VEM SENHOR JESUS!

"Em verdade, em verdade vos digo: quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna e não incorre na condenação, mas passou da morte para a vida". (Jo 5,24).

SEJAM BEM VINDOS À ESSA PORTA ESTREITA DA SALVAÇÃO

"Uma só coisa peço ao Senhor e a peço incessantemente: é habitar na casa do Senhor todos os dias de minha vida, para admirar aí a beleza do Senhor e contemplar o seu santuário". (Sl 26,4).

terça-feira, 28 de fevereiro de 2023

PAI NOSSO QUE ESTÁS NO CÉU (II)


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 6,7-15)(28/02/23)


Caríssimos, a liturgia de hoje nos apresenta os parâmetros que fundamenta a nossa convivência com Deus que é Pai, que nos ama e nos trata como seus filhos e filhas. A propósito, como anda a nossa convivência pessoal com o nosso Pai celestial? Quanto tempo lhe dedicamos? Como o encontramos na nossa oração?

Com efeito, antes de tudo rezar é amar a Deus, é encontra-lo num diálogo silencioso feito no coração das nossas almas, isto é, a nossa consciência, onde Ele nos fala à medida que calamos as distrações, os pensamentos vãos, desordenados e estranhos; à medida que unimos os nossos desejos, intenções e vontade na busca da santidade que Ele nos concede ao encontra-lo em nossa oração.

No Evangelho de hoje o Senhor Jesus ensina aos seus discípulos a oração perfeita: "Quando orardes, não useis muitas palavras, como fazem os pagãos. Eles pensam que serão ouvidos por força das muitas palavras. Não sejais como eles, pois vosso Pai sabe do que precisais, muito antes que vós o peçais.

Vós deveis rezar assim: Pai nosso que estás nos céus, santificado seja o teu nome; venha o teu Reino; seja feita a tua vontade, assim na terra como nos céus. O pão nosso de cada dia dá-nos hoje. Perdoa as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido, e não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal." (Mt 6,7-13).

De fato, essa oração é perfeita pelo conteúdo que apresenta, primeiro, é ensinada pessoalmente por Jesus, o Verbo de Deus que se fez carne, Palavra Eterna do Pai, de modo que ao reza-la somos escutados de imediato, porque pronunciamos as palavras do Filho amado de Deus, por isso, Ele nos ouve e logo responde.

Segundo, "A invocação do Pai Nosso está no plural, não é só o meu Pai, mas também o de todos. E mais ainda, apresentamo-nos a Ele com três compromissos e três pedidos: O compromisso de testemunha: "santificado seja o Vosso nome". O compromisso de fidelidade: "venha a nós o Vosso reino". E a submissão amorosa: "Seja feita a Vossa vontade."

Segue-se os pedidos de apoio a Deus: "O pão nosso de cada dia nos dai hoje". O perdão dos pecados: "Perdoa-nos as nossas ofensas". O pedido de salvação do mal: "Não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal". Com isso, Jesus ensina-nos a dar e depois a pedir: primeiro comprometemo-nos a ser como Deus quer, depois pedimos o que precisamos para as nossas necessidades materiais e espirituais." (Mons. Angelo Spina).

Portanto, caríssimos, a oração é a via da perfeição, por ela Deus vem até nós e nós vamos a Ele como o Senhor nos ensinou, ou seja, com poucas palavras, porém, repleta dos afetos do amor filial, em que Deus nos comunica a sua vontade e a segurança paternal que tanto precisamos. 

Resumindo, três são as virtudes da oração perfeita ensinada pelo Senhor Jesus: humildade, confiança inabalável e amor incondicional. 

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023

SEREMOS JULGADOS JUSTOS PELA CARIDADE QUE VIVEMOS...

PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 25,36-45)(27/02/23)

Caríssimos, o amor é a essência da vida, por isso, não pode ser suprimido das nossas relações com Deus e entre nós, bem como nos ensina são Paulo: "Vós, irmãos, fostes chamados à liberdade. Não abuseis, porém, da liberdade como pretexto para prazeres carnais. Pelo contrário, fazei-vos servos uns dos outros pela caridade, porque toda a lei se encerra num só preceito: Amarás o teu próximo como a ti mesmo" (Lv 19,18). 

De fato, "A caridade não pratica o mal contra o próximo. Portanto, a caridade é o pleno cumprimento da lei." (Gl 5,13-14; Rm 13,10). Desse modo compreendemos que a nossa convivência uns com os outros depende da nossa convivência com Deus, como nos ensina são João: "Se alguém disser: Amo a Deus, mas odeia seu irmão, é mentiroso. Porque aquele que não ama seu irmão, a quem vê, é incapaz de amar a Deus, a quem não vê. Temos de Deus este mandamento: o que amar a Deus, ame também a seu irmão." (1Jo 4,20-21).

Decerto, perguntemos: o que nós temos de quem recebemos? Aliás, eis o que escreveu são Paulo a esse respeito: "Tudo é vosso, mas vós sois de Cristo e Cristo é de Deus." Ora, essa premissa é a lei do amor, no entanto, humanamente falando, não podemos ignorar que um dia perderemos tudo, menos a generosidade com que repartimos o pão com os famintos, vestimos os nus, acolhemos os desvalidos, visitamos os doentes e encarcerados no corpo e na alma, segundo a missão que recebemos.

No Evangelho de hoje são Mateus descreve como se dará o juízo final no qual o Filho de Deus, nosso Senhor Jesus Cristo, sentado em seu trono de glória juntamente com seus anjos julgará todos os homens e mulheres, a partir do amor, da misericórdia e da solidariedade com que viveram traduzindo o Evangelho por suas obras. Em outras palavras, como serviram ao Senhor neste mundo.

Portanto, caríssimos, "Jesus, o justo Juiz, é o Salvador de todos os homens; os homens serão julgados sobre a caridade. Mesmo os não cristãos, se forem homens de boa vontade, participam da redenção de Cristo. A fidelidade no cumprimento do dever de suas vidas, a vontade de serviço até o fim faz deles batizados. Neste caso chama-se o "batismo de desejo".

Assim, quem possui e viveu um amor verdadeiramente autêntico para com os outros, possui e viveu algo do próprio Deus. Porque onde está o amor, a bondade, aí está Deus. Nos pequeninos da terra que eles amaram, foi, de fato, Deus que encontraram." (Comentário do Missal Romano, pg 184). Bem como nos ensinou o Senhor: "Em verdade eu vos digo, que todas as vezes que fizestes isso a um dos menores de meus irmãos, foi a mim que o fizestes!’ (Mt 25,40).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.
 

domingo, 26 de fevereiro de 2023

HOMILIA DO 1DOM DA QUARESMA...


 Homilia do 1°Dom da Quaresma (Mt 4,1-11)(26/02/23)


Caríssimos, a liturgia deste primeiro domingo da Quaresma é um desafio de fé, presente na primeira tentação no jardim do Éden; na tentação de Cristo no deserto e em todas as tentações que sofremos, trata-se da árvore do conhecimento do bem e do mal, ou seja, trata-se do amor a Deus pela obediência à sua Palavra; ou do não amor, por conta da desobediência, que é sempre uma ofensa contra Deus.

Na primeira leitura vemos que Adão e Eva foram criados por Deus em estado de graça, isto é, num jardim com total acesso à Ele, porém, com a recomendação de não se aproximar da única árvore cujo fruto os leva a morte, porque os desliga de Deus, tornando-os seus inimigos. 

No entanto, Adão com o seu pecado de desobediência introduziu a potência do mal na criação acarretando a morte de todos os viventes. Porém, na segunda leitura vemos que a obediência de Cristo nos deu a salvação fazendo novas todas as coisas, desse modo, reparou o pecado de Adão, expulsando o mal da criação (cf. Rm 5,17-19). 

O Evangelho de hoje narra as tentações que o Senhor Jesus sofreu no deserto depois de jejuar 40 dias e 40 noites: "Então, o tentador aproximou-se e disse a Jesus: “Se és Filho de Deus, manda que estas pedras se transformem em pães!” Mas Jesus respondeu: “Está escrito: ‘Não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus’”. (Mt 4,4-5). Ou seja, é a terrível tentação de querer ser como Deus sem Deus.

"Então o diabo levou Jesus à Cidade Santa, colocou-o sobre a parte mais alta do Templo, e lhe disse: “Se és Filho de Deus, lança-te daqui abaixo! Porque está escrito: ‘Deus dará ordens aos seus anjos a teu respeito, e eles te levarão nas mãos, para que não tropeces em alguma pedra’”. Jesus lhe respondeu: “Também está escrito: ‘Não tentarás o Senhor teu Deus!’” Ou seja, é a tentação da dúvida e da falsa interpretação querendo desacreditar a autenticidade divina.

"Novamente, o diabo levou Jesus para um monte muito alto. Mostrou-lhe todos os reinos do mundo e sua glória, e lhe disse: “Eu te darei tudo isso, se te ajoelhares diante de mim, para me adorar”. Jesus lhe disse: “Vai-te embora, Satanás, porque está escrito: ‘Adorarás ao Senhor, teu Deus, e somente a ele prestarás culto." Ou seja, é a tentação do apego às riquezas materiais, pondo-as acima de Deus.

Portanto, caríssimos, como vimos, todas as tentações são mentiras cujo intuito é nos separar de Deus, no entanto, a nossa obediência à Sua Palavra nos faz vencer todas as seduções do maligno, porque realiza em nossa vida os desígnios de Deus que nos leva à felicidade eterna.

Rezemos, então, com amor e atenção esta oração do Salmo 72: "Afora vós, o que há para mim no céu? Se vos possuo, nada mais me atrai na terra. Meu coração e minha carne podem já desfalecer, a rocha de meu coração e minha herança eterna é Deus.

Sim, perecem aqueles que de vós se apartam, destruís os que procuram satisfação fora de vós. Mas, para mim, a felicidade é me aproximar de Deus, é pôr minha confiança no Senhor Deus, a fim de narrar as vossas maravilhas diante das portas da filha de Sião." (Sl 72,25-28).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

sábado, 25 de fevereiro de 2023

TODOS SOMOS CHAMADOS POR DEUS...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Lc 5,27-32)(25/02/23)


Caríssimos, o Reino de Deus não tem comparação com absolutamente nada do que conhecemos ou imaginamos na criação natural, pois, trata-se da Glória de Deus, da felicidade eterna dos seus filhos e filhas. E sem sombra de dúvida todos somos chamados a participar do Seu Reino, como vimos no Evangelho de hoje em que o Senhor Jesus, olhando para o publicando Mateus, disse: "Segue-me". E ele deixou tudo e o seguiu.

De fato, "O olhar de Jesus tem um poder de atração que nos convida a segui-Lo; devemos não só deixar-nos olhar, mas olhar para Ele, voltar o nosso olhar para o Seu Rosto, deixar-nos fascinar pela Sua beleza espiritual. Cada palavra Sua tem uma força de atração; se O escutamos, sentimo-nos cada vez mais atraídos por Ele.

E então esta atração torna-se uma conformação a Ele, uma participação na Sua própria vida e também uma missão, porque o que recebemos da comunhão de vida com o Senhor transmitimos ao nosso próximo, àqueles com quem covivemos e àqueles que estão longe. 

Desse modo, "Se vivemos o Evangelho, tornamo-nos os seus transmissores, e a nossa vida torna-se uma tradução viva do Evangelho, para que as pessoas também o leiam através da nossa imagem e presença.

O chamado é sempre uma revelação do amor de Deus, um amor infinito por nós, um amor que não se detém na indignidade. Jesus chama e dá a graça de o seguir e de viver convertendo-nos continuamente das coisas do mundo para as coisas de Deus." (Madre Anna Maria Cànopi).

Rezemos então esta linda oração do Diário da Divina Misericórdia, de Santa Faustina Kowalska (§§ 1122-1123): "Deus de grande misericórdia, que Vos dignastes enviar-nos o vosso Filho unigênito como o maior testemunho do vosso insondável amor e da vossa misericórdia, Vós não rejeitais os pecadores, mas, pela vossa infinita misericórdia, abristes-lhes o tesouro do qual podem haurir em abundância, não só a justificação, mas ainda toda a santidade que a alma possa atingir.
Ó Pai de imensa misericórdia, desejo que todos os corações se voltem com confiança para a vossa infinita misericórdia. Ninguém se justificará perante Vós se não for acompanhado pela vossa insondável misericórdia. Quando nos desvendardes o mistério da vossa misericórdia, a eternidade será demasiado breve para Vos agradecer devidamente.
Oh, quão doce é guardar no mais fundo da alma aquilo em que Igreja nos diz que devemos acreditar! Quando a minha alma está imersa em amor, resolvo claramente e depressa as questões mais complicadas. Só o amor é capaz de assim andar por escarpados desfiladeiros e atravessar os cumes das montanhas. Amor e sempre amor!"

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023

COMO VIVER AUTENTICAMENTE OS EXERCÍCIOS QUARESMAIS...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 9,14-15)(24/02/23)


Amados irmãos e amadas irmãs, existe algo em nossa existência que fundamenta e sustenta o edifício da nossa vida e a prática da nossa fé, trata-se da virtude da autenticidade; decerto, essa virtude revela a verdadeira intenção do coração, e a presença de Deus em nossas ações, ao fazermos tudo por amor a Ele e ao próximo como a nós mesmos.

Com efeito, quando os exercícios quaresmais da oração, do jejum e da esmola são autênticos, afasta a incoerência e a hipocrisia das nossas ações, tornando-nos verdadeiramente santos ou pelo menos a caminho da santidade. Porque quem se une ao Senhor e se deixa conduzir por Ele, torna-se autêntico em todos os sentidos de sua vida.

No Evangelho de hoje o Senhor Jesus é questionado pelos discípulos de João Batista, sobre o por que dos seus discípulos não jejuarem, uma vez que eles e os fariseus o fazem com frequência; ao que o Senhor respondeu: “Por acaso, os amigos do noivo podem estar de luto enquanto o noivo está com eles? Dias virão em que o noivo será tirado do meio deles. Então, sim, eles jejuarão”. (Mt 9,15).
Com isso, Ele revela por antecipação o mistério da sua paixão e morte.

Desse modo, o SenhorJesus nos faz compreender que a prática do jejum deve levar-nos à uma profunda comunhão com Ele, pois é uma necessidade da alma que busca o seu Senhor nas provações desejando se unir a Ele para superar os obstáculos que tentam impedir a prática da verdadeira piedade e da vontade de Deus.

Então, humildemente escutemos o Senhor e ponhamos em prática a Sua Santa Palavra: “Quando jejuais não fiqueis melancólicos, com a cara triste, para que todas as pessoas vejam que jejuais. E quando rezais não mostreis que estais a rezar para que os outros digam: ‘que pessoa boa, justa’”. (Mt 6,17.5).

Portanto, caríssimos, o jejum não é um esforço aparente, mas um exercício espiritual que fazemos para encontrar o Senhor Jesus e Nele parmanecer, e assim darmos os frutos da Sua presença em nossa vida, caso contrário, não passa de exercício inútil sem proveito algum para a alma.

Destarte, peçamos ao SenhorJesus a graça de fazermos uma santa quaresma por meio dos exercícios espirituais que a Santa Mãe Igreja nos recomenda: oração, jejum e esmola, porém, façamos não como atos externos para que os outros vejam, mas sim, como atos internos de modo que somente Deus os conheça.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

domingo, 19 de fevereiro de 2023

HOMILIA DO 7DOM DO TEMPO COMUM...


 Homilia do 7°Dom do Tempo Comum (Mt 5,38-48)(19/02/23)


Caríssimos, o tempo que nós temos neste mundo é muito curto se comparado com a eternidade que teremos pela frente, mas é justamente nesse tempo que Deus nos dá todas as graças necessárias a fim de nos prepararmos para a eternidade que viveremos na sua presença, por isso, é fundamental o mandamento do amor, porque sem ele não existe convivência pacífica nem aqui nem na eternidade. 

Com efeito, falar de amor na dimensão que o Senhor Jesus nos fala não é um discurso fácil, mas um grande desafio, porque sem a força do amor de Cristo que deu a vida por seus amigos e inimigos, somos incapazes de amar por nós mesmos, uma vez que sofremos a tentação de fazer justiça com as próprias mãos, e isso não é nada bom para quem quer viver em paz.

De fato, não amamos as pessoas somente pelas qualidades que aparesentam, porque no dia que deixarem de apresentar tais qualidades aprovadas pela sociedade em que vivemos, certamente serão julgadas e punidas, pela frágil justiça humana que ora nos governa. 

Sem dúvida, o mandamento do amor que o Senhor Jesus nos ensina, ultrapassa a justiça punitiva e a vingança, dando ao infrator uma nova chance de se corrigir e reparar a infração cometida, caso contrário, perderá a graça da misericórdia oferecida deixando de lado tão grande benefício salvífico.

No Evangelho de hoje disse o Senhor Jesus: "Vós ouvistes o que foi dito: ‘Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo!’ Eu, porém, vos digo: Amai os vossos inimigos e rezai por aqueles que vos perseguem! Assim, vos tornareis filhos do vosso Pai que está nos céus, porque ele faz nascer o sol sobre maus e bons, e faz cair a chuva sobre justos e injustos." (Mt 5,43-45).

Então, como pôr em prática esse imenso mandamento? Permanecendo em Cristo, como Ele mesmo disse: "Permanecei em mim e eu permanecerei em vós. Quem permanecer em mim e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer." (Jo 15,4-5). Ou seja, é a força do amor de Cristo que nos leva à superar a incapacidade de amar que nos atinge.

Portanto, caríssimos, eis a graça que nos é dada: "amar como Deus ama, com as mesmas finalidades de Dele; com amor puríssimo; sem sombra de compensação (cf. Mt 5,46). Amar-nos como irmãos, com um amor que procura o bem de quem amamos, não o nosso bem. Amar como Deus, que não busca o bem na pessoa a quem ama, mas cria nela o bem, amando-a." (MR).
 
Destarte, não existe amor verdadeiro sem perdão, de modo que, apesar da pecaminosidade da humanidade, ainda resta um raio de esperança pela misericórdia que alcança todo pecador que se converte, como disse o Senhor Jesus: "Digo-vos que assim haverá maior júbilo no céu por um só pecador que fizer penitência do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento." 
(Lc 15,7).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

ESTE É O MEU FILHO AMADO, ESCUTAI O QUE ELE DIZ...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mc 9,2-13)(18/02/23)


Caríssimos, existe uma tendência humana de querer reduzir a fé, dom do Espírito Santo, em ente de razão, ou seja, querer entender para crer, impedindo com isso a ação da graça divina em nosso favor. É como se disséssemos a Deus: se não for segundo os meus critérios intelectuais, não creio; e isso gera incredulidade, indiferença e falsos raciocínios, criando entre a alma e Deus como que um abismo intransponível (cf. Lc 16,23). 

Por outro lado, a primeira leitura expressa a fé como ela é, como nos ensina o escritor sagrado: "A fé é o fundamento da esperança, é uma certeza a respeito do que não se vê." (Hb 11,1). Ou seja, não é o ver para crer; mas o crer para ver, e isso requer adesão total, amor incondicional, visto que não impõe limites à ação da graça de Deus.

Por exemplo, crer que Deus se faz presente em qualquer situação de nossa vida, é o bastante para invocarmos o seu Santo Nome e sermos atendidos; e não importa como entendemos isso, mas sim a confiança que Nele depositamos, pois, como Pai amoroso que é, Ele jamais nos abandona, todavia, precisamos crer.

Desse modo, a fé é o dom por excelência do Espírito Santo que nos arranca de nós mesmos e dos nossos critérios intelectuais, nos pondo em sintonia com a vontade de Deus para que Ele realize em nossa vida tudo o que é do seu agrado. Bem como vemos na primeira leitura: "Ora, sem fé é impossível agradar a Deus, pois para se achegar a ele é necessário que se creia primeiro que ele existe e que recompensa os que o procuram." (Hb 11,6).

No Evangelho de hoje são Marcos narra o episódio da Transfiguração do Senhor: "Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João, e os levou sozinhos a um lugar à parte sobre uma alta montanha. E transfigurou-se diante deles. Suas roupas ficaram brilhantes e tão brancas como nenhuma lavadeira sobre a terra poderia alvejar." (Mc 9,2-3).

Portanto, caríssimos, a Transfiguração é o ápice da revelação de que o Senhor Jesus é o Filho de Deus: “Este é o meu Filho amado. Escutai o que ele diz!” (Mc 9,7b). Decerto, esse Evangelho se reveste de suma importância para nós, porque nele recebemos o testemunho de Deus Pai ensinado-nos a ouvir o Seu Filho e a pôr em prática tudo o que Ele nos ensina. 

Destarte, a Palavra de Cristo é Palavra de vida eterna (cf. Jo 6,68); ela se cumpre na íntegra; pois nos revela quem é o Pai, como Ele nos ama e como demonstra o seu amor por nós, no-lo enviado para a nossa salvação mediante o seu sacrifício de cruz. Por isso, precisamos ficar atentos ao que o Senhor Jesus nos fala para não perdermos nenhuma de suas Palavras.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

TODOS ESTAMOS A CAMINHO DA ETERNIDADE...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mc 8,34–9,1)(17/02/23)


Caríssimos, a confusão das línguas, vista na primeira leitura no episódio da torre de Babel, é hoje traduzida pela era cibernética em que os homens, por seu poder tecnológico, intentam ser como Deus. Ou seja, a Internet e toda sua tecnologia nada mais é do que a Torre de Babel atualizada, em que os homens se acreditam tão autossuficientes que não precisam de Deus para nada.

No entanto, basta um Black-out mundial para que a Grande Torre Cibernética desmorone e volte à estaca zero da comunicação, então a confusão se espalhará com todo o seu poder de dispersão se estendendo aos quatro cantos da terra. De fato, os que pensam que têm todo poder; na verdade não passam de simples mortais; porque todo poder somente a Deus pertence e a ninguém mais.

Com efeito, é esta a lição que a liturgia de hoje nos dá: todos estamos a caminho da eternidade e a morte faz parte deste percurso, de modo que a qualquer momento ela acontecerá, no entanto, quem segue nosso Senhor Jesus Cristo, o Filho de Deus vivo, vence o pecado e a morte como Ele venceu, renunciando a si mesmo para fazer em tudo a vontade do Pai. Bem como reza a Carta aos Hebreus:

"Nos dias de sua vida mortal, dirigiu preces e súplicas, entre clamores e lágrimas, àquele que o podia salvar da morte, e foi atendido pela sua piedade. Embora fosse Filho de Deus, aprendeu a obediência por meio dos sofrimentos que teve. E uma vez chegado ao seu termo, tornou-se autor da salvação eterna para todos os que lhe obedecem. (Hb 5,7-9). Ou seja, por Cristo, com Cristo e em Cristo todos morremos e ressuscitamos para a vida eterna.

No Evangelho de hoje "Jesus chamou a multidão com seus discípulos e disse: “Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga. Pois quem quiser salvar a sua vida vai perdê-la; mas quem perder a sua vida por causa de mim e do Evangelho vai salvá-la." (Mc 8,34-35). 

Isto significa que nenhuma criatura se sustenta por si mesmo, todos somos dependentes e somente o Senhor Jesus preenche a nossa vida totalmente quando renunciamos a nós mesmos, isto é, aos pecados de desobediência e autossuficiência, porque são portas de entrada para os outros pecados. 

Portanto, caríssimos, ainda estamos no tempo da Misericórdia Divina em que pacientemente Deus espera a conversão de todos sem exceção, pois tempo é tempo e pode acabar a qualquer momento, por isso, como disse são Paulo: "Exortamo-vos a que não recebais a graça de Deus em vão. Pois ele diz: Eu te ouvi no tempo favorável e te ajudei no dia da salvação (Is 49,8). Agora é o tempo favorável, agora é o dia da salvação." (2Cor 6,1-2).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

QUEM DIZEM OS HOMENS QUE EU SOU?


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mc 8,27-33)(16/02/23)


Caríssimos, o jeito mais fácil de se conhecer uma pessoa é interroga-la ou ser interrogado por ela, desse modo, conhecemos quem somos e quem nos interroga, para assim interagirmos com mais fluidez ou não, dependendo das respostas. De fato, quem pergunta quer sempre saber ou informar algo que leva ao essencial, ao sentido mais profundo da vida ou do que se quer conhecer e comunicar.

Por isso, quem vive da fé nunca perde tempo com as futilidades deste mundo, como nos ensina o salmista: "Ó poderosos, até quando tereis o coração endurecido, no amor das vaidades e na busca da mentira?" (Sl 4,3). Principalmente nesse nosso tempo de tantas falsas notícias e impropérios que levam ao inferno da desinformação, do desperdício de tempo e da incapacidade de gerar e transmitir as boas novas da salvação.

Com efeito, vivemos do que comunicamos, por isso, é essencial a comunhão com o Senhor Jesus que foi enviado por Deus Pai para nos fazer conhecer a verdade e permanecer nela, que nos liberta das mentiras e de seus derivados, que são as calúnias, maledicências e os pensamentos vãos. De fato, sem a verdade a vida não passa de uma triste ilusão com um fim trágico.

No Evangelho de hoje o Senhor Jesus perguntou aos discípulos: “Quem dizem os homens que eu sou?” Eles responderam: “Alguns dizem que tu és João Batista; outros que és Elias; outros, ainda, que és um dos profetas”. Então ele perguntou: “E vós, quem dizeis que eu sou?” Pedro respondeu: “Tu és o Messias”. (Mc 8,27-29). Ou seja, não basta ter informações a respeito do Senhor Jesus, é necessário conhece-lo, ama-lo e segui-lo fielmente como o Messias enviado por Deus Pai.

"Em seguida, Jesus começou a ensiná-los, dizendo que o Filho do Homem devia sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e doutores da Lei, devia ser morto, e ressuscitar depois de três dias. Ele dizia isso abertamente.

Então Pedro tomou Jesus à parte e começou a repreende-lo. Jesus voltou-se, olhou para os discípulos e repreendeu a Pedro, dizendo: “Vai para longe de mim, Satanás!” Tu não pensas como Deus, e sim como os homens”. (Mc 8,30-33). Ou seja, Pedro a princípio acreditava num messias ideal; no entanto, o Senhor lhe mostrou que era o Messias real, homem-Deus que sofre como um de nós sem deixar de ser Deus. 

Portanto, caríssimos, é muito fácil seguir o Senhor Jesus sem se comprometer com Ele para não ter de carregar a cruz de cada dia. E de fato, quem vive em busca de fama, dinheiro, poder e prazer, quando se depara com as dores e tristezas que essas armadilhas escondem, caem nas desgraças que elas comportam tornando-se um caminho sem volta muito distante do caminho do Senhor.

Destarte, o caminho da cruz não é fácil, porque requer fé, renúncia da própria vontade e das vantagens que este mundo oferece. No entanto, quem deixa tudo para seguir o Senhor Jesus, tem plena consciência que o tudo deste mundo não vale nada, pois, como disse Pedro: "Senhor, a quem iríamos nós? Tu tens as palavras da vida eterna. E nós cremos e sabemos que tu és o Santo de Deus!" (Jo 6,68-69).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2023

AS GRAÇAS NOS SÃO DADAS À MEDIDA QUE AS BUSCAMOS NO SENHOR...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mc 8,22-26)(15/02/23)


Caríssimos, vivemos num mundo físico, mas também metafísico, isto é, envolvido pelo invisível, todavia quando pomos em prática a fé e o que nos ensina o Senhor, vemos nitidamente muito além do que os nossos olhos enxergam fisicamente, porque vemos o metáfisico que Ele nos mostra ao dar-nos as instruções necessárias que nos ajuda a enxergar o mundo e os homens como Ele mesmo os enxerga.

A liturgia de hoje nos apresenta a promessa de Deus de mudar o mundo e os homens pelo caminho da obediência aos seus mandamentos que é a via da perfeição que nos leva ao Reino dos Céus aonde viveremos para sempre na sua presença, amando-o sobre todas as coisas e amando-nos uns aos outros incondicionalmente, pois é esse o sentido de ser da nossa existência. 

No entanto, para isto precisamos eliminar o pecado da nossa prática de vida, e isso só é possível mediante a ação do Espírito Santo que nos foi dado, pois é Ele que nos inspira os bons propósitos e como realiza-los. De fato, num mundo onde ao que parece reina o pecado, como viver em permanente estado de graça? Ora, isso é realmente possível se seguirmos o que o Senhor Jesus nos ensina, caso contrário, é impossível vencermos as tentações e os pecados por nós mesmos, ou seja, com as nossas próprias forças.

No Evangelho de hoje: "Algumas pessoas trouxeram-lhe um cego e pediram a Jesus que tocasse nele." E curiosamente o Senhor usou um procedimento singular, molhou os olhos do cego com a Sua saliva, e perguntou o que estava vendo ao que o ele respondeu: “Estou vendo os homens. Eles parecem árvores que andam”.

"Então Jesus voltou a pôr as mãos sobre os olhos dele e ele passou a enxergar claramente. Ficou curado, e enxergava todas as coisas com nitidez. Jesus mandou o homem ir para casa, e lhe disse: “Não entres no povoado!" (Mc 8,25-26). Ou seja, as graças nos são dadas à medida que as buscamos no Senhor, porém, cabe somente a Ele como no-las conceder.

Portanto, caríssimos, por esse episódio percebemos que o Senhor Jesus quer que enxerguemos o mundo e os homens como Ele os enxerga, ou seja, para fazer-lhes todo o bem que precisam, para que assim possam ver além das aparências, pois, só pode enxergar bem quem olha o mundo e os homens seguindo as instruções que o Senhor Jesus nos dá.

Destarte, se só vemos a maldade que está no mundo e não fazemos o bem que precisa ser feito para ser mudado, caímos facilmente no pecado do juízo de valor e das críticas impiedosas, próprias de quem deixa de dar o verdadeiro testemunho da presença de Cristo em sua vida. Em suma, a cura da cegueira física e espiritual é fruta da conversão diária mediante as graças que nos são concedidas à medida que as buscamos no Senhor.  

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

CUIDADO COM O FERMENTO DE HERODES E DOS FARISEUS... ...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mc 8,14-21)(14/02/23)


Caríssimos, no seio da Santa Igreja por vezes brotam ervas daninhas também chamadas pelo Senhor Jesus: "o fermento de Herodes e dos fariseus", que se pode traduzir por ideologias; incredulidade; corrupção, juízo de valor, e tantos outros comportamentos perversos, incompatíveis com a prática da fé, porque geram incoerência, hipocrisia e cegueira espiritual. Tomemos cuidado para não caímos nessas armadihas do inimigo de nossas almas.

Com efeito, o nosso batismo é também o Selo do Espírito Santo que nos foi dado para vencermos as tentações e os pecados que são tantos neste mundo. Como vimos na primeira leitura, outrora a humanidade mergulhou de tal forma na maldade que Deus disse: "Vou exterminar da face da terra o homem que criei; e com ele, os animais, os répteis e até as aves do céu, pois estou arrependido de os ter feito!” (Gn 7,1).

De fato, pelo o que estamos vendo na face da terra, creio que a situação atual da humanidade piora a cada dia, pois a maldade não para de crescer em todos os sentidos de nossa existência, de modo que chegará um momento em que já não será possível a convivência fraterna, pois onde falta amor, fé e caridade, falta a verdade que autentica as nossas ações; e o resultado nefasto de tudo isso é a violência e a morte ou mesmo a destruição de tudo.

Decerto, em sã consciência nenhum verdadeiro discípulo de Cristo segue os desvarios daqueles que decidiram viver de escândalos os mais diversos, por isso, evitam todo tipo de comportamentos que contradiz a fé. E que fique bem claro, não apenas evitam, mas também se opõem, pois não é possível aceitar o que não é de acordo com o bem e à salvação das nossas almas.

Portanto, caríssimos, qual é realmente a nossa postura diante do Senhor Jesus? É coerente com o que Ele nos ensina, ou não passa da prática aparente da fé? São João escrevendo a respeito da autenticidade dos que crêem, disse: "Eis como sabemos que o conhecemos: se guardamos os seus mandamentos.

Aquele que diz conhecê-lo e não guarda os seus mandamentos é mentiroso e a verdade não está nele. Aquele, porém, que guarda a sua palavra, nele o amor de Deus é verdadeiramente perfeito. É assim que conhecemos se estamos nele:
aquele que afirma permanecer nele deve também viver como ele viveu." (1Jo 2,3-6).

Destarte, que ao menos compreendamos isto: a vida nos foi dada para vivermos segundo a vontade de Deus; e se a nossa conduta não corresponde ao seu amor por nós, precisamos reconhecer os nossos pecados, nos converter e voltarmos para Ele de todo o coração; caso contrário, não o veremos face a face, como é o seu desejo.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

DEUS É MISERICORDIOSO SEMPRE...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mc 8,11-13)(13/02/23)


Caríssimos, a nossa existência é uma grande graça de Deus, pois somos sinais do seu amor e da sua presença neste mundo; no entanto, isso não nos isenta de sofrermos as tentações que se apresentam querendo nos tirar o privilégio de sermos a "imagem e semelhança de Deus". Por isso, estamos numa grande luta espiritual cujo campo de batalha é a nossa alma.

De fato, sentimos dentro de nós o poder persuasivo da concupiscência que tenta nos arrastar para as dependências psíquicas, físicas, morais e espirituais, de forma que se não lutarmos terminamos cometendo os mais insanos atos, como vimos acontecer com Caim na primeira leitura desta liturgia.

Decerto, em meio às tentações deste mundo, como vimos nessa leitura, Deus nunca nos deixa sozinhos, pois fala em nossa consciência por meio do conselho do Espírito Santo nos ajudado a vencer a nós mesmos e o maligno de quem provém todas as tentações. De fato, todos somos tentados, mas nos mantemos livres à medida que escutamos o conselho do Senhor e lhe obedecemos.

Comentando o Evangelho de hoje disse o Papa Francisco: "O perdão é o sinal mais visível do amor do Pai, que Jesus quis revelar em toda a sua vida. Não há página do Evangelho que se possa subtrair a este imperativo de amor que nos perdoa. Mesmo no último momento da sua existência terrena, ao ser pregado na cruz, Jesus tem palavras de perdão: "Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem" (Lc 23,34).  

Nada que um pecador arrependido apresente diante da misericórdia de Deus pode permanecer sem o abraço do seu perdão. É por isso que nenhum de nós pode impor condições à misericórdia; porque permanece sempre como um ato de gratuidade do Pai Celestial, um amor incondicional e imerecido.

Portanto, não podemos correr o risco de nos opor à plena liberdade do amor com que Deus entra na vida de cada pessoa. A misericórdia é esta ação concreta de amor que, perdoando, transforma e muda a nossa vida. Assim se manifesta o seu mistério divino.  

Deus é misericordioso (cf. Ex 34,6), a sua misericórdia dura para sempre (cf. Sl 136); de geração em geração abraça cada pessoa que confia nele e a transforma, dando-lhe a própria vida." (Papa Francisco - Carta Apostólica Misericordia et misera, n.2).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

HOMILIA DO 6DOM DO TEMPO COMUM...


 Homilia do 6°Dom do Tempo Comum (Mt 5,17-37)(12/02/23)


Caríssimos, devido à tantas ideologias e correntes de pensamentos; multiplicidade de religiões e seguimentos muitos estão se perdendo na confusão gerada por essa mistura obscura. No entanto, a autêntica fé em Cristo é dom do Espírito Santo que recebemos batismo e que dissipa todas as dúvidas a respeito do ensinamento e seguimento do Senhor por meio da sua Santa Igreja.

A primeira leitura nos dá um discernimento preciso a respeito da Lei de Deus: "Se quiseres observar os mandamentos, eles te guardarão; se confias em Deus, tu também viverás. Diante de ti ele colocou o fogo e a água; para o que quiseres, tu podes estender a mão. 

Diante do homem estão a vida e a morte, o bem e o mal; ele receberá aquilo que preferir. A sabedoria do Senhor é imensa, ele é forte e poderoso e tudo vê continuamente. Os olhos do Senhor estão voltados para os que o temem. Ele conhece todas as obras do homem. Não mandou a ninguém agir como ímpio e a ninguém deu licença de pecar." (Eclo 15,16-21). Ou seja, a verdadeira liberdade não consiste em apenas escolher, mas sim, em obedecer a Deus seguindo fielmente o que Ele nos ensina.

No Evangelho de hoje "disse Jesus a seus discípulos: 'Não penseis que vim abolir a Lei e os Profetas. Não vim para abolir, mas para dar-lhes pleno cumprimento." (Mt 5,17). Isso significa que acreditar no Senhor é o pleno cumprimento de toda a Lei, pois esta é um pedagogo que nos cunduz à obediência perfeita a Ele.

Desse modo, compreendemos que a Lei é uma via alargada no seu entendimento por Cristo para o seu perfeito cumprimento que se resume no "amor a Deus sobre todas as coisas coisas e ao próximo como a nós mesmos"; isso porque sem amor a Lei é apenas letra que mata a fé, a misericórdia e os bons propósitos, pois como disse o Senhor: "Se a vossa justiça não for maior que a justiça dos mestres da Lei e dos fariseus, vós não entrareis no Reino dos Céus." (Mt 5,20).

Portanto, caríssimos, a Lei de Deus não é apenas um aglomerado de normas e preceitos morais, mas sim um caminho que nos leva ao seguimento de Cristo que por sua obediência perfeita ao Pai nos conduz à perfeição da caridade e ao encontro com Ele no Reino dos Céus.

Em suma, a obediência a Cristo é a via da santidade que no liberta dos desvios das ideologias e dos falsos raciocínios; da multiplicidade de religiões e igrejas; e dos falsos doutores da lei cuja justiça lhes impede de entrar no Reino de Deus.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.


sábado, 11 de fevereiro de 2023

DEUS AGE SEMPRE NO POUCO QUE LHE OFERECEMOS...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mc 8,1-10)(11/02/23)


Caríssimos, a liturgia de hoje nos mostra que o nosso tempo neste mundo foi abreviado por conta do pecado de Adão e Eva que foram expulsos do paraíso por causa da desobediência que cometeram; no entanto, Deus lhes prometeu o retorno pela perfeita obediência de um seu descendente que pisando a cabeça da serpente a venceu definitivamente nos libertando do pecado, para nos conduzir ao paraíso do Reino de Deus.

Com efeito, a primeira leitura nos leva a uma profunda reflexão sobre a luta contra o pecado cujo resultado dessa luta é o retorno ao estado de graça, à comunhão com o Senhor. De fato, o pecado mortal tem como consequência a perda do estado de graça, porque nos separa de Deus. Todavia, por sua Divina Misericórdia, o Senhor nos dá o perdão pelo sacrifício do seu amado Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, que morreu e ressuscitou para nos dar a vida eterna.

Decerto, isso acontece por meio do batismo que nos purifica do pecado original, como escreveu são Paulo: "Ou ignorais que todos os que fomos batizados em Jesus Cristo, fomos batizados na sua morte? Fomos, pois, sepultados com ele na sua morte pelo batismo para que, como Cristo ressurgiu dos mortos pela glória do Pai, assim nós também vivamos uma vida nova." (Rm 6,3-4).

No Evangelho de hoje são Marcos narra a multiplicação de sete pães e alguns peixes para uma multidão de mais de quatro mil pessoas, mostrando-nos que Cristo é o Pão da vida eterna que nos sustenta neste percurso que estamos fazendo de modo que os que Dele se alimentam são fortalecidos para não desfalecerem na luta contra o pecado, que é a causa de todos os males que vemos neste mundo.

Então, qual aprendizado tiramos desse episódio? O motivo da presença da multidão era a fome de ouvir a Palavra do Senhor Jesus e receber as graças que brotavam de suas ações; depois, mesmo diante da pouca fé dos discípulos que lhe apresentam as dificuldades do deserto e a escassez do necessário para saciar tanta gente, nada disso impede do milagre acontecer, porque ao dar o pouco que possuíam mais a disponibilidade em servir, foi o suficiente para o poder de Deus agir imediatamente.

Decerto, como vimos, a oração e a benção do pouco que ofereceram foram fundamentais para a realização da vontade de Deus; desse modo, a escuta da Palavra, a oração e a benção do Senhor se constitui o fio condutor de nossas ações, pois onde dois ou três ou mesmo uma grande multidão se reúne em nome de Cristo, Ele se faz presente realmente no meio deles. 

Portanto, caríssimos, a Palavra de Deus, os Sacramentos, a vida de oração pessoal e comunitária no seio da Santa Igreja nos faz participantes da Sua natureza divina cuja essência é a imortalidade, ou seja, a prática da fé faz acontecer a vontade de Deus. 

Destarte, bem-aventurados somos quando nos pomos a serviço do Senhor Jesus com o pouco que temos, pois, cremos que recebemos infinitamente mais do que lhe oferecemos.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2023

VENCENDO AS TENTAÇÕES...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mc 7,31-37)(10/02/23)


Caríssimos, a liturgia de hoje nos remete ao primeiro pecado que deu início à todas as tragédias que se sucederam e continua se sucedendo até o fim dos tempos. Como vimos na primeira leitura, o Senhor deu aos nossos primeiros pais a graça permanente da comunhão com Ele, por meio da obediência à sua Palavra, para não cairem nas ciladas do malígno. Infelizmente, desobedeceram e com isso se esconderam do Senhor, perdendo as graças que lhes havia concedido para evitarem o pecado e as suas terríveis consequências dentre elas a morte.

Com efeito, chamo a atenção para um detalhe de suma importância nesse episódio, que nos mantém em permanente comunhão com o Senhor; trata-se de nunca escutar a voz do maligno que fala por meio dos maus pensamentos que chegam à nossa mente; por isso, é fundamental nunca dialogar com eles nem lhes dar permissão, pois, é a mesma voz que enganou nossos primeiros pais e os induziu ao pecado.

Com efeito, o livre arbítrio é o poder que Deus nos deu para dizer sempre sim a Ele; e dizer sempre não ao maligno. Decerto, felizes são aqueles que mantém o diálogo com o Senhor e lhe obedece em tudo, como Ele nos ensinou: "Vigiai e orai para que não entreis em tentação, pois embora o espírito esteja preparado a carne é fraca." (Mt 26,41). Ou seja, a carne são os desejos desordenados que o maligno usa para nos enganar.

O Evangelho de hoje trata dos sinais evidentes pelos quais o Senhor Jesus se nos revela e nos tira do isolamento que o pecado nos impõe, pois a cura do surdo mudo nada mais é do que a certeza de que o Senhor nos ama e jamais nos abandona mesmo quando caímos em tentações, bem como meditamos no Salmo 106: "Louvai o Senhor, porque ele é bom. Porque eterna é a sua misericórdia. Assim o dizem aqueles que o Senhor resgatou, aqueles que ele livrou das mãos do opressor."

Portanto, caríssimos, muitas vezes as circunstâncias e as situações adversas tenta nos tirar a capacidade de comunicação e comunhão com o Senhor e entre nós, mas isso somente quando cedemos às tentações que nos levam ao pecado, à perca da liberdade e da paz.

Todavia, quando recorremos à misericórdia do Senhor mediante o arrependimento e a confissão sacramental, Ele nos perdoa e nos concede novamente as graças que havíamos perdido com a nossa queda, pois Ele conhece muito bem a nossa fragilidade e sabe que sem a sua graça nada podemos por nós mesmos.

Oremos: "Senhor, Deus de bondade e misericórdia, que para perdoar aos homens e purificar os seus pecados sacrificastes o vosso Filho que não conheceu o pecado, vede o nosso coração humilhado e contrito, e pela vossa bondade purificai-nos de todos os pecados e renovai-nos na alegria e na força do Espírito Santo, para cantarmos a vossa justiça e anunciarmos os vossos louvores. Por Cristo, nosso Senhor." (Liturgia das Horas).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv. 

sábado, 4 de fevereiro de 2023

JESUS TEVE COMPAIXÃO PORQUE ERAM COMO OVELHAS SEM PASTOR...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mc 6,30-34)(04/02/23)


Caríssimos irmãos e irmãs, no Sacramento do batismo, recebemos de Deus a graça da participação no Seu Reino; por isso, temos como missão e empenho de toda a vida, vivermos a dimensão do Reino desde já, para isso Ele nos deu o Seu Santo Espírito e com ele todas as graças necessárias para vivermos como Igreja, isto é, Seu Corpo Místico, do qual Ele é a cabeça e nós somos os seus membros.

Na primeira leitura, tirada da Carta aos Hebreus, assim meditamos: "Irmãos, por meio de Jesus, ofereçamos a Deus um perene sacrifício de louvor, isto é, o fruto dos lábios que celebram o seu nome. Não vos esqueçais das boas ações e da comunhão, pois estes são os sacrifícios que agradam a Deus." (Hb 13,15). Ou seja, o nosso modo de ser é fruto do amor de Deus em nós e entre nós; todavia, isso requer nossa entrega total e nossa disponibilidade para servi-lo em santidade e justiça todos os dias de nossa vida.

No Evangelho de hoje, o Senhor Jesus escuta o relato dos Apóstolos que retornaram da missão, percebe o cansaço que os domina e os chama para um lugar à parte aonde possam repousar; entretanto, a multidão os seguiu em busca das graças que necessitavam. O Senhor se compadeceu deles porque eram como ovelhas sem pastor e começou a ensinar-lhes muitas coisas. Isso significa que a Palavra de Deus traz em si todas as graças necessárias.

Portanto, caríssimos, mais do que nunca esse nosso mundo necessita da presença de Cristo e de sua mensagem para encontrar a verdadeira paz. Decerto, como batizados, somos os novos protagonistas desse anúncio; todavia, quem se dispõe a fazê-lo? Ou quem põe as mãos no arado sem olhar para trás? 

De uma coisa fiquemos certos, o Senhor Jesus cuida muito bem dos seus servos como vimos no Evangelho de hoje; porém, quem está disposto a servi-lo? A dizer sim, a dizer eis-me aqui?

Destarte, tudo é bom, belo, perfeito e verdadeiro segundo os critérios divinos, e assim permanece para sempre. Por isso, não destruamos com os nossos pecados a obra magnífica que Deus criou com tanto amor, pois, para constarmos no seu Testamento precisamos viver como seus filhos e filhas, caso contrário, perderemos, por negligência, a parte que nos cabe na sua herança eterna. 

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

PRECURSOR NA VIDA E NO MARTÍRIO...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mc 6,14-29)(03/02/23)


Caríssimos, temos consciência que o tempo nos foi dado para vivermos em comunhão com a vontade de Deus por meio do seu Filho amado, nosso Senhor Jesus Cristo? De fato, tantos buscam tantas coisas quando o único necessário para se viver em paz neste mundo é o seguimento de Cristo como o fez são João Batista.

Com efeito, para percebermos melhor a gradeza do precursor do Messias meditemos com a oração do prefácio do seu nascimento: "Senhor Pai Santo, Deus eterno e Onipotente, é verdadeiramente nosso dever, é nossa salvação,
dar-Vos graças sempre e em toda a parte, por Cristo nosso Senhor. 

Ao celebrarmos hoje a glória do Precursor, São João Batista, proclamado o maior entre os filhos dos homens, anunciamos as vossas maravilhas: antes de nascer, ele exultou de alegria, sentindo a presença do Salvador; quando veio ao mundo, muitos se alegraram pelo seu nascimento; foi ele, entre todos os profetas, que mostrou o Cordeiro que tira o pecado do mundo.

Nas águas do Jordão, ele batizou o Autor do batismo, e desde então a água viva tem poder de santificar os crentes; por fim, deu o mais belo testemunho de Cristo, derramando por Ele o seu sangue. Por isso, com os anjos e os santos no Céu, proclamamos na Terra a vossa glória, cantando a uma só voz: Santo, Santo, Santo, Senhor Deus do Universo!" (Prefácio da Natividade de São João Batista).

No Evangelho de hoje vemos que "João não tem medo dos juízos humanos, das perseguições, das calúnias nem da morte, pois, tem uma consciência clara de sua missão. A vida do Batista se resume na necessidade de obedecer a Deus antes que aos homens." (Bento XVI).

"Na linha dos profetas e de João Batista, Jesus anunciou, em sua pregação, o juízo do último dia. Serão então revelados a conduta de cada um e o segredo dos corações. Será também condenada a incredulidade culpada que fez pouco caso da graça oferecida por Deus". (Catecismo da Igreja Católica, n° 678).

Portanto, caríssimos, estamos indo para à eternidade, temos dois caminhos diante de nós com destinos totalmente opostos; o primeiro, é o caminho de Cristo, apontado por João Batista como o Messias, que nos conduz ao céu. O segundo seguido por Herodes, Herodiades, Salomé e os convivas de Herodes, é o caminho da lascívia, da falsa afirmação, do assassinato de inocentes, que conduz à perdição eterna.

E, por incrível que pareça, a todo instante somos movidos por nossas escolhas e decisões a seguir um desses dois caminhos. No entanto, para nós que fomos batizados nos foi dado seguir o caminho de Cristo, o mesmo seguido por João Batista, que ao perder a vida natural, por conta do pecado de Herodes, tornou-se também o precursor do Martírio do Senhor.

Destarte, que o Senhor tenha compaixão de nós, perdoe os nossos pecados e nos conduza a vida eterna. Amém! Assim seja!

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2023

"EU SOU A LUZ DO MUNDO"...


 FESTA DA APRESENTAÇÃO DO SENHOR (Lc 2,22-40)(02/02/23)


Caríssimos: “A Igreja hoje celebra a festa da Apresentação do Senhor após quarenta dias do Natal. Este acontecimento é narrado pelo evangelista Lucas no capítulo 2. No Oriente, a celebração desta festa remonta ao século IV e, desde o ano 450, é chamada "Festa do Encontro", porque Jesus “encontra” os sacerdotes do Templo, mas também Simeão e Ana, que representam o povo de Deus. Por volta de meados do século V, esta festa era celebrada também em Roma. Com o passar do tempo, foi acrescentada a esta festa a “bênção das velas”, recordando que Jesus é a "Luz dos Gentios". (Vatican News).  

Decerto, a apresentação do Senhor no Templo, é a perfeita doação de Jesus ao Pai por meio de sua Mãe, Maria Santíssima e de são José, seu pai virginal, que o oferece em cumprimento à Lei de Moisés, mas também como um pré-anúncio do seu Sacrifício de cruz. Nessa apresentação o Espírito Santo conduz os anciãos, Simeão e Ana que anunciam sua chegada em cumprimento às profecias. 

E conforme o relato de são Lucas: "O pai e a mãe de Jesus estavam admirados com o que diziam a respeito dele. Simeão os abençoou e disse a Maria, a mãe de Jesus: “Este menino vai ser causa tanto de queda como de reerguimento para muitos em Israel. Ele será um sinal de contradição. Assim serão revelados os pensamentos de muitos corações. Quanto a ti, uma espada te traspassará a alma”. (Lc 2,33-35).

Decerto, esta festa revela o quanto somos amados por Deus que enviou o Seu próprio Filho para nos libertar da condenação que o pecado nos impôs. O Senhor Jesus com o seu sofrimento de cruz revelou que o Pai sofre conosco as nossas dores para atenua-las, e para nos salvar definitivamente de tudo o que nos oprime neste mundo.

Portanto, caríssimos, como Simeão e a profetisa Ana reconheceram o menino Jesus nos braços de Maria, como o Messias enviado e se entregaram ainda mais a Deus; de igual modo, precisamos desse reconhecimento e da mesma entrega para que se cumpra em nossa vida somente aquilo que Deus Pai determinou em Seu infinito amor. 

Destarte, ao celebrarmos esta festa acendemos velas lembrando que Jesus é a verdadeira luz que ilumina as trevas deste mundo como anunciou Simeão: “Agora, Senhor, conforme a tua promessa, podes deixar teu servo partir em paz; porque meus olhos viram a tua salvação, que preparaste diante de todos os povos: luz para iluminar as nações e glória do teu povo Israel”. (Lc 2,29-30).

“Todos nós também somos envolvidos por esta "visão", pois quem aceita viver o Evangelho torna-se sinal de contradição. Colocar-se diante do Senhor Jesus, Luz dos Gentios, requer muita coragem, mas, ainda mais e antes de tudo, ser "de Deus", como Simeão e Ana; requer também a consciência de nem sempre ver tudo claramente, como José e Maria, que ficaram “admirados” com o que diziam de seu Filho, mas, depois, sabemos que Maria “guardava e meditava” tudo em seu coração.” (Vatican News).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2023

DEUS SE FAZ REALMENTE PRESENTE EM NOSSO COTIDIANO...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mc 6,1-6)(01/02/23)


Caríssimos, Deus é amor e nos criou por amor, para ama-lo e nos deixar amar por Ele, para assim realizamos a sua vontade em nossa vida. Decerto, sem essa graça nos tornamos incapazes para as boas ações que Deus de antemão preparou para que nós as praticássemos, pois sem amor este mundo e as criaturas se destinam para o caos.

A liturgia de hoje nos mostra que no coração cheio de orgulho e preconceito não existe espaço para acolher a vontade de Deus no outro, por isso, o juízo de valor torna-se porta de entrada para todo tipo de impropérios que destrói a compreensão e a unidade que tanto precisamos para vivermos em paz. 

Comentando o Evangelho de hoje disse o Papa Francisco: "Muitas vezes, as pessoas que encontram Jesus e o reconhecem, sentem-se maravilhadas. E nós, com o nosso encontro com Deus, devemos enveredar por este caminho: sentir-nos maravilhados. É como um certificado de garantia de que esse encontro é real, não ocasional. 

Mas, afinal, por que é que os compatriotas de Jesus não O reconhecem e acreditam n'Ele? Por quê? Qual é a razão? Podemos dizer, em poucas palavras, que eles não aceitam o escândalo da Encarnação. Eles não reconhecem esse mistério, e não o aceitam. 

Não o sabem, mas a razão é inconsciente, sentem que é escandaloso que a imensidão de Deus se revele na pequenez da nossa carne, que o Filho de Deus é filho do carpinteiro, que a divindade está escondida na humanidade, que Deus habita no rosto, nas palavras, nos gestos de um homem simples. 

Eis o escândalo: a encarnação de Deus, a sua concretude, o seu "quotidiano". E Deus tornou-se concreto num homem, Jesus de Nazaré, tornou-se um companheiro de viagem, tornou-se um de nós. "Tu és um de nós": dizer isso a Jesus é uma bela oração! E porque ele é um de nós, ele compreende-nos, acompanha-nos, perdoa-nos, ama-nos tanto. 

Na realidade, é mais confortável ter um deus abstrato e distante, que não se intromete em situações e que aceita uma fé distante da vida, dos problemas, da sociedade. Ou então gostamos de acreditar num deus "efeitos especiais", que só faz coisas excepcionais e dá sempre grandes emoções. 

Em vez disso, queridos irmãos e irmãs, Deus se fez homem: Deus é humilde, Deus é terno, Deus está escondido, Ele se faz próximo de nós habitando a normalidade da nossa vida quotidiana. E assim, acontece-nos a nós como aos compatriotas de Jesus, arriscamo-nos a que, quando ele passa, não o reconheçamos.

Peçamos a Nossa Senhora, que acolheu o mistério de Deus na vida quotidiana de Nazaré, que tenhamos olhos e coração livres de preconceitos e que tenhamos olhos abertos ao espanto: "Senhor, que eu te encontre! E quando encontramos o Senhor, há este espanto. Encontramo-lo na normalidade: olhos abertos às surpresas de Deus, à Sua humilde e oculta presença na vida quotidiana." (Papa Francisco - Angelus, 4/7/21).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.
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