VEM SENHOR JESUS!

"Em verdade, em verdade vos digo: quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna e não incorre na condenação, mas passou da morte para a vida". (Jo 5,24).

SEJAM BEM VINDOS À ESSA PORTA ESTREITA DA SALVAÇÃO

"Uma só coisa peço ao Senhor e a peço incessantemente: é habitar na casa do Senhor todos os dias de minha vida, para admirar aí a beleza do Senhor e contemplar o seu santuário". (Sl 26,4).

quarta-feira, 27 de abril de 2011

QUE DIA É ESTE?












QUE DIA É ESTE?

Lembrando a felicidade da salvação recuperada, Paulo exclama: assim como por Adão entrou a morte neste mundo, da mesma forma por Cristo foi restituída a salvação ao mundo. (cf. Rm 5,12). E ainda: O primeiro homem, tirado da terra, é terrestre; o segundo homem, que vem do céu, é celeste (1Cor 15,47).

E prossegue, dizendo: Como já refletimos a imagem do homem terreno, isto é, envelhecido pelo pecado, assim também refletimos a imagem do celeste (1Cor 15,49), ou seja, conservaremos a salvação do homem recuperado, redimido, renovado e purificado em Cristo. Segundo o mesmo Apóstolo, Cristo é o princípio, quer dizer, é o autor da ressurreição e da vida; em seguida, vêm os que são de Cristo, isto é, os que vivendo na imitação da sua santidade, podem considerar-se sempre seguros na esperança da sua ressurreição e receber com ele a glória da promessa celeste. É o próprio Senhor quem afirma no Evangelho: Quem me segue não perecerá, mas passará da morte para a vida (cf. Jo 5,24).

Deste modo, a paixão do Salvador é a salvação da vida humana. Precisamente para isso ele quis morrer por nós, a fim de que, acreditando nele, vivamos para sempre. Ele quis, por algum tempo, tornar-se o que somos, para que, alcançando a sua promessa de eternidade, vivamos com ele para sempre. É esta a imensa graça dos mistérios celestes, é este o dom da Páscoa, é esta a grande festa anual tão esperada, é este o princípio da nova criação.

Nesta solenidade, os novos filhos que são gerados nas águas vivificantes da santa Igreja, com a simplicidade de crianças recém-nascidas, fazem ouvir o balbuciar da sua consciência inocente. Nesta solenidade, os pais e mães cristãos obtêm, por meio da fé, uma nova e inumerável descendência.

Nesta solenidade, à sombra da árvore da fé, brilha o esplendor dos círios com o fulgor que irradia da pura fonte batismal. Nesta solenidade, desce do céu o dom da graça que santifica os recém-nascidos e o sacramento espiritual do admirável mistério que os alimenta. Nesta solenidade, a assembleia dos fiéis, alimentada no regaço materno da santa Igreja, formando um só povo e uma só família, adorando a Unidade da natureza divina e o nome da Trindade, canta com o Profeta o salmo da grande festa anual: Este é o dia que o Senhor fez para nós, alegremo-nos e nele exultemos (Sl 117,24).

Mas, pergunto, que dia é este? Precisamente, aquele que nos trouxe o princípio da vida, a origem e o autor da luz, o próprio Senhor Jesus Cristo que de si mesmo afirma: Eu sou a luz. Se alguém caminha de dia, não tropeça (Cf. Jo 8,12; 11,9), quer dizer, aquele que em todas as coisas segue a Cristo, chegará, seguindo os seus passos, ao trono da eterna luz. Assim pedia ele ao Pai em nosso favor, quando ainda vivia em seu corpo mortal, ao dizer: Pai, quero que onde eu estou, aí estejam também os que acreditaram em mim; para que assim como tu estás em mim e eu em ti, assim também eles estejam em nós (Cf. Jo 17,20s).

Paz e Bem!

Fonte: Da Homilia pascal de um Autor antigo - (Sermo 35, 6-9:PL17 [ed. 1879],696-697)  ( http://goo.gl/08BuK ). (27/04/2011).

segunda-feira, 25 de abril de 2011

FELIZ PÁSCOA!


FELIZ PÁSCOA!

A Páscoa de Jesus é o grande momento da Nova Criação, a partir de então, a humanidade conheceu pela ressurreição do Senhor, o porquê de sua existência, seu destino eterno em Cristo e aquilo que Deus reserva como herança para nós, em seu infinito amor.

A grande graça que a ressurreição do Filho de Deus nos traz, é a garantia de que não haverá mais morte além dessa que naturalmente nos acompanha, e que para nós é páscoa, ou seja, encontro definitivo com Deus Pai, como realização de seu plano para a nossa salvação. Com efeito, por sua paixão, morte e ressurreição, Jesus nos abriu as portas do Paraíso, antes fechadas pelo nosso pecado, agora, porém, abertas para sempre pela graça do perdão e reconciliação que nos concedeu em seu sacrifício de amor.

Bem profetizou a esse respeito Isaías no Cântico do Servo sofredor: “Em verdade, ele tomou sobre si nossas enfermidades, e carregou os nossos sofrimentos: e nós o reputávamos como um castigado, ferido por Deus e humilhado. Mas ele foi castigado por nossos crimes, e esmagado por nossas iniquidades; o castigo que nos salva pesou sobre ele; fomos curados graças às suas chagas.” (Is 53,4-5).

Ora, a vitória de Cristo sobre o pecado, sobre o pai da mentira e sobre a morte é o grande triunfo dos filhos e filhas de Deus. Pela sua obediência incondicional e total imolação, fomos capacitados para toda boa obra e conduzidos à comunhão perfeita em seu Corpo Místico, a Igreja, pelo Seu Espírito que derramou sobre nós profusamente em torrentes de graças e santidade por meio de nosso batismo, nos dando conhecer o que Deus nos prodigalizou.

Portanto, viver a dimensão de ressuscitados com Cristo é autenticar o que Deus fez por nós em seu Filho amado, testemunhando essa verdade em cada ação de nossa existência temporal a caminho de Sua Glória Eterna no Reino dos Céus.

Feliz Páscoa!

Paz e Bem!

Frei Fernando,OFMConv.


sexta-feira, 22 de abril de 2011

O QUE ESTAMOS ESPERANDO?

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ENTÃO, O QUE ESTAMOS ESPERANDO?

A experiência humana da vida nos leva a desejar que ela seja sempre jovial e permaneça assim eternamente; em sã consciência ninguém quer a morte e se alguém a procura é porque estragou a vida com um viver infrutífero, sem nexo, sem fundamento algum. Ora, nas condições de desobediência em que se encontra atualmente mergulhada a humanidade, o que podemos esperar? De fato, a proteção divina tem nos dado tempo para a conversão, mas não é o que estamos vendo da parte dos homens, pelo contrário, constatamos um aumento exacerbado de toda espécie de vícios e pecados; logo, este estado de desequilíbrio e morte que estamos vivenciando nada mais é do que os efeitos dessa desobediência aos santos mandamentos da Lei de Deus, isto se constitui um verdadeiro abuso contra a misericórdia divina.

Nenhuma criatura naturalmente é detentora da vida em definitivo, nós a temos como um dom, como uma graça que nos aponta para a plenitude dela mesma em Deus. Sabemos por experiência que tudo o que plantamos colhemos de acordo com o cuidado que damos à plantação. Com efeito, a vida também é assim, nós a estamos plantando no terreno fértil ou não da nossa existência e certamente haveremos de colher os frutos de nossos atos em definitivo, isto é, quando chegar o dia eterno da colheita que é a morte temporal. Ai sim, “... cada um receberá de Deus o louvor que merece”. (1Cor 4,5b). É como nos ensinou são Paulo: “Não vos enganeis: de Deus não se zomba. O que o homem semeia, isso mesmo colherá. Quem semeia na carne, da carne colherá a corrupção; quem semeia no Espírito, do Espírito colherá a vida eterna. Não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo colheremos, se não relaxarmos. Por isso, enquanto temos tempo, façamos o bem a todos os homens, mas particularmente aos irmãos na fé”. (Gal 6,7-10).

Por pura graça de Deus temos a revelação do seu plano para a nossa salvação: “Bendito seja Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que do alto do céu nos abençoou com toda a bênção espiritual em Cristo, e nos escolheu nele antes da criação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis, diante de seus olhos. No seu amor nos predestinou para sermos adotados como filhos seus por Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua livre vontade, para fazer resplandecer a sua maravilhosa graça, que nos foi concedida por ele no Bem-amado”.

“Nesse Filho, pelo seu sangue, temos a Redenção, a remissão dos pecados, segundo as riquezas da sua graça que derramou profusamente sobre nós, em torrentes de sabedoria e de prudência. Ele nos manifestou o misterioso desígnio de sua vontade, que em sua benevolência formara desde sempre, para realizá-lo na plenitude dos tempos - desígnio de reunir em Cristo todas as coisas, as que estão nos céus e as que estão na terra. Nele é que fomos escolhidos, predestinados segundo o desígnio daquele que tudo realiza por um ato deliberado de sua vontade, para servirmos à celebração de sua glória, nós que desde o começo voltamos nossas esperanças para Cristo.” (Ef 1,3-12).

Por isso, “De agora em diante, pois, já não há nenhuma condenação para aqueles que estão em Jesus Cristo. A lei do Espírito de Vida me libertou, em Jesus Cristo, da lei do pecado e da morte. O que era impossível à lei, visto que a carne a tornava impotente, Deus o fez. Enviando, por causa do pecado, o seu próprio Filho numa carne semelhante à do pecado, condenou o pecado na carne, a fim de que a justiça, prescrita pela lei, fosse realizada em nós, que vivemos não segundo a carne, mas segundo o espírito. Os que vivem segundo a carne gostam do que é carnal; os que vivem segundo o espírito apreciam as coisas que são do espírito.

Ora, a aspiração da carne é a morte, enquanto a aspiração do espírito é a vida e a paz. Porque o desejo da carne é hostil a Deus, pois a carne não se submete à lei de Deus, e nem o pode. Os que vivem segundo a carne não podem agradar a Deus. Vós, porém, não viveis segundo a carne, mas segundo o Espírito, se realmente o espírito de Deus habita em vós. Se alguém não possui o Espírito de Cristo, este não é dele.       
Ora, se Cristo está em vós, o corpo, em verdade, está morto pelo pecado, mas o Espírito vive pela justificação. Se o Espírito daquele que ressuscitou Jesus dos mortos habita em vós, ele, que ressuscitou Jesus Cristo dos mortos, também dará a vida aos vossos corpos mortais, pelo seu Espírito que habita em vós.

Portanto, irmãos, não somos devedores da carne, para que vivamos segundo a carne. De fato, se viverdes segundo a carne, haveis de morrer; mas, se pelo Espírito mortificardes as obras da carne, vivereis, pois todos os que são conduzidos pelo Espírito de Deus são filhos de Deus. Porquanto não recebestes um espírito de escravidão para viverdes ainda no temor, mas recebestes o espírito de adoção pelo qual clamamos: Aba! Pai! O Espírito mesmo dá testemunho ao nosso espírito de que somos filhos de Deus.      E, se filhos, também herdeiros, herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo, contanto que soframos com ele, para que também com ele sejamos glorificados”. (Rom 8,1-17).

Então, o que estamos esperando? “Nós, porém, segundo sua promessa, esperamos novos céus e uma nova terra, nos quais habitará a justiça”. (2Ped 3,13). Conforme nos relatou são João: “Vi, então, um novo céu e uma nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra desapareceram e o mar já não existia.        Eu vi descer do céu, de junto de Deus, a Cidade Santa, a nova Jerusalém, como uma esposa ornada para o esposo. Ao mesmo tempo, ouvi do trono uma grande voz que dizia: Eis aqui o tabernáculo de Deus com os homens. Habitará com eles e serão o seu povo, e Deus mesmo estará com eles. Enxugará toda lágrima de seus olhos e já não haverá morte, nem luto, nem grito, nem dor, porque passou a primeira condição. Então o que está assentado no trono disse: Eis que eu renovo todas as coisas. Disse ainda: Escreve, porque estas palavras são fiéis e verdadeiras.” (Ap 21,1-5).

“Portanto, caríssimos, esperando estas coisas, esforçai-vos em ser por ele achados sem mácula e irrepreensíveis na paz”. (2Ped 3,14).

Paz e Bem!

Frei Fernando,OFMConv.


quinta-feira, 21 de abril de 2011

O CORDEIRO IMOLADO


















O CORDEIRO IMOLADO

O Cordeiro imolado libertou-nos da morte para a vida. Muitas coisas foram preditas pelos profetas sobre o mistério da Páscoa, que é Cristo, a quem seja dada a glória pelos séculos dos séculos. Amém (Gal 1,5). Ele desceu dos céus à terra para curar a enfermidade do homem; revestiu-se da nossa natureza no seio da Virgem e se fez homem; tomou sobre si os sofrimentos do homem enfermo num corpo sujeito ao sofrimento, e destruiu as paixões da carne; seu espírito, que não pode morrer, matou a morte homicida.

Foi levado como cordeiro e morto como ovelha; libertou-nos das seduções do mundo, como outrora tirou os israelitas do Egito; salvou-nos da escravidão do demônio, como outrora fez sair Israel das mãos do faraó; marcou nossas almas como sinal do seu Espírito e os nossos corpos com seu sangue. Foi ele que venceu a morte e confundiu o demônio, como outrora Moisés ao faraó. Foi ele que destruiu a iniquidade e condenou a injustiça à esterilidade, como Moisés ao Egito.

Foi ele que nos fez passar da escravidão para a liberdade, das trevas para a luz, da morte para a vida, da tirania para o reino sem fim, e fez de nós um sacerdócio novo, um povo eleito para sempre. Ele é a Páscoa da nossa salvação.

Foi ele que tomou sobre si os sofrimentos de muitos: foi morto em Abel; amarrado de pés e mãos em Isaac; exilado de sua terra em Jacó; vendido em José; exposto em Moisés; sacrificado no cordeiro pascal; perseguido em Davi e ultrajado nos profetas. Foi ele que se encarnou no seio da Virgem, foi suspenso na cruz, sepultado na terra e, ressuscitando dos mortos, subiu ao mais alto dos céus.

Foi ele o cordeiro que não abriu a boca, o cordeiro imolado, nascido de Maria, a bela ovelhinha; retirado do rebanho, foi levado ao matadouro, imolado à tarde e sepultado à noite; ao ser crucificado, não lhe quebraram osso algum, e ao ser sepultado, não experimentou a corrupção; mas ressuscitando dos mortos, ressuscitou também a humanidade das profundezas do sepulcro.

Paz e Bem!

Fonte: Da Homilia sobre a Páscoa, de Melitão de Sardes, bispo (N.65-71: SCh123,94-100) - (Séc.II) ( http://goo.gl/sqkl8 )

terça-feira, 19 de abril de 2011

O DEMÔNIO EXISTE REALMENTE, COMO DEMONSTRÁ-LO?












O DEMÔNIO EXISTE REALMENTE, COMO DEMONSTRÁ-LO?

O termo “demônio” provém do grego “dai,mwn”, que é de raiz incerta; por outro lado “diabo”, em grego “dia,boloj”, provém da palavra “diaba,llw”, que significa “acuso, calunio”; seu sentido é, pois, o de “caluniador, acusador”; “satã”, por outro lado provém do hebreu, com o significado de “insidiador, perseguidor”.

A existência do demônio aparece mais que suficientemente testemunhada na Revelação, na Tradição e no Magistério da Igreja. Na realidade, quase todas as religiões afirmaram a existência de seres maus; mas é na Revelação judeu-cristã onde se mostram sob seu verdadeiro aspecto.

Já no livro do Gênesis aparece sob a figura da serpente tentadora (cf. Gn 3), e já caracterizado por seu espírito mentiroso e homicida (cf. Ap 12,9; Jo 8,44). Durante as tentações de Jesus no deserto se mostra em sua atitude insidiadora para com os homens (cf. Mt 4,3-11).

Os primeiros cristãos não tiveram dificuldade em aceitar a doutrina contida na Sagrada Escritura, razão pela qual nem os Padres da Igreja e nem o Magistério fizeram muita insistência neste tema. Mas a partir do século IV a Igreja se viu obrigada a tomar posição contra a tese do maniqueísmo que fazia do demônio um princípio divino mau, posto à igual condição e combatendo ao Deus revelado (princípio bom); os textos dos autores eclesiásticos são, a este respeito, mais que abundantes e claros[1]. A doutrina era, pois, comum e firme.

No século XII e XIII, a aparição dos Cátaros (rebrote maniqueu na França meridional) exigiu da Igreja declarar uma vez mais a doutrina correta. O fez no IV Concílio de Latrão: “Diabolus enim et alii daemones a Deo quidem natura creati sunt boni, sed ipsi per se facti sunt mali (O diabo e os outros demônios foram criados por Deus com uma natureza boa, mas eles se fizeram a si mesmos maus)”[2].

Portanto, deve-se dizer que a existência dos demônios (anjos caídos) é de fé divina e católica. E se demonstra pelos testemunhos bíblicos, patrísticos, litúrgicos e magisteriais. Resumindo todos estes argumentos, o Concílio Vaticano II, na Constituição Gaudium et spes disse que nossa história “é uma dura batalha contra o poder das trevas, que, iniciada nas origens do mundo, durará, como diz o Senhor, até o dia final”[3]. E a Constituição Lumen gentium, retomando as palavras de São Paulo, recorda que “devemos lutar contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra os espíritos malignos”[4].

Os pontos fundamentais da doutrina católica sobre o diabo podem resumir-se nos seguintes:

1º) Deus criou os Anjos que são bons por natureza, mas muitos deles pecaram e se fizeram maus deliberadamente. Diz o Catecismo: “A Escritura fala de um pecado desses anjos. Esta ‘queda’ consiste na opção livre desses espíritos criados, que rejeitaram radical e irrevogavelmente a Deus e seu Reino. Temos um reflexo desta rebelião nas palavras do Tentador ditas a nossos primeiros pais: ‘E vós sereis como deuses’ (Gn 3,5). O diabo é ‘pecador desde o princípio’ (1Jo 3,8), ‘pai da mentira’ (Jo 8,44)”[5]

2º) Não foi o diabo quem criou a matéria e os corpos (como ensinou o maniqueísmo), mas sim Deus.

3º) Satanás e seus sequazes foram castigados por Deus com o inferno, de onde põem armadilhas, tentam e perseguem aos homens na medida em que Deus permite.

4º) Os demônios, como todos os Anjos, são espíritos puros, dotados de entendimento e vontade.

5º) Os anjos caídos pelo pecado de soberba se perderam irremediavelmente, porque em virtude de sua natureza espiritual sua livre eleição entre o bem e o mal fica imutável uma vez feita e, portanto, sem possibilidade de arrependimento. Diz o Catecismo: “É o caráter irrevogável de sua opção, e não uma deficiência da infinita misericórdia divina, que faz com que o pecado dos anjos não possa ser perdoado. ‘Não existe arrependimento para eles depois da queda, como não existe para os homens após a morte’ (São João Damasceno)” [6].

6º) O demônio perdeu com seu pecado os dons sobrenaturais, mas conserva sua natureza espiritual ricamente dotada de inteligência e de tenaz vontade (agora inclinada ao mal).

7º) Os demônios odeiam os homens; Seus motivos embora óbvios são explicados pelos padres da Igreja. O Demônio atingindo ao homem, obra prima e amada de Deus atinge diretamente o próprio Deus. Enfatizam ainda alguns Padres da Igreja, que estes assim o fazem, por terem sido estes destinados a substituí-los na Glória. Consequência disto é a instigação ao mal que exercitam sobre os homens em geral. “A Escritura –diz o Catecismo– atesta a influência nefasta daquele que Jesus chama de ‘o homicida desde o princípio’ (Jo 8,44) e que até chegou a tentar desviar Jesus da missão recebida do Pai. Para isto é que o Filho de Deus se manifestou: para destruir as obras do diabo (1Jo 3,8).

A mais grave dessas obras, devido às suas consequências, foi a sedução mentirosa que induziu o homem a desobedecer a Deus. Contudo, o poder de Satanás não é infinito. Ele não passa de uma criatura, poderosa pelo fato de ser puro espírito, mas sempre criatura: não é capaz de impedir a edificação do Reino de Deus. Satanás, embora atue no mundo por ódio contra Deus e seu Reino em Jesus Cristo, e embora a sua ação cause graves danos –de natureza espiritual e, indiretamente, até de natureza física– para cada homem e para a sociedade, esta ação é permitida pela Divina Providência, que com vigor e doçura dirige a história do homem e do mundo. A permissão Divina da atividade diabólica é um grande mistério, mas “sabemos que todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são os eleitos, segundo os seus desígnios”. (Rom 8,28)”[7].

 Por todos estes motivos o Papa Paulo VI, falando desta terrível realidade misteriosa e tremenda, afirmou com autoridade: “Sai do quadro do ensinamento bíblico e eclesiástico quem se nega a reconhecer sua existência; ou quem faz dela um princípio que existe por si e que não tem, como qualquer outra criatura, sua origem em Deus; ou a explica como uma pseudo-realidade, uma personificação conceitual e fantástica das causas desconhecidas de nossas desgraças”[8]. E o citado documento da Congregação para a Doutrina da Fé acrescenta a estas palavras: “Nem os exegetas, nem os teólogos deveriam esquecer esta advertência”[9].

Charles Baudelaire, em seu poema “O Jogador generoso”, escreve: “O diabo chegou a confessar-me que não tinha temido por seu próprio poder mais que uma só vez, no dia em que ouviu dizer desde o púlpito um pregador mais preparado que seus confrades: Queridos irmãos, não esqueçais... que a mais perfeita astúcia do diabo está em lhes persuadir de que não existe”.

Paz e Bem!

BIBLIOGRAFIA:

[1] Os textos dos principais Padres da Igreja podem ser lidos no Documento da Congregação para a Doutrina da Fé, Fé cristã e demonologia, 26 de junho de 1975, Enchiridion Vaticanum, volume 5.

[2] Denzinger-Hüneremann, 800.

[3] Gaudium et spes, n. 37 b.

[4] Lumen gentiun, n. 35 a; 43 d.

[5] Catecismo da Igreja Católica, n. 392.

[6] Catecismo da Igreja Católica, n. 393.

[7] Catecismo da Igreja Católica, n. 394-395.

[8] Paulo VI, Alocução na Audiência geral de 15 de novembro de 1972; Ensinamentos do Povo de Deus, 1972, pp. 183-188.

[9] Congregação para a Doutrina da Fé, Fé cristã e demonologia, conclusão.

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Fonte: http://goo.gl/HdO6o   -  2011-04-18

domingo, 17 de abril de 2011

SOBRE CASTIDADE














SOBRE CASTIDADE

A castidade é um tesouro inesgotável para quem a vive, porque saboreia o prazer do verdadeiro amor. Uma alma casta é uma alma pura, livre da corrupção e da malícia, porque a castidade é um valor eterno; ela deve ser vivida também pelos cônjuges, pois, para eles a castidade não significa abstinência sexual, mas a vivência da sexualidade como um dom, como graça de Deus que os santifica.

A castidade é um dos frutos do Espírito Santo na alma humana, por isso, ela pode ser vivida tranquilamente por solteiros e casados, porque a força do Espírito mesmo nos impele a degustar esse fruto admirável de sabor inigualável, visto que vem de Deus como uma benção antecipada de Seu Reino.

“Os que vivem segundo a carne gostam do que é carnal; os que vivem segundo o espírito apreciam as coisas que são do espírito. Ora, a aspiração da carne é a morte, enquanto a aspiração do espírito é a vida e a paz. Porque o desejo da carne é hostil a Deus, pois a carne não se submete à lei de Deus, e nem o pode. Os que vivem segundo a carne não podem agradar a Deus. Vós, porém, não viveis segundo a carne, mas segundo o Espírito, se realmente o espírito de Deus habita em vós. Se alguém não possui o Espírito de Cristo, este não é dele”. (Rm 8,5-9).

Toda criatura humana já nasce consagrada a Deus por sua virgindade; esta é uma marca registrada com a qual o Altíssimo nos autentica como seus filhos e filhas. Ocorre que por tentar viver uma pretensa liberdade, muitos se desviam dos desígnios do Senhor, pecando contra o próprio corpo, templo do Espírito Santo, e com isso atraem sobre si toda espécie de impureza, malícia, perversão, traição, maledicência, hedonismo.

A ninguém Deus deu permissão ter acesso ao próprio corpo ou ao dos outros sem sua benção. Logo, ser abençoados por Deus nos dons naturais que Dele recebemos é fundamental para vivermos verdadeiramente de acordo com a sua vontade neste mundo. Por sermos obra do Senhor, precisamos viver a dimensão sexual em conformidade com os seus desígnios expressos no sexto e nono mandamentos: não pecar contra a castidade e não desejar o cônjuge alheio.

Isso significa que precisamos viver nossa sexualidade como consagrados de Deus, ou seja, para os cônjuges viver a vocação à santidade como expressão da união sacramental e espiritual e para os leigos e religiosos como antecipação do que seremos na glória eterna no Reino dos Céus.

Paz e Bem!

Frei Fernando,OFMConv.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

PALAVRAS E AÇÕES













PALAVRAS E AÇÕES

Era necessário que Cristo sofresse para assim entrar em sua glória

Cristo, por suas palavras e ações, revelou que era verdadeiro Deus e Senhor do universo. Ao subir para Jerusalém com seus discípulos, dizia-lhes: Eis que estamos subindo para Jerusalém, e o Filho do Homem será entregue aos gentios, aos sumos sacerdotes e aos mestres da Lei, para ser escarnecido, flagelado e crucificado (Mt 20,18.19). Fazia, na verdade, estas afirmações em perfeita consonância com as predições dos profetas, que haviam anunciado sua morte em Jerusalém.

Desde o princípio, a Sagrada Escritura havia predito a morte de Cristo com os sofrimentos que a precederiam, e também tudo quanto aconteceu com seu corpo depois da morte; predisse igualmente que aquele a quem tudo isto sucedeu é Deus impassível e imortal. De outro modo, nunca poderíamos afirmar que era Deus se, ao contemplarmos a verdade da encarnação, não encontrássemos nela razões para proclamar, com clareza e justiça, uma e outra coisa, ou seja, seu sofrimento e sua impassibilidade.

O motivo pelo qual o Verbo de Deus, e, portanto impassível, se submeteu à morte é que, de outra maneira, o homem não podia salvar-se. Este motivo somente ele o conhece e aqueles aos quais revelou. De fato, o Verbo conhece tudo o que é do Pai, como o Espírito que esquadrinha tudo, mesmo as profundezas de Deus (Cf. 1Cor 2,10).

Realmente, era preciso que Cristo sofresse. De modo algum a paixão podia deixar de acontecer. Foi o próprio Senhor quem declarou, quando chamou de insensatos e lentos de coração os que ignoravam ser necessário que Cristo sofresse, para assim entrar em sua glória. Por isso, veio ao encontro do seu povo para salvá-lo, deixando aquela glória que tinha junto do Pai, antes da
criação do mundo. Mas a salvação devia consumar-se por meio da morte do autor da nossa vida, como ensina São Paulo: Consumado pelos sofrimentos, ele se tornou o princípio da vida (cf. Hb 2,10).

Deste modo se vê como a glória do Filho unigênito, glória esta que por nossa causa ele havia deixado por breve tempo, foi-lhe restituída por meio da cruz, na carne que tinha assumido. É o que afirma São João, no seu evangelho, ao indicar qual era aquela água de que falava o Salvador: Aquele que crê em mim, rios de água viva jorrarão do seu interior. Falava do Espírito, que deviam receber os que tivessem fé nele; pois ainda não tinha sido dado o Espírito, porque Jesus ainda não tinha sido glorificado (Cf. Jo 7,38-39); e chama glória a morte na cruz. Por isso, quando o Senhor orava, antes de ser crucificado, pedia ao Pai que o glorificasse com aquela glória que tinha junto dele, antes da criação do mundo.

Paz e Bem!

Fonte: Dos Sermões de Santo Anastácio de Antioquia  (Oratio 4, 1-2: PG 89, 1347-1349 - Séc.VI).

terça-feira, 12 de abril de 2011

SACRIFÍCIO DE AMOR



SACRIFÍCIO DE AMOR

Se alguém pecar, temos junto do Pai um Defensor. Jesus Cristo é o nosso sumo sacerdote e o seu precioso corpo é o nosso sacrifício, que ele ofereceu no altar da cruz para a salvação de todos os homens. O sangue derramado por nossa redenção não era de novilhos e bodes (como na antiga Lei), mas do inocentíssimo cordeiro, Cristo Jesus, nosso Salvador.

O templo onde nosso sumo sacerdote ofereceu o sacrifício não era feito por mãos humanas, mas edificado unicamente pelo poder de Deus. Porque ele derramou seu sangue diante do mundo, que é na verdade o templo construído só pela mão de Deus. Este templo tem duas partes: uma é a terra que agora habitamos; a outra ainda é desconhecida por nós mortais.

Jesus Cristo ofereceu seu primeiro sacrifício aqui na terra quando padeceu a morte crudelíssima. Em seguida, revestido da nova veste da imortalidade, com seu próprio sangue entrou no Santo dos Santos, isto é, no céu, onde apresentou diante do trono do Pai celeste aquele sangue de valor infinito, que derramara uma vez para sempre por todos os homens cativos do pecado.

Este sacrifício é tão agradável e aceito por Deus que, logo ao vê-lo, não pode deixar de compadecer-se de nós e derramar a sua misericórdia sobre todos os que estão verdadeiramente arrependidos. É, além disso, um sacrifício eterno. Não é oferecido apenas uma vez cada ano (como acontecia
entre os judeus), mas cada dia para o nosso consolo, e ainda mais, a cada hora e a cada momento, para nosso conforto e nossa alegria. Por isso o Apóstolo acrescenta: “Obtendo uma eterna redenção”. (Hb 9,12).

Deste santo e eterno sacrifício, participam todos os que experimentaram a verdadeira contrição e arrependimento dos pecados cometidos, e tomaram a inabalável resolução de não mais voltar aos vícios antigos e de perseverar com firmeza no caminho das virtudes a que se consagraram. É o que ensina São João com estas palavras: “Meus filhinhos, escrevo isto para que não pequeis. No entanto, se alguém pecar, temos junto ao Pai um Defensor: Jesus Cristo, o Justo. Ele é a vítima de expiação pelos nossos pecados, e não só pelos nossos, mas também pelos do mundo inteiro”. (1Jo 2,1-2).

Paz e Bem!

Fonte: Dos Comentários sobre os Salmos, de São João Fisher, bispo e mártir (Ps 129:Opera omnia,edit.1579,p.1610 - Séc. XVI).
 

terça-feira, 5 de abril de 2011

A HORA É AGORA


















A HORA É AGORA

Quero viver os dias que me restam Senhor...
Para fazer somente a tua vontade...
É essa a verdade que livremente escolhi para minha vida...
E que nada nem ninguém me impeça disso...
Porque este mundo está um lixo...
devido à desobediência que é tanta...

Onde vamos parar Senhor com tantos desequilíbrios?
E tudo isso, porque os homens não estão te dando ouvidos...
Não estão te seguindo...
Por causa de suas escolhas erradas...
Malfadadas, repletas de perversas intensões...
Ao que parece a olhos nus,
perderam o bom senso de vez...
e mergulharam na insensatez...
que ora os consome...

Senhor,
infelizmente não há mais paz em nossa sociedade...
Porque a paz é fruto do teu amor...
quando devidamente correspondido...
Mas, pelo o que se tem visto tudo está perdido...
devido às práticas nefastas que se têm cometido...

Meu Senhor e meu Deus...
De onde vem tanta maldade?
Será que vem da impunidade temporal?

Pensando bem,
será que há impunidade temporal?
Na injusta justiça dos homens, sim...
Mas para aquele que faz o que é mal, não...
Porque quem faz o que é mal...
experimenta interiormente o mal feito...
como uma terrível e insuportável dor no peito...
que não o larga mais...

Por isso, te pedimos Senhor,
tem piedade de nós...
Vem depressa em nosso auxílio,
socorre-nos sem demora...
Pois, creio ser esta a última hora...
Onde tudo será passado a limpo...
Assim os homens aprenderão a verdadeira justiça...
e não mais cometerão o que é mal aos teus olhos...

De fato, estamos nas dores de parto...
Nossa humanidade conhecerá a verdade tal qual ela é...
E ninguém poderá dizer: eu não sabia...
Porque todos nós sabemos o que é certo e o que é errado...
Ai de nós se optarmos por uma vida de pecados...
Nenhum sequer se salvará...
Porque já não haverá mais sacrifício de expiação...
fora do teu sacrifício de cruz...

Por isso, a hora é agora...
O Filho do Homem está às portas...
Vinde todos acheguemo-nos ao Senhor...
Que em seu infinito amor...
nos dá esse tempo de conversão...
para que acolhamos o seu perdão...
e vivamos na sua presença...
todos os dias que nos resta ainda...

Paz e Bem!

Frei Fernando,OFMConv.

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