O
LIVRO DA VIDA...
O que é o livro da vida? É esse que estamos
escrevendo com a nossa vida temporal para ser aberto na eternidade diante de
Deus. Com efeito, enquanto vida natural tivermos, esse nosso livro continuará
em aberto, porque ele é escrito por nós à cada instante de nosso viver. No
entanto, ele só será bem escrito quando o escrevemos como história de salvação,
ou seja, seguindo a vontade de Deus. De fato, todas as condições de bem viver,
Deus nos dá nesse nosso paraíso terrestre, é só administra-las honestamente,
amando o nosso Criador e Pai acima de todas as coisas e amando-nos uns aos
outros como o Seu Filho, Jesus Cristo, nos ensinou (cf. Jo 15,12-17).
Há uma coisa que precisamos entender para
bem escreve-lo, Deus nunca abre mão de seu propósito original para com a
humanidade, presente no primeiro casal de humanos, criado à sua “imagem e
semelhança”. Por isso, os criou num paraíso e em estado de plana comunhão com
Ele, para que permanecessem e crescessem na santidade que dele receberam. O
fato é que, o primeiro casal abriu mão dessa graça divina, quando por seu livre
arbítrio, cedeu ao inimigo de nossas almas a liberdade recebida do seu Criador;
isto porque, como ensinou Jesus Cristo, o Filho de Deus: “Todo homem que se
entrega ao pecado é seu escravo” (cf. Jo 8,34).
Ora, a estratégia da serpente (o anjo
decaído) foi e é, desacreditar Deus, e fazer com que acreditemos nele, vejamos:
“A serpente era o mais astuto de todos os animais dos campos que o Senhor Deus
tinha formado. Ela disse a mulher: É verdade que Deus vos proibiu comer do fruto
de toda árvore do jardim?” A mulher respondeu-lhe: “Podemos comer do fruto das
árvores do jardim. Mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, Deus
disse: Vós não comereis dele, nem o tocareis, para que não morrais.” “Oh, não!
– tornou a serpente – vós não morrereis! Mas Deus bem sabe que, no dia em que
dele comerdes, vossos olhos se abrirão, e sereis como deuses, conhecedores do
bem e do mal.” (Gn 3,1-5).
E desde que o primeiro casal caiu por este Marketing
satânico, a história humana passou a ser escrita com tragédias e infindos
derramamentos de sangue; porque o mal se aproveitou e se aproveita da arma do
pecado para semear a morte e assim tentar destruir a obra original de Deus,
nosso Pai. Uma vez que não pode atingir o Todo Poderoso, porque é apenas uma
criatura que se tornou infernal pela sua desobediência. Pois jamais poderá ser comparada
em nada ao Criador e Senhor do céu e da terra e de todas as coisas criadas; por
isso mesmo, como está escrito, “já foi julgado e condenado” (cf. Jo 16,11).
Entretanto, mesmo com a queda do primeiro
casal, o Senhor Deus continuou firmando ainda mais o seu propósito de nos fazer
participantes de Sua Natureza Divina, pois enviou o Seu Filho, nosso Senhor
Jesus Cristo, nascido da Virgem Maria, que condenou o pecado na carne, para nos
reconciliar consigo a fim de que tenhamos nele a vida eterna (cf. Rm 8,1-4),
pela fé recebida em nosso batismo, pois por esse sacramento o Senhor nos fez
nascer de novo da água e do Espírito Santo. Por isso, nunca dê ouvidos à serpente
que continua solta, mas só enquanto o tempo existir, porque em breve acontecerá
o seu final e de todas as coisas temporais, com a vinda gloriosa de nosso
Senhor e Salvador, Jesus Cristo, que vive e reina para sempre e está à direita
do Pai de onde virá para julgar os vivos e mortos.
Destarte, nós que já estamos escrevendo o
livro de nossa vida, precisamos fechar todas as portas por onde o inimigo de
nossas almas, o demônio, tenta entrar, para não sermos seduzidos por ele. E
quais são estas portas? Elas são chamadas por São Paulo de obras da carne,
ei-las: “Ora, as obras da carne são estas: fornicação (prática sexual fora do
sacramento do matrimônio), impureza (nos filmes, novelas, páginas
pornográficas), libertinagem (todo tipo de comportamento imoral), idolatria
(apego a coisas e a pessoas), superstição (desvio do sentimento religioso,
crença em poderes vindo de coisas ou pessoas), inimizades, brigas, ciúmes,
ódio, ambição, discórdias, partidos, invejas, bebedeiras, orgias e outras
coisas semelhantes. Dessas coisas vos previno, como já vos preveni: os que as
praticarem não herdarão o Reino de Deus!” (Gl 5,19-21).
Portanto, sigamos as orientações de São
Paulo, para assim escrevermos nossa história de vida eterna, conduzidos pelo
Espírito Santo. Porque, “o fruto do Espírito é caridade, alegria, paz,
paciência, afabilidade, bondade, fidelidade, brandura, temperança. Contra estas
coisas não há lei. Pois os que são de Jesus Cristo crucificaram a carne, com as
paixões e concupiscências. Se vivemos pelo Espírito, andemos também de acordo
com o Espírito”. (Gl 5,22-25).
Paz e Bem!
Frei Fernando Maria, OFMConv.
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