes para anunciarmos o Senhor Jesus e a salvação que Ele nos trouxe. São Paulo na primeira Carta aos Coríntios, disse referindo-se à sua, mas também à nossa missão: "Anunciar o Evangelho não é glória para mim; é uma obrigação que se me impõe. Ai de mim, se eu não anunciar o Evangelho!" (1Cor 9,16).

Com efeito, segundo o Papa Francisco, esse Evangelho de hoje, "põe em relevo as palavras de Jesus que descrevem a missão dos seus discípulos no mundo (cf. Mt 5, 13-16). Ele utiliza as metáforas do sal e da luz e as suas palavras dirigem-se aos discípulos de todos os tempos, por conseguinte também a nós.

Jesus convida-nos a ser um reflexo da sua luz, através do testemunho das boas obras. E diz: «Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus» (Mt 5, 16). Estas palavras frisam que nós somos reconhecidos como verdadeiros discípulos d’Aquele que é a Luz do mundo, não pelas palavras, mas pelas nossas obras. 

Com efeito, é sobretudo o nosso comportamento que — no bem ou no mal — deixa um sinal nos outros. Por conseguinte, temos uma tarefa e uma responsabilidade pelo dom recebido: a luz da fé, que está em nós por meio de Cristo e da ação do Espírito Santo, não a devemos reter como se fosse nossa propriedade. Ao contrário, somos chamados a faze-la resplandecer no mundo, a doa-la aos outros mediante as boas obras.

E quanta necessidade tem o mundo da luz do Evangelho que transforma, cura e garante a salvação a quem o acolhe! Devemos levar esta luz com as nossas boas obras. A luz da nossa fé, doando-se, não se apaga, mas reforça-se. Ao contrário, pode vir a faltar se não a alimentarmos com o amor e com as obras de caridade.

Nos sirva sempre de ajuda a proteção de Maria Santíssima, primeira discípula de Jesus e modelo dos crentes que vivem todos os dias na história a sua vocação e missão. A nossa Mãe nos ajude a deixar-nos sempre purificar e iluminar pelo Senhor, para nos tornarmos, por nossa vez, “sal da terra” e “luz do mundo”."
(Papa Francisco - Angelus - 5/2/17)

Portanto, caríssimos, viver é uma missão que cabe a nós que fomos batizados; anunciar o Evangelho é torna-lo real por nossa presença e nossas ações, bem como nos ensinou são Francisco de Assis ao evangelizar uma cidade inteira sem dizer uma palavra; e quando indagado por que não fez uma pregação, ele respondeu: "Amado irmão, quem nos viu, viu o Evangelho vivo de nosso Senhor Jesus Cristo." Ou seja, a mais autêntica pregação do Evangelho é a nossa própria vida.

Amados irmãos e amadas irmãs, a Igreja hoje celebra a memória de Santo Antônio de Pádua, e nós franciscanos a sua festa, escutemos então com amor e atenção estas frases de seus ensinamentos que muito nos edifica:

"A caridade é a alma da fé, ela a vivifica; sem amor, a fé morre...
Quem dá a Cristo, acumula tesouros no céu, e quem dá a Cristo, dá aos pobres...
Somente uma alma que reza e se humilha pode progredir na vida espiritual...
A paciência defende a alma de todas as perturbações. 
Se não houver paciência no altar do nosso coração, virá o vento das perturbações e dispersará o sacrifício das boas obras. (Santo Antônio de Pádua).

Oração e bênção de Santo António

A nossa proteção está no nome do Senhor.
R/. Que fez o céu e a terra
D/. Rogai por nós Santo Antônio
R/. Para que sejamos dignos das promessas de Cristo.
D/. OREMOS: 
Senhor Deus, nós vos bendizemos pelas vossas maravilhas operadas em Santo Antônio, vosso confessor e doutor, e vos pedimos que sua intercessão alegre a vossa Igreja, para que ela viva em paz e unidade, caminhando incólume até as alegrias eternas junto de vós. 
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.

D/. Eis a cruz ✞ do Senhor.
Afastem-se de vós todos os inimigos da salvação, porque venceu o Leão da tribo de Judá, descendente de Davi, Jesus Cristo, nosso Senhor. Aleluia!.
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

segunda-feira, 12 de junho de 2023

AS BEM-AVENTURANÇAS...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 5,1-12)(12/06/23)

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Caríssimos, as bem-aventuranças são caminhos de perfeição que nos fazem chegar ao Reino dos céus conduzidos pelo Espírito Santo; elas brotam do Sagrado Coração de Jesus e chegam até nós, não apenas como desejo, mas, com a graça para pratica-las, pois nelas já está o poder que nos leva cumpri-las, basta dispor-nos para isso.
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Com efeito, nas bem-aventuranças existe uma lógica espiritual que nos leva a compreender que a nossa presente condição não é algo definitivo, mas apenas meio para chegarmos à plena consolação que o Senhor prepara para aqueles que o amam em meio às provações e dificuldades que sofrem neste mundo.
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Desse modo, compreendemos que as bem-aventuranças não são para um futuro distante, mas à medida que as vivenciamos já somos consolados por Deus que nos conhece e nos visita sensivelmente para não sucumbirmos nos desafios de fé pelos quais estamos passando como aconteceu com o seu povo no deserto. 

De fato, a princípio não dá para compreentender porque sofremos mesmo buscando realizar a vontade de Deus, no entanto, a Carta aos Hebreus nos explica: "Estais sendo provados para a vossa correção: é Deus que vos trata como filhos. Ora, qual é o filho a quem seu pai não corrige? É verdade que toda correção parece, de momento, antes motivo de pesar que de alegria. Mais tarde, porém, granjeia aos que por ela se exercitaram o melhor fruto de justiça e de paz." (Hb 12,7.11).
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Decerto, são Tiago também nos dá a compreensão do porquê das provações: "Considerai que é suma alegria, meus irmãos, quando passais por diversas provações, sabendo que a prova da vossa fé produz a paciência. Mas é preciso que a paciência efetue a sua obra, a fim de serdes perfeitos e íntegros, sem fraqueza alguma." (Tg 1,2-4). 

O fato é que nem o Filho de Deus nem a sua Santíssima Mãe nem os Apóstolos e nenhum dos seus seguidores de todos os tempos foram poupados das injustiças, das perseguições, dos sofrimentos e até da morte mesmo sem terem culpa alguma. Por isso, escutemos atentamente esta palavra da Carta aos Hebreus: "Corramos com perseverança ao combate proposto, com o olhar fixo no autor e consumador de nossa fé, Jesus. 

Em vez de gozo que se lhe oferecera, ele suportou a cruz e está sentado à direita do trono de Deus. Considerai, pois, atentamente aquele que sofreu tantas contrariedades dos pecadores, e não vos deixeis abater pelo desânimo. Ainda não tendes resistido até o sangue, na luta contra o pecado." (Hb12,1-4).

Portanto, caríssimos, felizes de nós se vivermos as bem-aventuranças como meios de santificação de nossas almas, pois elas são sinais nítidos de que estamos nos deixando conduzir pelo Espírito Santo. Aliás, a contento assim nos exorta são Paulo: "Tenho para mim que os sofrimentos da presente vida não têm proporção alguma com a glória futura que nos deve ser manifestada." (Rm 8,18).
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

domingo, 11 de junho de 2023

A FÉ NADA MAIS É DO QUE A PRÁTICA DA PALAVRA DE DEUS...


 Homilia do X Dom do Tempo Comum (Mt 9,9-13)(11/06/23)

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Caríssimos, a última frase do Evangelho de hoje é uma profunda dádiva do Coração Misericordioso de Jesus para conosco: "De fato, eu não vim para chamar os justos, mas os pecadores”. (Mt 9,13b). Assim respondeu Ele aos fariseus que questionaram sua ação misericordiosa em favor de Mateus quando o chamou para segui-lo; ele que era tido como um pecador público por ser cobrador de impostos, e por isso, considerado inimigo do seu povo.
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De fato, nessa frase de Jesus se encontram todas as possibilidades de conversão da humanidade decaída. Pois Ele não veio para nos condenar, mas sim, para nos perdoar e nos dar a graça de sermos santos como Ele é Santo, tal como meditamos no Evangelho de São João: "Pois Deus não enviou o Filho ao mundo para condená-lo, mas para que o mundo seja salvo por ele." (Jo 3,16).
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Com efeito, assim começou a narração desse episódio no Evangelho de hoje: "Jesus viu um homem chamado Mateus, assentado à banca de impostos, e disse-lhe: Segue-me (Mt 9,9)." Ora, viu-o não tanto com os olhos corporais, mas com a vista da íntima compaixão. Viu o publicano, dele se compadeceu e o escolheu. Disse-lhe então: "Segue-me", que quer dizer, imita-me; segue-me, não tanto pelo andar dos pés, mas pela realização dos atos. Pois quem diz que permanece em Cristo, deve andar como ele andou (cf. 1Jo 2,6).
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Desse modo, compreendemos que a verdadeira prática religiosa consiste em fazer a vontade de Deus em todos os sentidos da vida, por isso, essa prática jamais pode ser vazia da fé que lhe acompanha, do amor e da misericórdia que a sustenta; porque sem essas virtudes tal prática se torna mero formalismo farisáico, prática nefasta inquisitória, exatamente por não cumprir a justiça divina.

Portanto, caríssimos, "A comunidade do novo povo de Deus não é uma comunidade de homens que se salvaram por si, mas que "foram salvos"; não é de justos, mas de justificados; não de livres, mas de libertados. A participação na Eucaristia é uma adesão a ação de Deus que nos salva hoje, que nos justifica neste momento, que nos liberta agora. Chamados a aproximar-nos da mesa por Ele preparada, recebemos o Pão dos pobres, o alimento que dá vigor, ouvimos a sua palavra de misericórdia que nos liberta." (Missal Romano).
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Destarte, quando olhamos atentamente os exemplos de nosso Senhor Jesus Cristo, percebemos que as suas palavras e ações são ao mesmo tempo salvadora, mas também uma censura à autossuficiência farisaica, a intolerância religiosa dos mesmos, e os atos condenatórios que com frequência apresentavam a favor de um formalismo hipócrita sem fruto algum para as almas.

Decerto, a vivência da fé nada mais é do que a prática da Palavra de Deus, isto é, da sua vontade que consiste em amar sempre, perdoar sem medida e compreender mesmo se não formos amados, perdoados e compreendidos, pois são estas virtudes que nos fazem crescer na graça, na sabedoria e na santidade de vida.
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

sábado, 10 de junho de 2023

POIS É DANDO QUE SE RECEBE...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mc 12,38-44)(10/06/23).

Caríssimos, dar e receber faz parte da pedagogia divina para o bem de nossas almas e a nossa salvação. Tudo o que vemos ou temos pertence a Deus e isso é inegável, pois qual de nós naturalmente permanecerá aqui para sempre? No entanto, quando nos apegamos seja a quem for e ao que for, tal apego tende a ocupar o lugar de Deus em nossa coração e assim deixamos de ama-lo devidamente sobre todas as coisas. 

Porém, quando a tudo renunciamos, o Senhor cuido muito bem do que é seu e que temporariamente nos dá. De fato, essa certeza nos livra do egoísmo e do apego às coisas deste mundo; como bem nos ensinou São Paulo: "Porque nada trouxemos ao mundo, como tampouco nada poderemos levar. Tendo alimento e vestuário, contentemo-nos com isto." (1Tim 6,8-9).

Na primeira leitura o Anjo Rafael dá a Tobit e seu filho um conselho sublime: "Fazei o bem, e o mal não vos atingirá. É valiosa a oração com o jejum, e a esmola com a justiça. Melhor é pouco com justiça, do que muito com iniquidade. Melhor é dar esmolas, do que acumular tesouros. A esmola livra da morte e purifica de todo pecado. Os que dão esmola serão saciados de vida. Aqueles, porém, que cometem o pecado e a injustiça, são inimigos de si mesmos." (Tb 12,7-9).
Sem dúvida, vivemos num mundo de extrema riqueza e também de extrema pobreza, onde os pretensos donos dos bens materiais usufruem deles, porém, vitimando, com sua ganância, a maioria que morre à míngua sem nada poder fazer. Ora, "De que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro se vier a perder a sua vida?" (Mt 16,26).

Porquanto, perguntamos, onde está o Senhor em meio a tudo isso? Está nas dores dos injustiçados, nas filas dos hospitais, na fome dos desamparados e em tudo o que se assemelha à morte de cruz de seu Filho amado; desse modo, Ele denuncia as injustiças cometidas contra seus filhos e filhas que padecem com Ele as dores deste mundo. 
Portanto, caríssimos, de uma coisa fiquemos certos, todos estamos a caminho do juízo final, e como ele sará? Será conforme as obras de misericórdia praticadas ou não, como vemos no Evangelho de São Mateus, em que o Senhor Jesus dirá em sua sentença final: "Porque tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; era peregrino e me acolhestes; nu e me vestistes; enfermo e na prisão e me visitantes. 
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Então, lhe perguntarão: Senhor, quando foi que te vimos com fome, com sede, peregrino, nu, enfermo, ou na prisão e te socorremos? E ele responderá: Em verdade eu vos declaro: todas as vezes que fizestes isso a um destes pequeninos, foi a mim que o fizestes." (Mt 25,42-45)
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Mas, atenção para o contrário disso, pois, a sentença será adversa: "Em verdade eu vos declaro: todas as vezes que deixastes de fazer isso a um destes pequeninos, foi a mim que o deixastes de fazer. E estes irão para o castigo eterno, e os justos, para a vida eterna. (Mt 25,45-46).
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Paz e Bem! 
Frei Fernando Maria OFMConv. 

sexta-feira, 9 de junho de 2023

NÓS SOMOS PALAVRAS VIVAS DE DEUS...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mc 12,35-37)(09/06/23).


Caríssimos, o Evangelho de hoje se encerra com esta frase: "E uma grande multidão o escutava com prazer." (Mc 12,37). De fato, o Senhor Jesus ensina com autoridade, sua Palavra toca no mais profundo de nossas almas e do nosso desejo de eternidade. Tudo o que Ele diz se realiza porque é a vontade de Deus Pai. 

O fato é que, na nossa condição de mortalidade, tudo é frágil, limitado, ainda que muitos se arroguem a pensar que são donos da própria vida, quando na verdade não passam de um sopro natural que lhe pode faltar a qualquer momento. Por isso, precisamos ouvir atentamente esta exortação de são Paulo: "Nenhuma palavra má saia da vossa boca, mas só a que for útil para a edificação, sempre que for possível, e benfazeja aos que ouvem." (Ef 4,29).

Sem dúvida, a vida vivida na fé nos faz permanecer em comunhão com a vontade de Deus, porque Dele dependemos cem por cento como vimos acontecer na primeira leitura com a família de Tobit e Sara que venceram as tribulações pela perseverança na oração de arrependimento, súplica e ação de graças como conta o relato.

Decerto, sigamos com humildade esta outra exortação de são Paulo: "Tende um mesmo amor, uma só alma e os mesmos pensamentos. Nada façais por espírito de partido ou vanglória, mas que a humildade vos ensine a considerar os outros superiores a vós mesmos. Cada qual tenha em vista não os seus próprios interesses, e sim os dos outros. Dedicai-vos mutuamente a estima que se deve em Cristo Jesus." (Fl 2,2b-5).

Portanto, caríssimos, precisamos ficar atentos para não nos deixar influenciar pela mentalidade deste mundo que usa a linguagem do "politicamente correto", quando na verdade, sabemos que esse tipo linguagem se encontra dominada pelas ideologias que geram divisões, ódio, intrigas, perseguições e todo tipo de maldade contrárias à prática da nossa fé, ao amor a Deus e ao próximo como a nós mesmos.

Destarte, escutemos humildemente esta declaração "de são Jerônimo: "O Evangelho é como um campo onde se esconde o tesouro: o tesouro que é Jesus". Ora, isso nos ensina com que devoção devemos ouvir a Palavra de Deus! Com que recolhimento devemos acolher a semente do Verbo, para que frutifique no campo da nossa vida. Deus nos conceda um amor semelhante pela Sua Santa Palavra." (Cardeal Angelo Comastri). 

Oremos: "Senhor nosso Deus, que dissipais as trevas da ignorância com a luz de Cristo, vossa Palavra, fortalecei a fé em nossos corações, para que nenhuma tentação apague a chama acesa por vossa graça. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo."

O Senhor nos abençoe e nos guarde, nos livre de todo o mal
e nos conduza à vida eterna. Amém. Assim seja!

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

quinta-feira, 8 de junho de 2023

A PRESENÇA REAL DE CRISTO NO SS SACRAMENTO...


 SOLENIDADE DO SANTÍSSIMO CORPO DO SENHOR (08/06/23).


Caríssimos, meditemos humildemente com estas palavras de são João Maria Vianey: "Qual de nós poderia jamais compreender que Jesus Cristo tivesse levado o seu amor pelas criaturas ao ponto de lhes dar o seu corpo adorável e o seu sangue precioso para servir de alimento à nossa alma, se Ele não no-lo tivesse dito? A alma alimenta-se do seu Salvador e fá-lo as vezes que quiser! Ó abismo de bondade e de amor de Deus pelas suas criaturas!

"Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna. Se não comerdes a carne do Filho do homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós». Oh, que felicidade é para um cristão aspirar à honra imensa de se alimentar com o pão dos anjos!"

Façamos então esta oração composta por santo Tomás de Aquino: "Ó Deus todo-poderoso e eterno, eis que me aproximo do sacramento do teu Filho único, Nosso Senhor Jesus Cristo. Doente, venho ao médico de quem a minha vida depende; manchado, venho à origem da misericórdia; cego, venho ao fogo da luz eterna; pobre e desprovido de tudo, venho ao Senhor do Céu e da Terra.
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Imploro, pois, a tua generosidade imensa e inesgotável a fim de que Te dignes curar as minhas enfermidades, lavar as minhas manchas, iluminar a minha cegueira, compensar a minha indigência, cobrir a minha nudez; e que assim possa receber o Pão dos anjos (Sl 77,25), o Reis dos reis, o Senhor dos senhores (1Tim 6,15), com todo o respeito e humildade, toda a contrição e devoção, toda a pureza e fé, toda a determinação de propósitos e a retidão de intenção que a salvação da minha alma exige.
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Permite, peço-Te, que não receba simplesmente o sacramento do Corpo e Sangue do Senhor, mas toda a força e eficácia desse sacramento. Ó Deus cheio de doçura, permite-me receber de tal maneira o Corpo do teu Filho único, Nosso Senhor Jesus Cristo, este Corpo material que Ele recebeu da Virgem Maria, que mereça ser incorporado no seu Corpo Místico e fazer parte dos seus membros.
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Pai cheio de amor, permite que eu possa um dia contemplar de rosto descoberto e por toda a eternidade este Filho bem amado que me preparo para receber agora sob o véu que convém à minha condição de viajante. Ele que, sendo Deus, vive e reina contigo na unidade do Espírito Santo pelos séculos e séculos. Amém!" (São Tomás de Aquino).
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

quarta-feira, 7 de junho de 2023

A INCOERÊNCIA É A PRIMEIRA INIMIGA DA FÉ...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mc 12,18-27) (07/06/23)


Caríssimos, as vezes vemos acontecer algumas divergências entre os irmãos que professam a mesma fé. Foi assim ao longo dos séculos e atualmente não se foge à esse tipo de contenda. Mas, porque isto acontece? No Evangelho de hoje, Jesus responde a esta pergunta no debate travado contra os Saduceus, pois estes trouxeram para dentro da fé suas próprias crenças e por causa delas puseram Jesus à prova querendo dissuadir as pessoas que Nele acreditavam, pois a Palavra de Jesus contradizia suas falsas doutrinas. 

Ora, eles afirmavam que não existe vida após a morte; enquanto, Jesus pregava o Reino de Deus, a ressurreição dos mortos, e a vida eterna. De fato, qual sentido teria a nossa vida se depois de todas as batalhas travadas contra as tentações, para permanecermos fiéis aos santos mandamentos de Deus, tudo terminasse como se a morte fosse nossa única recompensa?

Decerto, a resposta do Senhor Jesus mostrou o quão falsamente eles viviam a fé dos seus antepassados e o quanto eram intransigentes com aqueles que não aceitavam suas falsas crenças que impunham como se fossem verdadeiras; e ai de quem não os seguissem. E com isso tornaram-se intolerantes a ponto de afrontarem até mesmo o próprio Filho de Deus. 

Todavia, o Senhor lhes mostrou o quanto incorriam em graves erros por causa da miopia de suas doutrinas falsas e mortais. De fato, a incredulidade é a via de acesso mais fácil para a perdição eterna, por ela seguem todos os que negam a ressurreição dos mortos, e as bem-aventuranças do mundo novo que há de vir. 

Portanto, caríssimos, olhando esse nosso tempo e mesmo as nossas comunidades, às vezes também vemos um certo embate, por meio das mídias sociais, sobre questões de costumes na vivência da fé, especialmente pelos fazedores de opiniões que buscam seguidores para si e não para Cristo; e aqueles que simplesmente procuram viver a fé sem alardes. 

Vejamos, então, o que diz o Senhor Jesus a respeito desses pseudos evangelizadores: "Errais, não compreendendo as Escrituras nem o poder de Deus. (Mc 12,24). Por isso, eu vos digo: "Nem todo aquele que me diz: Senhor, Senhor, entrará no Reino dos céus, mas sim aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus." (Mt 7,21). "No dia do juízo os homens prestarão contas de toda palavra vã que tiverem proferido. É por tuas palavras que serás justificado ou condenado." (Mt 12,37). 

Destarte, de uma coisa fiquemos certos, o que vivemos no presente nada mais é do que a extensão do nosso devir eterno. Por isso, escutemos atentamente esta exortação de são Paulo: "Não vos enganeis: de Deus não se zomba. O que o homem semeia, isso mesmo colherá. Quem semeia na carne, da carne colherá a corrupção; quem semeia no Espírito, do Espírito colherá a vida eterna.

Não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo colheremos, se não relaxarmos. Por isso, enquanto temos tempo, façamos o bem a todos os homens, mas particularmente aos irmãos na fé." (Gl 6,7-10).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv. 

terça-feira, 6 de junho de 2023

DAI A CÉSAR O QUE É DE CÉSAR, E A DEUS O QUE É DE DEUS...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mc 12,13-17) (06/06/23)


Caríssimos, olhando o mundo e a desolação que o apavora atualmente, nos sentimos como que impotentes, isto é, sem poder fazer coisa alguma; entretanto, todo bem que praticamos ainda que seja como uma gota dágua no oceano deste mundo amargurado e perdido em seus devaneios; essa mesma gota dágua significa a presença magnífica de Deus, que nos criou somente para o bem que devemos viver e fazer.

E mesmo que estejamos em meio ao caos advindo dos pecados cometidos neste mundo, que agonizante ainda resiste, mesmo atormentado por tamanhas aberrações; não desistimos de nossa fé, ao contrário, toda adversidade nos motiva ainda mais a nos manternos no caminho certo que é Cristo; pois, assim, está escrito: "Confirmavam as almas dos discípulos e exortavam-nos a perseverar na fé, dizendo que é necessário entrarmos no Reino de Deus por meio de muitas tribulações." (At 14,22).

Com efeito, se temos da parte do Senhor uma excelentíssima motivação como essa, o que nos resta fazer senão viver intensamente tudo o que Ele viveu e nos ensinou? Não nos esqueçamos que tudo neste mundo passa rumo à eternidade que se aproxima, pois não é possível que o mal prevaleça sobre o bem que Deus criou. Desse modo, renunciemos à tudo o que não é em conformidade com a vontade do nosso Pai celestial.

No Evangelho de hoje "as autoridades mandaram alguns fariseus e alguns partidários de Herodes, para apanharem Jesus em alguma palavra. Jesus percebeu a hipocrisia deles, e respondeu: “Por que me tentais? Trazei-me uma moeda para que eu a veja”. Eles levaram a moeda, e Jesus perguntou: “De quem é a figura e a inscrição que estão nessa moeda?” Eles responderam: “De César”. Então Jesus disse: “Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”. (Mc 12,13.15-17a).

Decerto, "essa resposta de Jesus eleva habilmente a questão a um nível superior, advertindo sutilmente contra a politização da religião e o endeusamento do poder temporal, bem como contra a busca incessante da riqueza. Os seus ouvintes precisavam compreender que o Messias não era César e que César não era Deus.

O reino que Jesus veio estabelecer é de uma dimensão absolutamente superior. Como ele respondeu a Pôncio Pilatos: "Meu reino não é deste mundo". Os cristãos dão a César apenas o que é de César, mas não o que é de Deus. Do culto ao imperador da Roma antiga aos regimes totalitários do século passado, César tentou tomar o lugar de Deus. 

Quando os cristãos se recusam a se curvar aos falsos deuses propostos em nossos tempos, não é porque eles têm uma visão de mundo antiquada. Ao contrário, isso acontece porque estão livres das amarras da ideologia e animados por uma visão tão nobre do destino humano que não podem aceitar compromissos com nada que possa prejudicá-lo." (Bento XVI - Artigo para “Financial Times”, 20/12/ 2012).

Portanto, caríssimos, essas palavras do Santo Padre, Bento XVI, enche o nosso coração de alegria e de esperança na certeza de que Deus está passando a limpo este mundo e por sua Divina Misericórdia está nos conduzindo à felicidade eterna que Ele preparou como herança para aqueles que o amam. (cf. Rm 8,16-17).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv. 

sexta-feira, 2 de junho de 2023

A NOSSA ALMA É TAMBÉM NOSSA CASA DE ORAÇÃO...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mc 11,11-26)(02/6/23).


Caríssimos, aproxima-se o dia eterno para todos nós; mas, o que é o tempo se comparado com a eternidade que temos pela frente? Por isso, não podemos viver nossos dias temporais como se fossem os únicos que temos; isto porque a vida não termina com a morte natural; aliás, Deus é eterno e tudo Ele criou com um propósito eterno, ou seja, em conformidade com a Sua eternidade, pois o tempo e os seres naturais só existem porque Ele os criou, e sem Ele nada do que criou no tempo subsiste por muito tempo.


Contudo, podemos perguntar, mas por que então existimos e estamos aqui? Qual é o real sentido de nossa vida? De uma coisa fiquemos certos, Deus é amor e tudo criou por amor e somente para o amor, sem esta convicção não existe razão para que algo tenha vida. Então, por que o mal existe? Porque não ama, e quem não ama se perde em si mesmo e por si mesmo numa perdição sem fim, por atingir o cúmulo do egoismo, da falta de amor.


Meditemos, então, o que São Pedro nos ensina na sua primeira carta: "Caríssimos, o fim de todas as coisas está próximo. Vivei com inteligência e vigiai, dados à oração. Sobretudo, cultivai o amor mútuo, com todo o ardor, porque o amor cobre uma multidão de pecados." (1Pd 4,7-8). Ora, isso significa que só existe felicidade no amor e na unidade desse amor, porque o amor é fruto do Espírito do Senhor; sem o Espírito de Cristo ninguém ama, ninguém é bom, ninguém é perfeito.


Triste é a vida daqueles que se movem por força dos interesses mesquinhos, porque não levam em conta o que Jesus viveu e nos ensinou a viver: "Eu não vim para ser servido, mas para servir e dar a vida por muitos." (Mt 20,28). Mas, tudo pode mudar totalmente à medida que se convertem seguindo as vias da fé e da oração. 


Pela fé e a oração encontramos Deus e convivemos com Ele, o escutamos e pomos em prática a sua vontade. Desse modo, compreendemos que a fé é a oração posta em ação, ou seja, é o canal pelo qual o Espírito Santo realiza o plano de Deus para a nossa salvação. É por isso que o Senhor Jesus disse: "Tudo é possível àquele que crê." (Mc 9,23).


No Evangelho de hoje ao expulsar do Templo os vendilhões disse o Senhor Jesus: "A minha casa será chamada casa de oração para todos os povos". E vós fizestes dela um covil de ladrões" (Mc 11,17). "Com isso percebemos o respeito infinito que devemos ter a qualquer igreja ou capela, e com que recolhimento e respeito temos de nos comportar quando nos encontramos nesses locais.

A palavra de Nosso Senhor também se aplica à nossa alma, pois também ela é uma casa de oração; da nossa alma deveria elevar-se ao céu uma oração contínua como nuvem de incenso; mas quantas vezes as distrações, os pensamentos terrenos, os pensamentos que não são para maior glória de Deus, até os pensamentos maus a ocupam, a enchem de ruído, de perturbação e de sujeira, fazendo dela um covil de ladrões! 

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Esforcemo-nos o mais que pudermos por fazer que o nosso espírito esteja sempre ocupado com Deus ou com aquilo que Ele nos encarrega de fazer ao seu serviço; e que, enquanto fazemos aquilo de que Ele nos encarregou, estejamos continuamente a olhar para Ele, sem dele afastar jamais o coração, e os olhos o menos possível, olhando para as nossas ocupações apenas o necessário e nunca desviando o coração.

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Que Deus seja o Rei dos nossos pensamentos, o Senhor dos nossos pensamentos, que o seu pensamento nunca nos abandone, e que tudo o que dizemos, fazemos e pensamos seja para Ele, seja dirigido pelo seu amor." (São Charles de Foucauld). 

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Paz e Bem!

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Frei Fernando Maria OFMConv. 

quinta-feira, 1 de junho de 2023

JESUS, FILHO DE DAVI, TEM PIEDADE DE MIM...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mc 10,46-52)(01/06/23)


Caríssimos, o Evangelho de hoje conta a história da cura do cego de Jericó que muito tem a nos ensinar. O evangelista Marcos narra que a única riqueza que o cego possuía era a fé em Jesus, a oração de arrependimento, súplica e a perseverança, não obstante aqueles que queriam impedi-lo de aproximar-se de Jesus, no entanto, ele só parou sua oração quando foi atendido.

Fazendo uma comparação entre a cegueira de Bartimeu e a nossa, escreveu são Gregório Magno, Papa e doutor da Igreja: "Que todo o homem que conhece as trevas que fazem dele um cego, grite a plenos pulmões: «Jesus filho de David, tem piedade de mim!» Mas ouçamos também o que se segue aos gritos do cego: «Muitos repreendiam-no para que se calasse». 

Quem são estes? Eles representam os desejos da nossa condição neste mundo, são os vícios do homem e os seus tumultos, fatores de confusão que, querendo impedir a vinda de Jesus a nós, perturbam o nosso pensamento semeando a tentação, e querem abafar a voz do nosso coração que reza.

O que fez este cego para receber a luz, mau grado estes obstáculos? «Ele gritava cada vez mais: "Filho de David, tem piedade de mim"». Sim, quanto mais o tumulto dos nossos desejos nos acabrunhar, mais insistente deve ser a nossa prece. Quanto mais abafada for a voz do nosso coração, mais vigorosamente ela deve insistir, até se sobrepor ao tumulto dos pensamentos invasores e tocar o ouvido fiel do Senhor. 

Creio que todos nos reconheceremos nesta imagem: quando nos esforçamos por desviar o nosso coração deste mundo e o reencaminhar para Deus, há muitas coisas importunas que pesam sobre nós e que temos de combater; é um enxame que o desejo de Deus tem dificuldade em afastar dos olhos do nosso coração. 

Mas, persistindo vigorosamente na oração, deteremos no nosso espírito Jesus que passa. Daí que o evangelho diga: «Jesus parou e disse: "Chamai-o"». De fato, o sentido da oração é encontrar o Senhor no coração de nossas almas, isto é, em nossa consciência e deixar que Ele nos fale curando a nossa cegueira e as nossas feridas.

Portanto, caríssimos, a oração e a persistência do cego Bartimeu, "é útil e necessário em todas as circunstâncias. Porque desejar ser ajudado sempre e em todas as coisas é afirmar claramente que se tem necessidade do auxílio divino, tanto quando as coisas são favoráveis e sorriem, como nas provas e nas tristezas: só Deus nos afasta da adversidade, só Ele faz durar a nossa alegria; num e noutro caso, a fragilidade humana não se sustém sem o auxílio divino." (São João Cassiano - Sobre a oração, cap. X; SC 54).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.
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