VEM SENHOR JESUS!

"Em verdade, em verdade vos digo: quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna e não incorre na condenação, mas passou da morte para a vida". (Jo 5,24).

SEJAM BEM VINDOS À ESSA PORTA ESTREITA DA SALVAÇÃO

"Uma só coisa peço ao Senhor e a peço incessantemente: é habitar na casa do Senhor todos os dias de minha vida, para admirar aí a beleza do Senhor e contemplar o seu santuário". (Sl 26,4).

quarta-feira, 31 de maio de 2023

FESTA DA VISITAÇÃO DE NOSSA SENHORA...


 Festa da visitação de nossa Senhora (Lc 1,39-56)(31/05/23)

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 Caríssimos, neste dia festivo a Igreja celebra a visitação de nossa Senhora à sua prima Isabel, mãe de São João Batista; ora, essa festa é muito significativa para a nossa fé, isto porque com sua delicadeza e submissão amorosa, Maria nos ensina uma séries de atitudes que nos ajudam na santificação de nossas almas por meio do serviço que prestamos ao Reino de Deus.
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A primeira delas é a disponibilidade, ou seja, ir ao encontro daqueles que o Senhor nos mostra como necessitados de nossa presença como Maria o fez com Isabel. A segunda diz respeito a evangelização, pois, Maria é a primeira missionária evangelizadora do Novo Testamento; e, como Mãe do Filho de Deus, o comunica com um esplêndido sorriso e saudação profética que levou Isabel e seu filho a exultar de alegria no Espírito Santo.
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Com efeito, assim descreve São Lucas este momento: "Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança pulou no seu ventre e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. Com um grande grito exclamou: Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto de teu ventre! Como posso merecer que a mãe do meu Senhor me venha visitar? Logo que a tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança pulou de alegria no meu ventre. Bem-aventurada aquela que acreditou, porque será cumprido o que o Senhor lhe prometeu”. (Lc 1,41-45).
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Decerto, a resposta da Mãe do Senhor a Isabel ecoa em toda criação hoje e por toda a eternidade, escutemos: "Maria disse: “A minha alma engrandece o Senhor, e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador, porque olhou para a humildade de sua serva. Doravante todas as gerações me chamarão bem-aventurada, porque o Todo-poderoso fez grandes coisas em meu favor. O seu nome é santo, e sua misericórdia se estende, de geração em geração, a todos os que o temem." (Lc 1,46-56).

Comentando esse Evangelho, disse o Papa Francisco: "A fé está no centro de toda a história de Maria. O seu cântico ajuda-nos a compreender a misericórdia do Senhor como motor da história, tanto da história pessoal de cada um de nós como da humanidade inteira. Quando Deus toca o coração de um jovem, de uma jovem mulher, eles tornam-se capazes de atos verdadeiramente grandes. 

As "grandes coisas" que o Todo-Poderoso realizou na existência de Maria falam-nos também do nosso caminho na vida, que não é um vaguear sem sentido, mas uma peregrinação que, mesmo com todas as suas incertezas e sofrimentos, pode encontrar a sua plenitude em Deus (cf. Angelus de 15 de Agosto de 2015).

Quando o Senhor nos chama, não se detém naquilo que somos ou naquilo que fizemos. Pelo contrário, quando nos chama, Ele olha para tudo o que podemos fazer, para todo o amor que somos capazes de dar. Como a jovem Maria, podes fazer da tua vida um instrumento para melhorar o mundo. Jesus chama-te a deixar a tua marca na vida, uma marca que marcará a história, a tua história e a história de muitos." (cf. Discurso na Vigília, Cracóvia, 30 de Julho de 2016).
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

terça-feira, 30 de maio de 2023

HERDEIROS DE DEUS E CO-HERDEIROS DE CRISTO...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mc 10,28-31)(30/05/23). 


Caríssimos, a graça que nos é dada em Jesus Cristo supera infinitamente a nossa natureza limitada, pois, Deus Pai no Seu amor para conosco, por meio de seu Filho, nos enviou o Espírito Santo com todos os dons necessários para que assimilemos em tudo, conforme a fé que professamos, o seu mistério de salvação, na certeza da herança eterna que o Senhor reservou para aqueles que o amam.

São Pedro na sua primeira carta nos ensina qual o comportarmento que devemos ter para vivermos em conformidade com a vontade de Deus e assim obtermos suas graças: "Como filhos obedientes, não modeleis a vossa vida de acordo com as paixões de antigamente, do tempo da vossa ignorância. Antes, como é santo aquele que vos chamou, tornai-vos santos, também vós, em todo o vosso proceder. Pois está na Escritura: “Sede santos, porque eu sou santo”. (1Pd 1,14-16).

Com efeito, no Evangelho de hoje ao ser indagado por Pedro: “Eis que nós deixamos tudo e te seguimos”. Respondeu Jesus: “Em verdade vos digo, quem tiver deixado casa, irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos, campos, por causa de mim e do Evangelho, receberá cem vezes mais agora, durante esta vida — casa, irmãos, irmãs, mães, filhos e campos, com perseguições — e, no mundo futuro, a vida eterna. Muitos que agora são os primeiros serão os últimos. E muitos que agora são os últimos serão os primeiros”. (Mc 10,29-31). 

Com isso, o Senhor nos livra dos apegos às coisas deste mundo, para amarmos a Ele sobre todas as coisas e amar-nos uns aos outros como a nós mesmos. De fato, quem tem como objetivo a santidade, não pode perder tempo se entretendo com as coisas deste mundo, pois tempo é vida, quem dá tempo a Deus, obtém Dele como herança a vida eterna. 

Portanto, caríssimos, escutemos atentamente o que o Senhor Jesus nos diz nesta parábola: "O Reino dos céus é também semelhante a um tesouro escondido num campo. Um homem o encontra, mas o esconde de novo. E, cheio de alegria, vai, vende tudo o que tem para comprar aquele campo." (Mt 13,44). Ou seja, a riqueza das almas santas é oculta aos olhos deste mundo, de modo que o futuro dos homens e mulheres que assim procedem, é viver na Glória do Reino de Deus como seus filhos e filhas por toda a eternidade.

Destarte, conforme a Encíclica Rerum Novarum do Santo Padre, o Papa Leão XIII: "os homens são todos absolutamente nascidos de Deus, seu Pai comum; que Deus é o seu único e comum fim; que só Ele é capaz de comunicar aos anjos e aos homens uma felicidade perfeita e absoluta; que todos eles foram igualmente resgatados por Jesus Cristo e restabelecidos por Ele na sua dignidade de filhos de Deus; e que, assim, um verdadeiro laço de fraternidade os une, quer entre si, quer a Cristo, seu Senhor, que é «o primogénito de muitos irmãos» (Rom 8,29). 
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Saber-se-á, enfim, que todos os bens da natureza, todos os tesouros da graça, pertencem em comum e indistintamente a todo o gênero humano, e que só os indignos são deserdados dos bens celestes: «Se vós sois filhos, sois também herdeiros, herdeiros de Deus, co-herdeiros de Jesus Cristo» (Rom 8,17).
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv. 

segunda-feira, 29 de maio de 2023

SANTA MARIA, MÃE DA IGREJA...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 19,25-34)(29/05/23)

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Caríssimos, a liturgia hoje celebra a memória de Maria mãe da Igreja, bem como vimos na primeira leitura opcional em que Maria Santíssima em oração no Cenáculo com os Apóstolos e as outras mulheres participou diretamente do nascimento da Igreja com a vinda do Espírito Santo no dia de Pentecostes. 

São Paulo na sua Carta aos Colossensses faz uma profunda analogia entre o corpo humano e a Igreja (cf. Col 1,18), onde a chama de Corpo Místico de Cristo do qual é a cabeça e nos os seus membros. Com efeito, Jesus nos deu a conhecer que Deus é nosso Pai e no Evangelho de hoje nos revelou a missão de Sua Mãe, Maria Santíssima, como Mãe da nova humanidade nascida da água e do Espírito Santo no seio da Igreja, Seu Corpo Místico. 
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Vejamos, então, como se deu essa revelação: "Jesus, ao ver sua mãe e, ao lado dela, o discípulo que ele amava, disse à mãe: “Mulher, este é o teu filho”. Depois disse ao discípulo: “Esta é a tua mãe”. Daquela hora em diante, o discípulo a acolheu consigo." (Jo 19,26-27). Ou seja, João representa a nova humanidade amada pelo Senhor e redimida por Ele; Maria é a Nova mulher, sem mácula, que escuta a anunciação do Anjo Gabriel e diz sim a Deus gerando em seu ventre o autor da nossa salvação.
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Portanto, caríssimos, meditemos com amor e atenção no prefácio desta santa memória de Maria, Mãe da Igreja: "Senhor, Pai, Santo, Deus eterno e omnipotente, é verdadeiramente nosso dever, é nossa salvação dar-Vos graças sempre e em toda a parte, e exaltar a vossa infinita bondade ao celebrarmos a festa da Virgem Santa Maria.
Recebendo o vosso Verbo em seu Coração Imaculado, Ela mereceu concebê-lo em seu seio virginal e, dando à luz o Criador do Universo, preparou o nascimento da Igreja.
Junto à cruz, aceitou o testamento da caridade divina e recebeu todos os homens como seus filhos, pela morte de Cristo gerados para a vida eterna.
Enquanto esperava, com os apóstolos, a vinda do Espírito Santo, associando-se às preces dos discípulos, tornou-se modelo admirável da Igreja em oração.
Elevada à glória do Céu, assiste com amor materno a Igreja ainda peregrina sobre a Terra, protegendo misericordiosamente os seus passos a caminho da pátria celeste, enquanto espera a vinda gloriosa do Senhor.
Por isso, com os anjos e os santos, proclamamos a vossa glória, cantando a uma só voz: Santo, Santo, Santo..." (Missal Romano, Prefácio de Maria, imagem e Mãe da Igreja).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

domingo, 28 de maio de 2023

Ó VINDE ESPÍRITO SANTO...


 Homilia do Dom de Pentecostes (Jo 20,19-23)(28/05/23). 


Caríssimos, como um fogo abrasador, o Espírito do Senhor, desceu sobre Maria e os Apóstolos no dia de Pentecostes e renovou a face da terra; desde então, a Igreja, esposa de Cristo, é composta por todos os seus filhos e filhas que nascem da água e do mesmo Espírito que O gerou no seio de Sua Mãe Santíssima. Em outras palavras, esse novo nascimento é também nosso Pentecostes, pois de igual modo, o Espírito Santo veio sobre nós no momento em que fomos batizados.

Então, perguntemos, o que é mesmo Pentecostes? É a vinda do Espírito Santo prometido por Cristo; diz-se também do nascimento da Igreja, tendo em Maria e nos Apóstolos a sua visibilidade. Em meio a tudo isso, a Igreja é Cristo e Cristo é a Igreja, exatamente como Ele mesmo a descreve, ou seja, como a videira cuja seiva é o Espírito Santo, e o Pai Eterno, é o Agricultor que com seu divino amor poda, renova seus ramos e multiplica os seus frutos para que todos tenham a vida divina.

Decerto, Pentecostes é também a manifestação da Palavra, proclamada pelos Apóstolos, e escutada por todas as nações presentes e futuras, pois o Espírito do Senhor continua a obra da redenção dos homens até o fim do mundo. De modo que, a pregação da Palavra e o testemunho dela continua a gerar frutos de conversão, sinais e prodígios. 

Mas, atenção porque hoje em dia se difunde muito a palavra humana e se esquece facilmente da Palavra Divina; o resultado são as falsas notícias, a multiplicação das calúnias, a difusão do ódio, das divisões e de todos os males advindos do pecado da palavra falada, escrita e multimídia, até mesmo entre os cristãos que não se deixam conduzir pelo Espírito Santo. 

Por isso, muito cuidado com os pecados das palavras porque eles são venenos para a alma; nunca os escute. Pois, como disse o Senhor: "O homem de bem tira boas coisas de seu bom tesouro. O mau, porém, tira coisas más de seu mau tesouro. Eu vos digo: no dia do juízo os homens prestarão contas de toda palavra vã que tiverem proferido. É por tuas palavras que serás justificado ou condenado." (Mt 12,35-37).

Portanto, caríssimos, "O Espírito Santo restitui o paraíso, concede-nos entrar no reino dos céus e voltar à adoção de filhos. Dá-nos a confiança de chamar a Deus nosso Pai, de participar da graça de Cristo, de sermos chamados filhos da luz, de tomar parte na glória eterna, numa palavra, de receber a plenitude de todas as bênçãos tanto na vida presente quanto na futura. 

Dá-nos ainda contemplar, como num espelho, a graça daqueles bens que nos foram prometidos e que pela fé esperamos usufruir como se já estivessem presentes. Ora, se é assim o penhor, qual não será a plena realidade? E, se tão grandes são as primícias, como não será a consumação de tudo?" (Do Livro Sobre o Espírito Santo, de São Basílio, bispo)(Cap 15,35-36: PG 32,130-131)(Séc.IV)

Destarte, supliquemos humildemente a graça da plenitude do Espírito Santo: "Ó vinde Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis e acendei neles o fogo do Vosso Amor. Enviai o Senhor Vosso Espírito e tudo será criado e renovareis a face da terra.

Oremos: Ó Deus que instruíste os corações dos vossos fiéis, com a luz do Espírito Santo, fazei que apreciemos retamente todas as coisas segundo o mesmo Espírito e gozemos da sua consolação. Por Cristo Senhor Nosso. Amém! 

Paz e Bem! 

Frei Fernando Maria OFMConv. 

sexta-feira, 26 de maio de 2023

A NOSSA VIDA É UMA MISSÃO QUE RECEBEMOS DE DEUS...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 21,15-19)(26/05/23). 


Caríssimos, certa feita disse o Senhor Jesus a respeito das perseguições: "Não temais aqueles que matam o corpo, mas não podem matar a alma; temei antes aquele que pode precipitar a alma e o corpo na geena. Não se vendem dois passarinhos por um asse? No entanto, nenhum cai por terra sem a vontade de vosso Pai. Até os cabelos de vossa cabeça estão todos contados. Não temais, pois! Bem mais que os pássaros valeis vós." (Mt 10,28-31).

De fato, a vida mais do que um dom é uma missão; viver e fazer a vontade de Deus, amando-o sobre todas as coisas, se constitui o verdadeiro sentido da vida que Dele recebemos. Aliás são João na sua primeira carta nos ensina: "Todo o que crê que Jesus é o Cristo, nasceu de Deus; e todo o que ama aquele que o gerou, ama também aquele que dele foi gerado. Nisto conhecemos que amamos os filhos de Deus: se amamos a Deus e guardamos os seus mandamentos." (1Jo 5,1-2).

Com efeito, não fomos criados para vivermos por acaso, pois seria o mesmo que viver para a morte, aliás sobre isto, eis o que diz o Livro de Sabedoria: "Não procureis a morte por uma vida desregrada, não sejais o próprio artífice de vossa perda. Deus não é o autor da morte, a perdição dos vivos não lhe dá alegria alguma. 

Ele criou tudo para a existência, e as criaturas do mundo devem cooperar para a salvação. Nelas nenhum princípio é funesto, e a morte não é a rainha da terra, porque a justiça é imortal." (Sb 1,11). Desse modo, compreendemos que a graça do Senhor supera infinitamente os limites de nossa natureza, e que depois da sua ressurreição a morte natural tornou-se Páscoa para os que com Ele ressuscitam.

No Evangelho de hoje, Jesus não só confirma o perdão dado a Pedro, por meio de sua retratação, como também a missão que lhe concedera (cf Mt 16,16-19); e mais ainda, profetiza com que morte Pedro haveria de glorificar a Deus. Desse modo, compreendemos que a obediência do seguimento requer, de nossa parte, a renúncia de tudo que somos e temos por nós mesmos, para vivermos a grande graça de sermos conduzidos pelo Espírito Santo e o seu santo modo de agir em nosso viver, como vimos o exemplo de São Paulo na primeira leitura.

Portanto, caríssimos, é certo que buscamos planejar tudo na vida e vivermos conforme o que planejamos; mas num dado momento sentimos que por mais organizados que sejamos, nossos planos quase sempre naufragam nas águas turvas de nossos limites; e quando nos retratamos com o Senhor, como Pedro o fez, recebemos também a confirmação de nossa missão e a graça de como glorificarmos a Deus e assim entrarmos no seu Reino.

Destarte, cumpramos a nossa missão seguindo esta exortação e exemplo de são Paulo: "Tu, porém, sê prudente em tudo, paciente nos sofrimentos, cumpre a missão de pregador do Evangelho, consagra-te ao teu ministério. Quanto a mim, estou a ponto de ser imolado e o instante da minha libertação se aproxima. 

Combati o bom combate, terminei a minha carreira, guardei a fé. Resta-me agora receber a coroa da justiça, que o Senhor, justo Juiz, me dará naquele dia, e não somente a mim, mas a todos aqueles que aguardam com amor a sua aparição." (2Tm 4,5-8).

Paz e Bem! 

Frei Fernando Maria OFMConv.

quinta-feira, 25 de maio de 2023

ASSIM AGE O ESPÍRITO SANTO...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 17,20-26)(25/05/23)

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Caríssimos, as ações litúrgicas são o meio pelo qual o Espírito Santo nos dá a conhecer como Ele atuava nas primeiras comunidades por meio dos Apóstolos e dos discípulos destes, inspirando-os nas mais diversas situações, fazendo valer a Sua Santa Sabedoria sempre em vista da salvação das almas que se abriam ao seu chamado. E hoje não é diferente daquele tempo, uma vez que o Espírito do Senhor continua atuando do mesmo modo. 
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Como é do conhecimento de todos, não foram poucas as perseguições e mortes que sofreram esses missionários enviados por Ele, com a mais sublime missão, de anunciar Jesus como o Messias enviado por Deus Pai para salvar a humanidade mergulhada no pecado. De fato, quando o ser humano não assume a sua filiação divina, cai nas concupicências e práticas nefastas, porque se deixa levar pelo inimigo de nossas almas.
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No Evangelho de hoje Jesus continua a sua oração sacerdotal ao Pai revelando por meio dela três aspectos fundamentais para a vida dos discípulos e daqueles que receberão a fé; primeiro, o testemunho deles nasce da comunhão entre si baseada no amor fraterno que deve ser modelo para os neoconvertidos; segundo, tal união nasce do amor entre o Pai e o Filho; e por fim, os neoconvertidos viverão da fé e do amor do Senhor que os espera em sua glória.
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Com efeito, a vivência e a pregação do Evangelho tem como fundamento a unidade que nasce do amor com o qual Jesus ama o Pai e quer que nos amemos de igual modo. Eis, portanto, a sua oração: "Pai santo, eu não te rogo somente por eles, mas também por aqueles que vão crer em mim pela sua palavra; para que todos sejam um como tu, Pai, estás em mim e eu em ti, e para que eles estejam em nós, a fim de que o mundo creia que tu me enviaste." (Jo 17,20-21).

Portanto, caríssimos, como vimos "na sua oração sacerdotal antes da Paixão, Cristo Jesus fez um único pedido aos seus apóstolos e a quantos virão a crer na sua palavra: que sejam um com Ele, como Ele e o Pai são um (cf Jo 17,21), a fim de que possam ver a sua glória (cf Jo 17,24). É isto que Cristo Jesus exige como preço do seu sacrifício; esta unidade, que é o objetivo da encarnação e da redenção, e é vital para a nossa alma e para a Igreja. 

É este o plano divino que nos envolve e são tais os desígnios que Ele pretende realizar em nós e por nós. Se não formos de Cristo, não teremos vida sobrenatural; se não formos filhos com o Verbo encarnado, no seio da Trindade, seremos excluídos do Reino dos Céus." (Beato Maria Eugénio do Menino Jesus). Ou seja, sem a nossa adesão total a Cristo não tem como cumprirmos os seus desígnios para a nossa salvação.
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Destarte, "A solução para as divisões não é se opor a alguém, porque discórdia gera mais discórdia. O verdadeiro remédio começa pedindo a Deus a paz, a reconciliação, a unidade. Isso vale antes de tudo para os cristãos: a unidade só pode vir como fruto da oração. Jesus sabia disso e abriu o caminho para nós, orando. A nossa oração pela unidade é, portanto, uma participação humilde, mas confiante na oração do Senhor, que prometeu que toda a oração feita em seu nome será ouvida pelo Pai." (cf. Jo 15, 7). (Papa Francisco - Audiência Geral, 20/01/21).
Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

quarta-feira, 24 de maio de 2023

CUIDADO COM OS FALSOS LÍDERES...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 17,11b-19)(24/05/23) 


Caríssimos, a experiência da graça de Deus na vida de seus eleitos sofre constantemente a violência dos que lhes são contrários, à começar por aqueles que professam uma fé que não condiz com a Palavra de Jesus, sem contar aqueles que professam um ateísmo prático ou aquele que nasce da indiferença religiosa; ou ainda daqueles que se aliaram às hostes do maligno diretamente e usam de todos os meios tentando destruir a fé dos filhos e filhas de Deus.

Na primeira leitura de hoje, Paulo oriente os líderes da comunidade de Éfeso para que tomem conta do rebanho que Deus lhes confiou conforme o seu ministério, sabendo que as ovelhas sofrerão todo tipo de ataques, como Ele mesmo disse: "Eu sei, depois que eu for embora, aparecerão entre vós lobos ferozes, que não pouparão o rebanho. 

Além disso, do vosso próprio meio aparecerão homens com doutrinas perversas que arrastarão discípulos atrás de si. Por isso, estai sempre atentos: lembrai-vos de que, durante três anos, dia e noite, com lágrimas, não parei de exortar a cada um em particular." (At 20,29-31). De fato, essa exortação de são Paulo é um autêntico retrato dos nossos dias dada à multiplicidade de falsas doutrinas e falsos líderes, tentando desvirtuar a Palavra de Cristo e dividir o seu rebanho.

No Evangelho de hoje, vimos que em sua oração sacerdotal, Jesus pede ao Pai a unidade dos discípulos que estão ainda no mundo, na certeza de que assim como Ele sofreu nas mãos daqueles que o odiavam, de igual modo, eles também sofrerão muito por causa de seu nome, mas isto aumentará ainda mais a sua herança na glória eterna do Filho de Deus . 

Decerto, estamos no mundo das divisões e a maior de todas está entre os filhos das trevas e os filhos da luz. Enquanto, os primeiros se destacam pelo ódio e a violência com que atacam suas vítimas; ao contrário, os filhos da luz são iluminados com o amor e o perdão que oferecem aos seus algozes. 

De fato, o cristianismo ao longo da história da humanidade sofreu os mais terríveis ataques à sua integridade, quer por seus inimigos diretos; quer por aqueles que se diziam cristãos, mas cometiam atrocidades em nome de Cristo, difamando com isso, o seu nome, a Igreja e à fé que diziam professar, se esquecendo que a Igreja é a Santa videira do Senhor.

Portanto, caríssimos, eis o que diz o Senhor: "Se alguém não permanecer em mim será lançado fora, como o ramo. Ele secará e hão de ajuntá-lo e lançá-lo ao fogo, e queimar-se-á. Eu sou a videira; vós, os ramos. Quem permanecer em mim e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer." (Jo 15,4-5).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv. 

terça-feira, 23 de maio de 2023

MISSÃO CUMPRIDA...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 17,1-11a)(23/05/23)

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Caríssimos, a liturgia de hoje é como que uma síntese da missão cumprida, em que Paulo e Jesus de maneira impar se despedem dos seus com palavras tão comoventes que ao medita-las nos emocionamos, isto porque revelam que passarão deste mundo ao Pai por meio do martírio. Paulo tem consciência disso pela graça do Espírito Santo que o revela e do qual se sente prisioneiro (cf. At 20,22a); e Jesus porque é Deus com o Pai e o Espírito Santo.
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Meditemos, então, nestas suas despedidas que em verdade são seus testamentos espirituais. Paulo deixou tudo por Jesus, a própria vontade e mesmo a própria vida para anunciar o seu Evangelho em vista da salvação das almas que noite e dia instruira nos caminhos da fé, disse ele: "Servi ao Senhor com toda a humildade, com lágrimas e no meio das provações que sofri por causa das ciladas dos judeus. Nunca deixei de anunciar aquilo que pudesse ser de proveito para vós. Portanto, não deixei de vos anunciar todo o projeto de Deus a vosso respeito." (At 20,17-20).
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Quanto a Jesus, escutemos as suas Palavras em forma de oração: “Pai, chegou a hora. Glorifica o teu Filho, para que o teu Filho te glorifique a ti, e, porque lhe deste poder sobre todo homem, ele dê a vida eterna a todos aqueles que lhe confiaste. Eu te glorifiquei na terra e levei a termo a obra que me deste para fazer. E agora, Pai, glorifica-me junto de ti, com a glória que eu tinha junto de ti antes que o mundo existisse." (Jo 17,1-4).

Com efeito, o que vemos nessas despedidas; por parte do Senhor, é a certeza de que cumpriu sua missão e agora volta ao Pai, mas, antes intercede por aqueles que o Pai lhes deu a fim de que permaneçam fiéis na realização de sua vontade, porque isso significa a vida eterna. Enquanto Paulo se despede já sabendo o que lhe espera, mas, nada teme dada à sua entrega total ao Senhor Jesus.
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Portanto, caríssimos, se ainda estamos aqui é porque estamos em cumprimento de nossa missão de testemunhar a vida eterna que recebemos de Cristo no batismo. Decerto, fazemos isso em meio às tribulações deste mundo, porém, convictos de que nada nos separa do amor do Senhor como nos ensinou são Paulo: "Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação? A angústia? A perseguição? A fome? A nudez? O perigo? A espada?

Mas, em todas essas coisas, somos mais que vencedores pela virtude daquele que nos amou. Pois estou persuadido de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem o presente, nem o futuro, nem as potestades, nem as alturas, nem os abismos, nem outra qualquer criatura nos poderá apartar do amor que Deus nos testemunha em Cristo Jesus, nosso Senhor." (Rm 8,35-39). 
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

O SILÊNCIO É UM TESOURO INESGOTÁVEL...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 16,29-33)(22/05/23)

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Caríssimos, mesmo em meio à toda maldade presente neste mundo por parte daqueles que desobedecem a Deus, nada pode impedir que a sua vontade se realize em toda sua plenitude, para isto nos enviou o Seu Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, a fim de nos salvar por meio do Seu Sacrifício de cruz em expiação dos nossos pecados.

No Evangelho de hoje ouvimos o Senhor falar sobre a paz que Ele nos dá em meio às tribulações deste mundo: "Disse-vos estas coisas para que tenhais paz em mim. No mundo, tereis tribulações. Mas tende coragem! Eu venci o mundo!” (Jo 16,33). Com efeito, discorrendo sobre isso, escreveu São João da Cruz: "Em todos os acontecimentos, por mais deploráveis que sejam, devemos regozijar-nos em vez de ficarmos tristes, para não perdermos o bem mais precioso, a paz e a tranquilidade da alma."

E continua ele: "Tende atenção em conservar o vosso coração na paz; que nenhum acontecimento deste mundo o perturbe; pensai que tudo acaba aqui em baixo. Mesmo que aqui em baixo tudo se desmoronasse e que todos os acontecimentos nos fossem adversos, seria inútil perturbarmo-nos, pois a perturbação causar-nos-ia mais danos do que proveito.
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Suportar tudo com a mesma disposição e na paz não é apenas ajudar a alma a adquirir grandes bens, é também predispo-la a melhor avaliar as adversidades em que se encontra e a aplicar-lhes o remédio adequado. O céu é estável e não está sujeito a mudança. Do mesmo modo, as almas, por terem uma natureza celestial, são estáveis e não estão sujeitas à tendências desordenadas nem a nada desse gênero; de certo modo, assemelham-se a Deus, que é imutável."
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"Um dos melhores meios para conservar a paz, seja com Deus, seja conosco mesmos, seja com os outros homens, é o silêncio. O silêncio recolhe-nos, dá-nos espírito de oração, deixa a nossa alma livre para se lançar em voo para Deus, longe das discussões humanas; este silêncio favorece a oração, a união com Deus, a paz profunda da alma, que já não vive para o mundo, mas que está perdida, mergulhada em Deus.
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O silêncio ajuda-nos infinitamente a ter paz conosco mesmos: ele corta pela raiz muitos pecados e uma multidão de distrações. Ajuda-nos a guardar a paz com os homens, impedindo que haja discussões, contendas, divergência de sentimentos nos relacionamentos, maledicências, enfim, todas as dissensões e todos os desentendimentos, todos os rancores que vêm da palavra.
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Meu Deus, concedei-me a graça de ter esta paz, a paz da alma que não procura senão a Vós, não quer senão Vós, se separa de todos os ruídos vãos da Terra, e encontra em Vós a verdadeira paz, a única paz que podemos ter neste mundo." (São Charles de Foucauld (1858-1916), eremita e missionário no Saara).
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

domingo, 21 de maio de 2023

SOLENIDADE DA ASCENSÃO DO SENHOR...


 Solenidade da Ascenção do Senhor

(Mt 28,16-20)(21/05/23)

Caríssimos, a ressurreição e Ascenção do Senhor Jesus, é o que Ele chama de cumprimento da justiça (cf. Jo 16,10), isto por ter padecido da parte povo eleito todas as humilhações e a terrível morte de cruz, por não o terem aceitado como o Messias enviado por Deus. De fato, é duríssimo realizar em tudo a vontade do Pai e mesmo assim ser assassinado com requintes de crueldade nunca visto antes.

Em sua homilia sobre Ascensão do Senhor, santo Agostinho, escreveu: "Cristo foi elevado ao mais alto dos céus; contudo, continua sofrendo na terra através das tribulações que nós experimentamos como seus membros. Deu testemunho desta verdade quando se fez ouvir lá do céu: "Saulo, Saulo, por que me persegues?" (At 9,4). E ainda: "Eu estava com fome e me destes de comer." (Mt 25,35).

Por que razão nós também não trabalhamos aqui na terra de tal modo que, pela fé, esperança e caridade que nos unem a nosso Salvador, já descansemos com ele no céu? Decerto, é preciso compreender que Cristo está no céu, mas também está conosco; e nós, mesmo estando na terra, com Ele também estamos no céu.

Por sua divindade, por seu poder e por seu amor ele está conosco, isto é, não se separou de nós; e nós, embora não possamos realizar isso pela divindade, como Ele, ao menos podemos realizar pelo amor que temos para com Ele. E assim como ele subiu sem se afastar de nós, também nós subimos com Ele, embora não se tenha ainda realizado em nosso corpo o que nos está prometido." 

Com efeito, quem espera no tempo o que possuirá na eternidade, sabe suportar com paciência e fé inabalável as provações e intempéries deste mundo na certeza de tudo é possível ao que crer, como o Senhor mesmo nos ensinou. De modo que, ao fazermos o bem que Deus de antemão preparou para nós os praticassemos, vemos no mistério da Ascensão do Senhor, a recompensa pela missão cumprida.

Portanto, caríssimos, a partir da Ascensão do Senhor Jesus, a sua Santa Igreja continua sua missão salvadora na pessoa do Santo Padre, dos bispos, presbíteros, diáconos e todos os batizados revelando a sua presença por meio dos Sacramentos que são sinais sensíveis que realizam o que anunciam.

Destarte, as graças de Deus são derramadas sobre nós constantemente para a expiação dos nossos pecados, advindas do sacrifício do seu amado Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, que por sua ressurreição e ascensão continua elevado ao céu uma multidão de almas benditas que o glorificam neste mundo por uma vida digna da salvação recebida.
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

sábado, 20 de maio de 2023

NO SEIO DA SANTÍSSIMA TRINDADE...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 16,23b-28)(20/05/23) 


Caríssimos, todos os escolhidos por Deus para o serviço da salvação das almas, têm a assistência permanente do Espírito Santo, "pois os dons e o chamamento de Deus são irrevogáveis." (Rm 11,29). De fato, todos nós que vivemos essa luta espiritual contra as forças do mal, precisamos da permanente proteção do Senhor para que a Sua salvação chegue aos confins do universo.

Com efeito, seguir a Cristo e anunciá-lo, é depositar Nele todos aqueles que encontramos na evangelização que fazemos; para que participem conosco da sua misericórdia e do seu amor. Todavia, isso requer vigilância constante como Ele nos eninou: "Vigiai e orai para que não entreis em tentação. O espírito está pronto, mas a carne é fraca." (Mt 26:41). Ou seja, a oração é a graça de todo momento que nos mantém em comunhão com a vontade do nosso Pai celestial.

Ora, estas são as armas usadas na luta espiritual contra o mal. Ou seja, as mesmas que Jesus usou e nos ensinou a usar; a oração como dom por excelência de comunicação entre nós e Deus, nosso Pai Eterno, pela ação do Espírito Santo. E o poder da Sua Palavra de vida eterna, com o qual Ele venceu todas as tentações e siladas do maligno. (cf. Mt 4,1-11). 

Com efeito, a verdade suplanta toda iniquidade que se levanta contra os filhos e filhas de Deus que ainda estão neste mundo de provações. O Senhor também nos dá como armas espirituais os Santos Sacramentos como graças sensíveis que nos faz viver unidos à Ele num só corpo, a Sua Santa Igreja. Decerto, essas armas são invencíveis porque contém o poder de Deus que reina para sempre e luta conosco à nossa frente.

De fato, somos obras de suas mãos criados por amor para vivermos a mesma unidade da Santíssima Trindade como o Senhor Jesus nos ensinou: "Não rogo somente por eles, mas também por aqueles que por sua palavra hão de crer em mim. Para que todos sejam um, assim como tu, Pai, estás em mim e eu em ti, para que também eles estejam em nós e o mundo creia que tu me enviaste. 

Dei-lhes a glória que me deste, para que sejam um, como nós somos um: eu neles e tu em mim, para que sejam perfeitos na unidade e o mundo reconheça que me enviaste e os amaste, como amaste a mim." (Jo 17,20-23).

Portanto, caríssimos, ouçamos com atenção estas palavras de São João Maria Vianey: "Eis o que disse o Senhor aos seus Apóstolos: "Até agora não pedistes nada em meu nome: pedi e recebereis, para que a vossa alegria seja completa". Isto mostra-nos que a oração é a fonte de todos os bens e de toda a felicidade que podemos esperar neste mundo.
Tendo isto em conta, meus irmãos, se somos pobres e desprovidos das luzes e dos bens da graça, é porque não rezamos ou rezamos mal. Não fiquemos espantados com o fato de o demônio fazer tudo o que pode para nos levar a deixar de rezar ou a rezar mal; ele compreende bem melhor que nós como o inferno teme a oração, e que é impossível Deus recusar-nos aquilo que Lhe pedimos na oração. 

Quantos pecadores deixariam o pecado se tivessem a felicidade de recorrer à oração! Uma oração bem feita é como um bálsamo que se expande na nossa alma, parecendo fazê-la sentir desde já a felicidade que os bem-aventurados gozam no Céu."

Paz e Bem! 

Frei Fernando Maria OFMConv. 

terça-feira, 16 de maio de 2023

O ESPÍRITO SANTO NOS ENSINA TODA A VERDADE...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 16,5-11)(16/05/23) 

Neste mundo estamos cercados por todos os lados dos mais terríveis ataques das forças do mal; tais ataques se traduzem pelas inúmeras tentações que chegam às nossas mentes em forma de maus pensamentos. Ora, tudo o que é mal só vem do mal; um filho ou filha de Deus, é incapaz de pensar o mal, de falar mal e de fazer o mal à quem quer que seja, porque são filhos de Deus. Logo, nunca aceite e nem dê permissão a nenhum pensamento vão, desordenado ou estranho; em suma, à nenhum pensamento mal.

Com efeito, a unidade divina se faz presente em nossa vida porque somos batizados. Não viver essa unidade é se perder em meio às provocações da mentalidade deste mundo. São João na sua primeira carta nos exorta: "Não ameis o mundo nem as coisas do mundo. Se alguém ama o mundo, não está nele o amor do Pai. 

Porque tudo o que há no mundo - a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida - não procede do Pai, mas do mundo. O mundo passa com as suas concupiscências, mas quem cumpre a vontade de Deus permanece eternamente." (1Jo 2,15-17).

No Evangelho de hoje, Jesus ensina aos seus discípulos a necessidade de sua partida, porque com ela, Ele nos envia o dom do Espírito Santo, para permanecer com nós e em nós. Mas também nos revela o que definirá o juízo final: "E quando vier o paráclito, o Espírito da Verdade, Ele demonstrará ao mundo em que consistem o pecado, a justiça e o julgamento: o pecado, porque não acreditaram em mim; a justiça, porque vou para o Pai, de modo que não mais me vereis; e o julgamento, porque o chefe deste mundo já está condenado”. (Jo 16,8-11).

Portanto, caríssimos, sabemos que a misericórdia divina está sempre conosco e por isso mesmo não abrimos mão de nossa fé, aconteça o que acontecer; pois aqui estamos para testemunhar a Presença de Deus em nossa vida, e esse testemunho revela que Deus ama a humanidade e quer que todos os homens sejam salvos. 

Mas atenção, porque muitos não se converterão, pois não aceitarão viver segundo a Sua Vontade, e por isso, se perderão eternamente por aceitarem a mentira em suas vidas e rejeitarem a Verdade que os salva. Aliás, o Senhor Jesus já havia feito esta pergunta numa de suas parábolas: "Mas, quando vier o Filho do Homem, acaso achará fé sobre a terra?" (Lc 18,8).

Destarte, essa pergunta do Senhor é profundamente profética e cabe à toda humanidade responde-la, no entanto, introduzindo a Parábola são Lucas escreveu: "Propôs-lhes Jesus uma parábola para mostrar que é necessário orar sempre sem jamais deixar de fazê-lo." (Lc 18,1). 

E o Senhor mesmo também nos havia ensinado: "Vigiai e orai para que não entreis em tentação. O espírito está pronto, mas a carne é fraca." (Mt 26,41). Decerto, a oração vigilante e a perseverança é o que nos mantém unidos ao Senhor Jesus até que Ele venha.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv. 

segunda-feira, 15 de maio de 2023

O FOGO DO ESPÍRITO SANTO AVIVA A CHAMA DA FÉ...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 15,26–16,4a)(15/05/23).


"O Espírito Santo, que é Deus juntamente com o Pai e o Filho, nos renova pelo batismo; e do nosso estado de imperfeição, reintegra-nos na beleza primitiva. Torna-nos de tal forma repletos de sua graça, que não podemos admitir em nós qualquer coisa que não deva ser desejada. Além disso, liberta-nos do pecado e da morte. E de terrenos que somos, quer dizer, feitos do pó da terra, nos faz espirituais, participantes da glória divina, filhos e herdeiros de Deus Pai.

Faz-nos ainda conformes à imagem do Filho, seus co-herdeiros e irmãos, destinados a ser um dia glorificados e a reinar com ele. Em vez da terra, dá-nos de novo o céu, abre-nos generosamente as portas do paraíso, honra-nos mais do que os próprios anjos. E com as águas divinas do batismo, apaga as imensas e inextinguíveis chamas do inferno.

Os homens são concebidos duas vezes: uma corporalmente, a outra, pelo divino Espírito. Acerca de um e de outro nascimento, escreveram muito bem os autores sagrados. Citarei o nome e a doutrina de cada um. João diz: A todos que o receberam, deu-lhes a capacidade de se tornarem filhos de Deus, isto é, aos que acreditam em seu nome, pois estes não nasceram do sangue nem da vontade da carne nem da vontade do homem, mas de Deus mesmo (Jo 1,12-13).

Todos os que acreditaram em Cristo, afirma ele, receberam a capacidade de se tornarem filhos de Deus, quer dizer, do Espírito Santo, e participantes da natureza divina. E para ficar bem claro que o Deus que gera é o Espírito Santo, acrescenta estas palavras de Cristo: Em verdade, em verdade, te digo, se alguém não nasce da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus (Jo 3,5).

A fonte batismal dá à luz de maneira visível nosso corpo visível, pelo ministério dos sacerdotes; mas o Espírito de Deus, invisível a todas as inteligências, é que batiza e regenera simultaneamente o corpo e a alma, pelo ministério dos anjos. João Batista, historicamente e de acordo com esta expressão: da água e do Espírito, diz a respeito de Cristo: Ele vos batizará no Espírito Santo e no fogo (Mt 3,11; Lc 3,16).

Como um vaso de barro, o homem precisa primeiro ser purificado pela água; em seguida, fortalecido e aperfeiçoado pelo fogo espiritual (Deus, com efeito, é um fogo devorador). Precisamos, portanto, do Espírito Santo para nossa perfeição e renovação. Pois o fogo espiritual sabe também regar, e a água batismal é também capaz de queimar como o fogo." (Dídimo de Alexandria).

Destarte, eis o diz o Senhor: derramarei na terra seca águas correntes e torrentes correrão sobre o solo sequioso; derramarei o meu Espírito, e crescerão como o salgueiro que é plantado à beira d’água. A água que eu vos der, em vós se tornará uma fonte a jorrar até à vida eterna." (Cf. Is 44,3-4; Jo 4,14b).

Paz e Bem!

domingo, 14 de maio de 2023

VINDE ESPÍRITO SANTO ILUMINA NOSSA VIDA...


 Homilia do 6° Dom. da Páscoa (Jo 14,15-21)(14/05/23)

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Caríssimos, o zelo e o cuidado de Deus por nós é tão imenso que não se contentou somente em enviar-nos seu único Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, para nos salvar; mais ainda, por esse mesmo Filho, nos enviou o Espírito Santo Paráclito, para nos defender, inspirar, iluminar e nos conduzir pela via da perfeição que nos leva à vida eterna.
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Com efeito, é bem como o Senhor nos ensinou nos Atos dos Apostolos, que depois de sua ascensão ao céu, Ele enviaria o Espírito Santo para permanecer conosco (cf. At 1,7-9), pois, de fato, não seria justo vivermos neste mundo sem a garantia da sua presença nos acompanhado e nos ensinando como vivermos perfeitamente em conformidade com a sua vontade os seus santos mandamentos.
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Comentando sobre a vinda do Espírito Santo, disse são João Maria Vianey: "Ao enviar-nos o Espírito Santo, Deus fez como um grande rei que encarregou um ministro de orientar um dos seus súditos, dizendo-lhe: "Vai acompanha este senhor por toda a parte e trazei-o de volta são e salvo". Que belo é ser acompanhado pelo Espírito Santo! Ele é um bom condutor.
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O Espírito Santo conduz-nos como uma mãe leva o filho de dois anos pela mão; ou como uma pessoa que vê, conduz um cego. Todas as manhãs devemos dizer: "Meu Deus, enviai-me o vosso Espírito Santo, que me fará conhecer quem eu sou e quem Vós sois". Uma alma que possui o Espírito Santo experimenta um delicado sabor na oração e nunca perde a santa presença de Deus."

Então, escutemos atentamente nosso Senhor Jesus Cristo: "Tenho ainda muitas coisas a dizer-vos, mas não sois capazes de as compreender por agora. É melhor para vós que Eu vá, pois, se Eu não for, o Paráclito não virá a vós; mas, se Eu for, Eu vo-lo enviarei. Quando Ele vier, o Espírito da Verdade, há de guiar-vos para a Verdade completa". (Jo 16, 7-13).
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Desse modo, viver conduzidos pelo Espírito Santo, é o que nos mantém firmes e perseverantes na fé, para enfrentarmos as tribulações e intempéries que nos circundam neste mundo devido os pecados nele praticados. Felizes de nós se seguirmos em tudo as suas divinas inspirações que nos tornam verdadeiras testemunhas de Jesus ressuscitado. 

Portanto, caríssimos, "este dom único que está em Cristo é oferecido a todos em plenitude. Está presente em toda a parte e é dado a cada um de nós, tanto quanto O queiramos receber. O Espírito Santo permanecerá conosco até ao fim dos tempos. Ele é a nossa consolação na espera, é o penhor dos bens da esperança que há de vir, é a luz do nosso espírito e o esplendor da nossa alma." (Santo Hilário, bispo de Poitiers, doutor da Igreja).

Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

sábado, 13 de maio de 2023

EVANGELIZAR É PÔR EM PRÁTICA O EVANGELHO DE NOSSO SENHOR JESUS...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 15,18-21)(13/05/23) 


Caríssimos, a evangelização é obra do Espírito Santo; Paulo, Timóteo e Lucas, seguiram as orientações do Espírito do Senhor e realizaram a magnífica obra de evangelização que se atualiza para além dos nossos dias, trazendo salvação à todos que os ouvem, pois, por seus escritos continuam pregando a Palavra de Deus onde quer que ela for proclamada. 

Com efeito, eis o que escreveu são Paulo a Timóteo: "Eu te conjuro em presença de Deus e de Jesus Cristo, que há de julgar os vivos e os mortos, por sua aparição e por seu Reino: prega a palavra, insiste oportuna e importunamente, repreende, ameaça, exorta com toda paciência e empenho de instruir." (2Tm 4,1-2). Pois, "Toda a Escritura é inspirada por Deus, e útil para ensinar, para repreender, para corrigir e para formar na justiça. Por ela, o homem de Deus se torna perfeito, capacitado para toda boa obra." (2Tm 3,16-17).

À propósito da evangelização, o Senhor Jesus nos ensinou no Evangelho de hoje que ela comporta dois fundamentos essenciais: primeiro, nasce da necessidade dos homens conhecerem a verdade que os liberta do pecado e da morte eterna que o pecado gera; segundo, seus enviados passarão pelas mesmas tribulações que Ele passou, devido ao ódio do mundo, isto é, daqueles que não amam a Deus e por isso não aceitam a Sua Presença nem a Sua Palavra.

Em suma, como ouvimos no Evangelho de hoje: “Se o mundo vos odeia, sabei que primeiro me odiou a mim. Se fôsseis do mundo, o mundo gostaria daquilo que lhe pertence. Mas, porque não sois do mundo, porque eu vos escolhi e apartei do mundo, o mundo por isso vos odeia. Se me perseguiram a mim, também perseguirão a vós. Se guardaram a minha palavra, também guardarão a vossa. Tudo isto eles farão contra vós por causa do meu nome, porque não conhecem aquele que me enviou”. (Jo 15,18-21).

Com efeito, todo o tempo que temos é tempo de Deus em nossa vida; por isso, não percamos tempo com aquilo que não é a sua santa vontade. Evangelizar é viver constantemente sob a inspiração do Espírito Santo, anunciando com a própria vida as Palavras de Jesus, proclamando todas as graças que nos são dadas, como o fizeram São Paulo e sua equipe de evangelização. 

Com isso compreendemos que Evangelizar é comunicar a vida eterna que recebemos do Senhor, por palavras e por nosso testemunho, na certeza que somos amparados por Deus em meio às tribulações deste mundo, pois, de uma coisa fiquemos certos, jamais nos faltará as graças necessárias para cumprirmos a nossa missão.

Destarte, sigamos fielmente esta exortação da Carta aos Hebreus: "Corramos com perseverança ao combate proposto, com o olhar fixo no autor e consumador de nossa fé, Jesus. Em vez de gozo que se lhe oferecera, ele suportou a cruz e está sentado à direita do trono de Deus.

Considerai, pois, atentamente aquele que sofreu tantas contrariedades dos pecadores, e não vos deixeis abater pelo desânimo. Ainda não tendes resistido até o sangue, na luta contra o pecado." (Hb 12, 1b-4).

Paz e Bem! 

Frei Fernando Maria OFMConv. 

quinta-feira, 11 de maio de 2023

PARA QUE A VOSSA ALEGRIA SEJA COMPLETA...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA (Jo 15,9-11)(11/05/23).

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Caríssimos, um dos frutos do Espírito Santo em nossas almas é a alegria, e no Evangelho de hoje Jesus revela que nos ama como o Pai lhe ama e Ele ama o Pai, e com o seu amor nos dá a alegria completa; diz Ele: "Como meu Pai me amou, assim também eu vos amei. Permanecei no meu amor. 

Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor, assim como eu guardei os mandamentos do meu Pai e permaneço no seu amor. Eu vos disse isto, para que a minha alegria esteja em vós e a vossa alegria seja plena”. (Jo 15,9-10). Ou seja, amar o Senhor é seguir fielmente tudo o que Ele nos ensina, e dizer sempre não a tudo o que contraria a sua Santa Vontade.
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Certa feita, se referindo à essa alegria disse São Francisco de Assis: "A melhor defesa contra todas as maquinações e ardis do inimigo continua a ser o espírito da alegria. Os demônios nada podem contra um servo de Cristo que encontra repleto da santa alegria; pelo contrário, uma alma desgostosa, melancólica e deprimida facilmente se deixa submergir pela tristeza ou se absorver por prazeres enganosos."
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"Era por isso que ele se esforçava por manter sempre o coração alegre, por conservar esse óleo da alegria com o qual a sua alma tinha sido ungida (Sl 44,8). Tinha grande cuidado em evitar a tristeza, a pior das doenças, e, quando sentia que ela começava a infiltrar-se na sua alma, recorria imediatamente à oração. 

"À primeira perturbação", dizia, "o servo de Deus deve levantar-se, pôr-se em oração e permanecer diante do Pai até que Ele lhe faça recuperar a alegria própria daquele que foi salvo" (Sl 50,14)." (Tomás de Celano (c. 1190-c. 1260) (biógrafo de São Francisco).
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Portanto, caríssimos, quem serve ao Senhor neste mundo e vive para Ele, já não se pertence; por isso, sua alegria é permanente e fruto do amor com que o ama e é amado por Ele. Decerto, nada se compara a isso, pois ouvir o Senhor e se manter na sua presença, se constitui a maior alegria, como Ele mesmo disse na parábola dos talentos: "Muito bem, servo bom e fiel; já que foste fiel no pouco, eu te confiarei muito. Vem participar da minha alegria." (Mt 25,21).
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Destarte, escutemos atentamente esta exortação do escritor sagrado do livro de Eclesiástico: "Não entregues tua alma à tristeza, não atormentes a ti mesmo em teus pensamentos. A alegria do coração é a vida do homem, e um inesgotável tesouro de santidade. A alegria do homem torna mais longa a sua vida.
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Tem compaixão de tua alma, torna-te agradável a Deus, e sê firme; concentra teu coração na santidade, e afasta a tristeza para longe de ti, pois a tristeza matou a muitos, e não há nela utilidade alguma. (Ecl 30, 22-25).
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

quarta-feira, 10 de maio de 2023

EU SOU A VIDEIRA, VÓS OS RAMOS...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 15,1-8)(10/05/23)


"Mas os que esperam no Senhor renovarão as suas forças; subirão com asas como águia. Correrão e não se cansarão, caminharão e não se fatigarão." (Is 40,31). É essa a trajetória dos justos, daqueles que confiam no Senhor e se dispõem à ama-lo e servi-lo em tudo; e mesmo se em algum momento dessa trajetória, sofrem alguma perda, ou alguma aparente derrota, confiam ainda mais na Sua Divina Providência, na certeza de que Ele sempre nos atende, porque é justo e misericordioso para todos que o servem.

Com efeito, isso demonstra que somos ovelhas do Seu rebanho, ramos frondosos de Sua videira, cujos frutos compensam infinitamente todas as perdas aparentes. De fato, somos grãos de trigo plantados em terra boa; mortos para o mundo, mas vivos para Deus de quem recebemos a seiva de suas graças que nos fazem produzir frutos de bondade, justiça e santidade, tão necessários para o bem e a salvação de nossas almas.

Caríssimos, meditemos com amor e atenção o Salmo trinta e seis, e escutemos o que nos diz o salmista: "Fui jovem e já sou velho, mas jamais vi o justo abandonado, nem seus filhos a mendigar o pão. Todos os dias empresta misericordiosamente, e abençoada é a sua posteridade.

Aparta-te do mal e faze o bem, para que permaneças para sempre, porque o Senhor ama a justiça e não abandona os seus fiéis. Os ímpios, [porém, como galhos secos], serão destruídos, e a raça dos ímpios exterminada." Enquanto que, "Os justos possuirão a terra, e nela habitarão eternamente." (Sl 36,25-29).

Portanto, caríssimos, Deus nos escolheu para sermos a sua morada neste mundo, como ouvimos no ensinamento dos Apóstolos (cf. 1Cor 3,16-17; 6,18-20; Jo 14,21). De fato, foi por isso que o Senhor nos criou à Sua "imagem e semelhança." E quando do batismo deu-nos o Espírito Santo para permanecer conosco. Por isso, tenhamos cuidado para não ofende-lo.

Pois, por Ele habitar-nos, não existe mais espaço para o pecado em nossa vida, visto que todo pecado que cometermos, seja ele venial ou mortal, é uma ofensa contra Deus que habita em nosso corpo, templo do Santo Espírito, Sacrário vivo de Jesus Eucarístico, e tabernáculo da Sua Palavra que nos foi anunciada. 

Destarte, guardemos esse tesouro com amor, fé e o respeito que lhe é devido e peçamos ao Senhor Jesus que o sele com o Seu Selo. Desse modo, não seremos galhos secos, mas ramos frondosos, capazes de dar frutos cem por um. A graça de nosso Senhor Jesus Cristo, o amor do Pai e a comunhão do Espírito Santo estejam sempre conosco, aqui e por toda eternidade. Amém! Assim seja!

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv. 

terça-feira, 9 de maio de 2023

DOU-VOS A PAZ, A MINHA PAZ VOS DOU...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA (Jo 14,27-31a)(09/05/23)


Caríssimos, muitas vezes e de diversos modos perdemos tanto tempo com coisas fúteis que não nos dão paz, e tão pouco tempo damos a Deus e ao que diz respeito à nossa salvação, que até nos envergonhamos quando tomamos consciência disso. 

Ora, é Deus que nos dá tudo, a vida, às condições para viver, e nos deu o Seu próprio Filho para nos salvar; e nós o que damos à Ele? Quem sabe as migalhas mesquinhas que sobraram do tempo que foi dado às coisas fúteis e passageiras. De modo que, por vezes muitos nem vão à Santa Missa com o triste argumento de que não têm tempo.

Com efeito, a primeira leitura de hoje nos mostra que os Apóstolos não perdiam tempo com as coisas deste mundo, mas todo tempo que tinham dedicavam a Deus anunciando nosso Senhor Jesus Cristo para a salvação das almas que precisavam ouvir as Suas Palavras e pôr-las em prática. 

Paulo, depois de ser apedrejado e tido como morto, tudo superou e continuou a Evangelizar ciente de que essa era a sua missão, como ele mesmo disse: "Anunciar o Evangelho não é glória para mim; é uma obrigação que se me impõe. Ai de mim, se eu não anunciar o Evangelho! (1Cor 9,16). Ou seja, todos nós temos uma missão a cumprir e felizes de nós se nos dedicarmos de corpo e alma ao que o Senhor nos confiou.

Ora, não resta dúvida de que travamos uma batalha espiritual contra às forças do mal, porque fomos resgatados por Jesus e estamos à caminho do Reino dos Céus. De fato, o maligno não aceita isso, porém, nós não temos nada com ele, porque nossa vida pertence somente ao Senhor que no Evangelho de hoje disse: "Já não falarei muito convosco, pois o chefe deste mundo vem. Mas, ele não tem poder sobre mim." (Jo 14,30).

Portanto, caríssimos, a nossa fé significa o poder de Deus em nossa vida, porque nos faz pertença Dele para sempre; e foi isso o que o Senhor Jesus nos ensinou: "Pois eu desci do céu não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou. 
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E esta é a vontade daquele que me enviou: que eu não perca nenhum daqueles que ele me deu, mas os ressuscite no último dia. Pois esta é a vontade do meu Pai: que toda a pessoa que vê o Filho e nele crê tenha a vida eterna. E eu o ressuscitarei no último dia”. (Jo 6,38-40).
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Destarte, rezemos então com o salmista: "Que vossas obras, ó Senhor, vos glorifiquem, e os vossos santos com louvores vos bendigam! Narrem a glória e o esplendor do vosso reino e saibam proclamar vosso poder! Para espalhar vossos prodígios entre os homens e o fulgor de vosso reino esplendoroso. O vosso reino é um reino para sempre, vosso poder, de geração em geração." (Sl 144).
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

segunda-feira, 8 de maio de 2023

FÉ, ESCUTA E PRÁTICA DA PALAVRA...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 14,21-26)(08/05/23)


Caríssimos, existe em nós uma necessidade que nem sempre a levamos em conta, talvez poucos de nós a observamos com precisão, trata-se da necessidade de ouvir o Senhor. Nos acostumamos, em nossas preces, pedir, pedir, pedir; e ao que parece nossas orações se resumem num monte de pedidos e às vezes infindáveis; raramente alguém pára, com o firme propósito de ouvir o Senhor, louva-lo e agradece-lo. 

É interessante notar que esse dom do Espírito Santo, que chamamos oração, é o meio de comunicação mais fácil e eficaz para encontrar o Senhor e ouví-lo nas mais diversas situações de nossa vida num verdadeiro colóquio filial. Mas isso requer disciplina e perseverança a fim de vencermos a nós mesmos, e sermos fiéis a esse custume tão benéfico.

Com efeito, olhando para o exemplo do Senhor Jesus no exercício desse dom, vemos que tudo o que Ele realizou, o fez em oração e por meio da oração, desse modo, nos ensina que a oração é encontro, é escuta, é colóquio, é meio eficaz para se realizar a vontade do Pai. Decerto, a fé e a oração são os dons do Espírito Santo por excelência que nos mantém seguros da sua presença e proteção.

No Evangelho de hoje, duas atitudes chamam a atenção, a primeira delas é a escuta, a segunda é a obediência; para assim pôr em prática o que foi escutado. De fato, quando isso acontece, experimentamos de imediato o amor do Senhor e a Sua presença em nossa vida em tão alto grau que tudo se torna meio para realizarmos a Sua Santa vontade. 

Escutemos, então, o que nos diz o Senhor: “Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e o meu Pai o amará, e nós viremos e faremos nele a nossa morada." (Jo 14,24) Ou seja, a fé é prática, realiza o que acredita, pois é isso o que Deus nos dá à viver, porque nos ama. Aliás, rezar é amar a Deus e ser amado por Ele, é encontra-lo no mais íntimo de nossas almas. Quem não reza não cresce na fé e dificilmente alça alguma graça.

Portanto, caríssimos, "como é a nossa oração, assim é também a nossa vida." Porque rezar é manter-se na presença de Deus, e manter um diálogo filial com Ele na certeza de que somos ouvidos e atendidos não somente em nossas necessidades, mas também nas daqueles por quem intercedemos. Enfim, rezar é também se pôr disponível para a realização do plano de Deus para a nossa salvação.

Destarte, somos habitação do Espírito Santo, por isso, não existe espaço em nossas almas para mais nada fora Dele. Qualquer coisa que pusermos no lugar que é só do Senhor, é uma ofensa, é um pecado, é um mal que fazemos à nós mesmos, por contrariarmos à Sua Santa Vontade. Pois quem vive segundo a vontade do Senhor nada lhe falta, absolutamente nada. 

Paz e Bem! 

Frei Fernando Maria OFMConv. 

domingo, 7 de maio de 2023

FÉ, AMOR, UNIDADE...


 Homilia do 5°Dom da Páscoa (Jo 14,1-12)(07/05/23)


Caríssimos, a salvação que recebemos de nosso Senhor Jesus Cristo, é plena e sem dúvida a experimentamos em todos os sentidos de nossa vida; todavia, não podemos esquecer que estamos a caminho da eternidade, e por isso, precisamos trabalhar com afinco para crescermos na graça, no conhecimento e na sabedoria do Espírito Santo que nos qualifica para entrarmos no Reino dos Céus.

Com efeito, na primeira leitura de hoje, a comunidade de Jerusalém começa a sentir as primeiras dificuldades com relação ao convívio entre judeus e pagãos convertidos, foi preciso a intervenção dos Apóstolos para se chegar à um consenso. Por esse exemplo, vemos que depois da conversão eles sentiram dificuldades para manterem a unidade na vivência da fé e na partilha dos bens.

No Evangelho de hoje, vimos que também os Apóstolos tinham lá suas dúvidas, porque para eles a linguagem de Jesus os surpreendia sempre e como não compreendiam, restava-lhes perguntar. Jesus, porém, pacientemente lhes respondia e suas respostas podia até não caber em suas mentes, mas preenchiam seus corações de tal modo que cada vez mais aderiam a Ele.

Com efeito, não tem como separar a fé da nossa prática de vida, pois, como está escrito: "O justo vive por sua fidelidade." (Hab 2,4). Assim, a nossa relação com o próximo depende da nossa relação com o Senhor Jesus, sem isso não tem como pôr em prática as virtudes que nos une, como nos ensina são Paulo: "Nenhuma palavra má saia da vossa boca, mas só a que for útil para a edificação, sempre que for possível, e benfazeja aos que ouvem.

Não contristeis o Espírito Santo de Deus, com o qual estais selados para o dia da Redenção. Toda amargura, ira, indignação, gritaria e calúnia sejam desterradas do meio de vós, bem como toda malícia. Antes, sede uns com os outros bondosos e compassivos. Perdoai-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou, em Cristo." (Ef 4,29-32).

Portanto, caríssimos, sigamos humildemente este outro conselho de são Paulo a respeito do nosso crescimento no seguimento de Jesus: "Se me é possível, pois, alguma consolação em Cristo, algum caridoso estímulo, alguma comunhão no Espírito, alguma ternura e compaixão, completai a minha alegria, permanecendo unidos.
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Tende um mesmo amor, uma só alma e os mesmos pensamentos. Nada façais por espírito de partido ou vanglória, mas que a humildade vos ensine a considerar os outros superiores a vós mesmos. Cada qual tenha em vista não os seus próprios interesses, mas sim os dos outros." (Fil 2,1-4). Ou seja, se desejamos o céu precisamos vive-lo a cada instante do nosso ser e estar no mundo; a graça é de Deus, mas pô-la em prática, cabe somente a nós. 
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

sábado, 6 de maio de 2023

EM VERDADE, EM VERDADE VOS DIGO...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 14,7-14)(06/05/23). 


Caríssimos, o encontro com Jesus ressuscitado não é só um encontro, mas uma graça especial para vivermos em permanente comunhão com Ele, porque encontrar Jesus é encontrar o Pai; escutar Jesus é escutar a Palavra do Pai; ver Jesus é ver também o Pai que permanece nele; mas, como viver esse mistério? Como Ele mesmo disse à Filipe, pela evidência de suas obras e a fé que as acompanha. 

Acreditar nas Palavras de Jesus significa fazer acontecer as mesmas obras que Ele fez e ainda maiores, como nos ensinou: "Em verdade, em verdade vos digo, quem acredita em mim fará as obras que eu faço, e fará ainda maiores do que estas. Pois eu vou para o Pai, e o que pedirdes em meu nome, eu o realizarei, a fim de que o Pai seja glorificado no Filho. Se pedirdes algo em meu nome, eu o realizarei”. (Jo 14,12-14).

O Pai ama o Filho, o Filho ama o Pai e esse amor está presente em tudo o que o Filho faz, porque o Filho faz tudo por amor ao Pai; eis a graça que Dele recebemos, viver e fazer tudo por amor ao Pai. Então, escutemos o Senhor: "Como o Pai me ama, assim também eu vos amo. Perseverai no meu amor. Se guardardes os meus mandamentos, sereis constantes no meu amor, como também eu guardei os mandamentos de meu Pai e persisto no seu amor." (Jo 15,9-10) 

Caríssimos, os critérios humanos para crê são os limites da razão: “Senhor, mostra-nos o Pai, isso nos basta!”disse Filipe. Enquanto que, os critérios divinos da fé, são: o entendimento das Sagradas Escrituras; a revelação da vontade de Deus nelas, e o testemunho que Jesus dá do amor do Pai por nós, por meio de suas obras. Ora, tudo isto constitui o depósito da fé que significa sermos conduzidos pelo Espírito do Senhor e seu santo modo de agir. 

Portanto, caríssimos, ter a sensação de sermos amados por Deus, sentirmos a Sua presença na Eucaristia, na Sua Palavra e em nossa oração, é viver a dimensão eterna ainda no tempo, é gozar de Sua proteção e glorificar o Seu Santo Nome em tudo o que vivemos. Com todo coração, com toda a alma, com toda a nossa força e com todo o nosso amor.

Destarte, é viver tal qual nos ensina são Paulo: "A palavra de Cristo permaneça entre vós em toda a sua riqueza, de sorte que com toda a sabedoria vos possais instruir e exortar mutuamente. Sob a inspiração da graça cantai a Deus de todo o coração salmos, hinos e cânticos espirituais.

Tudo quanto fizerdes, por palavra ou por obra, fazei-o em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai. Tudo o que fizerdes, fazei-o de bom coração, como para o Senhor e não para os homens, certos de que recebereis, como recompensa, a herança das mãos do Senhor. Servi a Cristo, Senhor. (Cl 3:16-17,23-24).

Paz e Bem! 

Frei Fernando Maria OFMConv. 

sexta-feira, 5 de maio de 2023

EU SOU O CAMINHO, A VERDADE E A VIDA...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 14,1-6)(05/05/23)


Caríssimos, as profecias são anúncios divinos, ou seja, é Deus nos falando antecipadamente sobre os acontecimentos vindouros para que nos preparemos adequadamente e assim possamos vive-los conforme a Sua vontade. "Porque o Senhor Javé nada faz sem revelar seu segredo aos profetas, seus servos. O leão ruge, quem não temerá? O Senhor Javé fala: quem não profetizará? (Am 3,7-8).

Com efeito, disto fiquemos certos, toda profecia proferida sob a ação do Espírito Santo, se cumpre na íntegra, porque é o próprio Deus quem fala, como o Profeta Jeremias relata quando do seu chamado: "E o Senhor, estendendo em seguida a sua mão, tocou-me na boca. E assim me falou: Eis que coloco minhas palavras nos teus lábios." (Jr 1,9). 

De fato, é bem como escreveu São Pedro na sua segunda carta: "Assim demos ainda maior crédito à palavra dos profetas, à qual fazeis bem em atender, como a uma lâmpada que brilha em um lugar tenebroso até que desponte o dia e a estrela da manhã se levante em vossos corações. 

Antes de tudo, sabei que nenhuma profecia da Escritura é de interpretação pessoal. Porque jamais uma profecia foi proferida por efeito de uma vontade humana. Homens inspirados pelo Espírito Santo falaram da parte de Deus." (2Pd 1,19-21).

Na primeira leitura de hoje, São Paulo mensiona as profecias que se cumpriram com a vinda do Messias, e assim anunciou Jesus como aquele que o Pai enviou para salvar os Israelitas e todos aqueles que crerem Nele,: "Os habitantes de Jerusalém e seus chefes não reconheceram a Jesus e, ao condena-lo, cumpriram as profecias que se leem todos os sábados." (At 13,27).

Decerto, o Senhor Jesus é o Filho de Deus, e como Ele mesmo ensinou no Evangelho de hoje, foi enviado como único Caminho, Verdade e Vida para o encontro com o Pai e a permanência Nele na sua moradia eterna, o Reino dos céus. E tudo o que temos que fazer é simplesmente crer e pôr em prática as Suas Palavras. 

Portanto, caríssimos, precisamos amar o Amor, porque o Amor é o próprio Deus. Precisamos crê no Seu Filho e seguí-lo, porque sem isso continuamos à caminho da eternidade, mas como ovelhas desgarradas sem nenhum sentido para a vida aqui e no devir eterno. 

Destarte, certa feita, São Francisco, o pobrezinho de Assis, saiu à proclamar pelas vias e campos de sua cidade: "O Amor não é amado, o Amor não é amado." De fato, sem amor a vida é só um simulacro temporal, e para além do tempo, um vazio que não tem fim. Então, amemos o Amor como nos ensinou são João: "Nós conhecemos e cremos no amor que Deus tem para conosco. Deus é amor, e quem permanece no amor permanece em Deus e Deus nele." (1Jo 4,16).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv. 

quinta-feira, 4 de maio de 2023

EM BUSCA DA SANTIDADE...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 13,16-20)(04/05/23)


Caríssimos, o ser humano é uma obra divina magnífica como também toda criação, essa é a grande verdade que somos; porém, mais do que isso, fomos criados "à imagem e semelhança de Deus", e esse é o grande mistério a ser desvendado por nós que o vivemos em meio à tudo o que os homens fazem, por meio dos seus pecados, tentando contradizer essa verdade. 

São Paulo, na primeira leitura de hoje, disse que fomos escolhidos especialmente para transparecermos, por nosso modo de ser, a presença de Deus em meio à criação, de modo que, por Seu Filho, Jesus Cristo, Deus nos faz viver esse grande mistério que somos. Ou seja, conduzidos por sua Palavra de vida eterna darmos frutos de salvação por nossa obediência.

Com efeito, todo o tempo que temos, tudo o que somos e vivemos são meios para nos dedicarmos a nossa vocação de filhos e filhas de Deus, e revelar a unidade da família divina que formamos. Bem como o Senhor Jesus pediu ao Pai: "Para que todos sejam um, assim como tu, Pai, estás em mim e eu em ti, para que também eles estejam em nós e o mundo creia que tu me enviaste." Jo 17,21).

No salmo de hoje, o salmista agradece ao Senhor pelo amor com que somos amados: "Senhor, eu cantarei eternamente o vosso amor, de geração em geração eu cantarei vossa verdade! Porque dissestes: “O amor é garantido para sempre!” E a vossa lealdade é tão firme quanto os céus." (Sl 88,2-3). Ou seja, o amor com que somos amados por Deus em seu Filho Jesus Cristo e com o qual nos amamos uns aos outros é o que nos faz sermos um. 

Com efeito, no Evangelho de hoje, Jesus nos mostra que a fonte de nossa felicidade se encontra na obediência com que amamos Deus, praticando sua vontade presente em suas Palavras e exemplos. É profundamente fecundo esse modo de viver a fé, porque por ela experimentamos as coisas eternas mesmo estando ainda no tempo; por ela transparecemos a invisibilidade divina que se dá a conhecer por nosso modo de viver. 

Portanto, caríssimos, a nossa grande alegria consiste em que somos instruídos pelo próprio Filho de Deus, nosso Senhor Jesus Cristo; de modo que, receber seus ensinamentos e praticá-los é viver em comunhão com Ele que nos dá a vida eterna. Então, escutemos atentamente esta sua exortação: “Em verdade, em verdade vos digo: o servo não está acima do seu senhor e o mensageiro não é maior que aquele que o enviou. Se sabeis isto, e o puserdes em prática, sereis felizes." (Jo 13,16-17).

Destarte, quando o nosso viver transparece o que o Senhor Jesus nos ensina, isso significa o nosso encontro pessoal com Ele do mesmo modo com que os Apóstolos o encontraram e todos os seus discípulos de todos os tempos. Supliquemos ao Senhor a graça de ter a sua Santa Palavra como nossa regra de vida, para vivermos em conformidade com a sua vontade a felicidade que nos espera na eternidade, no Reino dos Céus. 

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv. 

FESTA DE SÃO FILIPE E SÃO TIAGO...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 14,6-14)(03/05/23)


Caríssimos, viver na presença de Deus e em comunhão permanente com Ele por meio do seu Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, é o maior desejo de nossas almas; é esta união mística que o Senhor preparou como herança definitiva para aqueles que o amam; foi isso o que os Apóstolos viveram e é isto o que Deus nos dá à viver com eles. Pois, nós somos Seus filhos nascidos da água e do Espírito Santo, gerados no seio virginal da Santa Mãe Igreja.

Com efeito, é isto que constitui o sermos novas criaturas (cf.2Cor 5,17), dotadas de todas as graças, que nos foram concedidas no batismo, pois por ele recebemos a filiação divina. Decerto, uma alma que recebe Cristo em estado de graça na Santa Eucaristia, recebe Deus nela, e assim o transparece, como o Senhor nos ensinou no Evangelho de hoje: "Quem me viu, viu o Pai. Eu estou no Pai e o Pai está em mim." (Jo 14,9b.11a)

Eis o grande mistério da união mística, isto é, da perfeita comunhão entre o Pai e o Filho, e entre nós e Deus que nos criou para sermos sua morada neste mundo e por toda a eternidade, como disse o Senhor: "Se alguém me ama, guardará a minha palavra e meu Pai o amará, e nós viremos a ele e nele faremos nossa morada.(Jo 14,23).

A Igreja celebra hoje a festa dos Apóstolos são Filipe e são Tiago, ou seja, celebra o coroamento destes mártires que deram a vida por amor de Cristo, para anunciarem a sua Palavra e a salvação a todos os homens de todos os tempos, por isso, seus feitos são piedosamente reconhecidos e celebrados. 

Portanto, caríssimos, seguir o Senhor Jesus e se unir à Ele na Santa Eucaristia pela ação do Espírito Santo, como o fizeram os Apóstolos são Filipe e são Tiago, é viver o Mistério da sua presença neste mundo e trasparece-lo por meio da missão que Deus nos confiou de sermos testemunhas de Sua Ressurreição. 

Destarte, de uma coisa fiquemos certos, Deus está sempre conosco como sempre esteve com Seu Filho amado tal como revelado por Ele no Evangelho de hoje quando questionado por Filipe: “Há tanto tempo estou convosco, e não me conheces, Filipe? Quem me viu, viu o Pai. Como é que tu dizes: ‘Mostra-nos o Pai’?

Não acreditas que eu estou no Pai e o Pai está em mim? As palavras que eu vos digo, não as digo por mim mesmo, mas é o Pai que, permanecendo em mim, realiza as suas obras. Acreditai-me: eu estou no Pai e o Pai está em mim. Acreditai, ao menos, por causa destas mesmas obras." (Jo 14,9-11). Ou seja, quando vivemos a nossa filiação divina recebida no batismo, somos habitados e governados por Deus segundo os seus desígnios de amor para a nossa salvação.

Paz e Bem! 

Frei Fernando Maria OFMConv. 

terça-feira, 2 de maio de 2023

A AUTENTICIDADE DA FÉ E DAS BOAS OBRAS...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 10,22-30)(02/05/23)


Caríssimos, estamos à caminho do Reino dos Céus, seguindo Cristo, o Bom Pastor de nossas almas; mas o seu seguimento é para nós anúncio de Sua presença conosco em sua condição de ressuscitado, que cura as nossas feridas, perdoa os nossos pecados e nos conduz a vida eterna. 

A autenticidade da criação, obra das mãos de Deus, presente diante de nossos olhos, dá testemunho do nosso Criador, como nos ensina São Paulo: "Desde a criação do mundo, as perfeições invisíveis de Deus, o seu sempiterno poder e divindade, se tornam visíveis à inteligência, por suas obras; de modo que não se podem escusar." 

De fato, a criação é um belíssimo espetáculo de vida, tudo é bom, belo e perfeito; contemplar essa obra maravilhosa é ver com os olhos da fé o Senhor no seu ato criador; e quem o contempla assim vive em comunhão com Ele, participa das suas obras em vista da salvação de todos.

No Evangelho de hoje, os judeus indagam de Jesus se verdadeiramente era o Messias profetizado e esperado por eles. Ao que "Jesus respondeu: Já vo-lo disse, mas vós não acreditais. As obras que eu faço em nome do meu Pai dão testemunho de mim; vós, porém, não acreditais, porque não sois das minhas ovelhas." 

E continuou Ele: "As minhas ovelhas escutam a minha voz, eu as conheço e elas me seguem. Eu dou-lhes a vida eterna e elas jamais se perderão. E ninguém vai arranca-las de minha mão. Meu Pai, que me deu estas ovelhas, é maior que todos, e ninguém pode arrebata-las da mão do Pai. Eu e o Pai somos um”. (Jo 10,25-30).

De fato, só Deus pode falar assim, porque é Deus e conhece todas as coisas e se fez um de nós para que nos encontrássemos com Ele face à face, como lemos na Carta aos Hebreus: "Muitas vezes e de diversos modos outrora falou Deus aos nossos pais pelos profetas. Ultimamente nos falou por seu Filho, que constituiu herdeiro universal, pelo qual criou todas as coisas. Esplendor da glória (de Deus) e imagem do seu ser, sustenta o universo com o poder da sua palavra." (Hb 1,1-3).

Portanto, caríssimos, diante da Palavra de Jesus está a autenticidade da fé ou a negação dela; aqui tudo é decisivo, por isso, acreditar ou não acreditar Nele se constitui o que haveremos de ser por toda a eternidade. Pois, como nos ensinou são Francisco de Assis: "Nós somos o que somos aos olhos de Deus e nada mais." E para Deus nós somos seus filhos e filhas, por isso mesmo, precisamos viver em conformidade com a nossa filiação divina.

Destarte, tenhamos cuidado com a incredulidade e a dúvida, pois nos deixa sempre inseguros e por nossa conta; enquanto que a autêntica fé nos faz viver com a segurança que o Senhor mesmo nos dá. Bem como escreveu São Paulo: "Porque nele se revela a justiça de Deus, que se obtém pela fé e conduz à fé, como está escrito: O justo viverá pela fé (Hab 2,4)." (Rm 1,17).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv. 

segunda-feira, 1 de maio de 2023

SÃO JOSÉ OPERÁRIO, ROGAI POR NÓS...


 Memória de São José Operário (Mt 13,54-58)(01/05/23)

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Caríssimos, celebrar solenemente a memória de uma pessoa é reconhecer o que Deus fez nessa pessoa e por meio dela. Ora, a Igreja hoje celebra a memória São José Operário, pai adotivo de Jesus, o Filho de Deus, nascido da Virgem Maria. No seu Evangelho São Mateus descreve São José como um homem justo, silencioso, livre de julgamentos de valor, temente a Deus, sempre fiel e obediente ao que o Senhor lhe revelava por meio de sonhos, pois era assim que Ele lhe falava.
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São José foi escolhido por Deus para ser o provedor e protetor da Sagrada Família, conviveu com os dois maiores tesouros de Deus neste mundo, o Seu amatíssimo Filho Jesus e Sua Mãe, Maria Santíssima; e em todo tempo que conviveram, cooperou em tudo para se cumprir na íntegra o que ouvira do anjo do Senhor e de Maria, do colóquio que ela teve com o arcanjo Gabriel. 
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Com efeito, São José é o homem do silêncio habitado por Deus, por isso, pleno das virtudes que o capacitava a conduzir com impenho e determinação tudo o que Deus lhe ordenava para levar a bom termo a tarefa que lhe confiara, fazer acontecer seus santos desígnios para a salvação da humanidade por meio do Seu Filho amado, nosso Senhor Jesus Cristo. 

Portanto, caríssimos, com Maria Santíssima, São José foi o primeiro a conhecer e experimentar o cumprimento das profecias do Antigo Testamento que anunciavam a vinda do Messias. Por isso, são José e sua esposa, a Virgem Maria, foram os protagonistas da Nova Aliança de Deus com o Seu povo e com toda a humanidade. Antes de quaisquer outros, eles foram os primeiros intermediários do Plano de Deus no Novo Testamento para a nossa salvação.

Destarte, rezemos com amor e devoção esta oração pedindo a intercessão de são José: "Ó Deus, criador do universo, que destes aos homens a lei do trabalho, concedei-nos, pelo exemplo e a proteção de São José, cumprir as nossas tarefas e alcançar os prêmios prometidos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo." Amém! Assim seja!

Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv. 
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