VEM SENHOR JESUS!

"Em verdade, em verdade vos digo: quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna e não incorre na condenação, mas passou da morte para a vida". (Jo 5,24).

SEJAM BEM VINDOS À ESSA PORTA ESTREITA DA SALVAÇÃO

"Uma só coisa peço ao Senhor e a peço incessantemente: é habitar na casa do Senhor todos os dias de minha vida, para admirar aí a beleza do Senhor e contemplar o seu santuário". (Sl 26,4).

sábado, 30 de abril de 2022

SINGRANDO COM JESUS O MAR REVOLTO DESTE MUNDO...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 6,16-21)(30/04/22)

Caríssimos, as nossas necessidades geram insegurança, preocupações, medos, mas também nos impulsionam a buscar soluções; muitas vezes temos sonhos e tantos planos, mas, nem sempre os realizamos por conta da falta de incentivo ou quem sabe por desmotivação pessoal. Ou então, por nos colocar no comando de tudo, deixando Deus fora dos nossos planos, e só recorrendo a Ele quando nos frustramos ou nos decepcionamos com os outros ou com nós mesmos.  

No entanto, quando os nossos planos são feitos tendo como fundamento a realização da vontade de Deus, logo, somos impulsionados pela sua graça que nos leva a bom termo. De fato, a nossa vida neste mundo é como um barco à deriva em alto mar precisando da presença do Senhor Jesus para nos ajudar a conduzi-lo ao porto seguro da nossa salvação. 

Com efeito, o Evangelho de hoje nos revela que Jesus é o Senhor de tudo, conhece muito bem todas as coisas e tem o pleno domínio sobre elas, como o exemplo que nos deu da multiplicação dos pães e peixes e o andar sobre o mar tempestuoso sem sofrer dano algum; por isso, quer sempre estar conosco, singrar conosco o mar revolto deste mundo. De fato, Ele quer fazer parte dos nossos planos.

Com efeito, em certos momentos do nosso viver sentimos a escuridão da noite, e as adversidades avançam como ondas traiçoeiras, fazendo nos sentir perdidos, sem rumo. "É precisamente nestes momentos que o Senhor Jesus vem ao nosso encontro e nos diz: "Sou eu, não tenhais medo", desse modo, nos sentimos amparados tendo o Senhor ao nosso lado nos fazendo superar tranquilamente tais momentos difíceis.

Portanto, caríssimos, é essa convivência com o Senhor da nossa vida que nos motiva, nos impulsiona a viver segundo a vontade do nosso Pai celestial, pois, Ele enviou o seu Filho para permanecer conosco até o último instante do nosso viver neste mundo, que para nós é um mar revolto; no entanto, com o Senhor Jesus em nosso barco nos sentimos seguros para fazer essa travessia sem sofrer nenhum dano. 

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

quinta-feira, 28 de abril de 2022

A SALVAÇÃO NOS É DADA, NÃO PODEMOS PERDE-LA PARA A INCREDULIDADE...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 3,31-36)(28/04/22)

Caríssimos, a todo momento nos confrontamos com o desequilíbrio deste mundo e somos desafiados à enfreta-lo revestidos com o poder da fé; porque naturalmente nos sentimos impotentes diante de tanta maldade espalhada na face da terra; então, como fazer para vencer as situações limites que nos cercam?

Na verdade todo esse desequilíbrio advém da falta de comunhão com o Senhor Jesus, o único que nos liberta de todo mal; bem como reza o Salmista: "Provai e vede quão suave é o Senhor! Feliz o homem que tem nele o seu refúgio! Do coração atribulado ele está perto e conforta os de espírito abatido. Muitos males se levantam sobre os justos, mas o Senhor de todos eles os liberta."

E continua o Salmista: "Mas ele volta a sua face contra os maus, para da terra apagar sua lembrança. Clamam os justos, e o Senhor bondoso escuta e de todas as angústias os liberta." (Sl 33). Ou seja, tudo neste mundo tem fim principalmente a maldade; por isso, quem a pratica bebe do próprio veneno e se destrói por si mesmo.

No Evangelho de hoje ainda no diálogo com Nicodemos, disse o Senhor Jesus: “Aquele que vem do alto está acima de todos. O que é da terra, pertence à terra e fala das coisas da terra. Aquele que vem do céu está acima de todos. Dá testemunho daquilo que viu e ouviu, mas ninguém aceita o seu testemunho. Quem aceita o seu testemunho atesta que Deus é verdadeiro. 

De fato, aquele que Deus enviou fala as palavras de Deus, porque Deus lhe dá o espírito sem medida."

Ou seja, quem ouve o Senhor Jesus, ouve o Pai celestial que se faz ver e ouvir por Seu Filho amado, como Ele mesmo disse: "Eu e o Pai somos um, quem me vê, vê o Pai." De certo, muitos não creram Nele por não aceitarem que Deus lhes aparecesse numa carne semelhante a nossa, exceto no pecado, pois, em Deus não existe pecado.

Por fim acrescentou: "O Pai ama o Filho e entregou tudo em sua mão. Aquele que acredita no Filho possui a vida eterna. Aquele, porém, que rejeita o Filho não verá a vida, pois a ira de Deus permanece sobre ele”.

Ou seja, não existe desculpa alguma para não crer em Jesus, para não ama-lo, para não segui-lo, por isso, quem o rejeita, rejeita a própria salvação.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

quarta-feira, 27 de abril de 2022

DEUS ENVIOU O SEU FILHO NÃO PARA CONDENAR O MUNDO...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 3,16-21)(27/04/22)

Caríssimos, que o mundo vive mergulhado no pecado, na desobediência e na maldade não temos dúvida, e isso constatamos pelo resultado nefasto que se abate sobre a humanidade, presente nas catástrofes naturais; nas doenças, nas guerras, nas discórdias e desavenças; de fato, se continuar assim este mundo se encaminha para um trágico fim.

No Evangelho de hoje dando continuidade ao seu colóquio com Nicodemos, disse o Senhor Jesus: "Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito, para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna. De fato, Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele. Quem nele crê não é condenado, mas quem não crê já está condenado, porque não acreditou no nome do Filho unigênito."

E continua Ele: "Ora, o julgamento é este: a luz veio ao mundo, mas os homens preferiram as trevas à luz, porque suas ações eram más. Quem pratica o mal odeia a luz e não se aproxima da luz, para que suas ações não sejam denunciadas. Mas quem age conforme a verdade aproxima-se da luz, para que se manifeste que suas ações são realizadas em Deus."

De certo, como vimos nesse Evangelho, o Senhor Jesus nos revela a sua missão neste mundo, e com um certo pesar, nos mostra que mesmo se sacrificando pela salvação da humanidade, muitos não acreditarão Nele e por isso serão condenados; de fato, é muito triste essa constatação; no entanto, nem tudo está perdido, os que se converterem e o acolherem no seu convívio, terão a vida eterna, é isso o que nos garante como prova do seu amor por nós ao ser sacrificado na cruz.

Portanto, caríssimos, sejamos perseverantes na oração do coração, na vivência dos Sacramentos, na obediência à Sua Palavra e na prática das obras de misericórdia, pois, elas são sinais de nosso desapego às coisas deste mundo; e da renúncia de nós mesmos em busca da conformidade à vontade de Deus Pai que nos deu o Seu Filho amado para sermos salvos por Ele. 

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

terça-feira, 26 de abril de 2022

CONVIVENDO EM CRISTO COMO NAS PRIMEIRAS COMUNIDADES...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 3,7b-15)(26/04/22)

Caríssimos, num mundo egoísta, dividido e destruído por todo tipo de pecados como o nosso; Deus nos mostra exemplos bíblicos que são para nós uma fonte inesgotável de inspiração para que a nossa prática de vida revele a presença do Espírito Santo agindo no meio de nós como nas primeiras comunidades. 

Vejamos, por esta narração, o quanto este mundo está distante da verdade que o liberta. "A multidão dos fiéis era um só coração e uma só alma. Ninguém considerava como próprias as coisas que possuía, mas tudo entre eles era posto em comum." ou seja, a unidade perfeita advinda da renúncia, do desapego. 

"Entre eles ninguém passava necessidade, pois aqueles que possuíam terras ou casas, vendiam-nas, levavam o dinheiro, e o colocavam aos pés dos apóstolos. Depois, era distribuído conforme a necessidade de cada um." Ou seja, caridade fraterna, solidariedade, doação total.

"Com grandes sinais de poder, os apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus. E os fiéis eram estimados por todos." Em outras palavras, quando vivemos ressuscitados com Cristo, é o Senhor mesmo quem nos governa, nos tornando um.

No Evangelho de hoje, o Senhor Jesus mostra ao doutor da Lei, José de Arimatéia, que é necessário nascer do alto, ou seja, da água e do Espírito Santo para a vida eterna. Com isso, compreendemos que o batismo que recebemos é o novo nascimento em estado de graça no seio da Santa Igreja, sinal visível da nossa participação no Reino de Deus.

Portanto, caríssimos, não basta ser batizados, é preciso viver em conformidade com a vontade de Deus expressa nas primeiras comunidades, e nesse nosso tempo nas novas comunidades renovadas pelo sopro do Espírito Santo.

Destarte, escutemos são Paulo: "Pois os que são de Jesus Cristo crucificaram a carne, com as paixões e concupiscências. Se vivemos pelo Espírito, andemos também de acordo com o Espírito. O fruto do Espírito é caridade, alegria, paz, paciência, afabilidade, bondade, fidelidade, brandura, temperança. Contra estas coisas não há lei." (Gl 5,24-25.23).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

sexta-feira, 22 de abril de 2022

OS DISCÍPULOS DE EMAÚS


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Lc 24,13-35)(20/04/22)

Caríssimos, o Profeta Habacuc assim nos ensina: "Eis que sucumbe o que não tem a alma íntegra, mas o justo vive por sua fidelidade." (Hab 2,4). De fato, o alicerce da vida em Cristo é crer, amar e segui-lo fielmente por maiores que sejam as adversidades que enfrentamos por conta dos pecados cometidos contra Ele e contra seus seguidores; por isso, cantemos com o salmista: "A nossa confiança está no Nome do Senhor que fez o céu e a terra." (Sl 120).

O Evangelho de hoje dá continuidade às evidências da presença do Senhor Jesus ressuscitado, nele são Lucas conta Sua aparição à dois discípulos que seguiam para o povoado de Emaús, diz ele: "Conversavam sobre todas as coisas que tinham acontecido. Enquanto conversavam e discutiam, o próprio Jesus se aproximou e começou a caminhar com eles. Os discípulos, porém, estavam como que cegos, e não o reconheceram."

De certo, disse-lhes o Senhor: "Como sois sem inteligência e lentos para crer em tudo o que os profetas falaram!" E a partir daí abriu-lhes a mente e explicou as Escrituras fazendo-os entender que tudo isso padeceu pela nossa salvação; e os fez reconhce-lo ao partir o Pão, dando-lhes o privilégio da primeira celebração Eucarística depois da Ressurreição. De imediato voltaram ao Cenáculo onde testemunharam aos outros discípulos esse extraordinário acontecimento.

Portanto, caríssimos, o Senhor Jesus em pessoa também caminha conosco, porém, o que está nos impedindo de reconhce-lo? São Lucas descreve a tristeza, o desânimo e certa falta de esperança da parte dos discípulos de Emaús; e foi isso o que apresentaram ao Senhor quando veio ao seu encontro e lhes explicou as Escrituras, por isso, ao viverem essa experiência disseram: “Não estava ardendo o nosso coração quando ele nos falava pelo caminho, e nos explicava as Escrituras?”

Destarte, repitamos com o Papa Emérito Bento XVI esta conclusão sobre a ressurreição do Senhor: "Que a alegria destes dias torne ainda mais sólida a nossa fiel adesão a Cristo crucificado e ressuscitado. Acima de tudo, deixemo-nos cativar pelo encanto da sua ressurreição." (Bento XVI - Audiência Geral, 26/3/08).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

CONVIVENDO NATURALMENTE COM JESUS RESSUSCITADO


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Lc 24,35-48)(21/04/22)

Caríssimos, nós nos acostumamos com as evidências naturais, cujo critério é o nosso entendimento racional, de forma que quando os acontecimentos transpõem a nossa natureza a tendência, naturalmente, é nega-los ou atribuir um conceito meramente psíquico, como sendo uma fantasia ou coisa da nossa imaginação. 

Todavia, em se tratando da fé usamos o conceito teológico de transcendência, ou seja, fenômeno que ultrapassa o nosso critério racional, mas, acreditamos porque experimentamos os seus efeitos benéficos, ou seja, não vejo não pego fisicamente, mas, o experimento pela fé. 

De certo, é isso o que significa convivermos com Cristo ressuscitado; Ele da sua dimensão eterna adentra em nossa naturalidade e se nos dá a conhecer e interage conosco pela fé como se fisicamente o víssemos e conversássemos com Ele face a face, conforme nos ensinou: "Felizes aqueles que crêem sem ter visto! (Jo 20,29).

Com efeito, no Evangelho de hoje o Senhor Jesus ressuscitado encontra os discípulos reunidos no Cenáculo, mas, como relata são Lucas: "Eles ficaram assustados e cheios de medo, pensando que estavam vendo um fantasma." E ainda: "Mas eles ainda não podiam acreditar, porque estavam muito alegres e surpresos." ou seja, uma reação tipicamente natural.

Portanto, caríssimos, a missão da Igreja é a mesma dada pelo Senhor ressuscitado aos Apóstolos reunidos com Ele no Cenáculo: "Então Jesus abriu a inteligência dos discípulos para entenderem as Escrituras, e lhes disse: “Assim está escrito: o Cristo sofrerá e ressuscitará dos mortos ao terceiro dia e no seu nome, serão anunciados a conversão e o perdão dos pecados a todas as nações, começando por Jerusalém. Vós sereis testemunhas de tudo isso”.

Destarte, e foi isso o que vimos na primeira leitura em que Pedro e João realizam a cura imediata de um paralítico de nascença cumprindo este mandamento do Senhor Jesus: "Digo-vos ainda isto: se dois de vós se unirem sobre a terra para pedir, seja o que for, consegui-lo-ão de meu Pai que está nos céus. Porque onde dois ou três estão reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles." (Mt 18,19-20).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

A PESCA MILAGROSA


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 21,1-14)(22/04/22)

Caríssimos, a vivência da fé nos ajuda a constatar a presença do Senhor Jesus nas coisas mais simples ou em nossas tarefas cotidianas, pois, é isso o que nos ensina são Paulo: "Tudo o que fizerdes, fazei-o de bom coração, como para o Senhor e não para os homens, certos de que recebereis, como recompensa, a herança das mãos do Senhor. Servi a Cristo, Senhor." (Cl 3,23-24).

Na primeira leitura depois do milagre da cura instantânea do paralítico de nascença, são Pedro anuncia que esta se deu mediante a ação do Senhor Jesus ressuscitado que continua realizando por meio dos seus discípulos os sinais de que é o Messias enviado por Deus para a salvação do seu povo e de toda a humanidade. 

De fato, são Pedro faz esta afirmação destemidamente após ser preso e interrogado pelos anciãos do povo: "Ficai, pois, sabendo todos vós e todo o povo de Israel: é pelo nome de Jesus Cristo, de Nazaré, aquele que vós crucificastes e que Deus ressuscitou dos mortos — que este homem está curado, diante de vós. Em nenhum outro há salvação, pois não existe debaixo do céu outro nome dado aos homens pelo qual possamos ser salvos." (At 4,10.12).

No Evangelho de hoje são João relata mais uma aparição de Jesus ressuscitado, desta feita às margens do lago de Tiberíades. São Pedro e os outros discípulos decidem pescar, mas depois de toda uma noite sem pescarem nada, retornam cansados às margens do lago onde encontram o Senhor Jesus, porém, sem perceber que era Ele, no entanto, ao ouvirem ordenar que lancem as redes à direita da barca, eles o fazem e pegam tamanha quantidade de peixes que quase as redes se rompem.

Portanto, caríssimos, por esse exemplo o Senhor Jesus nos ensina que está sempre conosco seja qual for a situação, basta ouvir a sua voz que fala no mais íntimo de nós que buscamos interagir com Ele pela oração e pela prática da Sua Palavra, e assim deixar que Ele realize em nós e por meio de nós o sinais da sua presença real neste mundo.

Destarte, essa interação que o Senhor Jesus fez com os Apóstolos, é a mesma que faz com todos os seus discípulos de todos os tempos no seio de sua Santa Igreja que atualiza, por meio dos Sacramentos e do anúncio de sua Palavra, a salvação da humanidade.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

domingo, 17 de abril de 2022

HOMILIA DA RESSURREIÇÃO DO SENHOR JESUS...


 Homilia Dom da Ressurreição do Senhor (Jo 20,1-9)(17/04/22)

Caríssimos, se olharmos no íntimo de nossas almas, por mais frágeis que sejamos, e mesmo nos sentindo mortais, não acreditamos na morte, mas, na vida eterna que recebemos no batismo como nos ensinou são Paulo: "Ou ignorais que todos os que fomos batizados em Jesus Cristo, fomos batizados na sua morte? Fomos, pois, sepultados com ele na sua morte pelo batismo para que, como Cristo ressurgiu dos mortos pela glória do Pai, assim nós também vivamos uma vida nova." (Rm 6,3-4).

E continua ele: "Se, portanto, ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas lá do alto, onde Cristo está sentado à direita de Deus. Afeiçoai-vos às coisas lá de cima, e não às da terra. Porque estais mortos e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus. Quando Cristo, vossa vida, aparecer, então também vós aparecereis com ele na glória." (Cl 3,1-4).

Comentando o Evangelho da ressurreição do Senhor, disse o Papa Emérito Bento XVI: "A morte e ressurreição do Verbo de Deus encarnado é um evento de amor insuperável, é a vitória do Amor que nos libertou da escravidão do pecado e da morte. Ele mudou o curso da história, infundindo um significado e valor indeléveis e renovados na vida do homem, proclamar que desejamos permanecer para sempre com Deus, nosso Pai infinitamente bom e misericordioso. Entramos assim nas profundezas do mistério pascal.

Que ninguém feche o coração à onipotência desse amor redentor! Jesus Cristo morreu e ressuscitou por todos: Ele é a nossa esperança! Verdadeira esperança para cada ser humano. Hoje, como fez com os seus discípulos na Galileia antes de regressar ao Pai, também Jesus ressuscitado envia-nos a todos os lugares como testemunhas da sua esperança e assegura-nos: Eu estou convosco sempre, todos os dias, até ao fim do mundo (cf. Mt 28, 20).  

Fixando o olhar da alma nas chagas gloriosas do seu corpo transfigurado, podemos compreender o sentido e o valor do sofrimento, podemos aliviar as muitas chagas que continuam a sangrar a humanidade ainda nos nossos dias. Nas suas chagas gloriosas reconhecemos os sinais indeléveis da infinita misericórdia do Deus de quem fala o profeta: Ele é quem cura as feridas dos corações partidos, que defende os fracos e proclama a liberdade dos escravos, que conforta todos os aflitos e distribui o seu óleo de alegria em vez de pranto; um cântico de louvor em vez de um coração triste (cf. Is 61,1.2.3).  

Se nos aproximarmos dele com humilde confiança, encontramos em seu olhar a resposta ao anseio mais profundo de nosso coração: conhecer Deus e entrar em uma relação vital com ele, que enche nossa existência e nossas relações interpessoais e sociais com seu próprio amor. Por isso, a humanidade precisa de Cristo: nele, nossa esperança, "fomos salvos" (cf. Rm 8,24). (Bento XVI - Mensagem Urbi et Orbi, 23/3/2008)

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

HOMILIA DO SÁBADO SANTO...


 Homilia do Sábado Santo (Lc 24,1-12)(16/04/22)

Caríssimos meditemos com amor e atenção esta homilia sobre o Sábado Santo de Asterio de Amaseia, bispo (sec. IV). "Hoje, a Igreja – a herdeira – exulta de alegria. Cristo, seu Esposo, que sofreu, acaba de ressuscitar. Alegra-te, ó Igreja, Esposa de Cristo! A ressurreição do teu Esposo ergueu-te da terra em que os viandantes te calcavam aos pés.

Ó maravilha! Foi semeado um único grão, e o mundo inteiro alimenta-se dele. Imolado como homem, foi restituído à vida como Deus e dá vida ao mundo. Degolado como cordeiro; como pastor, dispersou o rebanho dos demônios com o cajado da sua cruz.

Como lâmpada sobre o candelabro, extinguiu-se na cruz, e como o Sol levantou-se do sepulcro. Realizaram-se dois prodígios: o dia escureceu quando Cristo foi crucificado, e, na sua ressurreição, a noite brilhou como o dia.

Porque escureceu o dia? Porque, conforme está escrito, «das trevas fez seu véu» (Sl 17,12). Porque brilhou a noite como o dia? Porque, como dissera o profeta, «nem as trevas para Vós têm obscuridade: a noite brilha como a luz» (Sl 138,12).

Ó noite mais clara do que o dia! Noite mais luminosa do que o Sol! Noite mais branca do que a neve, mais brilhante do que os nossos fachos, mais doce que o paraíso! Ó noite que não conheces as trevas, que afastas o sono e nos fazes velar com os anjos! 

Noite pascal, espanto dos demônios; esperada ao longo de todo o ano! Noite nupcial da Igreja, que fazes nascer os recém-batizados e despojas o demônio adormecido! Noite em que o herdeiro leva os seus co-herdeiros a tomar parte na herança!" (Homilia 19).

Portanto, caríssimos, essas Palavras são conforto para as nossas almas, pois aumenta a nossa esperança na certeza do céu. De certo, com esse alívio já não sentimos em demasiado o peso das dores e sofrimentos advindos dos nossos pecados, pois, fomos perdoados e libertos por Jesus ressuscitado que caminha e permanece conosco até o fim dos nossos dias neste mundo.

Destarte, rezemos a oração inicial desta liturgia pascal: "Ó Deus, que pelo vosso Filho trouxestes àqueles que creem o clarão da vossa luz, santificai + este novo fogo. Concedei que a festa da Páscoa acenda em nós tal desejo do céu, que possamos chegar purificados à festa da luz eterna. Por Cristo, nosso Senhor." Amém!

Uma santa e feliz Páscoa para todos...

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

HOMILIA DA PAIXÃO E MORTE DO SENHOR...


 Homilia da Paixão e morte do Senhor (Jo 18,1–19,42)(15/4/22)

Caríssimos, em nossa finitude compeendemos que a morte é um grande mistério, porém, desvendado por Cristo que não se poupou, mas por nós se entregou ao Pai para nos livrar do pecado e da morte. 

De fato, a morte nos incomoda, nos dá medo por não conhecermos o devir, o nosso vir a ser; todavia, por sua morte de cruz o Senhor Jesus nos tranquilizou ao vence-la por sua obediência e amor incondicional ao Pai. 

E tudo isso Ele fez porque nos amou até o fim e o demonstrou ao dar a sua vida em resgate pela nossa para que a morte nunca mais nos incomodasse ou gerasse medo por não conhecermos o nosso destino eterno; 

para isso o Senhor nos deu a fé, o seu exemplo de amor e obediência ao Pai que o ressuscitou dos mortos e nos deu ressuscitar com Ele; para assim vencermos esse mistério que ultrapassa as nossas forças, o nosso entendimento natural.

A Carta aos Hebreus nos ensina como o Senhor Jesus venceu a morte e os inimigos que levam à ela: "Nos dias de sua vida mortal, dirigiu preces e súplicas, entre clamores e lágrimas, àquele que o podia salvar da morte, e foi atendido pela sua piedade. 

Embora fosse Filho de Deus, aprendeu a obediência por meio dos sofrimentos que teve. E uma vez chegado ao seu termo, tornou-se autor da salvação eterna para todos os que lhe obedecem. (Hb 5,7-9). 

Ou seja, estas são as nossas armas: a obediência a toda prova, o amor incondicional ao Pai; a fé inabalável Nele, a prática da Sua Pelavra e a entrega total, como vimos nessa passagem. 

Portanto, caríssimos, o que significa para nós a morte do Filho de Deus? Significa o retorno ao estado de graça, a volta à casa do Pai, a nossa participação na natureza Divina, e a felicidade eterna no Reino de Deus. 

Pois, fomos resgatados por um grande preço, o seu sangue Redentor derramado em expiação dos nossos pecados. Desse modo, da sua imortalidade recebemos do Pai celeste a imortalidade.

Destarte, sigamos confiantes como o Senhor Jesus nos ensinou: "Não se perturbe o vosso coração. Credes em Deus, crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas. 

Não fora assim, e eu vos teria dito; pois vou preparar-vos um lugar. Depois de ir e vos preparar um lugar, voltarei e tomar-vos-ei comigo, para que, onde eu estou, também vós estejais." (Jo 14,1-3).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

quinta-feira, 14 de abril de 2022

HOMILIA DA QUINTA-FEIRA SANTA...


 Quinta-feira Santa - Missa da Ceia do Senhor (Jo 13,1-15)(14/04/22)

Caríssimos, olhando este mundo desmoronando como se tudo fosse acabar de repente refletimos, como tudo poderia ser diferente se a humanidade tivesse deixado o pecado para acolher o Senhor Jesus como o Messias, o ungido de Deus Pai; todavia, ainda há tempo para se voltar para Ele de todo coração e acolhe-lo por meio da Sua Santa Igreja, no Sacramento da Eucaristia que é a Sua Presença Real como Fonte inesgotável da nossa salvação.

Comentando a instituição desse Sacramento, disse o Papa Emérito Bento XVI: "Sacramento da Caridade, a Santíssima Eucaristia é a doação que Jesus Cristo faz de Si mesmo, revelando-nos o amor infinito de Deus por cada homem. Neste sacramento admirável, manifesta-se o amor «maior»: o amor que leva a dar «a vida pelos amigos» (Jo 15,13). De fato, Jesus «amou-os até ao fim» (Jo 13,1).

De certo, todo o homem traz dentro de si o desejo insuprimível da verdade última e definitiva. Por isso, o Senhor Jesus, «caminho, verdade e vida» (Jo 14,6), dirige-Se ao coração anelante do homem que se sente peregrino e sedento, ao coração que suspira pela Fonte da vida, ao coração mendigo da Verdade. Com efeito, Jesus Cristo é a Verdade feita Pessoa, que atrai a Si o mundo.

No sacramento da Eucaristia, Jesus mostra-nos de modo especial a verdade do amor, que é a própria essência de Deus. Esta é a verdade evangélica que interessa a todo o homem e ao homem todo. Por isso, a Igreja, que encontra na Eucaristia o seu centro vital, esforça-se constantemente por anunciar a todos, em tempo propício e fora dele (cf 2Tim 4,2), que Deus é amor. Exatamente porque Cristo Se fez alimento de Verdade para nós, a Igreja dirige-se ao homem convidando-o a acolher livremente o dom de Deus." (Santa Missa na Ceia do Senhor, 20/3/08). 

Portanto, caríssimos, receber o Senhor Jesus na Eucaristia e pernacer Nele fazendo a sua vontade é anuncia-lo a todos com a própria vida dizendo como são Paulo disse: "Eu vivo, mas já não sou eu; é Cristo que vive em mim. A minha vida presente, na carne, eu a vivo na fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim." (Gl 2,20). 

Destarte, anunciar o Senhor Jesus é conviver com Ele interiormente e exteriormente, e anunciar o fruto dessa convivência espiritual, ou seja, transparece-lo para todos; e é exatamente isso o que a Eucaristia que nos proporciona.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

O PECADO DE TRAIÇÃO...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 26,14-25)(13/04/22)

Caríssimos, a traição é uma das maiores vilanias que existe, é realmente uma trama satánica cuja intenção é destruir suas vítimas cruelmente sem um mínimo de piedade ou compaixão; causa uma enorme dor na alma só em pensar na maldade presente neste terrível comportamento. Que o Senhor Jesus tenha compaixão de quem vive expelindo esse veneno maléfico incrustado nas almas que se deixam dominar por esse espírito imundo.

No relato da paixão e morte do Senhor Jesus, vimos que a maioria dos discípulos fugiu; dentre eles, Judas traiu; e Pedro negou o Senhor três vezes; somente João permaneceu com o Senhor até o fim; todavia, nenhum deles se desesperou, exceto Judas que em seu desespero cometeu suicídio; desse modo, compreendemos que Deus sempre terá compaixão de todos, pois somos pecadores, como nos ensinou o Senhor: "Não vim chamar à conversão os justos, mas sim os pecadores." (Lc 5,32). 

De certo, isso nos serve de alerta para jamais nos desesperar, por maior que seja o nosso pecado; mas sim, nos arrepender como o fez Pedro que chorou amargamente o seu pecado e por isso foi perdoado voltando ao estado de graça para em seguida dar a vida por Cristo e o anúncio do Santo Evangelho.

Portanto, caríssimos, que lições tiramos do pecado de traição que também se faz presente em todos os pecados mortais? Primeiro, não existe pecado sem tentação, sem a permissão do nosso livre arbítrio, e sem o plena consciência do mal praticado. Ou seja, antes das tentações, dos consentimentos e decisões somos livres, depois da queda no pecado somos escravos. 

Segundo, na prática do pecado mortal, deixa-se o amor pelo o ódio; a verdade pela mentira; a salvação pela condenação; a liberdade do estado de graça pela escravidão do pecado; deixa-se de amar e obedecer a Cristo; para seguir o maligno e toda a maldade que ele gera.

Destarte, rezemos com o salmista confiantes na misericórdia divina: "Guardai-me, ó Deus, porque é em vós que procuro refúgio. Digo a Deus: Sois o meu Senhor, fora de vós não há felicidade para mim. Bendigo o Senhor porque me deu conselho, porque mesmo de noite o coração me exorta. Ponho sempre o Senhor diante dos olhos, pois ele está à minha direita; não vacilarei." (Sl 15,1-2.7-8).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

terça-feira, 12 de abril de 2022

DEUS NOS CONFIOU A VIDA COMO UM BEM ETERNO...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 13,21-33.36-38)(12/04/22)

Caríssimos, humanamente o mal é insuportável, é repugnante; divinamente o mal é derrotado, porque nada pode contra Deus e seus filhos e filhas, é nisso que consiste a fé obediente e perseverante até o fim no bem recebido, cultivado e partilhado com todos como sinal da presença de Deus em nossas almas nos conduzindo desta terra de exílio para o Reino dos céus; como o povo de Israel que deixou a escravidão do Egito conduzido por Deus rumo à terra prometida.

Na primeira leitura ouvimos o que Deus disse ao seu servo, o Messias enviado para ser a Fonte de unidade e salvação do seu povo eleito e de todos os seus filhos e filhas dispersos no mundo inteiro. Disse o Senhor: “Não basta seres meu Servo para restaurar as tribos de Jacó e reconduzir os remanescentes de Israel: eu te farei luz das nações, para que minha salvação chegue até aos confins da terra”. Ou seja, Deus ama, perdoa e salva a todos sem distinção, para isso enviou-nos o Seu Filho.

No Evangelho de hoje em pleno Banquete Eucarístico em que o Senhor Jesus instituiu o Sacramento da Eucaristia como sacrifício perpétuo e sinal visível da Sua Presença e da Nova Aliança, faz uma dolorosa revelação: “Em verdade, em verdade vos digo, um de vós me entregará”. Ou seja, num momento de sublime alegria foram sacudidos por essa dolorosa revelação.

Por isso, "Desconcertados, os discípulos olhavam uns para os outros, pois não sabiam de quem Jesus estava falando." De fato, esse episódio nos ensina a vivermos a nossa comunhão com o Senhor Jesus em todos os sentidos de nossa vida, pois, Judas tinha sido escolhido pessoalmente como os outros Apóstolos, no entanto, por falta de amor e fidelidade, deixou satanás entrar em sua alma e tornou-se traidor. Ou seja, esse episódio nos ensina a acolher a misericórdia do Senhor e sermos perseverantes até o fim. 

Portanto, caríssimos, a perseverança na oração, a humildade em reconhecer os próprios pecados, se arrepender e confessa-los, a reparação e o firme propósito de não mais comete-los; é isso o que nos mantém em estado de graça, pois, Deus é misericórdia infinita e está sempre pronto a nos perdoar e nos conceder todas as graças e bênçãos para a nossa salvação.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

segunda-feira, 11 de abril de 2022

COMO NOS APRESENTAMOS DIANTE DO SENHOR JESUS?


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 12,1-11)(11/04/22)

Caríssimos, a história da nossa salvação é repleta de bons e maus exemplos, são relatos de como as pessoas se apresentam diante do Senhor Jesus; seja para acolhe-lo, ama-lo e segui-lo dando testemunho da sua presença pela obediência aos santos mandamentos; ou então, para nega-lo, odia-lo e tira-lo de suas vidas por conta dos pecados praticados contra Deus, contra o próximo e contra si mesmas.

No Evangelho de hoje são João narra o jantar oferecido por Lázaro e suas irmãs após a sua ressurreição; e nessa narrativa nos apresenta alguns exemplos de relacionamentos com o Senhor Jesus. No primeiro apresenta a belíssima amizade que Lázaro e suas irmãs nutriam pelo Senhor, e Maria o demonstra "tomando quase meio litro de perfume de nardo puro e muito caro, ungiu os seus pés e enxugou-os com seus cabelos. A casa inteira ficou cheia do perfume do bálsamo."

No segundo narra a reação de Judas: "Então, falou Judas Iscariotes, um dos seus discípulos, aquele que o havia de entregar: “Por que não se vendeu este perfume por trezentas moedas de prata, para dá-las aos pobres?” Judas falou assim, não porque se preocupasse com os pobres, mas porque era ladrão; ele tomava conta da bolsa comum e roubava o que se depositava nela."

E por último narra a reação dos judeus que acreditaram no Senhor e dos sumos sacerdotes: "Muitos judeus, tendo sabido que Jesus estava em Betânia, foram para lá, não só por causa de Jesus, mas também para verem Lázaro, que Jesus ressuscitara dos mortos. Então, os sumos sacerdotes decidiram matar também Lázaro, porque por causa dele, muitos deixavam os judeus e acreditavam em Jesus."

Portanto, caríssimos, diante do Senhor Jesus Cristo, o Filho de Deus, é impossível não se ter alguma reação seja de amor, de fé inabalável, de seguimento a toda prova como demonstraram Lázaro e suas irmãs; ou de críticas injustas tentando tirar proveito dele, é o caso de Judas; ou ainda de inveja, ódio, ameaça de morte e outros impropérios como vimos por parte dos sumos sacerdotes.

Destarte, esses exemplos nos são mostrados para que fiquemos atentos e não cometamos os mesmos erros dos não acolheram o Senhor Jesus por não ama-lo e por isso os expulsaram de suas vidas se deixando dominar pelo pecado.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

HOMILIA DO DOM DE RAMOS...


 Homilia do Dom de Ramos (Lucas 23,1-49)(10/04/22)

Caríssimos, meditando sobre o terrível sofrimento do Senhor Jesus: calúnias, humilhações, falta de respeito, rejeição, ódio, tortura, violência e por fim a morte cuenta sem o mínimo de compaixão, percebemos que é assim que tratamos Deus cada vez que ofendemos os nossos semelhantes com os nossos pecados. 

De certo, o Senhor Jesus sofreu tudo isso em sua carne que é a nossa carne sem se queixar, sem expressar nenhum desejo de vingança por padecer tamanho tormento. Ao contrário, olhando para os seus algozes teve compaixão e intercedeu por eles: “Pai, perdoa-lhes! Eles não sabem o que fazem!” (Lc 23,54). Essa grandissima atitude libertadora do Senhor nos mostra que o perdão é o poder que cancela toda maldade praticada contra nós e nos livra de todo o mal.

Desse modo, entendemos que o mal sempre será mal, porque já foi julgado e condenando (cf. Jo 16,11); no entanto, perdoar o mal praticado significa o triunfo do bem sobre o mal, significa a nossa libertação definitiva, ou seja, quem perdoa sempre ama sempre e nunca carrega o mal em sua alma, é livre, totalmente livre. É isso que consiste sermos verdadeiros discípulos de Cristo. Porque perdoar é amar, é fazer a vontade de Deus, e quem faz a vontade de Deus é feliz aqui e eternamente no seu Reino.

Com efeito, pela sua paixão e morte de cruz o Senhor Jesus aos olhos do mundo perdeu tudo e se mostrou como se fosse é um derrotado; enquanto que o mal se mostrou vitorioso como se fosse superior ao bem; no entanto, tal aparência é puro engano, pois, na verdade, é como disse o Senhor a Paulo: "Basta-te minha graça, porque é na fraqueza que se revela totalmente a minha força." (2Cor 12,9a). Ou seja, o mal nunca triunfa mesmo quando parece que sim, pois tudo o que é mal termina mal e se destrói a si mesmo, por isso, jamais pode cantar vitória.

 Portanto, caríssimos, digamos com são Paulo: "Prefiro gloriar-me das minhas fraquezas, para que habite em mim a força de Cristo. Eis por que sinto alegria nas fraquezas, nas afrontas, nas necessidades, nas perseguições, no profundo desgosto sofrido por amor de Cristo. Porque quando me sinto fraco, então é que sou forte." (2Cor 12,9b-10).

Destarte, peçamos ao Senhor Jesus a graça da perseverança final que resiste e vence o mal, e permanece no bem recebido de Deus dando frutos de salvação aqui e por toda eternidade.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

quarta-feira, 6 de abril de 2022

TODO AQUELE QUE PECA É ESCRAVO DO PECADO...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 8,31-42)(06/04/22)

Caríssimos, o fato de respirar, pensar, falar e fazer o que quiser não significa ser livres, podemos até afirmar que sim, mas, não passa de uma grande ilusão. Pois, somente o Filho de Deus nos liberta totalmente (cf. Jo 8,36). Por isso, tudo o que vivemos se não revela a presença de Cristo ou não se destina a Ele, perde o sentido de ser e gera um terrível vazio existencial que leva a perca da esperança e à desilusão ou ao apego exagerado a nós mesmos ou a ídolos que tira-nos a liberdade gerando vícios e dependências.

De fato, a nossa vida tem em Deus a sua origem e somente Nele se mantém livre; fora Dele não se firma por muito tempo. No Evangelho de hoje na contenda com os judeus, disse o Senhor: "Se permanecerdes na minha palavra, sereis verdadeiramente meus discípulos, e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará." (Jo 8,31-32). Ora, Ele afirma isso por conta do pecado de presunção dos judeus que se achavam livres pelo fato de serem da descendência de Abraão. 

Com efeito, tendo como fundamento essa afirmação do Senhor Jesus, compreendemos que para sermos seus verdadeiros discípulos é preciso: a livre e cordial adesão à verdade; a permanência no estado de graça; e a libertação das seduções do maligno. Como Ele o confirma por estas palavras: "Em verdade, em verdade vos digo, todo aquele que comete pecado é escravo do pecado." (Jo 8,34).

Discorrendo sobre essa contenda com os judeus, o Missal Cotidiano tece o seguinte comentário: "O debate processa-se em três momentos: no primeiro (vv. 33-38) eles dizem que não precisam ser libertados, pois são filhos de Abraão; o Senhor replica-os dizendo que são escravos do pecado por querer mata-lo, porque Sua Palavra não reside neles. 

No segundo (vv. 39-40), Jesus nega que eles sejam filhos de Abraão porque não fazem as obras de Abraão, ou seja, não creem, mas querem mata-lo por lhes dizer a verdade. No terceiro (vv. 41-42) eles afirmam que são filhos de Deus; Jesus, porém, ainda replica, se fossem filhos de Deus o amariam, pois veio de Deus e volta para Deus."

Portanto, caríssimos, "a liberdade de que nos fala o Senhor Jesus é a que nos permite permanecer habitualmente na casa do Pai. É a mesma pela qual Ele saiu do Pai e volta para o Pai, é uma só vontade com o Pai, a mesma com que enfrenta o seu sacrifício, fiel a Deus e à própria missão até o extremo." (Missal Cotidiano ps. 301-302).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

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