VEM SENHOR JESUS!

"Em verdade, em verdade vos digo: quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna e não incorre na condenação, mas passou da morte para a vida". (Jo 5,24).

SEJAM BEM VINDOS À ESSA PORTA ESTREITA DA SALVAÇÃO

"Uma só coisa peço ao Senhor e a peço incessantemente: é habitar na casa do Senhor todos os dias de minha vida, para admirar aí a beleza do Senhor e contemplar o seu santuário". (Sl 26,4).

terça-feira, 31 de agosto de 2010

O QUE SERÁ DE TI POR TODA A ETERNIDADE?


O QUE SERÁ DE TI POR TODA A ETERNIDADE?

Canto com o coração em festa...
Esse meu canto brota do mais profundo de meu ser...
Ele é fruto do viver em contemplação...
Visão de minha alma absorta...
Tomada pela graça do novo que há de vir...
Mas que desde aqui o Senhor me faz experimentar...

Como não contemplar, Senhor, esse teu infinito amor?
Como não silenciar para admirar essa Tua Beleza Infinda?
E como não transpor os limites da criação...
para glorificar-Te em reverente louvação por tudo isso?
Realmente, só existe Tu e Tua obra indo ao Teu encontro...
E não posso pensar diferente...
Porque pensar diferente...
é não crer no infinito presente aos nossos olhos...

Por isso, Senhor, não me detenho na matéria que vejo...
Porque o meu desejo me impulsiona ir além...
Também não posso prender-me...
aos limites de minha razão que nem tudo compreende...
Porque assim seria eu o único critério para tudo que há...
Ora, mas tudo que há não depende de mim;
Nós é que dependemos de Ti...
Isso sim é a verdadeira evidência...

Logo, me desprendo de meus conceitos ou evidências naturais...
quando elas não me levam à Ti...
Quando negam o teu amor presente em mim e em toda criação...
Latente em cada pulsar do meu coração...
em cada respirar e expirar de meus pulmões, onde me dizes:
Sou Eu, Teu Deus, que te dou a vida a cada instante...

Como é maravilhoso Senhor compreender tudo isso...
Crer e saborear com afinco o teu paraíso...
muito antes ainda do juízo final...
É que o teu Espírito Santo...
revela aos eleitos os efeitos da graça da salvação...
lhes dando, pela contemplação,
a visão do Reino dos céus...

Por outro lado é triste observar...
quão perdida é a vida das almas...
que buscam tão somente as satisfações passageiras...
De fato, não creem e por isso não entendem nada...
no que diz respeito às coisas eternas...
Porque estão presas nas trevas das próprias concupiscências...
Nas maledicências e confusões;
nas torturas e amarguras psíquicas
de seus corações entorpecidos...
Empreendidos de pensamentos e sentimentos vãos...

Tais almas estão sufocadas...
pelo torpor das enlouquecidas paixões...
que as alicia e as atrai às perdidas ilusões...
onde encontram somente a morte e nada mais...

Ó almas enfraquecidas, cambaleantes,
intumescidas de si mesmos...
Infernizadas pelos apegos materiais...
Dominadas pelos instintos carnais...
Pelo ódio horripilante...
Incapazes de qualquer bem,
Porém, capazes de todo mal...

Mesmo assim, vindes à mim...
Vinde, com o tempo que te resta...
Volta para a festa dos arrependidos...
transformados, convertidos...
Como o filho pródigo da parábola...

Vinde, vedes o tempo que ainda te dou...
Vinde provar do meu amor...
Essa é a última hora...
Esse é o meu último chamado...
Porque, depois de tudo que o que sofri por ti,
se não voltares para mim...
O que será de ti por toda a eternidade?

Paz e Bem!

Frei Fernando,OFMConv.



 

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

O TEMPO E O FIM














O TEMPO E O FIM

Começo a enxergar o tempo findando...
E todos, todos mesmos,
sem o tempo que nos foi confiado...
Não restando nem mais um segundo sequer...

E já que o tempo que nos foi dado...
Foi, quem sabe, pouco ou quase nada bem aproveitado...
Como será o nosso depois?
Pois o tempo passado,
não pode ser recuperado...
porque já se foi...
A não ser que antes tenha havido conversão de fato...

Nossa! Que sufoco,
creio que talvez não atentamos pra isso...
E agora só o precipício do tempo perdido está à nossa frente...
Como um de repente...
ou mesmo um propósito do próprio tempo a nos dizer:
Tudo tende ao um fim, até eu...
E porque não soubeste me aproveitar bem...
O que será de ti alma estressada...
ao gastar-me sem critérios de nada...
sem te dar de mim o melhor?

Realmente, tem muita gente perdendo tempo...
E o pior de tudo, fazendo o que não deve...
Multiplicando, com isso,
as dores dessa nossa humanidade...
Que na verdade,
já está vivendo o inferno temporal...
pelas maldades praticadas...
Eivadas de toda perdição...

E porque não aproveitaram para o bem...
a vida e o tempo que Deus lhes deu...
Nada de bom sobrou...
Porque o que restou só serva para a proliferação do mal...
Assim são os que se acham donos da vida e do tempo...
Que aumentaram suas fortunas corruptas...
às custas de miseráveis multidões...

E pra que servirão tais fortunas materiais
ao término do tempo que lhes foi dado?
Servirão de provas contra seus malogrados intentos...
Porque não passam de infernais excrementos...
a lhes fustigar seus perversos juízos banais...

...
“Não vos enganeis: de Deus não se zomba. O que o homem semeia, isso mesmo colherá. Quem semeia na carne, da carne colherá a corrupção (e a morte); quem semeia no Espírito, do Espírito colherá a vida eterna”. (Gal 6,7-8).
...

Paz e Bem!

Frei Fernando,OFMConv.


sábado, 28 de agosto de 2010

VENCENDO AS BATALHAS



VENCENDO AS BATALHAS

Sem dúvida, aqui neste mundo, empreendemos uma batalha espiritual terrível que terá o seu desfecho final na eternidade, onde veremos o resultado de todas as lutas aqui travadas. E nessa batalha o primeiro inimigo a ser vencido chama-se “EU”; é como escreveu São Francisco de Assis na décima admoestação: “O pior inimigo do homem é ele mesmo; vence-te a ti mesmo e vencerás todos os inimigos visíveis e invisíveis”. Porém, não nos esqueçamos, por nós mesmos nada podemos nada somos; a nossa força vem do Senhorio de Jesus em nossa vida. É como Ele mesmo disse: “Permanecei em mim e eu permanecerei em vós. O ramo não pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na videira. Assim também vós: não podeis tampouco dar fruto, se não permanecerdes em mim. Eu sou a videira; vós, os ramos. Quem permanecer em mim e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer”. (Jo 15,4-5).

Após o vencimento de nós mesmos pela nossa permanência no “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”, é a vez de justamente vencermos o pecado do mundo “que consiste em não crer em Cristo” (Cf. Jo 16,9), pois, todo aquele que diz que crê em Cristo, deve viver como Ele viveu (Cf. 1Jo 2,6), ou seja, fazendo em tudo a Vontade de Deus Pai (Cf. Jo 5,30). E como faremos em tudo a Vontade do Pai? Primeiro permanecendo em Cristo pela obediência aos Mandamentos (Cf. 1Jo 5,1-5); depois, evitando todas as formas de pecado como escreveu São João (Cf. 1Jo 2,1-2), pois, no pecado se encontra a derrota dos homens, porque pecar é ceder terreno ao inimigo de nossas almas, o demônio, que anda a espreita (Cf. 1Ped 5,8-9a) esperando uma brecha pecaminosa em nossa vida para empreender seu plano maléfico de perdição.

Com efeito, disse São Paulo nos alertando com que armas vencemos o inimigo de nossas almas: “Irmãos, fortalecei-vos no Senhor, pelo seu soberano poder. Revesti-vos da armadura de Deus, para que possais resistir às ciladas do demônio. Pois não é contra homens de carne e sangue que temos de lutar, mas contra os principados e potestades, contra os príncipes deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal (espalhadas) nos ares. Tomai, portanto, a armadura de Deus, para que possais resistir nos dias maus e manter-vos inabaláveis no cumprimento do vosso dever. Ficai alerta, à cintura cingidos com a verdade, o corpo vestido com a couraça da justiça, e os pés calçados de prontidão para anunciar o Evangelho da paz. Sobretudo, embraçai o escudo da fé, com que possais apagar todos os dardos inflamados do Maligno. Tomai, enfim, o capacete da salvação e a espada do Espírito, isto é, a palavra de Deus. Intensificai as vossas invocações e súplicas. Orai em toda circunstância, pelo Espírito, no qual perseverai em intensa vigília de súplica por todos os cristãos”. (Ef 6,10-18).

Finalmente irmãos, amemo-nos uns aos outros, pois o amor vem de Cristo, “se alguém for surpreendido numa falta, vós, que sois animados pelo Espírito, admoestai-o em espírito de mansidão. E tem cuidado de ti mesmo, para que não caias também em tentação”! (Gal 6,1-2). Pois, “meus irmãos, se alguém fizer voltar ao bom caminho algum de vós que se afastou para longe da verdade, saiba: aquele que fizer um pecador retroceder do seu erro, salvará sua alma da morte e fará desaparecer uma multidão de pecados”. (Tiag 5,20). “Além disso, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é nobre, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, tudo o que é virtuoso e louvável, eis o que deve ocupar vossos pensamentos. O que aprendestes, recebestes, ouvistes e observastes em mim, isto praticai, e o Deus da paz estará convosco”. (Fil 4,8-9).

Destarte, “Alegrai-vos sempre no Senhor. Repito: alegrai-vos! Seja conhecida de todos os homens a vossa bondade. O Senhor está próximo. Não vos inquieteis com nada! Em todas as circunstâncias apresentai a Deus as vossas preocupações, mediante a oração, as súplicas e a ação de graças. E a paz de Deus, que excede toda a inteligência, haverá de guardar vossos corações e vossos pensamentos, em Cristo Jesus”. (Fil 4, 4-7).

...
O homem de bem procura seu refugio no Senhor e nunca se afasta dele por nada deste mundo. É como diz a antífona antes da comunhão: “Provai e vede como o Senhor é bom, feliz de quem Nele encontra seu refúgio” (Sl 33,9). Ouve, Senhor, a oração do teu servo e faz de minha vida o que for do teu agrado, livra-nos de todo o mal. Amém! Assim seja!
...

Paz e Bem!

Frei Fernando,OFMConv .


sexta-feira, 27 de agosto de 2010

LECTIO DIVINA (A LEITURA ORANTE DA PALAVRA DE DEUS)




















LECTIO DIVINA
Por Helber Clayton*

Muitos já ensinaram sobre a Lectio Divina, sua origem, seus passos, seus objetivos. Esse tema é fácil de encontrar na Internet, seja em português, seja em qualquer outra língua. Leia especialmente "Scala Claustralium (A Escada dos Monges)".

Mesmo assim, muitos ainda pedem explicações sobre essa antiquíssima prática. Tentarei então, em pausas, descrever aqui minha própria experiência na prática da Lectio.

Muitos traduzem "Lectio Divina" como "lição" ou "leitura de Deus", "leitura orante da Palavra". Eu a chamo de "leitura sob a inspiração do Espírito", uma vez que a Escritura é a própria voz do Espírito de Deus, e é do Espírito que deve brotar a nossa oração quotidiana (Cf. Rm 8, 26).

Devo chamar a atenção, como estudioso das Letras, que entendo a "leitura" não apenas como uma intelecção de textos escritos, mas como um processo, que começa na decifração dos códigos linguísticos, sejam eles escritos ou não, verbais ou não verbais, e termina na produção de outro texto que flui da mente e do coração através das nossas faculdades, seja da voz, da escrita ou qualquer outra forma de expressão.

A Lectio Divina é um processo. Como diria o monge Guigo, uma escada. Que leva, em quatro passos, da terra ao céu.

Fontes da Lectio Divina

Partimos da premissa monástica de que a oração nasce da leitura assídua e diligente das Escrituras (Orígenes). A Palavra de Deus é a fonte por excelência da Lectio Divina. Dessa forma, a Liturgia das Horas, por ser composta basicamente de textos extraídos da Sagrada Escritura, além de conter, entre outros elementos, hinos, antífonas e escritos, lapidados na tradição viva da Igreja, é opção privilegiada para o exercício da Lectio Divina. Nesse processo comunicativo, nos colocamos primeiramente como receptores, o Espírito Santo como emissor da mensagem, e o principal meio para nos transmiti-la é a Escritura Sagrada.

Mas a voz de Deus ressoa em toda parte:

"Os céus proclamam a glória do Senhor,
e o firmamento, a obra de suas mãos;
o dia ao dia transmite esta mensagem,
a noite à noite publica esta notícia.

Não são discursos nem frases ou palavras,
nem são vozes que possam ser ouvidas;
seu som ressoa e se espalha em toda a terra,
chega aos confins do universo a sua voz." (Sl 18, 2-5)

Podemos ouvi-lo nos murmúrios da natureza, nos acontecimentos diários, nas obras da arte humana, lê-lo na história, nas canções, na catequese da Igreja... Para isso é necessário, antes de tudo, silêncio. Não apenas de ausência de palavras, mas de atenção e abandono, de renúncia de expectativas e (pré)conceitos, pois o Senhor irá falar. É a paz que ele vem anunciar (Cf. Sl 84, 9).

Lectio

Podemos dizer que a Lectio Divina começa, antes, com o esforço de Deus para comunicar-se conosco. É ele quem nos atrai, quem faz o nosso coração arder como aquela sarça no monte Horeb, faz com que nos aproximemos, e, do meio da sarça, nos chama pelo nome: "Moisés, Moisés!" (Cf. Ex 3, 1-6). E nosso primeiro movimento é dizer: "Eis-me aqui!” (Ex 3, 4). Quando, enfim, escutamos a voz de Deus, aí começa para nós a Lectio Divina.

À leitura, eu escuto, é que diz o monge Guigo II, explicando o primeiro degrau de sua escada. E, ao prestar atenção, trazemos o conhecimento de Deus para o nosso conhecimento. Decodificamos a mensagem divina para a linguagem humana. Acrescentamos informação do céu ao nosso entendimento terreno.

Através da Lectio, a razão busca sentidos para a mensagem, as explicações para as figuras de linguagem, a localização no espaço e no tempo, o contexto histórico, a intencionalidade discursiva. Colhemos palavras, frases, sentidos, como colhemos flores num jardim. A "leitura", porém, é apenas o primeiro degrau, a porta de entrada para os outros passos da Lectio Divina.

Meditatio

"Maria conservava todas estas palavras, meditando-as no seu coração". (Lc 2,19)

Antes que Bruno, o Cartuxo, explicasse o sentido dos degraus, a Virgem já os praticava. Antes que os exegetas tentassem dar novo sentido ao logos e rhema de Platão, a mãe de Jesus já os demonstrava. Só conservando a Palavra e meditando-a no coração é possível trazer a Lei e os Profetas do seu contexto histórico para o atual; traduzir as metáforas para a linguagem corriqueira; transportar a teologia para a prática. É assim o Magnificat (Lc 1, 46-55): um canto baseado na escuta e meditação da Sagrada Escritura.

Na maioria das vezes, no entanto, nosso contato com Deus não passa do primeiro degrau, do mero entendimento. Temos uma enorme facilidade de esquecer as passagens da Escritura. Isto porque a mente tende a deletar aquilo que não damos serventia. Mesmo que sejam textos da Palavra de Deus.

Só escutar não basta. É preciso conservar a Palavra e meditá-la no coração.

Em vista disso, alguns escritores criaram uma espécie de sub-degrau para a Meditatio: a "Ruminatio" que é o trabalho de "conservar" a palavra na mente e no coração, através do retorno ao texto e até mesmo da memorização.

"Um Cristão deve meditar regularmente para não ser como os três primeiros terrenos da parábola do semeador". (CIC 2708).

Oratio

Chegamos ao momento da oração.
Como é isso? Só no terceiro degrau oramos de fato?
Mas é o movimento natural da vida!

Quando nascemos, qual a primeira coisa que fazemos antes de soltar o choro? Resposta: inspiramos o ar. Claro! antes de nascer, o oxigênio que nos chegava era através do sangue da mãe. Ao nascer inspiramos pela primeira vez. Ao inspirar, o ar chega aos pulmões, e, através dos pulmões, leva oxigênio a todos os órgãos do corpo.

E então, descobrimos a necessidade de algo que ainda não compreendemos. Por não compreender, choramos. É a única coisa que sabemos fazer. Descobrimos depois que aquela necessidade que nos levou ao choro era de conforto, carinho, alimento...

A Lectio Divina é como esse processo do nascimento.

A leitura é a inspiração. A meditação é quando o oxigênio é espalhado pelo corpo. A oração é o choro.

No Ofício das Leituras de sexta-feira após as cinzas lemos que: "como uma criança que, chorando, chama sua mãe, a alma deseja o leite divino, exprime seus próprios desejos pela oração e recebe dons superiores a tudo que é natural e visível."(Pseudo-Crisóstomo). Porque não sabemos orar como convém, emitimos, após inspirar, gemidos inefáveis (Cf. Rm 8,26). Esses gemidos são a expressão do coração que ouviu e mergulhou no mistério. E não importa o tipo, a forma ou a fórmula da expressão. O que importa agora é dizer a Deus...

Contemplatio

"Como uma criança que a mãe consola, sereis consolados em Jerusalém." (Is 66, 13) Desde sempre entendi a"contemplatio" como "consolatio". Aqueles que choram pela oração são consolados na contemplação. Bem-aventurados estes (cf Mt 5,4). A contemplação é a resposta à nossa oração. É a manifestação sensível da presença de Deus por meio do seu Espírito, que entra no cenário da nossa vida através da porta aberta pela oração. É obra daquele Paráclito prometido por Jesus, que haveria de ensinar toda a verdade (cf. Jo 16, 13), não da maneira racional, mas do suave consolo da fé. Não devemos atribuir à palavra "contemplação" apenas o seu sentido mais usual que é de "olhar com atenção", mas o seu segundo sentido: "dar a; doar a; fazer mercê a". É Deus quem nos dá a sua graça, e nós somos "contemplados".

Penso que é esse o verdadeiro sentido que Guigo, o cartuxo, quis dar ao último degrau da sua escada, aquele que toca o céu, pois assim o descreve: "E o Senhor, cujos olhos são fixos nos justos e cujos ouvidos estão não só atentos às suas preces (cf. Sl 34, 16), mas presentes nelas, não espera a prece acabar. Pois, interrompendo o curso da oração, apressa-se a vir à alma que o deseja, banhado de orvalho da doçura celeste, ungido-a dos perfumes melhores”.

“Ele recria a alma fatigada, nutre a que tem fome, sacia a sua aridez, lhe faz esquecer tudo o que é terrestre, vivifica-a, mortificando-a por um admirável esquecimento de si mesma, e embriagando-a, sóbria a torna." (Scala Claustralium VII). Assim, pela contemplação somos impregnados por esse orvalho do céu, de modo a buscarmos, mais vivamente, andar conforme a vontade daquele que veio em nós habitar.

 "Não cesso de agradecer a Deus por vós, pela graça divina que vos foi dada em Jesus Cristo. Nele fostes ricamente CONTEMPLADOS com todos os dons, com os da palavra e os da ciência, tão solidamente foi confirmado em vós o testemunho de Cristo." (I Cor 1, 4-6)

A Lectio Divina e a Vida

Em verdade a Lectio Divina é um processo que envolve toda a nossa vida, desde o momento que aderimos à fé, até o último dia de nossa caminhada. Foi assim para os discípulos de Jesus. Eles, atendendo ao chamado do mestre, passaram a ouvi-lo, a saber o sentido das parábolas, a ver os seus atos, seus exemplos de vida. Fizeram uma verdadeira "leitura de Cristo".

Também, a exemplo da Mãe, conservavam tudo que tinham visto e ouvido, meditando em seus corações (cf. Lc 2, 19). Tanto que mesmo depois de muitas décadas lembravam de detalhes das palavras e das obras do Mestre e os contaram em seus Evangelhos.

Seguindo a Cristo pelos montes onde costumava orar e inflamados pelo seu exemplo, sentiram o ardente desejo de também aprenderem a rezar, e pediram ao Senhor: "ensina-nos!" (Lc 11,1). Unânimes na oração (Cf. At 1, 14), permaneceram no Cenáculo juntamente com Maria, mãe de Jesus, até o dia de Pentecostes.

Tendo chegado o momento aguardado, subiram ao degrau da contemplação ao serem revestidos com os dons do Espírito Santo. Então compreenderam, pelo dom da fé, os sentidos da paixão e ressurreição do Senhor e a razão verdadeira do chamado: o anúncio do Evangelho a todos os povos. E, vivendo a vida de Cristo, sofrendo os mesmos ultrajes, açoites e martírios, foram dignos de serem chamados "Cristãos", desde Antioquia (Cf. At 11,26) até os dias de hoje.

Se do Senhor as palavras ouvirmos, se delas extrairmos o significado para nossa vida, se juntos com ele subirmos ao monte da oração, se sua vida tornar-se impregnada em nós a ponto de sermos "cristãos" de fato, não apenas em momentos determinados, mas em todo o tempo, então podemos dizer que somos discípulos de Jesus, e fazemos da nossa vida uma viva e verdadeira Lectio Divina.

Paz e Bem!

*Leigo, casado, licenciado em Letras pela
Universidade do Estado da Bahia – UNEB

Fonte: www.oratio.blogspot.com (27/08/2010).

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

OUÇAM...



















OUÇAM...

Quando me encontro em silêncio...
Escuto a Palavra Infinita que nos criou...
E feito amor, contemplo o Amor...
E me contento com o que ouço...
Porque o que ouço É...

Faz-me ser, Senhor, como o Teu Silêncio...
Límpido como as manhãs eternas...
Transparente como o invisível que nos cerca...
Quem o escuta, perfeitamente Te encontra nele...
E não mais se sente só,
porque o teu Silêncio, Senhor, não deixa...
É por isso que não há medo nem queixa...
em quem se refugia em Ti...
Porque Te ouvir assim...
é o maior dos privilégios...

E o Teu Silêncio Sagrado,
ecoa eternidade a dentro...
E é esse teu Silêncio meu Deus...
que me conduz à Ti...
Eu todo teu e Tu Todo em mim,
cadenciando a vida que me deste...
Vida esta, Senhor, que não tem fim...

Paz e Bem!

Frei Fernando,OFMConv.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

RECOMENDAÇÕES NA LUTA CONTRA O MAL


















RECOMENDAÇÕES NA LUTA CONTRA O MAL

Cuidado, somos severamente tentados quando damos atenção aos apelos dos nossos instintos, de nossa carnalidade e não às graças que Deus nos concede para que possamos vencê-las. Precisamos ficar atentos ao que nos diz o Senhor a cada instante, de modo especial, quando estamos em perigo de cairmos em tentação, pois o inimigo de nossas almas faz de tudo para tirar a nossa atenção do Senhor; para que assim nos tornamos presas fáceis de suas sugestões perniciosas.

A curiosidade tem sido um meio de múltiplas quedas para os homens; a pessoa curiosa está sempre saindo do essencial para ouvir ou ver pretensas novidades, com isso, na maioria das vezes, envenena a própria vida e a dos outros com estórias que não correspondem aos fatos em si pelos acréscimos à eles dados. Toda pessoa por demais curiosa não percebe que a curiosidade lhe é uma armadilha funesta, por isso, no mais das vezes, se lança cegamente para onde sua curiosidade a leva, com isso, quase sempre se dá mal. Ora, a oração de intercessão é o melhor remédio para curar a alma ferida pela curiosidade mórbida.

Vejamos o que nos ensina São Pedro em uma de suas cartas: “Assim, pois, como Cristo padeceu na carne, armai-vos também vós deste mesmo pensamento: quem padeceu na carne rompeu com o pecado, a fim de que, no tempo que lhe resta para o corpo, já não viva segundo as paixões humanas, mas segundo a vontade de Deus. Baste-vos que no tempo passado tenhais vivido segundo os caprichos dos pagãos, em luxúrias, concupiscências, embriaguez, orgias, bebedeiras e criminosas idolatrias”. (1Pd 4,1-3).

Agora ouçamos o que disse o Senhor Jesus: “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação. Pois o espírito está pronto, mas a carne é fraca”. (Mc 14,38). Com isso, Jesus nos ensinou que a oração é uma arma poderosíssima na luta contra o mal; e que por ela nos aproximamos de Deus e permanecemos em constante comunhão com Ele. A oração, de certo modo, é como o respirar da alma que se eleva para Deus; ora, nossa experiência nos revela que sem o ar que respiramos não temos vida, da mesma forma, a alma sem oração permanece em estado mórbido, sem a graça vital que a santifica e fortalece na luta contra si mesmo e contra todo mal; porque “sem oração não há vitória” (Santo Afonso de Ligório).

Portanto, quem deixa a novidade divina obtida por meio da vida de oração, para se entregar às pretensas novidades deste mundo, torna-se hostil a Deus e peca por afastar-se dele.

Paz e Bem!

Frei Fernando,OFMConv.



domingo, 22 de agosto de 2010

A PÉROLA DE GRANDE VALOR

SÃO FRANCISCO DE ASSIS

SÃO FRANCISCO E A PÉROLA DE GRANDE VALOR

São Boaventura (1221-1274), franciscano, Doutor da Igreja

Vida de São Francisco, Legenda major, cap. 7 (a partir da trad. de Vorreux, Eds franciscaines 1951, p. 122)

A pérola de grande valor

Dentre os dons espirituais recebidos da generosidade de Deus, Francisco obteve em particular o de enriquecer constantemente o seu tesouro de simplicidade graças ao seu amor pela extrema pobreza. Vendo que aquela que tinha sido a companheira habitual do Filho de Deus se tornara, nessa altura, objeto de uma aversão universal, tomou a peito desposá-la e devotou-lhe um amor eterno.

Não satisfeito em «deixar por ela pai e mãe» (cf. Gn 2, 24), distribuiu pelos pobres tudo o que pudesse ter (cf. Mt 19, 21). Nunca ninguém guardou tão ciosamente o seu dinheiro como Francisco guardou a sua pobreza; nunca ninguém vigiou o seu tesouro com maior cuidado do que o que ele colocou em guardar esta pérola de que fala o Evangelho.

Nada o magoava mais do que encontrar junto dos seus irmãos qualquer coisa que não fosse perfeitamente conforme à pobreza dos religiosos. Pessoalmente, desde o princípio da sua vida como religioso até à morte, não teve senão uma túnica, uma corda a servir de cinto e umas bragas (Calças largas e curtas) como única riqueza; não precisava de mais nada.

Acontecia-lhe muitas vezes chorar ao pensar na pobreza de Cristo Jesus e na de Sua Mãe. Dizia ele: «Aqui está a razão pela qual a pobreza é a rainha das virtudes: pelo esplendor com que brilhou no «Rei dos reis» (1Tm 6, 15) e na Rainha Sua Mãe.»

Quando os irmãos lhe perguntaram um dia qual era a virtude que nos torna mais amigos de Cristo ele respondeu abrindo-lhes, por assim dizer, o segredo do seu coração: «Sabei, irmãos, que a pobreza espiritual é o caminho privilegiado para a Salvação, visto que é a seiva da humildade e a raiz da perfeição; os seus frutos são incontáveis, embora escondidos. Ela é esse «tesouro escondido num campo», do qual nos fala o Evangelho, pelo qual é necessário vender tudo o resto e cujo valor deve impelir-nos a desprezar todas as outras coisas.»

Paz e Bem!

©Evangelizo.org 2001-2010

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

ANTES QUE TUDO TERMINE


















ANTES QUE TUDO TERMINE

Toma-me em Ti Senhor...
Pois, nada mais quero além do que me dás...
Porque o que me dás já é eterno...
Aliás, tudo o que vem de Ti é eterno e santo...
Porque És Infinitamente Santo...
Só não entende isso quem não Te ama,
quem não Te adora...

Ó Senhor! Fala ao meu coração...
Quero ouvir tua voz...
Porque Te ouvir, Senhor...
é o que há de mais delicioso neste mundo...
É o que nos faz ser profundos...
Puro ato de amor...
E o obedecer-te, então,
é efusão de graças inefáveis...
Porque sem Ti nada somos,
Nada podemos...

Senhor, não existe alegria maior...
do que a contemplação da tua Divina Face...
Pois tua Luz é êxtase abrasador...
É plenitude do mais sublime amor...
É gozo que perpassa toda eternidade...
É verdade que só experimenta...
quem vive sob a luz da obediência...
no cumprimento de tuas divinas leis...

Por isso, Senhor,
mantém-me sempre contigo...
Sede meu refúgio, meu abrigo...
Fortaleza onde encontro segurança...
Dá-me perseverança em tua bondade...
Seja eu reflexo de tua claridade neste mundo...
Desse modo treva alguma me amedrontará...
nem se aproximará de mim...

Assim, serei tua verdadeira testemunha...
Sem nada mais pretender além do teu querer...
que me leva à plenitude do teu Reino...
onde a vida eterna nos espera...
com sua herança de felicidade sem fim...

Isto, porque aqui, Senhor,
é só lugar de provação...
Mas, é aqui que se nos dás a salvação...
Fruto da expiação que realizaste naquela cruz...
Por isso, vem Senhor Jesus...
Antes que tudo termine...
Antes que o mundo finde,
e deixe de existir...

Paz e Bem!

Frei Fernando,OFMConv.


segunda-feira, 16 de agosto de 2010

ÉS VERDADEIRAMENTE DEUS E TENS TODO PODER


















ÉS VERDADEIRAMENTE DEUS

Mostra-me Senhor o teu Mistério...
Pois sei que por mim mesmo...
nada sei nada posso...
E se posso saber, só o sei veladamente do que é...
Mas o que é também não o é por si mesmo...
nem em si mesmo...

Porque é em Ti que vivemos, nos movemos e somos...
Por isso, em sua essência,
tudo continua mistério...

Talvez, Senhor, seja por causa disso,
que o mundo empírico fascina tanto...
Porque é o que se nos mostra palpável...
Mesmo não sendo cientificamente conhecido ainda...
é profundamente admirado, querido e até idolatrado...

Quantos e quantos deixam de acreditar em Ti,
autor e consumador de nossa fé...
Para acreditar no “mundo” que sem Ti nada é...
E o pior, acreditam em coisas absurdas, estranhas, tipo:
Ets, Ovnis, reencarnações e tantas outras ilusões fantasiosas...
Tudo fruto da cizânia espalhada pelas falsas doutrinas...
de mentes perversas, assassinas,
que visam o lucro e nada mais...

Em resposta a tudo isso, Senhor...
Quero viver a fé no teu Mistério de amor...
Porque o teu Mistério, Senhor,
é graça que transpõe a natureza...
E com toda a certeza,
só pode ser conhecido por meio de tua revelação...
Caso contrário, ficamos na ignorância racional,
amargando o mal da autossuficiência...
demência do indiferentismo sem sentido...
Praga torturante desse nosso mundo “moderno”...

Senhor,
Sei que fazemos parte de tua obra...
a que chamamos:
Natureza...
Tempo...
Visibilidade...
Mas essa é só uma parte...

A outra parte que nos revelas...
vai muito além do que somos...
E a esta chamamos:
Eternidade...
Nova Criação...
Infinito...

Aqui tudo tende para Ela...
Isso é tão verdade...
que nossa realidade não fica parada nunca...
Por isso, constatamos...
És verdadeiramente Deus e tens Todo Poder...
E é infeliz quem não crê...
porque jamais poderá ver a Tua Divina Face...
...
(Cf. 1Cor 6,9-10)
...

Paz e Bem!

Frei Fernando,OFMConv.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

E COMO FICA A VERDADE EM TUDO ISSO?












E COMO FICA A VERDADE EM TUDO ISSO?

Sinto este mundo em profunda derrocada...
e tudo por conta da decadência do viver humano...
Somos em tantos, mas afundando no nada...
Precipício obscuro, escuro, sem volta...
Vidas perdidas, sinistras, sem Deus...

É essa a estrada, errante, errada...
que os homens estão escolhendo trilhar...
É um mar de lodo imundo,
de lama putrefata, chamado pecados...
Aterrorizantes, horripilantes, perversos...
Sem nexos, antro de perdição...

Estamos pertos do fim...
Do fim de tudo isso...
Porque o viver humano tornou-se um lixo...
que não poupa nem crianças inocentes,
que o diga a indústria do aborto...
e a deplorável corrupção de valores...
Pois, trocaram a verdade de Deus pela mentira,
e adoraram e serviram à criatura em vez do Criador...

 “As mulheres mudaram as relações naturais...
em relações contra a natureza.          
Do mesmo modo também os homens,
deixando o uso natural da mulher,
ardem em desejos uns para com os outros,
cometendo homens com homens a torpeza,
e recebendo em seus corpos a paga devida ao seu desvario”.

O resultado de tudo isso?
“São repletos de toda espécie de malícia, perversidade, cobiça, maldade; cheios de inveja, homicídio, contenda, engano, malignidade.
São difamadores, caluniadores, inimigos de Deus, insolentes, soberbos, altivos, inventores de maldades, rebeldes contra os pais”.

“São insensatos, desleais, sem coração, sem misericórdia.        
Apesar de conhecerem o justo decreto de Deus que considera dignos de morte aqueles que fazem tais coisas, não somente as praticam,
como também aplaudem os que as cometem”.

O que dizer mais?
É preciso?
Então, aí vai...
Nações se levantam contra nações...
fomentando guerras ideológicas, fratricidas...
exterminando milhões de vidas...
como se tudo não passasse de um jogo de interesses...

E ainda, milhões e milhões gastos em produções cinematográficas...
enquanto milhares e milhões morrem na miséria todos os dias...
A ganância da indústria farmacêutica não para de crescer à custa de doenças propositalmente disseminadas...
De igual modo, a indústria de armas,
de bebidas e drogas, de tráfico humano e prostituição,
do trabalho escravo e da corrupção seja na política,
na justiça e meios de comunicação social...
que fazem crescer a fortuna dos pretensos “donos” deste mundo...

Sem contar a indústria de manipulação da fé...
Com seus púlpitos eletrônicos...
Com suas “igrejas” de esquinas,
fundadas a toque de caixa...
Com milagres e curas ao gosto do freguês...

Já entre os espiritualistas,
bruxos e bruxas, virou moda...
Ocultismo e espiritismo mancomunados...
são difundidos como sagrados...
pelas grandes redes televisivas...
enganando milhões de vidas,
faturando milhões de reais...

E o que dizer mais dessa histeria coletiva?
Retrato de uma humanidade perdida...
Mergulhada nas trevas sem vida...
porque no pecado não há paz...

E como fica a Verdade em tudo isso?
Pronta para o dia da Justiça...
O Juízo Final...

Paz e Bem!

Frei Fernando,OFMConv.



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