VEM SENHOR JESUS!

"Em verdade, em verdade vos digo: quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna e não incorre na condenação, mas passou da morte para a vida". (Jo 5,24).

SEJAM BEM VINDOS À ESSA PORTA ESTREITA DA SALVAÇÃO

"Uma só coisa peço ao Senhor e a peço incessantemente: é habitar na casa do Senhor todos os dias de minha vida, para admirar aí a beleza do Senhor e contemplar o seu santuário". (Sl 26,4).

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

O SIM DE MARIA SANTÍSSIMA




O SIM DE MARIA SANTÍSSIMA

Todos nós podemos dizer sim a Deus, porém, de que forma e com que objetivo? E, em que resulta este nosso sim? Como podemos saber isto? Todo sim dado a Deus tem uma história de vida por trás dele, isto significa que os acontecimentos de nossa existência não são por acaso. De fato, por termos origem divina, tudo em nosso ser e existir transpõe os limites de nossa natureza, por isso, o nosso viver depende das escolhas e decisões que tomamos, baseados nos dons que de Deus recebemos. Todavia, não podemos nunca excluir Deus dessas escolhas e decisões, pois se o fizermos fatalmente nos destinamos à ruína eterna, visto que sem Deus nada subexiste  por muito tempo, porque somente em Deus permanecemos eternamente. 

Bem nos ensinou São Paulo a esse respeito, quando disse: "O Deus, que fez o mundo e tudo o que nele há, é o Senhor do céu e da terra, e não habita em templos feitos por mãos humanas. Nem é servido por mãos de homens, como se necessitasse de alguma coisa, porque é ele quem dá a todos a vida, a respiração e todas as coisas. Ele fez nascer de um só homem todo o gênero humano, para que habitasse sobre toda a face da terra. Fixou aos povos os tempos e os limites da sua habitação. Tudo isso para que procurem a Deus e se esforcem por encontrá-lo como que às apalpadelas, pois na verdade ele não está longe de cada um de nós. Porque é nele que temos a vida, o movimento e o ser..." (At 17,24-28a). 

De fato, segundo as Sagradas Escrituras, como vimos, a história humana começou com Adão e Eva, e depois do pecado destes, prosseguiu com seus descendentes até Deus Pai escolher um povo, na pessoa de Abraão, para amá-lo e servi-lo, e fazer nascer dele um salvador para toda a humanidade e toda criação; cumprindo assim, a promessa de salvação que havia feito aos nossos primeiros  pais, Adão e Eva, depois que pecaram (cf. 3,15). Desse modo, "quando veio a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, que nasceu de uma mulher e nasceu submetido a uma lei, a fim de remir os que estavam sob a lei, para que recebêssemos a sua adoção" (Gal 4,4-5). Ora, se Deus quis assim se fazer cumprir a sua vontade na Obra da Criação, é porque não quis fazer nada sem a nossa cooperação.

Agora, meditemos sobre o Sim de Maria, pois ele é o que há de mais original, em termos de cooperação com Deus, na história da salvação. O Sim da Virgem Mãe significa que nela se cumpriu todas as promessas que Deus havia feito aos Antigos Patriarcas, dos quais ela descende. Pois, com os Patriarcas Deus fez alianças, lhes deu uma Lei Sagrada, uma terra prometida e todos os favores para permanecerem fiéis e em comunhão com Ele. Mas, como não observaram suas leis e mandamentos, o Senhor enviou seus profetas que lhes anunciou com mais ênfase ainda a vinda do salvador prometido. Com efeito, o Profeta Isaías, assim profetizou: "Ouvi, casa de Davi: Não vos basta fatigar a paciência dos homens? Pretendeis cansar também o meu Deus? Por isso, o próprio Senhor vos dará um sinal: uma virgem conceberá e dará à luz um filho, e o chamará Deus Conosco". (Is 7,13-14). 

Com efeito, em cumprimento a essa profecia de Isaías, Deus enviou o Anjo Gabriel para anunciar à virgem Maria o nascimento de Seu Filho, Jesus Cristo (cf. Lc 1,26-38); este fato nos mostra claramente que os céus e a terra estão unidos, pois Deus veio habitar no meio de nós. Desse modo, podemos afirmar com toda convicção, que todos os acontecimentos que se deram depois da Encarnação do Verbo, tem seu fundamento na Vontade de Deus por meio do Sim de Maria:"Eis a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra". Assim, a partir desse Fiat (faça-se) da Santíssima Virgem, o Espírito Santo gerou Jesus em seu ventre, e o Deus Conosco  (Emanuel), tornou-se carne de sua carne e sangue de seu sangue (cf. Lc 1,26-38). Também a partir desse sim de Maria, Jesus foi apresentado ao Pai, por Simeão, no templo de Jerusalém; João Batista o apontou como o "Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo" (cf. Jo 1,29). Enfim, e por sua intercessão materna Jesus fez o primeiro milagre, antecipando sua hora de manifesta-se como o Messias enviado por Deus (cf. Jo 2,1012).

E confirmando ainda mais o seu Sim, em seu mais sublime ato de amor ao Pai, Maria ofereceu seu amado Filho, Jesus Cristo, no altar da Santa Cruz como nosso Redentor, assumindo com Ele o múnus sacrifical, e recebendo Dele a missão de Mãe da humanidade, como a Nova Eva (cf. Jo 19, 23-27). E vivendo mais intensamente o seu Sim, Maria Santíssima com os Apóstolos no Cenáculo, assistiu o nascimento da Igreja com a vinda do Espírito Santo na Teofania de Pentecostes (cf. At 1,12-14; 2,1-13); acompanhou a evangelização dos Apóstolos, o nascimento dos primeiros escritos destes; o crescimento do rebanho do Senhor; até que foi elevada ao céu em corpo e alma, conforme a vontade de Deus (cf. At 2,31).

O que dizer ainda mais do Sim de Maria? Todos os milagres de Cristo e dos Apóstolos; a revelação do Reino de Deus e de sua Justiça anunciada por Jesus; a pregação da Palavra em todo mundo conhecido; o perdão dos pecados estendido à todos os pagãos; a instituição dos Santos Sacramentos, em especial, a Eucaristia, o sacerdócio e a Santa Missa, enfim, todos os homens e mulheres que se santificaram ao longo da história da Igreja, tiveram sua gênese no Sim de Maria, ela que se fez "a serva do Senhor". Tudo o que vimos no seu Filho, tudo o que Ele fez e faz hoje e sempre, nasceram do Sim da Teotokos (Mãe de Deus).

Portanto, o Sim de Maria é o Sim fundacional da Nova Criação, da Nova Humanidade. Maria é para nós o milagre vivo de Deus; ela é a porta do céu, por onde Deus entrou no seio da humanidade e permanece conosco até o fim dos tempos. E mais ainda, em Maria e em seu Filho Jesus Cristo, Deus Pai nos deu não somente o Modelo Perfeito que sempre quis para a humanidade, mas também o Dom do Espírito Santo no novo nascimento na ordem da graça pelo batismo, para que assim fôssemos adotados como seus filhos e filhas amados. 

Destarte, meditemos mais um pouco sobre o Sim de Maria, Mãe de Jesus e nossa mãe, com suas próprias palavras: 

"E Maria disse: Minha alma glorifica ao Senhor, meu espírito exulta de alegria em Deus, meu Salvador, porque olhou para sua pobre serva. Por isto, desde agora, me proclamarão bem-aventurada todas as gerações, porque realizou em mim maravilhas aquele que é poderoso e cujo nome é Santo. Sua misericórdia se estende, de geração em geração, sobre os que o temem. Manifestou o poder do seu braço: desconcertou os corações dos soberbos. Derrubou do trono os poderosos e exaltou os humildes. Saciou de bens os indigentes e despediu de mãos vazias os ricos. Acolheu a Israel, seu servo, lembrado da sua misericórdia, conforme prometera a nossos pais, em favor de Abraão e sua posteridade, para sempre". (Lc 1,46-55).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria,OFMConv.



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sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

AS INVOCAÇÕES DA LADAINHA DE NOSSA SENHORA (XXIII)

 


AS INVOCAÇÕES DA LADAINHA DE NOSSA SENHORA (XXIII)

Rainha dos Anjos

A oração, como dádiva do Espírito Santo em nossa alma, sempre foi e sempre será o dom que mais nos aproxima de Deus, especialmente quando nos dedicamos a ela ou pedimos a intercessão da Virgem Mãe, e dos santos e santas. Por esse dom, gozamos da intimidade divina e de todas as graças que Deus dispõe à nosso favor. Ora, nenhuma criatura é mais íntima de Deus que a Santíssima Virgem Maria, pois, Deus mesmo gerou em seu ventre Seu Filho amado, aquele que é o Senhor e Rei do céu e da terra, e fez de sua Mãe rainha dos anjos, dos homens e de todos os santos e santas de Deus.

Existe uma oração belíssima dirigida a Nossa Senhora, Rainha dos Anjos, pedindo sua intercessão, na luta contra o pecado e contra as hostes do maligno  os anjos decaídos; a fim de nos mantermos de pé diante do Altíssimo, para caminharmos sempre pelo caminho da salvação com o auxílio dos santos anjos, guiados pela Virgem Mãe. Essa oração foi confeccionada pelo Padre Luis Eduardo Cestac, fundador da Congregação das Servas de Maria (Anglet); e depois, "foi aprovada por vários Bispos e Arcebispos. Em 8 de junho de 1908, o Papa São Pio X concedeu 300 dias de indulgência a todas as pessoas que a recitarem".(*)

Eis a oração: "Augusta Rainha do Céu e altíssima soberana dos Anjos, vós que desde os primórdios recebestes de Deus o poder e a missão de esmagar a cabeça de Satanás, humildemente vos rogamos, enviai vossas santas legiões de Anjos, a fim de que à Vossa Ordem e pelo vosso poder persigam os espíritos infernais e em toda a parte os combatam, confundindo-os em sua arrogância e arrojando-os para o abismo".(*)

Rainha dos Patriarcas

Com o pecado de Adão e Eva, Deus foi, como que posto de lado, por causa do pecado, pois em Deus não há pecado. Deus, porém, em seu infinito amor jamais abandonou o homem nesse seu infortúnio, pelo contrário, teve compaixão e prometeu um salvador (cf. Gen 3,16) que viria a este mundo para libertar a humanidade e toda criação. Ao longo da história humana Deus renovou constantemente sua promessa, fazendo alianças com os homens, até que se cumprisse plenamente o que houvera prometido; assim foi com Noé, Abração, Isaac, Jacó, Moisés e todos justos que vieram depois deles. 

Com a encarnação do Verbo, no seio virginal de Maria, Deus cumpriu a sua promessa e se estabeleceu definitivamente no meio de nós. De fato, Jesus mesmo nos ensinou:"Mas, quanto a vós, bem-aventurados os vossos olhos, porque vêem! Ditosos os vossos ouvidos, porque ouvem! Eu vos declaro, em verdade: muitos profetas e justos desejaram ver o que vedes e não o viram, ouvir o que ouvis e não ouviram". (Mt 13,16-17). Desse modo, compreendemos que em Maria, Deus cumpriu o que houvera prometido aos Antigos Patriarcas, enviando o Messias nascido de seu ventre. Assim, Jesus é a plenitude do cumprimento dessa promessa; e por ele, Maria tornou-se Mãe e Rainha de todo o povo de Deus, desde os santos Patriarcas do Antigo Testamento, até nós que formamos a Igreja da Nova e Eterna Aliança, firmada em Seu Sangue Redentor.

Rainha dos Profetas

Por que Maria é invocada como mãe dos profetas? Porque "a grande missão de todos os profetas foi anunciar ao mundo a vinda do Salvador, e Maria sempre esteve no coração desta grande profecia". No início do Evangelho de São Mateus, Deus confirmou essa verdade revelando-a a São José: “José, filho de Davi, não temas receber Maria por esposa, pois o que nela foi concebido vem do Espírito Santo.  Ela dará à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo de seus pecados. Tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que o Senhor falou pelo profeta:  Eis que a Virgem conceberá e dará à luz um filho, que se chamará Emanuel (Is 7, 14), que significa: Deus conosco”  (Mt 1,20-23).

De fato, à todos os profetas Deus sempre se deu a conhecer como "Deus conosco", isto é, o sempre presente, porém, na Encarnação do Seu Verbo, Deus foi além, tornou-se "carne de nossa carne e sangue de nosso sangue", obviamente no seio da santíssima Virgem Maria. Assim, os profetas tiveram um papel fundamental na revelação desse Grande Mistério e do seu anúncio, e Maria como Mãe do Salvador, tornou-se Rainha de todos esses profetas que hoje se encontram no paraíso, participando do Reino de Deus. Por fim, como Rainha dos Profetas, ela mesma assumiu esse dom da profecia quando profetizou as maravilhas de Deus, no seu belíssimo Cântico do Magnificat (cf. Lc 1,46-55).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria,OFMConv.

(*)(http://saopio.wordpress.com/2008/01/25/oracao-a-rainha-dos-anjos/)



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sábado, 16 de fevereiro de 2013

A FÉ SEM OBRAS É MORTA (Tiag 2,26)




A FÉ SEM OBRAS É MORTA (Tiag 2,26).

A fé verdadeira crê e espera mesmo quando não entende...
Porque vê além das aparências...
Pois percebe o novo que vem de Deus sempre, 
e permanece em sua presença constantemente...
Contemplando o seu desígnio redentor...

Assim, crer é um profundo ato de obediência e amor...
Que reverentes prestamos ao nosso Criador e Pai de nossas almas...
Não podemos dizer que não o conhecemos...
E que não temos nada com Ele...
Porque sem Ele nada somos e nada podemos...
Pois, todo poder sobre o céu e sobre a terra, 
pertence unicamente ao Senhor...
E ai de quem dele queira se apossar...
Porque, por mais que alguém se esforce... 
Um dia chegará seu fim e nada lhe restará, 
a não ser a prática do bem que de Deus recebeu para à Ele ser fiel...
Caso contrário, será julgado pelos os atos nefastos que praticou...

Na alma humana não há espaço para a graça e o pecado...
Assim como não há união entre a luz e as trevas...
Também não há comunhão entre o bem e o mal...
Porque o bem vem somente de Deus; 
e o mal somente do mal...
Portanto, não existe o mal em Deus...
E como não existe em Deus, 
todo o mal que há será precipitado na geena eterna...

Quanto ao mal que é praticado no tempo, 
se perpétua definitivamente após o julgamento...
Porque na eternidade, após a sentença final, 
não há mudança de condição...
Quem plantou o trigo da bondade divina, 
colherá da bondade divina a felicidade eterna...
Quem plantou o joio da discórdia e divisão, 
colherá seu quinhão de perversão infinitamente...

Portanto, não queira ir para o abismo infernal desde já, 
pela prática da maldade que há neste mundo...
Que o teu sim, seja sim, e o teu não, seja não...
O que passa disso vem do Maligno. (cf. Mt 5,36)...

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria,OFMConv.


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terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

EM MEIO À ESSA TRAGÉDIA, TENHAMOS UMA FÉ INABALÁVEL...


EM MEIO À ESSA TRAGÉDIA, TENHAMOS UMA FÉ INABALÁVEL...

Diante de certos acontecimentos circunstanciais, como por exemplo a tragédia na cidade de Santa Maria no Rio Grande do Sul, ficamos como que estupefatos, chocados e também sentindo a dor e o sofrimento daquelas famílias. Porém, em meio a tudo isso, precisamos refletir bastante sobre como nossa vida é efêmera e de quanto precisamos valoriza-la enquanto aqui estivermos. Quem sabe, talvez nenhum daqueles jovens pensou que a morte estivesse tão próxima. De fato, eles foram ali em busca de diversão, encontrar os amigos, curtir mais uma balada, ouvir música, dançar, tomar uns drinks, festejar, namorar, etc., como é costume entre os nossos jovens. E no entanto, encontraram uma morte tão trágica e desproporcional.

Culpados pela tragédia? Quem? Os donos da boate? Os músicos? O local? As autoridades? Os jovens? No momento a dor é tanta que ficamos atordoados, quem sabe, procurando uma explicação ou um entendimento para esse acontecimento tão trágico e inesperado. De fato, existem culpados, mas mesmo que se punam todos os culpados por essa tragédia, nada trará de volta a vida dos jovens que foram ceifados tão dolorosamente em seus sonhos e projetos existenciais. Porém, precisamos aprender, tirar uma lição em meio a tudo isso. E que lição tiraremos desse triste episódio? Creio que muitas lições, uma delas diz respeito a própria vida, pois ela nos é dada, mas naturalmente podemos perdê-la a qualquer momento, isto porque, estamos aqui, mas não somos daqui. Por isso, não podemos viver como se fôssemos somente daqui sem pensar no devir, ou seja, não podemos viver como se não tivéssemos uma eternidade à nossa frente.

Uma outra lição que tiraremos dessa tragédia: não podemos confiar em quem faz do lucro monetário o alicerce de sua vida e por isso pouco se importa com a segurança e a vida dos demais; nem tão pouco confiar nas autoridades que usam os cargos públicos para enriquecimento ou apenas para galgar status social de destaque. Estes visam apenas se perpetuar no poder, como diz o ditado popular, “não querem largar o osso, enquanto houver um mínimo de carne nele”, pouco importando se estão dando cabo das responsabilidades que lhes confiamos com nossa escolha democrática. Todavia, ai daqueles que apenas usufruem das benesses do poder, como regalias pessoais e outras facilidades de tais cargos públicos, deixando que os menos abastados morram à míngua, ou se acabem em tragédias como essa. Ai das autoridades que assim procedem, pois naquele dia ouvirão do Senhor: “Nunca vos conheci. Retirai-vos de mim, operários maus!”. (Mt 7,23b).

Por outro lado, podemos tirar ainda uma lição que nos fará enfrentar tais dificuldades com profunda determinação e sem perdermos a ternura ou o ânimo pela vida. Pois, quantos jovens ali não se tornaram heróis dando a vida para salvar outros jovens que estavam precisando de sua ajuda? Quanta solidariedade, orações, súplicas, devoções pelas vidas que se foram e pelas famílias enlutadas? De fato, nessas horas, revelamos a fé em Deus que nos sustenta, o amor que nos faz solidários e a consolação que nos faz dar o ombro amigo à quem dele necessita ou ainda chorar com os amigos, os entes queridos que se foram. Só sabe a dor da cruz que é crucificado nela, mesmo sendo inocente; porém, nunca podemos esquecer que o Filho de Deus nos ensinou carrega-la rumo à ressurreição, ao Reino dos céus...

A nossa fé em Cristo Jesus nos ensina, a vida é um dom de Deus e devemos vive-la para a sua maior glória em todos os sentidos. Viver para este mundo é morrer a cada segundo; viver para a eternidade é viver em Deus, com Deus e para Deus todo tempo que temos aqui, ou seja, é fazer acontecer o devir a cada passo dado em direção à vida eterna. Que seja este o nosso consolo e a nossa resposta para toda dor e sofrimento que aqui suportamos, mesmo quando não entendemos.

Com efeito, escreveu São Paulo: “Tenho para mim que os sofrimentos da presente vida não têm proporção alguma com a glória futura que nos deve ser manifestada. Por isso, a criação aguarda ansiosamente a manifestação dos filhos de Deus. Pois a criação foi sujeita à vaidade (não voluntariamente, mas por vontade daquele que a sujeitou), todavia com a esperança de ser também ela libertada do cativeiro da corrupção, para participar da gloriosa liberdade dos filhos de Deus.

Pois sabemos que toda a criação geme e sofre como que dores de parto até o presente dia. Não só ela, mas também nós, que temos as primícias do Espírito, gememos em nós mesmos, aguardando a adoção, a redenção do nosso corpo. Porque pela esperança é que fomos salvos. Ora, ver o objeto da esperança já não é esperança; porque o que alguém vê, como é que ainda o espera? Nós que esperamos o que não vemos, é em paciência que o aguardamos”. (Rom 8,18-25).

Por fim, me solidarizo e rezo por todas as famílias que estão sofrendo a dor dessa tragédia, pois a sinto como se fosse minha própria família; suplico ao Senhor que em seu infinito amor nos console e nos dê a graça da perseverança em Cristo Jesus. Pedimos ainda a intercessão da Virgem Santíssima, Maria, mãe de Jesus e nossa mãe, por aqueles que partiram, e que já estão na eternidade, para que lhes seja dado o perdão dos pecados e ressurreição que Jesus nos conquistou por sua morte de cruz. À Ti, Senhor, seja a glória e a majestade aqui e por toda eternidade. Amém!

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria,OFMConv.


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sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

COMO DEVO ME COMPORTAR NA SANTA MISSA?



SÉRIE MEDITAÇÕES

COMO DEVO ME COMPORTAR DIANTE DO SENHOR NA SANTA MISSA?

Os fariseus perguntaram um dia a Jesus quando viria o Reino de Deus. Respondeu-lhes: O Reino de Deus não virá de um modo ostensivo. Nem se dirá: Ei-lo aqui; ou: Ei-lo ali. Pois o Reino de Deus já está no meio de vós”. (Lc 17,20-21). De fato, o Reino de Deus já está no meio de nós e sua parte visível no mundo é a Santa Igreja, constituída por Cristo e seus legítimos representantes na pessoa do Santo Padre, dos bispos, sacerdotes, diáconos, religiosos e religiosas e todo o Povo de Deus.

É na Igreja que renascem para a vida eterna os filhos e filhas de Deus, pelo santo batismo; nela se encontra também todos os outros sacramentos que comunicam a graça santificante para que o homem novo, gerado pelo Espírito Santo, possa viver conforme as virtudes eternas que lhes são comunicadas pelo Senhor nesses mesmos sacramentos. Desse modo, a Igreja é o Corpo de Cristo, do qual Ele é a Cabeça e nós somos os seus membros (cf. Col 1,18). Por isso, é Jesus mesmo quem conduz a Sua Igreja por meio do Espírito Santo agindo nos seus legítimos representantes (cf. Mt 16,15-19;28,18-20).

Um dos últimos atos de Jesus neste mundo, nós meditamos quando rezamos o terço no quinto mistério luminoso, que foi a instituição da Eucaristia, do sacerdócio e da santa missa (Mt 26,26-29; 1Cor 11,23-26). Na celebração da Santa Missa o sacerdote repete o único e perfeito sacrifício da nossa redenção, para fazermos memória do Crucificado como Ele mesmo nos mandou: “Fazei isto em memória de mim”. (cf. Mt 26,26-29). Ora, por esse Sacrifício de Amor somos purificados de todos os pecados e libertados de todos os males, por isso, é inestimável o valor sacrifical da Santa Missa. Pois Jesus, ao derramar seu preciosíssimo sangue no calvário por nós, se ofereceu ao Pai uma vez para sempre e pediu aos apóstolos e seus sucessores que fizesse o mesmo que ele fez, para que participemos de sua natureza divina (cf. 2Ped 1,3-4).

São Paulo assim se expressou sobre o Santo Sacrifício da Missa: “Eu recebi do Senhor o que vos transmiti: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão e, depois de ter dado graças, partiu-o e disse: Isto é o meu corpo, que é entregue por vós; fazei isto em memória de mim. Do mesmo modo, depois de haver ceado, tomou também o cálice, dizendo: Este cálice é a Nova Aliança no meu sangue; todas as vezes que o beberdes, fazei-o em memória de mim. Assim, todas as vezes que comeis desse pão e bebeis desse cálice lembrais a morte do Senhor, até que venha”. (1Cor 11,23-26).

Por isso, recomenda: “Portanto, todo aquele que comer o pão ou beber o cálice do Senhor indignamente será culpável do corpo e do sangue do Senhor. Que cada um se examine a si mesmo, e assim coma desse pão e beba desse cálice. Aquele que o come e o bebe sem distinguir o corpo do Senhor, come e bebe a sua própria condenação. Esta é a razão por que entre vós há muitos adoentados e fracos, e muitos mortos. Se nos examinássemos a nós mesmos, não seríamos julgados. Mas, sendo julgados pelo Senhor, ele nos castiga para não sermos condenados com o mundo”. (1Cor 11,27-32).

Então, qual deve ser a nossa postura diante do Senhor na Santa Missa? A postura de quem se encontra com Deus e permanece Nele. Realmente, se meditarmos com precisão os acontecimentos litúrgicos da Santa Missa, veremos que neles nos são comunicadas todas a graças. Nela contemplamos as cortes angelicais e todos os santos e santas presentes em adoração conosco à Santíssima Trindade; contemplamos também a Santíssima Virgem Maria Coroada como Mãe e Rainha de toda a humanidade, e os Apóstolos de Cristo com o galardão que o Senhor lhes prometeu; contemplamos ainda Abraão, Isaac e Jacó e todos os outros patriarcas e justos do Antigo Testamento coroados de glória. E tudo isso numa única celebração Eucarística. Enfim, na Santa Missa o céu nos vê e se puros de coração (cf. Mt 5,8) nós também vemos o céu e Deus em seu Trono com o seu Cordeiro Imolado que tirou o pecado do mundo e nos deu habitar com ele no Infinito de sua Glória. Por isso, quem vive a Santa Missa assim não vive para si mesmo, mas para o Reino de Deus e seu louvor.

Portanto, a Santa Missa é o céu aqui na terra, nela somos acolhidos por Deus, somos perdoados no ato penitencial, instruídos por sua divina sabedoria na liturgia da Palavra; alimentados com o seu Divino Corpo e Sangue, Alma e divindade; e por isso, santificados por sua divina presença em nós, e assim envidados como fiéis testemunhas de sua morte e ressurreição e do mundo novo que há de vir.

Por fim, meditemos o que recomendou São Luís, o rei de França, ao seu filho, para que vivendo também desse modo, possamos fazer em tudo a vontade de Deus: “Caro filho, antes de tudo começo por ensinar-te a amar o Senhor, teu Deus, com todo o coração, com todas as tuas forças, porque sem isso ninguém tem valor. Filho, deves evitar tudo quando sabes desagradar a Deus, quer dizer, o pecado mortal, de tal forma que prefiras ser atormentado por toda sorte de martírios a cometer um pecado mortal. Ouve com boa disposição e piedade o ofício da Igreja e enquanto estiveres no templo, cuida de não vagueares os olhos ao redor, de não falar sem necessidade, mas roga ao Senhor devotamente quer pelos lábios quer pelo coração”. (São Luís de França).

Destarte, como seria bom que os participantes nunca chegassem atrasados na Santa Missa, isto é, que pelo menos chegassem quinze minutos antes para se preparar melhor para o Santo Sacrifício incruento (sem derramamento de sangue) do Senhor; e que prestassem atenção a todos os acontecimentos litúrgicos com piedade e retidão; como seria bom se abrissem o coração para ouvirem realmente a voz do Senhor, seja nas leituras lidas e na homilia, seja nas orações feitas, nos cânticos, e na consagração eucarística. Enfim, como seria maravilhoso se todos participassem da Santa Missa sem distração alguma para aproveitarem o céu que Deus nos dá experimentar nesse santo momento por nossa total atenção e adesão a Ele.

São Leonardo de Porto Maurício, ardoroso apóstolo da Santa Missa, nos deixou o seguinte ensinamento sobre como se comportar em nossas celebrações: "Eis o meio mais adequado para assistir com fruto a Santa Missa: consiste em irdes à igreja como se fôsseis ao Calvário, e de vos comportardes diante do altar como o faríeis diante do Trono de Deus, em companhia dos santos anjos. Vede, por conseguinte, que modéstia, que respeito, que recolhimento são necessários para receber o fruto e as graças que Deus costuma conceder àqueles que honram, com sua piedosa atitude, mistérios tão santos." (São Leonardo de Porto Maurício. Tesouro Oculto)

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria,OFMConv.

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