O DOM DO DISCERNIMENTO DOS ESPÍRITOS
Discernimento dos espíritos, dom do Espírito Santo que nos dá a conhecer o que vem e o que não vem de Deus; como escreveu São Paulo: “Ora, nós não recebemos o espírito do mundo, mas sim o Espírito que vem de Deus, que nos dá a conhecer as graças que Deus nos prodigalizou”. (1Cor 2,12).
Douto nesse entendimento, São João nos exorta: “Caríssimos, não deis fé a qualquer espírito, mas examinai os espíritos para ver se são de Deus, porque muitos falsos profetas se levantaram no mundo. Nisto se reconhece o Espírito de Deus: todo espírito que confessa que Jesus Cristo se fez carne é de Deus; e todo espírito que não confessa Jesus esse não é de Deus, mas é o espírito do Anticristo de cuja vinda tendes ouvido, e já está agora no mundo.
Vós, filhinhos, sois de Deus, e os vencestes, porque o que está em vós é maior do que aquele que está no mundo. Eles são do mundo. É por isto que falam segundo o mundo, e o mundo os ouve. Nós, porém, somos de Deus. Quem conhece a Deus, ouve-nos; quem não é de Deus, não nos ouve. É nisto que conhecemos o Espírito da Verdade e o espírito do erro”. (1Jo 4,1-6).
Para uma melhor compreensão desse dom do Espírito Santo, temos uma bela explanação do Bispo Diádoco de Foticéia, cujo título é: A ciência do discernimento dos espíritos vem da percepção da Inteligência. Eis como ele se expressa:
“A luz da verdadeira ciência está em discernir sem errar o bem do mal. Feito isto, a via da justiça que leva a mente à Deus, sol de justiça, introduz então a inteligência naquele infinito fulgor do conhecimento, que lhe faz procurar daí em diante, com segurança, a caridade.
Os que combatem precisam manter sempre o espírito fora das agitações perturbadoras para discernir os pensamentos que surgem: guardar os bons, vindos de Deus, no tesouro da memória; expulsar os maus e demoníacos dos antros da natureza. O mar, quando tranquilo, deixa os pescadores verem até o fundo, de sorte que quase nenhum peixe lhes escape; mas, agitado pelos ventos, ele esconde na turva tempestade aquilo que se via tão facilmente no tempo sereno. Assim, toda a perícia dos pescadores se vê frustrada.
Somente, porém, o Espírito Santo tem o poder de purificar a mente. Se o forte não entrar para espoliar o ladrão, nunca se libertará a presa. É necessário, portanto, alegrar em tudo o Espírito Santo pela paz da alma, mantendo em nós sempre acesa a lâmpada da ciência. Quando ela não cessa de brilhar no íntimo da mente, conhecem-se os ataques cruéis e tenebrosos dos demônios, o que mais ainda os enfraquece sendo eles manifestados por aquela santa e gloriosa luz.
Por esta razão diz o Apóstolo: Não apagueis o Espírito, isto é, não causeis tristeza ao Espírito Santo por maldades e maus pensamentos, para que não aconteça que ele deixe de proteger-vos com seu esplendor. Não que o eterno e vivificante Espírito Santo possa extinguir-se, mas é a sua tristeza, quer dizer, seu afastamento que deixa a mente escura sem a luz do conhecimento e envolta em trevas.
O sentido da mente é o paladar perfeito que distingue as realidades. Pois como pelo paladar, sentido corporal, sabemos discernir sem erro o bom do ruim quando estamos com saúde e desejamos as coisas delicadas, assim nossa mente, começando a adquirir a saúde perfeita e a mover-se sem preocupações, poderá sentir abundantemente a consolação divina e conservar, pela ação da caridade, a lembrança do gosto bom para aprovar o que for ainda melhor, conforme ensina o Apostolo: Isto peço: que vossa caridade cresça sempre mais na ciência e na compreensão, para discernirdes o que é ainda melhor”. (Capítulos sobre a Perfeição Espiritual, Diádoco de Foticéia, bispo Séc. V).
Por fim, menciono outra fonte de discernimento perfeito dos espíritos revelada por São Paulo na Carta aos Romanos: “Eu vos exorto, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, a oferecerdes vossos corpos em sacrifício vivo, santo, agradável a Deus: é este o vosso culto espiritual. Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso espírito, para que possais discernir qual é a vontade de Deus, o que é bom, o que lhe agrada e o que é perfeito”. (Rom 12,1-2).
“Além disso, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é nobre, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, tudo o que é virtuoso e louvável, eis o que deve ocupar vossos pensamentos. O que aprendestes, recebestes, ouvistes e observastes em mim, isto praticai, e o Deus da paz estará sempre convosco”. (Fil 4,8-9).
Paz e Bem!
Frei Fernando,OFMConv.
ORAÇÃO PARA OBTER O DOM DO DISCERNIMENTO DOS ESPÍRITOS
“Eterno Deus Onipotente, Justo e Misericordioso, concedei-nos a nós míseros, praticar por vossa causa o que reconhecemos ser a vossa vontade e querer sempre o que vos agrade, a fim de que interiormente purificados, iluminados e abrasados pelo fogo do Espírito Santo, possamos seguir as pegadas de Vosso Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo, e por vossa graça unicamente chegar até vós, ó Altíssimo, que em Trindade Perfeita e Unidade Simples viveis e reinais na Glória como Deus Onipotente por toda a eternidade, amém”. (São Francisco de Assis).
Discernimento dos espíritos, dom do Espírito Santo que nos dá a conhecer o que vem e o que não vem de Deus; como escreveu São Paulo: “Ora, nós não recebemos o espírito do mundo, mas sim o Espírito que vem de Deus, que nos dá a conhecer as graças que Deus nos prodigalizou”. (1Cor 2,12).
Douto nesse entendimento, São João nos exorta: “Caríssimos, não deis fé a qualquer espírito, mas examinai os espíritos para ver se são de Deus, porque muitos falsos profetas se levantaram no mundo. Nisto se reconhece o Espírito de Deus: todo espírito que confessa que Jesus Cristo se fez carne é de Deus; e todo espírito que não confessa Jesus esse não é de Deus, mas é o espírito do Anticristo de cuja vinda tendes ouvido, e já está agora no mundo.
Vós, filhinhos, sois de Deus, e os vencestes, porque o que está em vós é maior do que aquele que está no mundo. Eles são do mundo. É por isto que falam segundo o mundo, e o mundo os ouve. Nós, porém, somos de Deus. Quem conhece a Deus, ouve-nos; quem não é de Deus, não nos ouve. É nisto que conhecemos o Espírito da Verdade e o espírito do erro”. (1Jo 4,1-6).
Para uma melhor compreensão desse dom do Espírito Santo, temos uma bela explanação do Bispo Diádoco de Foticéia, cujo título é: A ciência do discernimento dos espíritos vem da percepção da Inteligência. Eis como ele se expressa:
“A luz da verdadeira ciência está em discernir sem errar o bem do mal. Feito isto, a via da justiça que leva a mente à Deus, sol de justiça, introduz então a inteligência naquele infinito fulgor do conhecimento, que lhe faz procurar daí em diante, com segurança, a caridade.
Os que combatem precisam manter sempre o espírito fora das agitações perturbadoras para discernir os pensamentos que surgem: guardar os bons, vindos de Deus, no tesouro da memória; expulsar os maus e demoníacos dos antros da natureza. O mar, quando tranquilo, deixa os pescadores verem até o fundo, de sorte que quase nenhum peixe lhes escape; mas, agitado pelos ventos, ele esconde na turva tempestade aquilo que se via tão facilmente no tempo sereno. Assim, toda a perícia dos pescadores se vê frustrada.
Somente, porém, o Espírito Santo tem o poder de purificar a mente. Se o forte não entrar para espoliar o ladrão, nunca se libertará a presa. É necessário, portanto, alegrar em tudo o Espírito Santo pela paz da alma, mantendo em nós sempre acesa a lâmpada da ciência. Quando ela não cessa de brilhar no íntimo da mente, conhecem-se os ataques cruéis e tenebrosos dos demônios, o que mais ainda os enfraquece sendo eles manifestados por aquela santa e gloriosa luz.
Por esta razão diz o Apóstolo: Não apagueis o Espírito, isto é, não causeis tristeza ao Espírito Santo por maldades e maus pensamentos, para que não aconteça que ele deixe de proteger-vos com seu esplendor. Não que o eterno e vivificante Espírito Santo possa extinguir-se, mas é a sua tristeza, quer dizer, seu afastamento que deixa a mente escura sem a luz do conhecimento e envolta em trevas.
O sentido da mente é o paladar perfeito que distingue as realidades. Pois como pelo paladar, sentido corporal, sabemos discernir sem erro o bom do ruim quando estamos com saúde e desejamos as coisas delicadas, assim nossa mente, começando a adquirir a saúde perfeita e a mover-se sem preocupações, poderá sentir abundantemente a consolação divina e conservar, pela ação da caridade, a lembrança do gosto bom para aprovar o que for ainda melhor, conforme ensina o Apostolo: Isto peço: que vossa caridade cresça sempre mais na ciência e na compreensão, para discernirdes o que é ainda melhor”. (Capítulos sobre a Perfeição Espiritual, Diádoco de Foticéia, bispo Séc. V).
Por fim, menciono outra fonte de discernimento perfeito dos espíritos revelada por São Paulo na Carta aos Romanos: “Eu vos exorto, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, a oferecerdes vossos corpos em sacrifício vivo, santo, agradável a Deus: é este o vosso culto espiritual. Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso espírito, para que possais discernir qual é a vontade de Deus, o que é bom, o que lhe agrada e o que é perfeito”. (Rom 12,1-2).
“Além disso, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é nobre, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, tudo o que é virtuoso e louvável, eis o que deve ocupar vossos pensamentos. O que aprendestes, recebestes, ouvistes e observastes em mim, isto praticai, e o Deus da paz estará sempre convosco”. (Fil 4,8-9).
Paz e Bem!
Frei Fernando,OFMConv.
ORAÇÃO PARA OBTER O DOM DO DISCERNIMENTO DOS ESPÍRITOS
“Eterno Deus Onipotente, Justo e Misericordioso, concedei-nos a nós míseros, praticar por vossa causa o que reconhecemos ser a vossa vontade e querer sempre o que vos agrade, a fim de que interiormente purificados, iluminados e abrasados pelo fogo do Espírito Santo, possamos seguir as pegadas de Vosso Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo, e por vossa graça unicamente chegar até vós, ó Altíssimo, que em Trindade Perfeita e Unidade Simples viveis e reinais na Glória como Deus Onipotente por toda a eternidade, amém”. (São Francisco de Assis).
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